Chereads / Um Conto do Futuro / Chapter 10 - Silêncio Conquistador, parte 1

Chapter 10 - Silêncio Conquistador, parte 1

Erika...

O nome daquela grande mulher não saia da cabeça de Gerard desde a noite no hospital.

Ele viu a aura da mulher e na mesma hora precisou ir atrás. Ele sentia que sua aura era mais importante que tudo para ele.

Agora, ele acreditava que seus destinos estavam Interligados, assim como o do garoto Joe.

Todas aquelas auras, todas ligadas umas às outras. E aquela estranha fita negra que ele não conseguia entender, ela parecia vir dos céus até eles todos. E agora, ela chegara a ele.

Na noite em que ele ajudou Erine e conheceu Joe e Erika a mesma fita surgiu nele, uma aura estranha e incomum, que remetia a algo que ele não compreendia.

Ele foi para casa depois do trabalho aquela noite, e na manhã seguinte ele percebeu a fita crescendo. Era uma aura, ela vinha de alguém em algum lugar, mas todas as auras que ele estudou, desde sentimentos a estados corporais e espirituais, não podiam explicar aquela mancha.

Gerard levou dois dias para poder ler a aura, e ele simplesmente não pôde entender o que ela queria dizer, mas alguma coisa estava acontecendo ali. Uma única frase, que carregava poder, emoções, histórias e até memórias, e provavelmente ela era parte de algum quebra cabeça que ele era incapaz de resolver sozinho.

"O Silêncio conquista a tudo."

Aquela era uma mensagem vinda de algum lugar. Aparentemente todas as pessoas tinham a sua própria, e ela podia ser transmitida a algumas outras, e dessa forma provavelmente alguém transmitiu a sua para Joe, que consequentemente transmitiu a Gerard.

Ele não hesitou em tentar contato com Erika, e não foi difícil, ele apenas recorreu à atendente da recepção do hospital e pediu os telefones que ficaram para contato.

-Alô? -Erika atendeu ao telefone.

-Olá, Erika, eu não sei se você lembra de mim, eu sou Gerard Boyer que estava conversando com seu filho no hospital na noite de quinta...

-Uau, você parece ter seguido bem o roteiro da conversa.

-Perdão.

-Tudo bem. Você quer alguma coisa?

-Sim. Na verdade, eu preciso conversar com você, pessoalmente.

-Bem eu tenho a tarde livre hoje. Onde nós podemos conversar?

-Tem um restaurante de frutos do mar perto do centro da cidade. Se você puder me encontrar lá...

-Certo. Às três horas é um bom horário para você?

-Sim! Certo, desculpe, eu vou indo então, estarei esperando lá às três da tarde.

-Gerard. -Ela chamou.

-Sim?

-Qual o nome do restaurante?

-Oh, perdão. Deixe-me ver aqui.

-Certo.

Em pânico, ele correu pela casa procurando o cartaz que ele recebeu uns dias antes sobre o recém aberto restaurante. Ele havia guardado o cartaz com o telefone, pois planejava desde o início levar Erika para lá.

Assim que ele achou, correu novamente para o telefone.

-Aqui, o nome é Sereia da Noite. Eu vou fazer a reserva para hoje, então. Quer que eu te busque em casa?

-É muito cavalheirismo da sua parte. Mas não me busque, por favor. Eu vou estar lá às três.

-Certo. Até lá, Erika.

-Até.

Ele desligou e se sentou no sofá.

Gerard riu e comemorou alto. Ele esqueceu completamente da estranha história escrita na aura obscura. Ele olhou para baixo e viu uma faixa luminosa rosa saindo de seu abdômen e subindo pelo ar.

As auras que Gerard enxergava costumavam ter o formato de faixas luminosas e coloridas. Aquela faixa, pelo que ele podia ler, significava que ele estava apaixonado.

A manhã rapidamente se esvaiu, e o encontro aconteceu logo.

Gerard esperou pela enorme mulher na frente do restaurante, e quando ela chegou ele a levou para dentro. Tudo aconteceu tão rápido que ele nem percebeu quando havia feito a reserva no Sereia da Noite.

