O plano estava formado, todos estavam prontos, e agora, restava preparar o terreno para colocá-lo em prática. Os meninos se encontraram com Erine e seu grupo durante o intervalo para preparar as coisas.
-Muito bem, criançada. -Paul começou a explicar o plano para os garotos.
Os cinco concordaram com ele. Erine e Martha ajudaram Paul a explicar alguns detalhes sobre as coisas para eles.
-Mas escutem, -Erine olhou para os cinco e apontou para todos. -Soda cáustica é uma coisa perigosa para todo mundo! Não quero vocês brincando com isso!
-Obrigado por avisar que coisas perigosas são perigosas. -Scott disse.
-Scott! -Erine gritou.
Paul e Anne riram.
-Gostei dele. -Anne disse.
-Sarcástico igual a Anne... -Karen murmurou.
Matt fez alguns sinais.
-O quê isso significa? -Hector perguntou.
-Ele quer porquê quer matar o vampiro. -Disse Paul. -Ele acha que é direito dele, já que ele sempre avisou a gente sobre vampiros...
Matt fez que sim, com o rosto franzido.
Ele era magro e seu cabelo era bagunçado, o fazendo parecer um louco. O fato de ser pálido e os olhos castanhos cobertos com olheiras apenas reforçavam o fato.
Paul era maior que todos ali, grande, parrudo, seu cabelo enrolado era enorme, e seus óculos quadrados refletiam na luz do sol da tarde.
Anne tinha um cabelo razoavelmente curto, ele passava do queixo, lançando sombras sobre seu rosto. Seu estilo gótico a faziam parecer assustadora, e seus olhos verdes apenas acentuavam esses traços.
Karen era o oposto, a garota era loira e alegre, seu rosto fino e delicado emanava alegria, mas seus olhos eram verdes como os de Anne e os de Erine. Aquela rara combinação das três as fazia chamar a atenção em todo lugar.
Martha tinha um cabelo escuro, combinando com os olhos e a cor da pele, seu olhar era sempre pesado e sua expressão sempre estava fechada, o quê fazia ela parecer ser brava e irritável. Apesar de não ser, ela gostava da fama que lhe atribuíam.
-Certo, então a gente só precisa achar algum jeito de trazer o vampiro até nós. -Martha disse. -Essa vai ser a parte difícil. Será que o Mil vai ter alguma ideia boa?
-Pode ser que tenha. -Paul disse. -Mas não quero depender dele.
-Ei! Ele tá com a gente nessa! -Karen disse. -Não tem como simplesmente deixar ele de lado!
-Eu sei, mas é que não sei como encaixar ele nesse plano a não ser fazendo ele de isca! -Paul disse.
-Não podemos! Ele pode se machucar!
-Eu sei! Mas não tem o quê fazer!
-Calem a boca, idiotas! -Anne gritou. -Vão escutar vocês falando bosta!
-Ei... -Zack chamou. -Eu tenho uma ideia.
Todos o olharam.
-Se não colocar ninguém em perigo, tudo bem por mim. -Erine disse.
-Então... -Zack disse e coçou a cabeça.
-Acho que a gente vai morrer. -Hector disse.
-Se pode matar algum de nós, então é divertido! -Scott disse.
-Esse é o espírito! -David disse.
-Se acalmem! -Karen disse.
-Não gosto de colocar vocês em perigo.
-Acho que a coisa mais perigosa aqui é a ideia do Zack... -Max disse.
-Bom. -Zack respirou fundo e começou a falar. -Todo mundo diz que não tem garantia de que o vampiro vai voltar. Mas, a gente pode chamar ele.
-Não vamos para a morte. -David comentou. -Ela vai vir pra gente.
-Sugiro que a gente espalhe sobre o Tristan em algum lugar grande, dizendo que ele tem um poder incrível e importante, aí o vampiro vai ver e vai saber que é uma armadilha. Ele vai bancar o Durão, e vai vir provar que não tem medo!
-Eu esperava algo menos burro. -Scott disse. -Adorei a ideia.
-Vamos lá! -Hector gritou.
-Cara... -Paul olhou para todos. -Vocês são os nerds mais malucos que eu já vi. Agora sei porquê o Joe pediu pra gente cuidar de vocês.
Os meninos riram.
-Sim! -Hector disse. -Vamos com tudo nesse plano!?
-Não. -Martha disse. -Essa ideia é idiota e suicida.
-Merda. -Scott disse.
-O quê? Vocês queriam mesmo? Achei que estavam zoando! -Erine falou.
