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Chapter 36 - Um pequeno erro

Sábado, 13:30.

Erine, estava produzindo várias lâminas de prata mágica. Todos estavam em seus postos. O Furgão os deixou próximos de uma praça. Lá, procuraram por alguns locais que podiam usar para armar a emboscada. Por sorte, encontraram um beco.

Era perfeito. Feito aquilo, ligaram para William e para Mil. Os dois estavam vindo. Mil estava dirigindo o carro que trazia Clementina. Ele apenas pegou um caminho mais longo para que os jovens preparassem a armadilha bem.

Martha havia pego um latão de lixo, e esvaziou ele com a ajuda de Paul. O beco era largo, havia alguns latões ali, além de uma enorme lixeira. Nada muito incrível, mas a rua pela qual vieram era razoavelmente movimentada. Precisariam fazer tudo rápido, pois havia chance de haver uma intervenção.

-Gente, tá pronto. -Martha disse. -Mas eu tô detonada.

Ela arfava e suava. Erine olhou o latão. Totalmente cheio de uma gosma amarela brilhante. Um leve desgosto tomou conta dela.

-Certo. Agora, eu vou fazer essas lâminas até que eles cheguem.

-Incrível, você passou o dia todo sem tossir. -Paul comentou. -Melhorou?

Erine se lembrou do envenenamento. Agora que Paul falou no assunto ela percebeu aquilo. Ela estava melhorando. Mas por quê?

-Verdade. Nem percebi isso. Estou muito melhor. Mas vamos ao que importa.

Ela produzia várias e várias lâminas. Todas tinham aproximadamente 30 centímetros. Ela pensou em muitas coisas enquanto fazia. Nem percebeu que seu celular tocava.

-Erine! -Anne gritou. -Seu celular!

Erine percebeu e atendeu.

-Alô! Mil? -Ela perguntou assim que atendeu. Ela estava preocupada com ele estar junto do vampiro no carro.

Mas e se, apenas e se, não fosse Clementina?

-Sim. Chegamos. Eu vi a Karen do lado da entrada. Estejam prontos.

Todos eles se esconderam. Karen ficou na entrada do beco, mexendo no celular.

Mil parou o carro na frente de uma loja na rua que dava entrada ao beco. Ele saiu.

-Onde vamos? -Clementina perguntou.

-A mídia tava seguindo a gente. -Mil comentou. -Precisamos ir a pé a partir daqui.

Ele fez um sinal para Vanda.

-Eu vou na frente. -Vanessa disse. -Me segue.

-Deixa que eu cuido da senhora. -51 disse à Clementina. -Max me colocou aqui para cuidar de vocês.

No momento que chegaram próximos ao carro, Mil viu 51 correndo atrás de uma mulher que gritava freneticamente. Quando o questionou, 51 contou sobre o comunicador. Mil disse para que ele que esquecesse e fosse com ele para assistir na missão. Ele deu um sinal apontando para Clementina. 51 entendeu quando foi chamado.

-Certo. -Mil foi atrás deles.

-Nunca imaginei que um dia eu ia me meter em uma coisa dessas. E olha que eu já vivi 54 anos aqui...

-Karen! -Mil chamou. A garota se virou e foi até eles.

Ela foi atrás de Mil.

Vanda começou a andar rápido. Ela ergueu o indicador.

-Esperem!

Todos pararam. Karen ergueu a mão, e um latão flutuou rapidamente e virou. Erine e seus amigos saíram de trás dos latões, onde se esconderam. Paul, que era o maior, ficou atrás da lixeira. Ele andou e ficou entre Vanda e Clementina.

A gosma escorreu mais rápido e mais longe do que todos esperavam. Mil se assustou e pulou para trás. Ele ergueu Karen com um braço e os dois ficaram fora do alcance da gosma. Martha fez um sinal, e a gosma ficou mais grossa e prendeu a todos.

-O quê é isso!? -Clementina gritou.

-Uma armadilha. -Mil disse.

Todos foram pegos na gosma, com exceção de Mil e Karen.

Karen suava, por conta do esforço que fez.

-Hein?

-Você não esperava que a gente soubesse, esperava, Vrazael? -Martha perguntou.

-Quê?

-Pode explicar pra gente como você sabia sobre a existência de vampiros antes? -Vanessa perguntou.

-Porquê eu vi um quando era jovem! Só isso!

-E como conseguiu encontrar o Tristan tão rápido?

-Eu vi na televisão! Quando vi a história eu soube!

-Sim. Como nós planejamos. -Mil disse. -O Draakins me contou que você sabe disfarçar sua aparência.

