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Chapter 19 - Medo Crescente

Gerard ficou confuso com aquilo.

-O quê? Seu irmão... Ele tem algo a ver com isso tudo?

-Jake... -Erika disse. -Era um Eterista.

O homem achou melhor não prosseguir.

-Certo.

-Gente, -Olivia chamou. -Mas e quanto aos observadores?

-Não sabemos ainda. -Disse Erika. -Temos que pensar em uma coisa de cada vez.

-Mas isso é o mais importante. -Giorgio falou. -Acredito que o inimigo a esta altura esteja ciente da situação. Nós estamos lutando contra o tempo aqui. A prioridade agora é descobrir os canais de comunicação da Gyazom.

-E então...? -Gerard disse. -Acredito que no momento em que o inimigo compreender que nós estamos nos preparando, irão contra atacar.

-Ele tem razão. -Olivia avisou. -O jeito vai ser a gente evitar ao máximo entrar em contato direto com a organização. Mas aqueles meninos... Será que devemos mesmo deixar eles na linha de frente?

-Não vai adiantar. -Gerard explicou. -Eu vejo a aura daqueles meninos. Nós não vamos conseguir impedir eles. Precisamos ajudar, pois eles precisam de apoio.

-Sim. Ao que soube, os pais deles são contra a ideia de investigar a organização. -Giorgio contou. -Jeff me avisou sobre isso. Os pais deixaram claro que não querem nenhum envolvimento com o quê ocasionou a morte de Joe... desculpe... eu falei sem pensar...

Erika baixou a cabeça.

-Tudo bem. O importante são eles. Problemas com os pais a gente resolve depois.

-Tem uma coisa. -Olivia interrompeu. -Eu acho que Gyazom já sabe dos garotos a esta hora. O assassino deve ter reportado para o Alto Comando.

-Alto comando? -Giorgio perguntou. -Isso quer dizer algo importante ou... -Ele fez uma pausa. -Isso quer dizer... quem?

Olivia fez uma pausa dramática.

-Isso significa que Oblivion já deve estar ciente de nós.

Ela começou a tremer.

-Oblivion seria quem, exatamente? -Giorgio arregalou os olhos.

-Oblivion é o membro mais alto da organização. Ele é o Capa Reluzente da divisão de comando. Todos nós conhecemos ele quando estávamos fazendo teste para entrar na organização...

Ela lacrimejava enquanto contava sobre Oblivion. A mulher tremia de medo e gaguejava.

-Quer dizer que Oblivion é possivelmente o chefe da organização, estou certo?

-Eu... e-eu não sei... Mas todos os membros que vimos das outras divisões pareciam ter medo dele. Ele é assustador.

-Olivia, se acalme. -Gerard chamou. -Você está segura aqui.

Ele viu um medo indizível e profundo surgindo na aura da jovem moça.

-Não, não estamos! -Ela gritou. -Eu não sei o quê ele vai fazer com a gente quando ele chegar!

-Olívia... -Erika tentou acalmá-la.

-Por Favor! -Olívia chorava, inconsolável.

-Tudo bem. -Giorgio falou. -Nós temos o Jeff aqui. Ele é um guerreiro exímio, e não vai hesitar em enfrentar qualquer inimigo. Não tema, Olívia.

-Senhor Giorgio, -Gerard chamou. -Acredito que seja hora de suspender esta reunião. Levarei Olívia e Erika para casa. Quando ela melhorar, poderemos discutir melhor sobre isso. Por favor, peço apenas que você proteja estas crianças.

Giorgio assentiu.

-Sim. Não se preocupe. -Ele tirou uma pequena caneta do bolso e entregou a Gerard. -Você é sábio, Boyer. Caso algo venha a acontecer, use essa caneta. Ela vai abrir uma passagem para cá na mesma hora. Se usar ela, corra para cá na mesma hora.

Gerard olhou para a caneta e para Erika.

-Agradeço. Eu protegerei essas duas com minha vida.

Olívia, tremendo, disse:

-Tá bom...

