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Chapter 24 - Claire

Hector, Nathan e Scott foram juntos até o restante da turma.

Hector tentava se aproximar de Claire. Nathan foi atrás de Zack e Max. Scott, entretanto, olhou em volta. Heather estava próxima de Trixie. Ralf se aproximou dele, rindo.

-Cara, o quê que foi isso? -Ele questionou, entre risos.

-Nathan não foi com a cara do James. -Scott respondeu.

-E por quê?

-James fez piadas com a morte do nosso amigo Joe.

-Puts. James tá ficando pior. Sabe se lá o que ele pode fazer um dia...

-Cara, eu não sei. Um dia ele ainda vai tentar matar alguém.

Scott parou e olhou novamente para a secretaria. Grace havia acabado de sair de lá.

-James é assustador. -Ralf disse. -Seu amigo bateu nele... Agora ferrou.

-Ralf... Eu vou tentar uma coisa. -Scott falou enquanto ia na direção de Grace. -Fica aí.

Grace estava enfurecida. Ela saiu, bebeu água de uma garrafinha que havia pego em algum momento.

-Vadia de merda... -Ela murmurava consigo mesma.

-Ela é mesmo. -Disse Scott.

-O-o quê!? -Grace se assustou. -Desculpa, menino, você não devia... Ah esquece.

-Os adultos sempre falam palavrão na nossa frente. Não é como se você estivesse falando algo novo.

-Nossa. -Grace disse. -Entendi. Desculpa. Mas é que se alguém me escuta falando isso em ambiente de trabalho eu... espera. O quê você veio fazer aqui?

-Eu vim pedir desculpa. É seu primeiro dia aqui e a gente causou isso.

Grace assentiu.

-É. Mas era o esperado. Elaine é um animal. Não sei porquê a ainda trabalha nesse ambiente.

-Hein? -Scott pareceu confuso. -Como você sabe?

Ela olhou para ele.

-Como é o seu nome, garoto?

-Scott.

-Bem, Scott, acontece que eu estudei nesse colégio há uns anos atrás. -Ela olhou em volta. -Vamos indo. -Eles começaram a andar em direção à turma. Nenhum dos alunos foi até eles. -Quando eu estudei aqui, eu tive um namorado. Ele era um... Nerd. Um dia, ele tomou uma surra de uns garotos, e a Elaine simplesmente fez pouco caso. Ela pode não parecer, mas é velha. Muito velha. E também é uma completa ignorante. Agora, vai para a aula. Temos muito o quê conversar.

Eles chegaram perto da turma, e Grace ficou parada, encarando todos ali.

Scott se aproximou de Hector e Nathan. Hector tentava se aproximar de Claire desesperadamente.

-Ei. -Disse Nathan. -Lá dentro você disse que já fez alguma coisa. O quê foi?

Scott riu.

-Nada. Eu só disse aquilo porquê eles iam ficar tentando encontrar algo onde não tem nada.

-Você... -Nathan fez uma pausa. -Tá bom.

-Muito bem. -Grace falou em voz alta. Todos ficaram em silêncio. -Isso aqui foi uma maravilha. Primeiro dia, e vocês me mostram que não sabem se comportar. Um garoto enforca o outro, o outro põe fogo nele. Acham isso bonito? Acham engraçado?

Alguns garotos no fundo soltaram risadinhas. Grace bateu palmas com força. Uma onda sonora altíssima se espalhou pelo pátio. Tão alta que os ouvidos de alguns zuniram.

Alguns pularam, soltaram gritinhos ou tentaram se esconder atrás de algum colega.

-A culpa é dos idiotas! -Denis disse.

-Não interessa de quem é a culpa. -Grace disse num tom sério. -Vocês acham que minha aula é alguma diversão, recompensa ou algo assim? Isso aqui é sério. Agora, eu vou explicar cada um dos exercícios que vocês vão fazer, valendo nota. Sem desculpas de doença ou algo assim, quem tem vai me mostrar um laudo médico, se não tem, vai fazer e acabou. Estamos entendidos?

