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Chapter 33 - A Cavalaria

William atendeu ao telefone no mesmo momento em que ouviu o toque. Do outro lado da linha, seu irmão Marshall gritava.

-William, você viu o jornal!? Essa repórter tá querendo matar as crianças!

Naquela noite de sexta, todos os colegas que questionavam o paradeiro de Tristan entenderam. Às 21 horas, o jornal transmitiu a notícia: garoto de onze anos é atacado e perseguido por psicopata. Criminoso foi identificado como Vrazael, um terrorista conhecido por diversos assassinatos e ataques nos últimos vinte anos. No momento, a vítima está internada em um hospital psiquiátrico de Gardeville.

O plano de Zack no fim aconteceu, Mil e William planejaram a mesma coisa. Agora, o tempo corria contra eles.

-Sim. Desculpa por não te avisar sobre isso, maninho. Nós montamos uma emboscada para pegar o filho da puta. Amanhã ao meio dia, vai ter 55 soldados prontinhos pra jantar aquele vampiro.

-Você ficou louco! O Hector e as crianças estão lá!

-Você acha que a gente ia mandar ele assim em cima das crianças? O transporte dos meninos vai estar prontinho logo que o sol raiar. As crianças vão todas ser mandadas pra longe de lá.

-Eu não gosto disso. E se der errado?

-Irmão, o Hector é um Draakins. Se der tudo errado, então p Hector vai vencer aquele merda.

-O Hector não tem poderes!

-Ele tem. Só não despertou eles. Na melhor das hipóteses, ele só escondeu pra mostrar na hora H. Relaxa, maninho. Tudo vai ser como deve ser.

-William... Eu te juro, se alguma coisa acontecer...

-Se acontecer, nós vamos dar a volta por cima. Igual todas as outras vezes.

-Bosta! -Marshall gritou e desligou o telefone.

-Cabeça quente, como sempre.

William riu, e foi deitar. Quando deitou na cama, ele olhou para o quadro de sua falecida esposa.

-Por você, Selene. Ele tirou você de mim. Agora, eu vou honrar sua memória. Te amo.

Ele abraçou o travesseiro e chorou até pegar no sono.

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Sábado, 8:00.

Erine, Hector e Zack corriam por uma loja de materiais de construção. Erine carregava dois pacotes de sacos de lixo e um pote com soda cáustica em pedras.

-Hector, pega um serrote. -Erine gritou.

Hector e Zack se olharam.

-O que ela vai fazer com um serrote? -Hector perguntou.

-Acho que ela vai picotar ele...

-A Erine tá com sede de sangue, cê não acha?

-Tenho certeza. Essa coisa vai cagar nas calças quando ver ela.

-Espero.

Hector pegou o serrote, e caminhou até Erine. Eles chegaram ao caixa, e a atendente riu olhando para eles.

-Nossa! Vão fazer uma limpeza das boas aí, hein.

-Ah se vamos! -Erine deu uma risada alta. -Não vai ficar uma sujeirinha.

As duas riram. Zack e Hector se entreolharam, assustados.

Logo os dois saíram da loja e começaram a andar em direção ao hospital.

Paul, Scott e Anne saíram de um mercado e vieram de encontro com eles.

-Olha, gente. -Paul mostrou as sacolas com doces, salgados, pães e alguns sucos. -Tem muita coisa aqui. Se der tudo errado, pelo menos a nossa última refeição vai ser ótima.

Os seis se dirigiram até o hospital. Mil estava na recepção, sentado em cima do balcão rindo enquanto conversava com a recepcionista.

-Mas sabe, todo esse plano que fizeram vai ser uma baita loucura. -Ele gesticulava com as mãos, mas parou e encarou o grupo quando os seis chegaram. -Nossa! Isso vai ser a última refeição de vocês?

-Se tudo der errado, vai. -Paul disse. -Quer um refri?

-Adoraria.

Paul lhe mostrou várias latinhas e Mil escolheu um de uva.