-Quem?

-Ah, você vai reconhecer ele rapidinho.

Mil se virou e foi até a entrada do beco, esperar William.

Willian vinha com sua moto adaptada para sua única perna. Ele se lembrava de sua última batalha com Vrazael, onde perdeu sua esposa e sua perna. Seu sangue fervia.

No entanto, ao sair ele recebeu algumas chamadas dos outros guardas. Seus comunicadores estavam chiando.

-Senhor! 01 na chamada!

-Diga!

-Os pacientes do hospital estão fazendo uma rebelião! A mídia fez os mais psicóticos entrarem em pânico. Estão atacando os guardas, os médicos e brigando entre eles!

-Merda... Tenham calma. Esperem até que chamem a polícia. Fiquem de olho para caso o Vrazael esteja aí.

-Mas não disseram estar com ele na emboscada?

-Estão. Mas caso não estejam, preciso que todos vocês estejam prontos. Como está a situação aí?

-Eu só consegui avisar agora porquê trouxemos todos para dentro do hospital. Estamos todos fechados aqui. Fizemos toda a contagem. Não tem ninguém do lado de fora.

-Mantenham assim as coisas. Separem os mais lúcidos e tentem acalmar os mais loucos.

-Sim senhor.

-Me escuta, separe quatro homens!

-O quê? Por quê?

-Mande eles para a rua Clock, número 319. As crianças podem precisar.

-Sim senhor.

-Câmbio e desligo.

William acelerou. Precisava ter certeza que era Vrazael. Nada podia acontecer com ninguém ali. O quê mais importava eram as crianças agora.

Ele parou quando viu Mil na entrada de um beco com uma garota. Ele fez o sinal. Era a hora.

William parou e desceu da moto. Ele foi na frente. Quando chegou perto, Martha lançou uma gosma em suas pernas.

-O quê? -Ele perguntou, confuso.

-Precauções. -Martha respondeu.

-Você é esperta. -William riu. -E então, cadê?

-Na sua frente. -Erine apontou para Clementina.

-O quê?

-Ele copiou a aparência da moça que salvou o Tristan! O próprio Tristan confirmou! -Martha disse.

-Socorro... -Clementina disse.

Karen já estava pronta para o ataque. As lâminas que Erine fez flutuavam em volta de todos.

-Merda, não! -William gritou. -Ele não copia a aparência das pessoas! Ele apenas muda a dele!

-O QUÊ!? -Vanda gritou.

-FILHA DA PUTA! -Anne berrou.

-MAX! Merda, cara eu devia ter explicado!

-Mas então... cadê? -Mil balbuciou.

-Ele pode mudar a aparência dele, mas nunca fugir da base que ele é. Esse é o problema. Ele sempre está com o cabelo meio vermelho. Vocês viram alguém assim?

Matt começou a grunhir e fazer sinais. Ele batia no peito e apontava. Ele apontou para 51 algumas vezes, fez vários sinais.

-O quê ele tá dizendo? -William perguntou.

-Peito? Pegou? O quê?

-O COMUNICADOR! -Martha berrou.

-Ah não... -William olhou para 51. -Como era a mulher que te roubou?

-Cabelo meio avermelhado, eu acho...

William ligou o comunicador que estava na sua orelha.

-01! Emergência! Ele está aí!

-O quê? Onde!?

-Ele se infiltrou como uma paciente! Achem ele!

-Certo! -01 gritou com alguns homens ao fundo. Mas eles responderam logo em seguida. -PORRA! William! As portas daqui foram fechadas por fora!

-Fiquem alertas aí dentro! Ele está aí!

-Sim senhor! Vou avisar meus homens!

William desligou o comunicador.

-Max! Vai atrás das crianças! Precisamos ter certeza que estão bem! Essa menina aí ajuda a gente a sair dessa gosma! Vai!

Mil se virou e correu, sem dizer nada.

-Clementina... -Vanda quase chorou. -Eu... Por favor... Me perdoa...

Ela começou a chorar. Erine pediu desculpas também. Paul e Martha fizeram o mesmo.

-Por quê? Vocês fizeram tudo isso e agora...

-Ei. -Paul chamou. -Tudo bem. Nós erramos feio aqui. Nada que eu te dizer agora vai justificar nosso erro. Eu vou entender se a senhora odiar a gente. Mas a gente pensou que ele se disfarçou com o seu rosto.

-Não. -William interrompeu. -Eu quem não expliquei as coisas. A culpa é minha.