Erika se levantou e a abraçou. Foi difícil, pois Erika era quase meio metro maior.

-Vai ficar tudo bem. Giorgio, obrigada. Contamos com você.

Ela sabia, que algo grande estava nas mãos daqueles meninos. Algo fora do controle dela.

Ela se perguntou se alguém estava observando sua casa ou ela. Medo tomou conta dela. Ela precisava beber algo para se acalmar.

-Vamos, eu irei acompanhar vocês. -Giorgio disse.

Ele acompanhou os três até os caminhos próximos à costa para mandá-los para casa.

Quando a passagem se abriu, Giorgio cumprimentou os três novamente.

-Nós vamos tentar aparecer aqui aos domingos. -Disse Gerard. -Meu trabalho é muito problemático, então não tenho muito tempo.

-Não se preocupe. Meu trabalho também é complicado. -Giorgio riu. O clima amenizava. -Até lá.

Giorgio virou para voltar. Ele se perguntou algumas coisas, naquele momento. Oblivion... Observadores que possivelmente estariam indo até aqueles meninos. Mas... Será que estariam?

Cinco crianças, apenas isso. Eles não seriam um perigo para uma organização grande. Não havia motivos para perseguir os cinco.

Ele reparou nas casas na cidadela. Ele pensou em acolher Olívia ali. Mas ainda não confiava nela. Restava apenas esperar, se ela fosse uma espiã ou algo do tipo, provavelmente alguém iria atrás de Erika e Gerard.

No pior dos casos, as famílias dos meninos estariam em risco. Mas ele previu tudo aquilo, e posicionou alguns guarda-costas nas proximidades de todos. Mas é claro, aqueles guardas não poderiam passar o dia todo lá.

Tudo o quê poderiam fazer era aguardar.

Mas algo ainda incomodava Giorgio. Scott... A forma como o humor do garoto assimilou a de seu antecessor...

Uma sensação de perigo iminente surgiu naquela hora. Se o garoto também herdasse a vontade e a capacidade de seu nêmese, então um verdadeiro monstro estava incubado naquela criança.

Giorgio caminhou, refletindo sobre a situação.

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William correu para a delegacia quando foi avisado sobre o incidente. Quando chegou lá, um policial musculoso o explicou sobre o quê aconteceu.

-Parece que um homem foi morto, e o suspeito atacou e tentou matar três pessoas. Duas crianças e uma mulher. Ao que parece, a mulher deu carona para as crianças quando as viu fugindo. Os três descreveram perfeitamente o suspeito. Ao que parece, é um vampiro.

-Merda. Tem mais informações sobre isso? -William tremia.

-O vampiro matou um empresário. A vítima era Arnold Winters. Ao que entendemos, o assassinato ocorreu, e o suspeito voltou para o quarto enquanto recebia as crianças. Isso é estranho, não sabemos dizer se ele foi finalizar a vítima ou se foi buscar algo. Isso nem ao menos faz sentido.

-E como é a descrição do suspeito.

-Alto, Cabelo vermelho longo. Dentes pontudos, musculoso. Acreditamos que se trata de Vrazael. Por isso você foi notificado, Draakins. Se realmente for Vrazael, precisaremos da sua experiência nesta caçada.

-Entendi. -William engoliu em seco. -E-Eu preciso ligar pro meu irmão... Já volto.

William pegou seu celular e foi correndo até o pátio noturno da delegacia.

-Espere! -O policial gritou para ele enquanto ele corria.

O perigo estava crescendo rapidamente para todos.

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Crash estava cansado de ter de aguentar aquela equipe incompetente.

Mas seu estresse durou pouco aquele dia. A chefe da equipe, Lótus, chegou até ele, segurando uma garrafa de whisky.

-Olá, garotão, tá com sede?

-Vai à merda.

-Ah, cara você é chato. Muito chato.

Ela se virou. Seus colegas estavam vindo. Mais uma noite em um hotel de luxo. Crash sabia que logo aquele grupo seria demitido por conta das palhaçadas da Lótus.

-Vocês não têm nada pra fazer, não?