-Olá. -Ele sorriu para ela.

-Boa tarde! -Ela disse e sorriu de volta.

O mundo ao redor pareceu ser iluminado por cores quentes quando ela o olhou daquela forma.

-Venha, entre e vamos nos sentar.

Eles pediram alguns mariscos para comer e a conversa começou.

-E então, Gerard, o quê você queria me contar?

-Bem, é complicado. -Ele buscou palavras para explicar sua visão. -Quando nós nos encontramos no hospital, eu vi em vocês uma aura estranha. Eu não esperava que Joe fosse seu filho quando o vi logo depois. Eu pedi que vocês ficassem juntos no quarto porquê eram as únicas pessoas com essa aura aquela noite.

-Você pediu para nos juntar? -Ela pareceu confusa momentaneamente. -Uau, isso foi bom da sua parte. Obrigada.

-Oh, não há de quê. Bem, como eu dizia, a aura é inexplicável. Ela não é como as outras, que são apenas uma faixa de luz colorida, ela parece mais uma fita escura que absorve luz, e ela se espalha pelas pessoas...

-O quê? Como assim se espalha?

-É aí que começa a parte interessante. Desde que eu conversei com vocês, ela apareceu em mim também. Eu não sei quando ela surgiu, mas não parece ter muito tempo. Na verdade, nesses poucos dias ela cresceu pouco em mim, e isso me leva a crer que Joe não tenha ela há muito tempo. O garotinho, Max também não.

-E você acha que isso tem alguma explicação?

-Acho. Joe e Max ganharam ela ao mesmo tempo. Não sei bem quando, mas suponho que não tenha acontecido há muito tempo. Eu não sei o quanto isso vai crescer, mas me parece que algo importante está para acontecer, Erika.

-Eu não sei. Talvez haja sim alguma explicação. Mas Joe não esconderia algo importante de mim. Não que eu saiba, pelo menos. Ele costuma me contar tudo, e a namorada dele também, sempre sabe das coisas. Mas talvez...

Ela fez uma pausa dramática. Ela estava raciocinando algo. Ele comeu um camarão enquanto ela pensava.

Ela continuou.

-Joe estava no colégio. Eu preciso que você fique quieto sobre isso. Mas ele me disse que foi ele quem encontrou Aureus...

-O quê!? -Ele não conteve a surpresa. -Perdão. Continue.

-Eu não sei muito disso. Ele disse que as últimas palavras dele foram sobre algo, um nome estranho que me é familiar, mas eu não me lembro.

-Tudo bem, vamos ir em uma coisa de cada vez. Escute, eu não apenas posso ver as auras das pessoas, como posso ler elas. Eu vejo que você está com medo. Não fique assim, eu vou ajudar vocês em qualquer coisa. Mas entenda, tem algo nessa aura que já nos envolveu. Não tem como a gente voltar atrás.

-Sei. O quê você leu nessa aura?

-Algo sobre o silêncio ser uma ferramenta de conquista. Parece com algum tipo de aviso, como se estivéssemos provocando algo que não deveria ser provocado. Ou talvez, nas sombras alguém já tenha nos percebido.

Naquele momento, a aura pulsou, e Gerard olhou em volta. Algo estava os observando. A mesa dos dois ficava ao lado da janela, onde eles poderiam observar as coisas lá fora.

"Mas se você pode ver as coisas, então elas também podem ver você."

A frase atingiu ele em cheio. Ela poderia ser fruto de sua imaginação, mas ainda assim o alertou instantaneamente.

No lado de fora, a rua estava movimentada. Havia um prédio cinzento no outro lado da avenida. E, no parapeito de uma das janelas, ele viu um homem.

O homem parecia um fantasma, uma aparição iminente que estava ali para ele. Ele estava sentado, observando diretamente os dois.

Gerard fez contato visual com ele, mas o homem não se moveu. Ele vestia uma capa preta em seu ombro que refletia a luz do sol da tarde.

