Zack não aguentou nem a primeira volta. Os cinco estavam destruídos por causa do treinamento daquela manhã.
Os garotos começaram a rir. Ele não ligou, apenas riu com os amigos. Hector estava quieto, observando os outros alunos.
Grace conversava com algumas garotas.
Nathan e Scott estavam quietos ao lado dele, Max e David conversavam e riam juntos.
Mas ainda assim, algo intrigava Hector. Ele via Claire andando quieta e sozinha longe dos outros. Ele precisava ir até ela. Era uma necessidade.
Era uma oportunidade. Mas ele via James e seus amigos conversando em um canto, olhando estranho para Zack. Rory o encarava.
E se Rory gostasse dela? O quê eles poderiam fazer com Zack?
Um incômodo cresceu em Hector.
-Gente... -Ele chamou. -Acham que pode dar merda pro Zack por causa da Claire?
-Não. -Max respondeu. -Ele nem disse nada demais, só o Julian que tava sendo o Julian.
-James provavelmente vai falar bosta. -David disse. -Ele sempre faz isso, então ele vai falar bosta, é normal.
Scott apenas ignorava eles. Ele viu Claire longe deles.
-Hector... -Ele disse.
-Espera. -Hector o interrompeu. -Eu vou.
-Tá.
-E aí, aquela é a Myrella? -Nathan questionou com um sorrisinho.
-Não. -Scott respondeu. -Myrella é a baixinha de cabelo preto e...
Ele parou quando percebeu que todos o olhavam com um sorriso no rosto.
-Olha como ele fica quando fala dela! -Hector riu dele.
Scott apenas não disse mais nada.
-Calma, Scott, é brincadeira. -Nathan falou.
-Ele lembra do seu nome, Scott. -David riu. -Você é bom em fazer as pessoas te notarem, hein. E prensar que é o tímido do grupo...
-Que fofo, senhores. -Grace estava parada atrás dos garotos. -Estão se aquecendo muito bem.
Eles olharam em volta.
Todos os alunos estavam correndo em círculos. Zack tentava aguentar a corrida.
-Eu machuquei a perna hoje cedo... -Scott falou.
-Ah, que peninha. -Grace se abaixou. -Quer que eu te dê um remedinho e te leve pra casa?
Ela sorria falando.
Scott não respondeu.
-Calma, garoto. -Ela passou a mão no cabelo de Scott. -Eu só tô brincando com você.
-Ele tá nervoso por causa de uma garota. -Disse David.
Grace olhou para ele.
-Ah, o amor da juventude!
Ela riu alto.
-Eu não gosto dela... -Scott começou, mas parou.
-Ah, tudo bem. Se não gosta não precisa se incomodar. Agora vão, seis voltas no pátio.
Os cinco começaram a correr, mas estavam quase todos acabados na segunda volta. David, no entanto aguentou todas as voltas.
Ele percebeu Aaron e Denis o encarando. Estavam planejando algo.
Ele se juntou aos outros cinco quando chegou da última volta.
-Caraca... -Scott disse. -Você é bom.
-Hahaha! Você perdeu, Scott. -David ria.
-Se não fosse minha perna, já tinha vencido antes de você.
-Ah sim, você ia. Pode acreditar que ia. -David debochou.
-Se a Myrella olhar ele vai mesmo. -Max disse e começou a rir.
-Rivais, né? -Nathan perguntou.
-É. -Scott disse. -Rivais.
-O quê fez na perna? -Ele perguntou para Scott.
-Treinamento. Caí de mau jeito.
-Pessoal. -Zack chamou. -Lá vem.
Os seis estavam encostados na parede do prédio oeste do colégio, onde podiam se esconder da professora para descansar. Mas ali vinha James e seu grupinho.
Aaron, Denis, Rory e James estavam cercando eles.
-E então, temos um novato! -James riu. -Que legal, Nathan!
-Ah cara, vai se fuder! -Hector disse. -Você quer o quê?
-Conhecer o Nathan, é claro. -Ele deu um sorriso. -Mais nada. Não vou zoar com nenhuma viúva hoje.
Todos ficaram quietos.
Nathan apenas olhou estranho para todos.
-Tem certeza que vai ficar assim, Nathan? -Denis disse. -Se é assim, a gente vai te zoar qualquer hora. Mas se não quiser, é só se afastar dos esquisitos. Vai que eles arrumam confusão por aí com você...
-SEU FILHO DA PUTA! -Hector berrou.
-Calma, Hector. -Scott o segurou pelo ombro. -Não dá o que eles querem.
Hector o olhou, com indignação no olhar.
-Scott...
-Eu sei.
-Muito bem. -James falou. -Não vamos incomodar se vocês estão de mau humor hoje.
Ele sorriu, se virou e saiu andando.
Aaron e Denis foram atrás.
Rory olhou para eles, com um incômodo e uma certa tristeza no olhar.
-Caras... desculpa... ele exagerou... -Ele disse, antes de ir para outra direção.
Ele foi para onde outros garotos conversavam. Talvez fosse jogar futebol.
