Sábado, 14:00.
Tristan estava extremamente nervoso naquele ponto. No entanto, todos começaram a se distrair. Fecharam todas as janelas e as portas. Trixie e Heather estavam lá também, e sabiam de tudo. Elas não acreditaram na parte do Vampiro. Mas o restante era o suficiente para mantê-las firmes na casa.
-Tá certo. -Trixie disse quando avisaram sobre ficar ali. -Vamos ficar aqui. E se ele aparecer?
-Vamos fugir pelos fundos. -Tristan disse. -Tem um muro que dá na casa do vizinho. A gente pula e foge por lá.
-E eles vão ficar quietos? -Ela perguntou.
-Eles vão fugir também.
-E se eles não quiserem fugir? -Ela ergueu as sobrancelhas.
-Que morram. -Scott disse. -A nossa vida vai ficar em perigo só porquê um idiota não acredita em perigo?
-Scott! -Ela gritou.
-Por um lado, o Scott tá certo. -Claire disse. -A gente não pode morrer lá se eles ignorarem a gente. Mas a gente não pode só largar eles pra morte.
-É. Mas ele quer a gente, em primeiro lugar. -Scott respondeu. -Adultos são burros, idiotas e ignorantes. Gostam de estar certos o tempo todo. Se a gente fala, eles decidem se escutam ou não. E aí, depois de tudo, vão dar um jeito de culpar a gente.
-Cara, que mágoa é essa? -Claire questionou. -Tá tudo bem?
-Tá sim. Tem um maluco vindo matar a gente, mas eu tô muito bem, muito animado.
-Por que você é assim? -Trixie interrompeu. -Tratar os outros ass não te faz melhor que ninguém.
-Que pena.
-Scott...
-Deixa ele. -Hector interrompeu. -Agora é hora da gente se concentrar em sobreviver. A gente nem sabe se o Vrazael vai vir pra cá. Esperem alguém ligar e vamos zoar por aí.
Ele se sentou no sofá e ligou a televisão.
As meninas se sentaram com ele. Scott foi para a cozinha, ficar sozinho. Tristan, no entanto, foi atrás dele.
Nathan, Max, David e Zack foram para o quintal, e ficaram lá conversando e rindo.
-Oi, Scott. -Tristan disse.
-O quê é?
-Só queria dar oi. Acho que você até que tá certo.
-Você acha? Devia ter certeza.
-Sabe, no começo ninguém acreditou em mim. -Ele abaixou o olhar. -Eu vi nos olhos da minha mãe. Ela estava achando que eu tava louco. Eu...
-Foda-se o quê ela acha. Adultos não são nada espertos. Se fossem, o mundo ia ser melhor. O Vrazael tá solto por aí porquê algum imbecil deve ter achado que tava tudo bem em só fingir que matou ele antes.
-Cara, você sempre parece estar com raiva de todo mundo. A gente é criança, nem devia ser realista desse jeito!
-Não, não devia. Mas esses merdas gostam de estragar as coisas pra fazer ficar parecendo a vidinha amarga deles.
-Caraca. Sabe, tem muitas coisas boas na vida! Tem amigos, tem amor, tem coisas legais! Vai me dizer que nunca reparou em uma das meninas do colégio?
-Não. Nenhuma.
-Você e a Heather até que combinam. Mas sei lá, acho que você precisa de alguém mais fofa. -Tristan deu uma risadinha. -Tipo a Myrella.
-Não.
-Ah sim. Eles estavam dizendo isso. Mas tudo bem. Eu não vou contar pra ninguém.
-Eu não... não gosto dela!
-Não?
-Não.
-Beleza. Sabe, eu até que reparo nas pessoas. Você é bonito, a Myrella vai reparar em você. Se é que já não reparou. Mas fica de olho, o Nathan é bem bonito também. Ele pode acabar atraindo ela.
-O Nathan? Você... Gosta dele?
Tristan arregalou os olhos.
-O QUÊ? NÃO, NÃO! -Ele ficou vermelho. Scott deu um sorriso.
-Não? Então por que essa cara?
-Por... -Ele olhou em volta. Espiou na sala, para ter certeza que ninguém escutava. -Eu não... Por favor não faz isso.
-Isso o quê?
-Contar por aí. As pessoas vão achar errado.
-É errado mesmo, você conheceu ele hoje.
-Hã? Mas...
-Quem é o idiota que se apaixona à primeira vista? Isso me parece é frescura.
