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Chapter 12 - O Pior Dia de Todos

A saída do colégio naquela tarde foi catastrófica. Quando os meninos estavam já na rua, Joe andando com a mão em volta de Erine, a garota Martha surgiu.

-Ardenbrough! -Ela gritou com ele. -Eu tô falando sério!

Os meninos ficaram confusos, os vários alunos em volta pareceram curioso, mas não pararam para olhar. Erine parecia nervosa, Joe parecia irritado.

-Eu já disse, não tem nada demais! -Ele a respondeu.

Ela vinha xingando o rapaz desde que voltaram para a sala. Os outros amigos de Joe não estavam à vista.

-E como você sabe!? -Martha parecia furiosa. -Você sabe muito bem que você vai arrumar encrenca pra todo mundo!

-Martha... -Erine tentou interromper, mas teve uma crise de tosse.

-Não! -Martha tinha lágrimas nos olhos. -Erine você está doente, e esse idiota tá por aí brincando com o perigo!

-Martha... -Joe disse, calmamente. -Se acalma, por favor.

-Quieto! Você é um inconsequente! Sabe quantas vidas podem estar em perigo!? Se metendo nessa sem nem saber pra onde ir!

Joe sabia que talvez fosse inútil continuar. A ida ao parque era basicamente um tiro no escuro. O único motivo dele foi seu sonho na sua previsão, onde viu uma montanha russa.

Martha continuou gritando, e ele apenas baixou a cabeça.

-Certo. -Ele a olhou nos olhos. -Acho que você está certa...

Ele a deu um abraço, e pediu desculpas. Depois, levou Erine até o carro dos pais. Os pais normalmente buscavam ela no colégio, e ele a acompanhava até lá sempre que ela vinha ao colégio.

-Boa sorte na prova. -Ele disse antes de deixá-la com o pai no carro.

Erine e vários outros dos alunos do colégio estavam participando de alguns processos seletivos para ingressar em um colégio prestigiado em Gardeville, portanto ela participava de vários testes seletivos.

Dali a dois meses, o resultado sairia, e ela seria aceita ou eliminada do processo. E aquele dia se sucedeu, como qualquer outro.

Joe dormiu, acordou e assim foi. E por fim, sábado de manhã.

Ele iria cumprir sua promessa, levar os meninos ao parque de diversão, e com certeza eles teriam o melhor dia do ano ali.

Mas, o quê ele jamais esperaria, é que aquele seria o pior dia de suas vidas.

Joe se levantou cedo, ansioso. Ele planejava ir ver Erine no dia seguinte, ele até havia comprado ingressos para o cinema. Erine adorava filmes, e ele a levaria para um de super herói que ela esperava havia 2 anos.

Já eram 10 da manhã, portanto ele tinha que correr para se arrumar. Ele também tinha comprado ingressos para a ida ao parque, assim como planejava levar comida para os seis.

Sua mãe estava feliz com aquilo, ele explicou a ela que aquele passeio seria para poder levar os meninos a deixar a ideia de investigar Aureus para trás. Eles provavelmente não iriam aceitar aquilo, mas ele não podia envolvê-los.

Ele queria realmente deixar os meninos juntos, mas não via solução, não conseguiria fazer nenhum deles envelhecer, não conseguiria fazer os outros aceitarem que os garotos estariam ali. Mas ele sabia que era errado envolvê-los, eles não passavam de crianças, tinham apenas 11 anos.

"Tudo bem, você não pode resolver tudo..."

Ele parou com os devaneios. Joe percebeu que já havia tomado café, banho, e ainda estava naquele dilema.

Ele tentou afastar aqueles pensamentos. Pensou na mãe, no quanto ela ficou feliz em dar aquele dinheiro para Joe fazer as coisas que queria, e como ela gostou da decisão dele.

Pensou em Erine e Martha, que concorriam naquele processo para entrar no outro colégio. Aquilo o alegrava. Ele pensava também no tio Jake, o homem que mandava todo aquele dinheiro para eles. Talvez o homem fosse um milionário conhecido, talvez um criminoso perigoso. Qualquer que fosse, ele não conseguia entender como ele conseguia aquele dinheiro todo.