-Sim, professora. -As vozes de diversos alunos ecoaram em uníssono.

-Agora, nos poucos minutos que temos antes do intervalo, vocês vão fazer polichinelo. Quero ver quantos vocês aguentam. A meta é 100. Quem atingir pode parar, quem não aguentar faz quantas conseguir, e nas próximas aulas vai aprender a fazer mais. Comecem.

Os estudantes começaram a pular. Assim, aquela catastrófica aula se seguiu até acabar.

Quando saíram para o intervalo, Scott e David ficaram de mostrar o colégio para Nathan.

Hector, por outro lado, foi atrás de Claire no pátio. Ela se separou das outras meninas, e ficou longe. Ela encarava Hector de longe.

Ele entendeu que aquela era sua deixa. Sem perder tempo, foi até ela.

-Oi, Claire. -Ele disse. Ele tremia.

-Oi, Hector. -Ela olhou em volta. -Vocês queriam alguma coisa?

Ela estava séria.

-Então, é meio complicado. -Ele coçou a cabeça. -Mas... Eu deixei um recado no seu caderno explicando. É...

Ele gaguejava e tremia enquanto tentava falar.

-Sabe, você sentiu que tinha que vir falar comigo. Quase irresistível a sensação, não é?

Ele ficou em choque. Será que... ele gostava dela?

-É... e-eu não... -Ele ficou vermelho. -Não é isso. É...

-Não, burro. -Ela ficou vermelha também. -Desculpa. É, então... Sabe que a gente é meio igual, né? A gente não despertou poderes cedo e tal. Mas é que, eu acabei descobrindo os meus no fim do ano passado.

-Caraca! E o quê você faz?

-Eu faço as pessoas ficarem pensativas. Elas pensam no quê eu quero, ficam com vontade de fazer algumas coisas por mim. Mas é meio que por um tempinho, e aí elas param.

Hector ficou sério.

-Foi por isso que eu queria tanto vir aqui.

-É. Desculpa, eu não sabia com quem falar. Eu meio que usei esse poder poucas vezes.

-E quer me contar alguma coisa, né? -Hector olhou ao redor. -Pode me contar. Se for sobre o Tristan...

-XIU! -Ela ergueu o dedo. -Quieto! Ninguém pode saber. Eu vou te explicar, mas você precisa me ouvir. Eu usei esse poder pra fazer aquele cara sair de perto da gente. Eu queria dinheiro e... -A voz dela falhou. -Eu não sabia se enganava ele e fugia. Mas o Tristan de repente fugiu. Eu não consegui falar com ele desde semana passada quando aquela coisa tentou... -Ela começou a chorar. -Quando ela tentou matar a gente...

-Coisa? -Hector perguntou. -Desculpa. Não precisa chorar. Tá tudo bem. E...

-Não. Não tá tudo bem. O Tristan quase morreu. Eu quase morri. E aquele monstro ainda está por aí!

-Claire... -Ele suspirou. -Nós vamos proteger o Tristan.

-E quem vai proteger vocês!?

-O Joe. Seja lá onde ele estiver, vai mandar suas forças pra gente. -A marca dos Mirai brilhou em seu pulso. -Eu só preciso que você me diga o quê sabe.

-Nada. -Ela se acalmou ao ouvir aquelas palavras. Hector estava realmente encontrando forças na perda do amigo. Diferente dele, ela encontrava apenas culpa. -Mas, se vocês puderem fazer algo contra aquele monstro, eu vou ajudar, não importa como.

-Isso. -Ele riu. -Fica mais calma. Quando a gente conversar com o Tristan, vamos vir falar com você de novo. Você vai poder ver ele logo.

Claire sorriu. Pela primeira vez, desde o ataque do monstro, duas semanas atrás.

Ela só rezava para que Hector tivesse um plano.