-Lembram que o Tristan foi a vítima? -Karen disse. -Usar ele de isca é uma crueldade. Não vamos fazer isso. Hoje de tarde nós vamos com vocês de novo lá. E lá a gente vai dar um jeito com o Mil. Enquanto isso, fiquem de olho no Tristan.
-Desculpa, Martha. -Scott disse. -A gente vai ficar com o Tristan.
-Ótimo.
-Eu acho que esse moleque tá só concordando com você pra você calar a boca... -Anne resmungou.
-Hein?
Scott apenas virou o olhar.
-Gente. -Hector disse. -Nós vamos voltar para a sala. Vamos tentar recrutar alguns amigos pra ajudar...
-Sem mais crianças nisso! -Erine gritou.
-Tá bom.
Erine o olhou, e então se voltou para os amigos.
-Ele tá fazendo também... -Anne denunciou.
Matt fez um sinal de positivo para os meninos e lhes lançou um sorriso.
-Entendido! -Hector falou.
Matt bateu continência para ele.
Logo, os grupos se separaram para voltar à aula.
Nathan estava sentado sozinho na sala quando os garotos chegaram.
-Vocês estavam onde? -Ele perguntou. -Não quero comer sozinho no recreio.
-Intervalo. -Zack o corrigiu.
-Ai, que crescido, Zack. -David caçoou.
-Isso.
-A gente tava planejando umas coisas. -Hector disse.
-Tipo o quê?
Hector parou e olhou em volta.
-Se souber, vai ter que dar toda a sua confiança pelo grupo!
-Cara, não sei se perceberam, mas vocês são meus únicos amigos.
-Hoje é o seu quinto dia aqui. -Zack disse. -Ainda dá tempo de arrumar amigos que não arrumem problemas.
-E qual a graça que eles têm?
Hector olhou de novo em volta. Ninguém havia chego ainda.
-Eu vou te passar o endereço da minha casa. Amanhã a gente vai se reunir lá pra discutir umas coisas. Mas saiba que não vai mais ter volta se for com a gente.
-Amanhã a gente têm treino! -Zack disse.
-Ué, um fim de semana em casa e outro no treino!
-Mas qual fim de semana é esse? O quê a gente treina ou...
-Zack, cala a boca. -Scott o interrompeu.
-Beleza. -Nathan falou. -Se eu preciso sair com vocês para poder saber o quê é que é tão secreto assim, amanhã eu vou lá.
-Gente... -David parecia confuso. -Amanhã é sábado?
-Idiotas. -Uma voz murmurou.
Era Alex, uma das garotas esnobes da turma. Alex tinha cabelo preto e longo, ela baixa e sempre andava com o nariz empinado perto dos nerds. Seus olhos eram escuros, mas sua pele era clara como a lua.
-Ah nós somos... -David disse.
-Pateta. -Scott falou.
-David? -Nathan falou. -Você não gosta 'dela', não é?
Ele disse o 'dela' com um desgosto visível.
-David tem um fraco por mulheres. -Scott contou. -Qualquer uma que dá atenção faz ele cair igual um idiota.
-Nathan, você devia fazer amigos normais, sabia? -Alex gritou do outro lado da sala.
-E você devia fazer amigos, porquê pelo jeito que você fala, não deve ter nenhum. -Nathan a respondeu.
-A Heather é minha amiga! Você é um escroto!
-Eu!?
-Nathan. -Max colocou a mão no ombro dele. -Não perde seu tempo.
Hector riu.
-Você nem sabe o quê é um escroto!
Heather entrou na sala e olhou feio para todos.
-O quê tá acontecendo aqui?
-Alex tá aprendendo a falar com garotos. -Scott disse.
Heather riu.
-O quê? É sério?
-NÃO! -Alex gritou. -Eles são uns babacas!
-E ela gosta do David... -Scott murmurou.
Heather começou a rir.
-Tá podendo hein, baixinho.
David riu.
-É...
Nathan riu também. Naquele momento, ele percebeu o quanto os cinco eram capazes de levar as coisas na esportiva de vez em quando. Talvez, fosse bom dar confiança para eles.
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-LÓTUS! -Crash gritou enquanto a mulher passava pela porta que dava para o terraço do prédio. -Cadê esses idiotas!?
A mulher baixa se aproximou dele.
-Todos vindo. Acho que você ficou nervoso demais, bobão. -Ela deu um soco fraco no ombro dele.
-A reunião já vai começar...
-Ei, ei... devagar...
Ela fez sinais e tocou no ombro dele enquanto tentava acalmar o homem.