Ele passou a limpar a casa depois, e foi comer mais um pouco. As pessoas se assustavam com o quanto ele e a mãe comiam, mas para eles era natural, tendo em vista seu tamanho avantajado.

Às 13 da tarde, ele terminou a limpeza. Colocou os tênis e checou se estava com todas as coisas, e por fim, partiu.

Ele correu pelo bairro, animado. O dia estava calor, e ventava forte. Joe sentia o frescor do vento em seu corpo, e estava se sentia livre.

Ele parou no lugar de costume, a esquina onde os seis se encontravam antes de ir para o colégio todos os dias.

Ele se sentou na calçada e esperou. Enquanto esperava, pensamentos novamente surgiram em sua mente, perturbando ele.

Pensou em Linus, em como o garoto ficava feliz em passar os fias com Joe. Quando eles ficavam o dia todo no playground do hospital, mesmo lugar onde ele conheceu Erine.

Pensou na sua previsão, onde ele via aquele hospital, frio e vazio, do mesmo jeito que pareceu quando Linus morrera.

"Solidão, medo, agonia, desespero..."

"O tempo corre, e você ainda acha que corre mais rápido!"

Frases aleatórias, não passavam disso.

Ele andava pelos corredores vazios, ouvindo a voz de Erine e de Linus. Ele ouviu as vozes de seus amigos também. Ouviu todos, mas algo estranho veio quando ele começou a seguir as vozes.

"Treze."

Scott percebeu. Os outros não pensaram tão rápido quanto ele.

-Joe! -Hector surgiu correndo pela calçada, com o enorme martelo na mão.

-Hector! -Joe riu. -Por que você veio armado assim?

Hector riu também.

-Não sei. Mas quem sabe? Minha família tinha heróis, preciso estar pronto o tempo todo.

Joe o olhou, preocupado.

-Olha, você precisa ir devagar. Essa coisa de herói não é fácil.

Joe parou. Aquilo era o quê diziam para ele quando ele dizia que sonhava em ser herói. Ele estava reprimindo Hector com aquela frase.

-Mas, não se preocupe! -Ele gritou. -Você só está começando a se tornar um grande herói, garoto, com minha idade você vai ser o maior dos Mirai!

Joe não sabia, mas aquelas palavras acompanhariam Hector pelo resto de sua vida.

Os meninos chegaram logo depois.

-Olá. -Disse Scott.

-Nossa! -Joe se impressionou. -Scott sendo o primeiro a falar! Parece que alguém está animado!

Ele riu, junto com os outros quatro. Scott também começou a rir.

E com essa rápida risada, a jornada dos Mirai começou.

Em pouco minutos, os seis correram até o parque de diversão. Quando adentraram o parque, eram aproximadamente 14 horas.

Os seis entraram, e logo correram para os brinquedos.

O parque era enorme, vários brinquedos se distribuíam pelo parque de forma aleatória, todos coloridos e brilhantes, com luzes coloridas em todo lugar.

E também havia muita gente lá, muitas e muitas pessoas. Famílias alegres andavam pelos caminhos e alegremente se divertiam nos brinquedos.

Entretanto, um leve incômodo surgiu em Joe. À distância, ele viu duas pessoas, uma mulher baixa e morena com o cabelo preso, acompanhada por um homem grande com cabelos e barbas grandes e grisalhos.

Mas Joe não ligou. O que importava era que eles se divertissem no parque.

Outra coisa incomodou Joe.

-Hector... -ele chamou. -Cadê o seu martelo?

Hector riu.

-Eu deixei ele ali na mata do outro lado da rua. O encanto do martelo vai fazer ele voar de volta para mim se eu precisar.

-Entendi. -A ele tentou apenas ignorar, mas a pula atrás da orelha continuou ali.

Scott e Hector correram para a roda gigante, enquanto os outros quatro foram até o barco pirata.

A medida que a roda subia, Scott pareceu ter uma sensação estranha.