-Só, por favor, cuidado. -Ela olhou em volta. -O monstro estava disfarçado. Ele não era um mutante. Não um mutante normal. Eu tenho certeza disso. E também toma cuidado com o James.

Hector procurou James pela multidão que aparecia para o intervalo. Nem sinal.

-Tudo bem. Se ele vier, eu quebro a cara dele. -Ele riu.

Claire riu também.

-Vocês são os nerds mais loucos que eu já vi.

-E você já viu outros? -Ele ergueu a sobrancelha.

Claire riu mais ainda.

-Não! Nenhum.

-Bom. Eu tenho que ir. Um gordo precisa de comida pra sobreviver.

Ele apontou para ele mesmo com o polegar e sorriu quando falou.

-Mas você nem é gordo! -Ela disse. -Você é forte. E eu tô com fome.

Ela riu, e então foi atrás dele.

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No fim daquele dia, Nathan estava indo embora, sozinho. Seu irmão mais velho o esperava na frente do colégio. O homem grande e forte, sorriu quando o viu.

Nate tinha olhos verdes, brilhantes e profundos, como pares de joias. Seu cabelo era vermelho escuro, sua pele era pálida, como a de Nathan. Sua voz era grave, mas também suave.

-E então, garotão, como foi o primeiro dia?

Nathan riu.

-Foi incrível! -Ele olhou em volta. -Eu fiz amigos. E bati num valentão.

-Ah, Nathan! -Nate olhou bravo para ele. -O quê foi que eu te falei?

-Mas esse deu motivo. E você, conseguiu alguma pista?

-Sim. Mas não foge do assunto. O quê foi que aconteceu?

Os irmãos foram embora juntos, e Nathan contou sobre os nerds que conheceu e sobre James, o valentão.

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-PORRA!

Gritou o segurança. O homem estava entediado. Queria uma emoção, mas o jogo de futebol que ele assistia no trabalho só trazia raiva para ele.

Ele olhou em volta. Sua sala tinha várias televisões. Ele deu um jeitinho de passar o jogo na maior delas. As outras apenas demonstravam os arredores da fábrica. E é claro, tudo o quê aparecia nelas eram grupos de adolescentes arruaceiros ou usuários de drogas procurando um lugar quieto.

Aquela era sua rotina, todas as madrugadas, nos últimos sete anos. E naquela, ele viu mais um baderneiro. Um jovem alto e forte, que apenas zanzava pelo pátio externo. Seu cabelo grande e escuro se movia como água na ventania daquela noite.

-Mais um Gótico filho da puta vindo fazer merda.

Ele disse em voz alta. Se levantou, pegou um pequeno Tazer para assustar o jovem e então foi até o pátio.

Quando chegou, ele viu o jovem mais de perto.

Seu rosto era longo e fino, seus olhos eram grandes e brilhantes. Sua pele era pálida e aparentemente delicada.

-Olá. Pode me ajudar? Estou com fome.

-Vai se fuder, seu merdinha! Veio aqui pra quê? Tá com drogas? Quer roubar? Quer o quê?

O jovem abriu um sorriso. Um enorme e longo sorriso. Seu sorriso crescia mais e mais.

-Mas que mau humor! -Sua voz macabra ecoou pela noite. -Eu também fico de mau humor quando estou com fome!

O guarda ergueu o tazer. O jovem lançou o braço. Suas unhas cresceram, e cortaram o pulso do guarda.

-O QUÊ VOCÊ É? ME DEIXA EM PAZ!

Ele se virou e correu. O monstro vinha ferozmente atrás dele. Seus passos eram rápidos, e estavam próximos.

O guarda desacelerou para abrir a porta da frente, mas o monstro não. Ele atingiu o guarda, e os dois atravessaram a porta de aço.

Sangue, vísceras e ossos voaram para todos os lados, e a última visão do guarda foi a de uma mão demoníaca atravessando suas costelas. Ele arrancou seu coração, e o comeu com uma única bocada. Nenhum grito teve a chance de escapar da boca daquele homem em seus últimos segundos.