Uma aura assustadora emanava dele. Talvez fosse poder, talvez fosse apenas a força de vontade emanando dele. Mas Gerard via nitidamente ela. "Intocável" era o que ele conseguia traduzir dela. Ele sentiu imediatamente que estava em perigo e se levantou rapidamente.

-Erika!!

-O quê!?

Ela se levantou junto com ele, assustada.

-Aquele cara! -Gerard apontou para o homem.

-O quê?

O homem não se moveu.

Gerard percebeu que podia ter cometido um erro. O homem apenas olhou fixamente para ele. Não havia nada de ameaçador emanando dele, mas uma aura de perigo ainda saia dele.

-Ele nos viu... Eu não devia ter apontado. A gente tem que sair daqui!

Desesperado, ele correu até a recepção. Ele pagou pelo almoço e os dois foram para fora.

-Me segue com seu carro, Gerard. Eu sei um lugar seguro.

Erika nem ao menos questionou ele. Será que ela tinha um instinto apurado, ou era apenas ele quem causou pânico nela? Além disso, adiantaria fugir? Seja quem for, sabia da existência dos dois.

Eles levaram apenas cinco minutos para sair da mesa, pagar a conta e partir com seus dois carros, Erika em seu brilhante carro vermelho e Gerard em seu carro verde.

Eles seguiram até uma praça no centro. Eles pagaram um estacionamento privado e se encaminharam até um banco. Na praça, vários jovens se divertiam enquanto o sol se encaminhava ao horizonte.

-O quê foi que aconteceu lá? -Ele perguntou.

-Você percebeu aquele cara. -Ela respondeu enquanto olhava em volta. -Eu não sei como, mas percebeu.

-Droga... -Ele se sentou em um banco e se curvou para frente. -Eu nunca tinha sentido um medo tão grande assim. Eu acho que não devia ter metido você nisso.

-Gerard...

Gerard já estava chorando. Ele não podia acreditar que havia destruído o encontro deles.

-Tudo bem. Eu não devia ter chamado você aqui. Me perdoe.

Ele não parava de chorar.

-Pare com isso. Você viu aquele cara de uma distância inumana. Você conhece ele?

-Não. Mas a aura dele representava algo perigoso pra nós dois.

-Então tem alguma coisa acontecendo. Seja o que for que você tenha percebido, chamou a atenção de alguém. Isso não vai simplesmente acabar se a gente fingir que não aconteceu.

A atitude da mulher impressionou ele. Uma aura de tristeza e angústia envolveu ela.

-O quê? Qual é o problema?

-Joe pode estar sendo observado também. Eu senti isso quando ele começou com essa investigação.

Ele percebeu que ela tinha muito medo de algo acontecer a Joe.

-Aconteceu alguma coisa com você no passado, Erika? Você parece sentir muita angústia...

-Sim... -Ela fez silêncio.

-Perdão, eu não devia ter tocado neste assunto.

-Tudo bem. Não importa tanto agora.

A aura dela apenas ardeu mais com tristeza e dor.

-Bem, vamos esquecer essa conversa, por enquanto. No futuro você me conta.

Talvez ele não devesse mais tocar naquele assunto. Não importava mais tanto. Mas se Joe estava envolvido com aquele homem, e com qualquer outro perigo, então eles deveriam se focar em proteger aquelas crianças.

Eles dois não conversaram muito nos próximos minutos. Apenas ficaram ali, aproveitando a companhia um do outro. Gerard se sentiu grato vendo o desconforto e o medo se esvaindo dela. Talvez ele ainda tivesse chances.

-Escute, Erika... -Ele pensou com cuidado no que falar. -Acho que a gente devia sair daqui. Vamos para algum lugar mais tranquilo, ou só vamos embora mesmo.

-Eu quero ficar aqui. Praças são lugares que me acalmam. Me lembrar os tempos com minha mãe e meu irmão...

A tristeza surgiu novamente nela.

-O quê houve com eles? -Talvez aquela fosse a única oportunidade dele de fazer aquela pergunta.