-Mas... Tudo bem eu gostar de um garoto?
-Sim. Eu não ligo. Ninguém aqui deve ligar. Mas, cê sabe. James, e uns idiotas podem achar meio zoado.
-Cara... Acho que no fim você é a melhor pessoa aqui.
-Isso é meio triste.
Tristan riu e deu um tapa no ombro dele.
-Ei! -Zack gritou na entrada da casa. -Meu celular!
O grupo se reuniu na sala.
-ALÔ!? ZACK!? -Era a voz de Erine. -RESPONDE!
-Sou eu.
-Ah, que bom. Escuta, o pior aconteceu. Ele sabe de vocês, e vai ir atrás. Se escondam, e não deixem ninguém entrar!
-Certo! -Zack fechou a porta da sala. Os meninos fecharam as cortinas rapidamente. -O quê vocês vão fazer?
-Tá todo mundo aqui preso! A Karen tá soltando a gente. Só a mãe do Tristan se soltou até agora. Ela disse que ligou pra casa da Claire, mas ninguém atendeu!
-Minha mãe foi para o hospital ver o Tristan! -Claire gritou.
-Claire! Vão para sua casa! Agora!
-Por quê!?
O telefone de repente fez uns barulhos.
-Hector! -A voz de William ecoou.
-Tio!
-Me escuta, rapaz, vão para a casa da garota, agora! Ele sabe onde vocês estão!
-Se ele sabe... Pode seguir a gente!
-Sim. Se separem em grupos para escapar, assim vão ter como controlar quem vai na frente e cuidar um do outro.
-NÃO! -Hector gritou. -Da última vez que a gente se separou por idiotice assim, eu perdi um amigo! Não vou mais vacilar assim. Nós vamos ficar juntos, e sobreviver a isso! Vocês erraram! Tinham três planos, TRÊS! Todos falharam! Eu não vou colocar a segurança dos meus amigos nas ideias de vocês!
-HECTOR!! Isso é uma ordem!
-NINGUÉM MANDA EM MIM!
Hector desligou o telefone.
-Cara... -Max falou, boquiaberto.
-Falou bonito. -David disse.
-O Scott tava certo. Não vou deixar a nossa segurança na mão deles depois disso tudo.
-E aí, a gente vai morrer assim? -Trixie perguntou.
-Não. Vamos vencer assim. -Hector disse. -Vamos ficar de olho o tempo todo. Fiquem longe das janelas, Tristan, usa a sua bolha pra ninguém de fora escutar a gente aqui dentro.
-Certo! -Tristan respondeu.
-Zack, faz uma espada de luz pra cortar ele.
-Vou fazer. -Zack se sentou, e começou a brincar com um feixe de luz que surgiu em sua mão. Lentamente, ele começou a moldar o feixe.
-O resto, fiquem prontos.
-Sim senhor! -David bateu uma continência. Max repetiu o gesto.
Heather apenas olhou em desaprovação para ele.
-Nem ferrando que eu vou te obedecer.
-Só trabalha junto com a gente, Heather. -Scott disse.
-Tá.
-O Scott ela obedece... -Trixie murmurou.
-Como é? -Heather a olhou.
Trixie riu.
-Fiquem espertos.
O celular de Zack tocou. Era Mil.
-Atende aí. -Zack disse.
Hector pegou o celular e atendeu.
-Mil! -Hector disse. -O quê foi?
-Fiquem prontos! Eu vou chegar aí em uma hora. O Vrazael tá indo atrás de vocês. Se ele aparecer, matem ele.
-A gente tá esperando ele.
-Certo. Eu vou acelerar o máximo possível. Vou ligar de novo daqui quinze minutos. Se não atenderem, vou entender que estão lutando.
-Beleza.
-Até logo.
O grupo ficou em alerta, esperando.
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Sábado, 16:00.
Mil estava quase chegando na casa. Mas um pequeno problema: um acidente. Carros estavam batidos ali, bloqueando totalmente a estrada. Ele teria de fazer o contorno. Um policial se aproximou dele, e ele abriu a janela.
-O senhor tá com pressa? Por que acelera desse jeito?
-É uma emergência. Sou um herói do departamento de segurança pública. -Ele entregou seu distintivo para o policial. -O quê aconteceu aí?
-Uma mulher pulou na frente desses carros. Parece que ela achou engraçado fazer isso. Os motoristas disseram que ela só foi embora rindo.
Mil pensou por alguns segundos.
-Essa mulher... Ela tinha o cabelo meio vermelho?