-Hector... -Ele chamou. -Tô com uma sensação...

Hector olhou pela janela.

-Quê foi? Viu a Myrella lá embaixo?

-NAANHAGH! -Scott grunhiu. -Quer dizer, eu só acho que tem algo errado.

A roda subiu até o alto.

-Me parece tudo bem. Mas tudo bem, se algo acontecer, eu tenho a Glória!

Scott apenas ficou quieto e observou o parque lá embaixo.

Enquanto isso, o barco parava. Os quatro saíram, rindo. E logo foram para um brinquedo giratório. Max, no entanto, foi até o carrossel, sozinho.

Depois de algum tempo, ele saiu, e algo momentaneamente surgiu na mente de Max. Aquele momento era familiar.

Ele saiu do carrossel e andou pelo lugar, com um zunido estranho no ouvido.

Max desviou das pessoas, que andavam com balões coloridos, vários em forma de carros que reluziam pelo parque. Ao longe ele viu Joe e os garotos. Ele andou até eles, confuso, e Scott começou a encarar ele, percebendo sua confusão.

Os cinco estavam lá pegando algodão-doce para cada um.

-Tá olhando o quê? -Scott ergueu a sobrancelha. -Parece que você vai se cagar, Max.

-Scott, acho que ele não está bem. -Joe abriu seu caloroso sorriso. -Mas tudo bem, Max, se você está mal, pode falar, não tem nada de errado.

Mas Max se focou em alguém atrás deles.

-Atrás... -Ele tentou dizer.

Ninguém disse nada. David olhou para ele e riu.

-Qual é? Vamos lá Max, se tiver alguém mexendo com você, pode nos falar! A gente vai lá pra mostrar quem é brabo!

Ele olhou para a pessoa, sua visão borrou, e ele se confundiu ainda mais. Ele se dobrou e apoiou nos joelhos.

-Olhem...

Ele respirou fundo, e tentou apontar. Sua visão normalizou, sua pressão voltou ao normal.

Joe se virou e viu a pessoa chegando.

-Benício! -Ele exclamou.

Benício se aproximou e cumprimentou ele.

-Como você vai, Joe? -Ele apertou a mão de Joe e depois a de Scott.

Ele então se apresentou para os outros.

-E aí, tudo vai bem com você? -Joe pôs as mãos na cintura e sorriu.

-Tudo! -Benício sorriu. -Meu pai trouxe eu e minha irmã para se divertir aqui. Vocês querem vir com a gente?

-Ah, eu quero, mas estou cuidando dos garotos.

Ele sorriu e apertou a mão de Benício.

-Tudo bem, amigo. Mas eu estarei aqui o dia todo. Se você precisar de ajuda, pode me procurar.

-Obrigado, Joe. Tchau!

Os seis então voltaram às suas atividades. E assim, o dia correu.

Às 16 horas, Joe viu uma máquina de garra. Haviam alguns ursinhos bonitos, e provavelmente Erine iria adorar algum deles.

-Gente, por favor, não sumam, eu vou pegar um ursinho para Erine na máquina.

-Certo, nós vamos naquele gira-gira ali. -Disse Hector.

Os cinco foram até um brinquedo giratório, e Joe foi para a máquina de garra.

Ele tentou várias vezes. Na primeira, quase conseguiu. Na terceira também. Mas na quinta já estava estressado, irritado com a garra.

Ele parou. Respirou fundo e se virou. Para ver como os meninos estavam.

O brinquedo estava desligado.

Naquele momento, Joe quase entrou em pânico. Desligado. Como poderia?

Talvez eles tivessem ido em outro. Uma luz esverdeada começou a surgir ao seu redor. Joe correu pelo parque. Haviam menos pessoas lá, mas quem teria visto eles?

A pulga atrás de sua orelha talvez estivesse certa. Ele olhou para o lado. Ele estava do lado da roda gigante. Joe não hesitou. Ele pulou com todas as forças, agarrando as vigas de metal, ele subiu o mais alto quê pode, olhando tudo em volta.