Mil bebia e ria. O restante parecia tenso. Logo, foram ao encontro dos outros. Todos estavam reunidos no jardim do hospital.

-E aí, gente, prontos? -Martha disse. -O dia vai ser longo hoje.

Eles distribuíram a comida, e começaram a se empanturrar.

-O hospital só abre às 9. -Karen disse. -Mas vai ter muita gente aqui. Então vocês seis vão sumir pelos fundos, Ok?

-Certo. -Zack disse.

-Tudo bem. -Hector confirmou.

-Vocês têm certeza disso? -Tristan perguntou.

-Sim.

-E se alguma coisa acontecer?

O menino estava lacrimejando.

-Nós vamos nos preparar, Tristan. -Martha disse. -Temos tudo isso planejado. Se ele pegar a gente, vocês vão ficar em segurança, bem longe.

-Mas ele não vai pegar a gente. -Anne disse.

-A gente que vai pegar ele. -Erine completou.

-Mas não se preocupa, Tristan. -Hector falou. -Se as coisas saírem do controle, nós cinco vamos estar prontos. O Nathan vai ir pra sua casa hoje de tarde esperar. Vamos ter mais gente pra te proteger.

-Eu não quero que tudo isso aconteça por minha causa...

-Tudo bem, menino. -Uma voz interrompeu eles. Era William. -Vrazael é um desgraçado que gosta de destruir tudo. Você não é culpado de nada, você apenas nos deu uma oportunidade.

-TIO WILLIAM! -Hector gritou e abraçou o homem.

-Tio? -David perguntou. -Que dahora. Hector já falou de você antes.

-Você é bem animado. -Scott comentou.

-Olá, rapaziada! -Ele cumprimentou todos.

-Então, a estrela do jogo apareceu. -Mil chegou também. -Parece que o time tá completo. Os guardas estão vindo?

-Não estão. Eles já chegaram.

-Guardas? -Hector perguntou. -Quê guardas?

-Eu trouxe a cavalaria! -William riu. -Se ele vir antes da hora, a gente vai acabar com ele em grupo. Tem cinquenta e cinco homens armados aqui esperando esse monstro. Se ele vier pra cá, já era.

-Caraca! -Paul disse. -Tá aí uma coisa que eu não esperava.

-Muito bem, molecada, a coisa vai tomar um rumo melhor do quê planejado. -Mil contou. -Antes de todo mundo sair, os guardas vão fazer uma ronda por aqui. Quando chegar na metade do dia, vamos todos começar o plano C!

-Plano C? -Erine perguntou. -Como assim?

-Simples. Tem duas minivans e um carro aqui pra gente. A primeira vai levar os garotos para a casa do Tristan. A segunda vai levar vocês para um lugar estratégico, onde vão esperar meu sinal. Todos com celular?

-Sim. -Erine e sua turma ergueram seus telefones.

-Só o Zack tem aqui. -Hector comentou.

-Me passem o número dele. -Mil disse. -Eu vou ligar durante o dia. O resto de vocês, eu vou mandar uma mensagem de texto. O plano C vai ser acabar com o Vrazael aqui, se ele não cair, vamos levar ele para o local em que vocês vão esperar. Lá vão pôr o plano A em prática. Alguma pergunta?

-Qual é o plano B? -Erine perguntou.

-Crianças, se as coisas tomarem o pior rumo, vocês vão ter que dar um jeito nele. Rezem para que os outros dois planos funcionem.

-Qual a lógica do plano B vir depois do C? -Zack questionou.

-Ué, a ordem cronológica. -Mil respondeu.

-Mas...

-Cala a boca, Zack. -Scott o interrompeu.

-Certo. -Mil continuou. -No plano B, eu vou ir até a casa do Tristan e tentar alcançar o vampiro antes que ele mate vocês. Se vocês morrerem, tentem pelo menos segurar ele para mim.

-O QUÊ? -Zack exclamou.