-Galera... -Nathan olhava, confuso para eles. -O quê...
-Deixa pra lá. -Scott disse. -Não vamos te envolver.
-É. -Hector falou. -Só estão sendo cuzões.
-James é o maior fudido que existe. -David disse.
-Viúva... -Max falou. -Eu vou quebrar as pernas daquele filho da puta.
Sua voz tremia.
-Por que viúvas? -Nathan perguntou.
-Já disse que não é nada. -Scott falou.
-Nathan... -David disse. -Só não se envolve nisso.
-Nós tínhamos um amigo. -Max contou. -O nome dele era Joe. Ele morreu uns meses atrás quando foi salvar a gente. E...
Ele começou a lacrimejar.
Nathan arregalou os olhos.
-E ninguém faz nada quando ele diz essas coisas?
-Não. -Max disse. -A turma tem medo dele. Os professores acham que ele faz um bullying leve com a gente. Por isso tratam como se fosse só brincadeira de criança.
-Mas... O seu amigo morreu! -Nathan parecia indignado. -Por que deixam ele desrespeitar ele assim!?
-Porquê não podemos ser iguais a ele! -Zack disse. -Se usar violência contra eles, vamos apenas espelhar o que ele faz com a gente. Vamos só ignorar.
-Entendi. -Nathan olhou para James, que estava conversando com Claire, Trixie e Heather. -Vocês são bonzinhos.
Ele começou a andar na direção deles.
-Nathan? -Zack perguntou.
-Puta que pariu. -Scott falou. -Vamos atrás dele!
Hector e ele começaram a ir. David e Max ficaram olhando, com um leve ar de satisfação no rosto. Era um grande primeiro dia!
James estava apenas conversando com elas sobre a nova professora.
-Não sei meninas, acho que vocês estão se incomodando à toa. -James falou. -Ela é uma mulher bonita, meninos nem sempre se controlam.
Trixie concordou com ele. Ela olhou para James, para trás dele, sorriu e acenou.
-Oi, Nathan!
Ela riu. Aaron e Denis estavam olhando para eles de uma distância. Os dois perceberam o quê ia acontecer. Eles tentaram ir até eles. Mas não daria tempo.
James se virou, nervoso.
-Nathan?
Nathan deu um soco no rosto de James, que caiu de costas no chão.
-Qual é a sua, James? -Ele perguntou. -Esses bostinhas dessa turma te deixam tratar todo mundo do jeito que quer?
James se sentou.
-Espera, cara...
Nathan chutou a cara dele. As meninas da turma gritavam, mas não ousaram se aproximar. Aaron e Denis vinham vindo. Ralf tentou segurar Nathan, que o empurrou, derrubando-o também.
-Que força..!? -Ralf tentou dizer.
Heather ria em meio à confusão.
Nathan se abaixou, pegou James pelo pescoço e o ergueu.
-Eu tenho nojo de gente feito você. -James segurou o braço de Nathan, e aqueceu sua mão. Fumaça saía de onde ele apertava. -Eu vou te dar um aviso agora, seu palhaço! -James tentava falar. -Se eu descobrir que você andou mexendo com meus amigos ou falando alguma merda escrota de novo, eu vou fazer você engolir cada dente dessa boca! ENTENDEU!?
James tossia, grunhia e se debatia.
-Sih! -Ele tentou falar.
Nathan o soltou.
Ele caiu no chão. Ele estava roxo, e com a garganta doendo. Olhava assustado para Nathan.
Grace chegou até eles, e olhou para eles.
-O quê é isso aqui!? -Ela berrou. -O pescoço dele tá todo marcado!
Nathan ergueu a mão, com a queimadura evidente.
-E isso aqui também tá marcado. -Nathan respondeu. -Acho que estamos quites.
-Secretaria! AGORA! -Grace gritou.
Nathan se virou, Scott e Hector estavam ali.
-Cara...! -Hector disse. -Que merda de queimadura!
-Até que você é legal... -Scott disse. -Amigos...
Ele riu.
-EU DISSE PRA IR PRA SECRETARIA! -Grace parou ao lado dos três.
-Eu não sei onde é. -Nathan respondeu.
-A gente leva ele. -Disse Scott.
-Professora! -Denis gritou. -Eles querem bater na gente.
Grace se virou para ele. Ela estava brava. Os meninos sentiram aquilo.
-Vem, Nathan. -Hector disse.
Os três foram até a secretaria.
-Gente, o quê é isso? -Elaine estava lá, cuidando das coisas. -Por que tudo isso?
-O Hector e os amigos dele querem colocar o aluno novo contra a gente! -Denis disse. Sua voz exalava um leve medo. -Foi isso.
-Eu saio por dois minutos para decidir o quê iam usar na aula, e quando eu volto, olha isso!
Nathan mostrou a queimadura no braço. James mostrou o pescoço.
-Você tem noção que é o seu primeiro dia aqui, Nathan? -Elaine perguntou. -É assim que você age em casa?