-Meu pai era um alcoólatra. Quando Netérion surgiu, ele matou minha mãe e tentou me matar. Eu escapei, mas meu irmão que estava fora por causa de um treinamento intensivo ficou sabendo. -Ela pausou. Logo uma aura sombria surgiu nela. -Ele foi atrás de vingança, mas ele também caiu na influência do Netérion. Ele matou nosso pai, e depois fugiu e desapareceu.

Gerard ficou sem palavras. Não podia dizer nada. Não conseguia imaginar a dor que ela passou durante a infância. A única coisa que podia fazer era confortá-la.

-Netérion era um monstro horrível. Nada do quê aconteceu foi culpa do seu irmão.

-Eu sei. Eu me lembro do Grande Vazamento como se fosse ontem. Mas não gosto de me pronunciar sobre isso tudo. Eu sempre fiquei em silêncio sobre tudo isso.

Silêncio...

-Erika... -Ele se lembrou na hora. -Eu esqueci de te contar...

A expressão dele misturou o medo e a surpresa.

-O quê?

-A aura macabra que eu falei para o seu filho aquela noite... -A garganta dele fez um nó momentâneo. Seus olhos arderam e lacrimejaram. -Eu li a que apareceu em mim. Ela dizia que "O Silêncio conquista a tudo"...

Erika arregalou os olhos.

-Não é possível... -O medo começou a contagiar os dois.

Erika não contaria a ele sobre a visão de Angeline.

Mas ela se lembrou nitidamente.

"Criança do ódio, criadora de anjos... Veja com seus olhos o caminho que você escolheu."

Ela viu um caminho infernal naquele dia.

Ela estava numa floresta medonha, as árvores eram gigantes, escuras e distantes umas das outras, a grama sobre seus pés era escura e pegajosa, ao redor ela via nuvens rosadas e um mar de um azul escuro e morto. Acima dela, o céu estava totalmente vermelho, se torcendo em um vórtice, que crescia para cima, até onde ela via algo parecido com o formato de um feto no ventre.

Ela ouvia uma voz saindo de dentro dela.

"O caminho da dor e da angústia nunca foi necessário. Mas ainda assim, você o segue. Segue como Jake o seguiu. O inferno lhe aguarda por sua escolha pobre, sua dor nunca terá fim, seu tormento voltará a você."

Ela viu olhos surgindo nas árvores. Nas folhas, no tronco.

"Quando as chamas alcançaram o crepúsculo carmesim, as estrelas queimarão com os céus, a tempestade cairá. A dor morrerá, e em silêncio, ele conquistará a tudo."

Erika viu pouca coisa naquela sessão, mas a última frase condizia com o que Gerard disse.

Todo aquele flashback passou em apenas alguns segundos pela mente dela, mas agora uma coisa havia surgido.

-Gerard... -O choque a fez boquiaberta -E-eu não sei como...

-Qual é o problema?

Ela ficou em silêncio por alguns segundos.

-Eu preciso explicar, mas é muita coisa...

-Calma. -Ele tentou fazer algo, mas era incapaz de se decidir. -Se você tá pensando que aquele cara no terraço estava nos observando em silêncio, então pensamos no mesmo.

A frase a pegou desprevenida. Como ela pôde esquecer do homem?

-Gerard vamos para minha casa. Precisamos conversar.

---

Joe chegava em casa às 2 da manhã, e se surpreendeu ao encontrar as luzes acesas.

Antes de entrar em casa, ele olhou em volta. A vizinhança estava totalmente tranquila. A noite estava linda e clara. Ele olhou para o céu por alguns segundos, e viu um meteoro verde cruzando as estrelas e seguindo para o horizonte.

Talvez algum dia ele sentisse nostalgia daquele exato momento.

Ele entrou e se deparou com sua mãe e Gerard na cozinha, rindo e preparando algumas coisas para comer.

-Oi gente. Eu interrompi alguma coisa? -Ele estava extremamente envergonhado. Com toda certeza alguma coisa estava acontecendo lá.

-Ah boa noite, filho. Foi tudo bem na festa? -Por um momento, Joe sentiu a preocupação na voz dela.

-Boa noite, jovem. -Gerard se manifestou. -Como vai você?