O medo corria pelo seu sangue, seu ouvido ouvia um distante rugido, seu coração estava frenético. Algo havia acontecido, e ele sabia.

Ele se lembrou da imagem da montanha russa que ele viu em sua previsão, enquanto seguia a voz de Linus. Naquele momento, ele percebeu que não havia nenhuma montanha-russa no parque.

Talvez, eles estivessem brincando. Talvez, eles estivessem comendo. Joe olhou para longe, novamente para o brinquedo desativado. O brinquedo ficava encostado num muro, e exatamente no canto onde o brinquedo e o muro se encontravam, algo se mexeu.

Joe pulou do alto, em alta velocidade, ele corria e pulava pelos brinquedos, pelas barracas e pelas estradas. Ele via famílias apontando para ele, crianças impressionadas e pais assustados.

Sua determinação somente aumentou quando ele ouviu uma criança gritar "Olha mãe! Um herói!"

Ele acelerou. Iria encontrar os meninos. Ele iria.

Joe chegou rapidamente até o local, e viu que o quê se mexia era uma aranha. Uma baita de uma aranha. Ele identificou imediatamente que era uma invocação.

Ele pulou e rodou no ar, e então, chutou a aranha com toda a força. Ela se espatifou na parede.

Joe olhou em volta, e viu alguns sapos, que avançavam agressivamente contra ele, e se lembrou da história dos garotos.

"Não era uma quantidade letal, era apenas para sedá-lo"

Alguns sapos pularam contra ele, mas energia que rodeava Joe se reuniu em suas mãos, e ele as disparou rapidamente, desintegrando os sapos.

Logo, a energia fluiu seu corpo, e ele estava pronto para o combate total. As pessoas de longe viam ele lutando, alguns espectadores se aproximavam para ver Joe em combate.

Joe moveu a energia para seus olhos e ouvidos, e rapidamente viu que as aranhas esticavam suas pequenas membranas para morder ele. Provavelmente foi assim que morderam Max.

Os garotos contaram que o fogo foi útil, assim como atacá-las por cima. Joe passou a energia para suas pernas, e então pulou alto, deu uma cambalhota no ar, e desceu com toda a força.

O impacto no chão gerou uma onda de energia, que ele dispersou para atingir as aranhas e as fazer voar para longe.

A maioria se desintegrou na hora, as que caíram logo após terminaram se desintegrando depois. Joe olhou em volta, nervoso.

As pessoas se aproximava dele agora, tentando chamar a sua atenção. Ele percebeu que estava tarde, e se escurecesse antes de ele encontrar os meninos, as coisas ficariam problemáticas.

"Pense Joe, Pense!"

Ele pulou usando seu poder, e parou no alto do brinquedo.

O seu poder era basicamente um tipo de energia que reforçava suas capacidades corporais, e também o permitiam usar ataques com essa energia. Joe chamava esse poder de Reforço.

Novamente, ele reforçou seus olhos e observou tudo em volta. Ele viu pelas cercas do parque, e além. Havia um matagal do outro lado de uma das ruas que rodeava o parque, e lá ele percebeu que algo reluzia.

Era Glória.

Ele se atirou e chegou rapidamente até o martelo. Ele ergueu o martelo, e o observou. Usando seu poder, ele via estranhas marcas entalharas no metal, como se escritas em uma língua de outro mundo.

Joe então reforçou suas pernas e olhos, e então avançou em alta velocidade pelo parque, procurando por eles. Ele acelerava e disparava pelo lugar, vendo tudo passar como borrões.

Ele passou por conhecidos no caminho, incluindo Benício.

Joe estava a ponto de surtar. Mas após alguns minutos, que pareceram infinitos, ele sentiu algo em Glória.

Ele olhou, calmamente. O martelo se moveu.

Ele esperou, e novamente o martelo se moveu. Ele soltou o martelo, que começou a levitar e ir vagarosamente em uma direção. Joe começou a seguir o martelo, esperançoso.

Ele então lembrou do quê Hector disse mais cedo:

"O encanto do martelo vai fazer ele voar de volta pra mim se eu precisar."

Joe sabia o quê fazer agora.