-Sim. É perigosa?
-Muito perigosa. Se quiser seguir por esse caminho, vai ter que ir andando. Ou vai ter que dar uma bela volta por aí.
-Merda.
Mil saiu do carro e começou a correr. Alguns policiais gritaram atrás deles, mas o oficial que o interrogou os explicou sobre q situação.
Uma hora. Era o tempo que ele levaria. Para chegar até lá.
Ele ligou para as crianças e explicou a situação. Hector o atendeu e entendeu a mensagem. Não sairiam da casa até que Mil ou Vrazael chegasse.
Mil pegou o máximo de rotas curtas que pôde.
Karen e Vanessa estavam soltando o resto do grupo. Elas estavam quase terminando de libertar Matt e Paul. Mas não havia nada que pudessem fazer. As crianças se recusavam a atender o telefone.
Depois de várias tentativas, Hector finalmente atendeu, e disse apenas "Já decidimos. Estamos bem e vamos nos virar sozinhos."
Erine chorava. Martha também. Paul, no entanto, confiava que os meninos conseguiriam. William tentou pedir desculpas, em vão.
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Sábado, 17:15.
O grupo todo dentro de casa estava em silêncio. Eles viram a mulher pela janela. Ela batia palmas na frente da casa. Já estava lá há 5 minutos.
-Hector! -Trixie disse. -O quê a gente faz?
-Vamos esperar, se for ele, vai pular o muro. Assim que ele tentar abrir a porta, vou martelar ele.
Ele estava com Glória pronta para o ataque.
-Hector! -Scott chamou. -Eu vou abrir a porta. Vou trazer ele, e você ataca! Certo?
-Certeza?
-Sim.
-Espera! -Claire disse. -Eu vou!
-Hein?
-Meu poder. Vou usar pra atrair ela e aí você bate.
-Não! -David gritou. -É perigoso!
-Perigoso? A gente tá trazendo um monstro pra cá! -Scott exclamou. -Qualquer coisa que a gente tem vai ser útil.
-Mas ela pode...
-Vai! -Hector disse.
-Eu vou ficar do lado da porta! -Nathan disse. -Minha força vai ajudar a derrubar ele se você errar.
-Boa! -Hector disse.
-Mas e a Claire!? -David indagou. -Ela pode morrer!
-David! -Scott o olhava feio. -Relâmpago esmeralda!
-Verdade! -David gritou, e se preparou.
Claire foi até a porta. Ela abriu. A mulher no portão a olhou.
-Oi! -Claire gritou. -Tudo bem?
-Tudo sim! A senhorita esqueceu? Eu trouxe para você.
-Trouxe... Trouxe o quê?
O sorriso sinistro de Vrazael surgiu naquele rosto. Dentes pontudos, curvados como anzóis mortíferos brilhavam em seu rosto.
-EU TROUXE O SEU DINHEIRO!
A criatura saltou pelo muro e arrancou à toda velocidade. Claire correu para dentro, sem hesitar. Ela se jogou no chão, e Vrazael a alcançou.
Antes que ele a mordesse, Glória o atingiu com toda a força, direto no rosto. Ele voou para trás, e caiu de costas no quintal.
Glória voltou para Hector.
Vrazael se levantou.
-Seu merdinha!
Ele avançou, e no momento que passou pela porta, Hector lançou o martelo. Vrazael se abaixou, Claire saiu de onde estava, Nathan agarrou o martelo no ar e atingiu Vrazael na nuca. O monstro caiu. Se levantou de novo, e David deslizou pela sala, parando na frente dele. Ele encostou a mão na barriga de Vrazael, e atacou.
-RELÂMPAGO ESMERALDA! -A explosão lançou o monstro para fora da casa.
Uma parte bateu no portão, enquanto suas pernas rolaram pelo chão. Sangue esguichou por todo lado.
A parte de cima dele rastejou, somente um de seus braços estava lá, junto de seu peito e da cabeça.
Ele rastejou pelo quintal.
-Você não consegue se regenerar! -Claire gritou.
Estava escurecendo, e a cena ficou extremamente macabra.
-VAMOS!! -David berrou. Todos correram para os fundos da casa.
Começaram a pular o muro na parte de trás e fugir. Os vizinhos em pânico, gritaram.
-FUJAM, FUJAM!! -Hector gritou. -TEM UM ASSASSINO VINDO!
Pânico se espalhou pela casa, e todo mundo correu para a rua.