-Oblivion vai adorar ver o quão merda essa equipe ficou.
-Ei! -Zap disse enquanto entrava. -Qual foi? Você sempre inventa de fazer tudo sozinho! Se a gente não faz nada, a culpa é sua por se meter em tudo!
Outros membros foram entrando, e logo a equipe estava completa.
O pequeno drone que Lótus havia recebido de manhã cedo estava com um horário escrito nele: 16:50.
Eram 17:40.
Quando Lótus apertou o botão para ligar o drone, o objeto flutuou e soltou um holograma vazio.
Alguns minutos se passaram.
Oblivion apareceu na imagem.
-Pontualidade lamentável. -Ele disse. -Vamos lá, eu andei verificando o desempenho de vocês, e simplesmente não estão dando retorno para nós. Eu vou desmanchar essa equipe se as próximas missões não forem um sucesso. O quê vocês... O quê você tá fazendo aí!?
Oblivion perdeu a postura séria.
-AH Oi, amigão! -A voz do homem veio de trás deles. -Eu fui comprar um salgado e vi o Duque aqui. Então segui ele.
Crash olhou para trás e ergueu uma sobrancelha.
-O quê? Ninguém?
-E aí, galera, todo mundo bem?
-Sinceramente... -Oblivion coçou a testa. -Cara, eu tava dando uma bronca neles!
-Ah, deixa disso. -Ninguém disse e deu um tapa no ombro de Crash. -Qual as novidades do dia?
-Nenhuma. -Oblivion disse.
-Acordou com o pé esquerdo hoje, então. Faz um cafezinho aí, Oblivion. O Doutor me ligou mais cedo.
-O doutor?
-Quê doutor? -Lótus perguntou.
-É, o Doutor. Ele queria uns trambolhos eletrônicos pra fazer alguma geringonça. Eu mandei entregar no laboratório aí. Daqui a pouco vocês recebem.
-Calma, e o quê isso tem a ver com a reunião? -Oblivion ergueu uma sobrancelha.
-Nada. Eu só quis contar.
-Ah...
-Mas ei, Crash! Eu tenho uma ideia!
-Eu sou a líder aqui. -Lótus anunciou.
-Já falaram para vocês sobre os Mirai?
-Ninguém! -Oblivion gritou.
-Calma, cara. Vai ficar calvo cedo se ficar estressado desse jeito.
-Ah, e qual a sua ideia? -Oblivion disse. -Mandar esse grupo para pegar os Mirai?
-Sim. -Ninguém respondeu. -Temos um plano. Consegui umas informações, e parece que o colégio deles vai levar a turma para um acampamento de fim de ano. E você, Lótus, vai capturar eles e levar para o Oblivion. Aí sim, vai provar que são uma equipe boa.
-Não acho que seja uma boa ideia. -Lótus disse. -Crash não é muito gentil com os inimigos.
-Crash é um amigão meu! -Ninguém passou o braço pelo ombro de Crash. -Podem confiar em mim!
-Mas quem é você? -Zap indagou. -Por que você pode falar assim com o Oblivion?
-Sou amigo dele, ué. Sou um recrutador da Gyazom. Meu nome é Ninguém.
-CERTO! -Oblivion disse. -Bem, deixem eu dar o feedback da equipe, depois eu passo algumas missões e vocês se preparam para prender os Mirai no fim do ano.
-Quem são os Mirai? -Crash perguntou.
-Nossos inimigos mais perigosos. -Ninguém contou. -Crianças que descobriram sobre nós. O Cataclismo está observando eles.
-O Cataclismo!? -Crash exclamou. -Mas o quê essas crianças são!?
-Não sabemos. -Oblivion respondeu. -Por isso que nós precisamos capturar elas. Vivas e sem machucados.
-Entendido. –Crash disse. -Vivas e sem machucados. Até o fim do ano, eu vou te entregar essas crianças.
-Será que vai? -Zap provocou.
-Ele vai. -Ninguém falou. -Pode confiar nesse grupo, Oblivion.
-Certo. -Oblivion disse. -Mas só vou confiar porquê você quem encontra as melhores pessoas dessa organização, Ninguém.
Ninguém sorriu.
-Obrigado. Querem café?
-FOCO! -Oblivion gritou.
Todos se voltaram para a reunião.
Crash, no entanto, pensava sobre esse fim de ano. Crianças? Cataclismo? Como Ninguém sabia dessas coisas todas? E mais, quem contou para ele sobre aquela viagem de fim de ano?