Nathan estava irritado.
-Não.
-Ele começou. -Aaron disse. -Todo mundo viu.
-Sim! -Elaine disse. -Eu entendi.
-Inspetora! -Disse Hector. -Foram eles!
-James queimou o braço dele se defendendo! -Elaine estava convencida dessa versão.
-Sim. -James disse. -Ele disse que vai me matar!
-Nathan... -Elaine disse. -Você já tomou alguma advertência? Não me responda. Eu vi o seu histórico escolar. Brigas, brigas e mais brigas. Acha isso bonito!?
-Não. Mas ele...
-Então por que você fez!? -Ela gritou.
-Ele estava...
-NADA! NADA JUSTIFICA ISSO! -Ela berrou.
-Nada justifica ele zoar o Joe. -Scott falou
-NÃO ENVOLVA O GAROTO FALECIDO!
-Falecido? -Grace perguntou.
-James chamou a gente de viúva. -Scott explicou. -Todo mundo sabe das coisas que ele faz e fala. Pode perguntar por aí.
-Espera, do quê você está falando?
-Esse menino está fazendo uma acusação muito grave! -Elaine gritou outra vez. -Isso vai virar caso de polícia se continuar assim!
-Joe era nosso amigo. -Disse Hector. -Ele morreu no incidente do Shopping... Ai!
Scott deu um chute no pé do amigo.
-Ele morreu. E o James fica fazendo piada sobre isso. Todo mundo deixa ele fazer o quê quer só porquê sim.
-É mentira, pro-- -Ele tossiu. -Professora. Desculpe, eu...
-Veja isso! -Elaine disse. -Olhe como ele está!
-Eu conheço uma tosse forçada, Senhora. -Grace disse. -James, você fez alguma piada assim?
-Não! -James disse.
-Não, ele não fez. -Denis disse. -Esses meninos querem prejudicar o James por inveja porquê ele falou com a Claire!
Elaine se levantou.
-Vocês estão falando sério!? -Ela olhou para Nathan. -Por causa de garotas!?
-Ei. -Grace chamou. -Quieta. Não consegue se controlar, Elaine? Você devia ser uma profissional. Sabe que o ministério quando me enviou para cá me informou que você é uma incompetente?
-O quê...? -Elaine ficou em choque.
-Como eu pensei. Você não presta a atenção em nada. Acredita no quê quer, todas as vezes que falamos com você a gente escuta um "quê?" como resposta. Se não tratar de resolver isso como uma pessoa decente, eu mesma vou dar um jeito nessa situação. Entendeu?
-Mas que...
-Ah, é claro que ia dizer isso. -Grace fechou a cara. -A senhora vai ter problemas por isto. Vou ter uma conversa séria com a diretora hoje.
-Espera! -Elaine disse. -Tudo bem. Meninos, eu vou deixar esta passar, entenderam?
-Sim. -James disse. -Tudo bem.
-Pode ir embora. -Elaine disse.
-NÃO! -Hector e Nathan disseram.
-IR EMBORA!? -Grace gritou. -COMO ASSIM IR EMBORA? E PORQUÊ ELE IRIA EMBORA ASSIM DEPOIS DE QUASE TER SIDO MORTO?!?
James parou na porta.
-Porquê... -Ele ficou em choque.
-Deixa, professora. -Disse Scott. -Esse daí aprendeu a lição. A Elaine também. Aposto que nenhum deles vai aprontar mais.
-Scott... -Disse Nathan.
-Entendi. -Disse Hector. -A gente tá liberado então?
-Vocês vão ir assim!? -Grace estava indignada.
-Professora, a Elaine vai falar com nossos pais. -Scott olhou para Elaine. -Não vai?
-Não. -Elaine disse. -Eu vou deixar essa encrenca passar...
Grace olhou para Scott.
-Você vai fazer alguma coisa?
Scott sorriu.
-Já fiz.
Ele se levantou da cadeira.
-Ele é esperto. -Hector disse. -Confio nele.
-Eu não conheço eles direito. -Disse Nathan.
-Então... -Grace olhou para ele. -Você quem é o garoto novo? E aquele na quadra?
James se virou para a porta.
-Vê como gostam de mentir? -Denis indagou.
-Certo. -Disse Grace. -Eu vou deixar essa palhaçada para lá por hoje. Mas se comportem, porquê se algum de vocês fizer algo, vai pagar com 100 flexões.
Ninguém riu da piada.
-Desculpem meninos. -Elaine disse. -Grace, vamos conversar com mais calma durante o intervalo.
Os seis saíram da sala.
-Vocês nerds vão se arrepender! -Denis disse enquanto se afastava.
-É, nerds! -Aaron falou.
Nathan ameaçou ir para cima deles. Os dois deram um pulo e saíram correndo.
Hector, no entanto, estava interessado em outra coisa. Claire, ao longe estava sozinha. Era a chance dele.
Scott, entretanto, estava ocupado prestando a atenção em Nathan por uma razão única: a queimadura no braço do menino estava se fechando lentamente.