Hector, Scott e Max riram.

-NÃO! -Erine gritou.

-Tudo bem, gente. -William disse. -O Max só tá brincando.

-Mil. -Hector o corrigiu. -Max é só quando falar do nosso Max.

-Ah. Beleza. Agora, me escutem. Eu vou ficar aqui. Se o Plano A for colocado em prática, eu vou atrás de vocês. Crianças, no pior dos casos, fujam. Não tentem matar aquela coisa.

-Entendido! -Hector bateu uma continência.

Os outros concordaram.

-Ah sim. Entendeu. -William debochou. -Eu nasci ontem, Hector. Eu sou como você, bobão, somos Draakins. Todos nós somos meio loucos. Mas você e seus amigos, pelo que eu ouvi, são totalmente loucos. Eu só preciso que você me prometa que não vai bancar o herói. Tudo bem?

-Tio... -Hector olhou em volta. Seus amigos fizeram sinais para que ele concordasse. -Eu... -Ele olhou para o chão. Pensou nos amigos. Em Tristan. Em Joe. -Eu não te prometo. Se alguma coisa acontecer, eu vou lutar pelos meus amigos. Nós vamos aguentar essa juntos. Se um for morrer, todos nós morremos juntos.

-Hector! -Erine disse. -Por favor, não!

-Muito bem. -William disse. -Eu esperava que você fosse mentir. Beleza. Eu ia odiar saber que você mentiu. Mas você honra a sua palavra e o seu clã. Hector, Mirai, se vocês forem forçados a lutar, lembrem de mirar no estômago do Vrazael. É o ponto fraco dele.

-Tio...

-Isso é perigoso para eles! -Martha gritou.

-Eles podem morrer! -Karen exclamou.

-Sim, é perigoso. -Mil disse. -Por isso estamos avisando a eles.

-Por isso que vocês homens vivem menos. São todos idiotas! -Anne falou.

-Valeu, Anne, também te amo! -Hector exclamou.

-O quê...? -Anne apenas desistiu de discutir.

-Gente. -Erine deu um sorriso. -Vai ficar tudo bem. Estamos todos falando como se fosse um fato que as crianças fossem ser atacadas! Mas vai tudo dar certo! Não se preocupem.

-Bem, tá chegando a hora. Crianças, se preparem para a visita! -William disse. -Vamos lá, em suas posições!

Seu gritou ecoou pelo jardim.

Em poucos segundos, vários guardas usando fardas verdes e azul apareceram e começaram a vasculhar a área.

-Senhor! -Um guarda se aproximou de William. -Todos os preparativos estão prontos. Assim que o senhor der a ordem, vamos despachar as crianças.

-Ótimo. Cuidem do perímetro até o meio dia, que é quando a gente vai mandar as crianças.

-Certo. -O guarda coçou a parte de trás da cabeça, quase derrubando o boné. -Senhor... eu sei que é meio estranho perguntar, mas você acha que o Vrazael vai vir mesmo?

-Eu conheço aquele verme. Ele é muitas coisas. Cruel, violento, sádico... Mas ele também é orgulhoso. Muito orgulhoso. Ele vai adorar brincar com a gente como se todo mundo fosse idiota. Ele vai ir de boca na botija só pra ver o quê vai acontecer. Além do mais, a mídia divulgou que a família Draakins está protegendo o garoto. Vrazael odeia nossa família mais do quê tudo, somos inimigos jurados.

-Entendido, senhor. Obrigado por explicar. Voltando ao trabalho.

-Agora, Max... -William olhou para eles e fez uma pausa. -Digo, Mil. Vão para dentro, e esperem a gente avisar que a área tá liberada.

O grupo todo se juntou, e então começou a ir para o quarto onde Tristan estava.

William segurou Mil pelo ombro.

-Ei! Desculpe, eu esqueci de avisar. Mas fique de olho, o Vrazael pode mudar a aparência dele para passar despercebido.