Os outros riram.

-Claro que não. -Disse Zap, um assassino.

O grupo tinha dezesseis pessoas no total. Quatro deles eram da divisão de Reforço, e quatro da infantaria. Crash e Lótus pertenciam, respectivamente, à Elite e ao comando. Como uma incompetente se tornou parte da divisão de comando? Crash se perguntava o mesmo.

Não tinha nenhum espião e nem pesquisador no grupo. Dois dos membros eram domadores. Zap era o assassino, e, finalmente, Duque. Duque era o único apoio no grupo. E provavelmente o único que não era um imbecil.

Antes que Crash começasse a discussão, uma coisa acendeu na maleta que Duque carregava. Duque era velho e pequeno, aproximadamente 1,46 de altura. A cara espremida e ranzinza dele o fazia parecer mais mau humorada do que ele realmente era. Seu cabelo cinza e desgrenhado quase fazia Crash rir.

-Mensagem. -Disse Duque.

Ele abriu a maleta e tirou um pequeno drone de lá. O drone flutuou, e uma luz saiu dele. A luz criou rapidamente um holograma.

Lótus instantaneamente arrumou a postura. Os outros também. Crash continuou indiferente.

-Senhor! -Lótus gritou.

A imagem de Oblivion no holograma olhou para todos, individualmente.

-Lótus... -Ele calmamente disse. -Eu queria entender o quê você está fazendo para estar em um hotel de luxo com uma bebida cara na mão. Pode me explicar?

-Senhor... eu... -Ela gaguejou. -Nós estávamos nos divertindo...

-Eu e o Crash somos obrigados a aguentar isso. Todos os dias. Espero que você tenha uma boa promoção pra gente. -Duque resmungou.

-Claro que vocês dois terão. Não se preocupe, Duque. Lótus, agora me explique. Estou esperando.

Até mesmo Crash estava intimidado. Oblivion era assustador. O gigante ciborgue provavelmente destruiria qualquer um ali se a mensagem fosse dada pessoalmente.

-Nós paramos porquê... Crash faz as missões, a gente espera ele porquê ele não gosta de companhia. Ele...

-Lótus. Você sabe o quê significa ser um líder?

Ela não disse nada.

-Me responda. -Oblivion ordenou.

-Eu creio que... saber controlar bem seus membros e...

-Não. -A autoridade com que Oblivion falava fez com quê a voz da mulher sumisse. -Ser um líder significa ter responsabilidades. Ter a capacidade de estar em frente e a ganhar a confiança de seus companheiros. Repita comigo. Companheiros, não membros.

-Companheiros, não membros.

-Ótimo. Pare de tratá-los assim. Não jogue a culpa nos outros. Se Crash fez tudo, então deixe o dinheiro com ele. Não ouse continuar com essas brincadeiras, Lótus. Isso é um abuso. E é melhor eu não saber de nenhuma outra pausa de lazer sua ou da sua equipe.

-Sim senhor. -Ela disse.

-Senhor... -Zap disse. -Eu acho que você devia tirar o Crash da equipe. Ele fica arrumando confusão.. -A voz do homem se esvaiu com o medo.

-Você acha? Sabe, você não tem o direito de dizer quem é melhor aqui. Mas é melhor não se preocupar comigo. A própria Atlas está indo até Gardeville, neste momento.

A menção do nome fez com que todos entrassem em choque.

-Espera! -Lótus gritou. -O quê ela vai fazer? Por favor, a gente...

-Não se preocupe. Atlas decidiu verificar a situação por conta própria. Se ela se incomodar com vocês, lamento.

Nem mesmo Oblivion desafiaria Atlas. Atlas era o membro mais alto da organização, abaixo apenas do próprio Chefe.

-Não se preocupe. -Crash interrompeu. -Eu estou trabalhando bem pra manter as coisas em ordem. Se algo vier a acontecer, eu mesmo irei tratar com ela.

-Isso sim é capacidade de liderança. Obrigado, Crash. Agora, basta esperar. Atlas logo estará aí.