-Gente... Vamos conversar depois, certo? A gente toma um café junto, se desculpa, e tudo isso. Mas e o menino? -Clementina perguntou.

-Max vai chegar a tempo nele.

-Senhor! 01 aqui! Na escuta?

-Sim!

-Nós conseguimos sair do hospital, mas nossos veículos estão destruídos! Os pneus foram estraçalhados até as calotas! E pior, os homens que eu mandei para vigiar o garoto... Todos mortos.

-Droga... eu estou preso e não vou conseguir sair daqui tão cedo-William respirou fundo. -Tomem cuidado. Câmbio.

-Não se preocupe, eu vou cuidar de tudo aqui. Câmbio.

William ficou em silêncio vendo Karen usando as mãos para cavar a gosma.

-Essa coisa é fácil de controlar, mas quando ela seca eu não consigo mais. -Martha explicou. -A gente devia ter pensado nas nossas fraquezas antes de fazer o plano.

-Agora já foi. -Vanda disse. -A gente vai ter que esperar que tudo fique bem. O William já disse que a coisa tá no hospital com os guardas armados. Eles vão conseguir cuidar dele.

-Sim, eles vão. -William confirmou.

-Bem, agora a gente espera. -Anne disse. -Adoro a sensação de impotência.

-Que dia incrível. -Erine reclamou. -Tudo deu errado, mas pelo menos vai tudo ficar bem.

William ouviu um chiado. Uma transmissão estava vindo. Ele soube na mesma hora quê Vrazael estava do outro lado.

-Olá, 51.

-Olá, velho amigo. -A voz grave e serena de Vrazael era facilmente reconhecível. -Sinceramente, que planinho de merda. Tudo calculado igual a sua bunda. Me conta, foi a sua esposa que fez essa conta?

-SEU FILHO DA PUTA! VOCÊ TÁ CERCADO, E VOCÊ SABE! EU VOU FAZER VOCÊ PAGAR POR TUDO!

-Vai? -Ele deu uma gargalhada. -Como? Vai correr atrás de mim? Vai chutar minha bunda?

-Isso aí, brinca. Todos os meus homens estão aí dentro prontinhos pra sentar o cacete!

-Dentro? Dentro de onde?

-Hein?

-Preso e não vai sair tão cedo... Que coisa lamentável. Vocês usaram aquelas crianças como iscas, e ainda fizeram tudo errado. Valeu a pena?

-Sim. Valeu. A gente tem você na mira.

-E como você sabe que eu estou no hospital?

-Porquê... Tudo fechado por fora... Merda...

-É. Rua Clock, 319. Você ainda falou o endereço. Qualquer imbecil teria pensado na mulher que roubou o comunicador. Ah, espera. Você só pensa na sua mulher.

Ele começou a rir novamente. O estômago de William se retorceu. Um nó se formou em sua garganta. Ele cometeu muitos erros. Inaceitável.

-Já tenho homens indo para lá. Os outros vão ficar no hospital. Assim você não vai ficar sozinho em lugar nenhum.

-Boa sorte. Vou adorar saborear aquelas crianças. Você sabe, precisa pagar o preço por ter usado elas no seu joguinho. Tchau, Tchau, amiguinho. A gente se vê.

-NÃO!!!

Silêncio.

-01! Atende!

-Senhor?

-Não saiam do hospital! Verifiquem tudo aí! Não sei onde ele tá, mas ele tá usando o comunicador do 51! Merda! Câmbio.

-Vou procurar por aqui! Câmbio.

-Calma, William. -Erine disse. -O que quer que ele tenha dito, foi pra te provocar. Não cai nessa.

-Eu fiz merda.

-O quê?

-Falei o endereço no comunicador. A gente precisa avisar as crianças. Agora.

Vanda começou a chorar e gritar, desesperada.

-Calma! -William deu seu celular a ela. -Ligue para sua casa e avise! Agora

-Ei! -Clementina chamou. -Se você não se controlar igual a uma adulta, seu filho vai estar em perigo! Você acha isso bonito? Engole esse choro e liga!

Vanda se acalmou e conseguiu ligar.

Tristan atendeu, e ela tentou avisar.

-Oi, filho. Deu tudo errado. Ele escapou... Filho... Vocês estão em perigo...

Ela desmaiou.

Seu corpo se dobrou para trás, ficando apoiado pelas panturrilhas na gosma petrificada. Karen correu por cima da gosma para ajudar ela.

-Precisamos rezar para que tudo fique bem! -Clementina gritou. -Não podemos fazer nada! Mas se a gente se ajudar, a gente consegue sair daqui!