-Foi tudo bem tranquilo. E com vocês?

-Vimos uma coisa. -Disse a mãe.

-Antes que você se preocupe, foi apenas um susto. -Gerard interrompeu a reação de Joe.

-Venha comer com a gente, tem muito o quê explicar sobre hoje. -Erika se impôs.

-Se acalmem, por favor. -Ele não queria mais uma carga de informação frenética. -Vamos devagar. Comecem tudo pelo começo.

-Tudo bem, filho. -Erika sorriu e apontou para as tortas que fizera. -E você começa pela torta de frango.

Era a favorita dele. A torta de frango que sua mãe fazia. Especificamente a que sua mãe fazia.

Ele se sentou e começou a comer. Erika e Gerard contaram sobre o seu passeio a tarde e sobre os problemas das auras deles.

---

Erika e Gerard cometeram um equívoco naquela tarde. Eles se perguntaram o quê aquele homem estava observando pelo resto do dia. Mas não pensaram em quem ele estava observando.

O homem fantasmagórico fazia tranquilamente seu trabalho quando notou duas pessoas observando ele e fugindo quando entraram em sua vista.

E o encontro daquela tarde foi certamente o momento em que o outro lado se deu conta de que havia alguém contra eles.

Ele esperou o homem que se sentava na mesa ao lado de Erika sair e se afastar para se aproximar dele. O homem saiu do restaurante e, na calçada, vestiu uma capa carmesim. Ele tirou um cigarro do bolso e o acendeu.

Ele não notou o outro se aproximando. O observador chegou até ele, e esperou enquanto ele soprava a fumaça para cima. Ele se virou, encarando o observador com seu par de olhos verdes. Sua barba grande não ajudou a esconder o pequeno sorriso que surgiu em sua face.

-De todas as pessoas, você é certamente quem eu menos esperava encontrar aqui. O quê há de bom? -Ele indagou.

Ele passou a mão no cabelo, arrumando seu penteado. O lado esquerdo da cabeça era raspado, e dali crescia uma ondulada e volumosa massa de cabelo castanho, que descia pelo lado direito de sua cabeça, até um pouco abaixo do olho direito.

-Um casal estranho. Eles estavam na mesa ao seu lado. O homem ali me percebeu, então eles fugiram. Você percebeu algo neles?

-Isso é estranho. Não é muito comum alguém te perceber assim, ainda mais fugir logo depois.

-Exatamente por isso que eu vim até aqui. Você ouviu a conversa deles? -Ele esperou a resposta.

-Isso é difícil. Como eram as pessoas que te viram?

-Uma mulher bem alta. O homem era baixinho, cabelo preto e bem curto. Eles dois estavam vestidos de branco.

-Não tenho muita certeza, mas se eram esses dois quem estavam conversando, era só uma palhaçada sobre os filhos deles e algumas crianças aleatórias, destino e essas bobeiras. Eu não prestei a atenção em nada, não quero cuidar da vida de gente qualquer.

-Tudo bem. Aliás, eu vim ver como ia o desempenho da missão do seu time. Por que você veio sozinho para esse restaurante?

-Nós eliminamos o mutante hoje cedo. Eu não almocei porque estava checando a área para ter certeza de quê ele estava morto.

-Entendo. De qualquer forma, eu vou reportar ao chefe sobre o êxito da missão. O líder do seu time foi pago?

-Foi. Mas escute, nós estamos no meio da rua. As pessoas escutam o quê nós falamos. Não acha que a gente devia conversar sobre isso em outro lugar?

-Não importa. Elas vão de esquecer de nós. E mesmo que nos ouçam, estamos apenas fazendo nosso trabalho. Agora, eu vou tentar descobrir algo sobre esse casal. Se preciso, você ou seu time vai ter que encontrar eles. Conte ao seu líder sobre isso.

Ele assentiu. Tragou o cigarro e soprou a fumaça para cima. Quando abriu os olhos de novo, o observador não estava mais ali. Sim. Eles tinham se despedido. Ele apenas não prestou a atenção. Ou talvez...

Ele riu.

-Eles vão se esquecer, huh?