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Chapter 8 - Futuro

"Joe! Joe! Joe é você?"

Joe estava perdido no vazio. Ele estava sonhando?

Provavelmente.

-Olá? Quem está aí?

"Joe... Então você consegue me ouvir."

-O quê?

"Sou eu, David... Eu queria ter mais tempo aqui."

-David? Mas essa não é a voz do David! Quem é?

"Joe, me escute bem. Eu sou o David, mas não o que você conhece. Eu estou no futuro, dez anos a sua frente."

-E como quer que eu acredite nisso?

"Entenda, as coisas deram errado. Tudo acabou. Nós perdemos a luta, todos morreram, Scott é o único ainda vivo, eu usei a energia final do meu corpo para poder falar com você."

-O quê? Você aparece aqui com essa loucura e acha que eu vou acreditar fácil assim?

"Joe, preste a atenção, por favor. Eu só consigo contatar você agora por causa da Angeline, ela abriu os canais do tempo para nós naquele dia. Por causa disso nós teremos algumas visões de vez em quando."

-Se é assim, então me diga logo o quê tem a dizer.

"Não morra. Encontre Jake Ardenbrough. Jake é a chave para a nossa vitória. Encontre ele agora, nós não temos nenhum tempo, os próximos dez anos vão ser muito ruins. Se você não encontrar Jake já, você vai morrer e nós vamos perder."

-Mas... Se você veio do futuro, então quer dizer que tudo está escrito...

"Não, não está. Não existe destino, todas as coisas acontecem ao mesmo tempo, mas nós podemos controlar elas, uma de cada vez. Foi você quem disse isso a mim, lembra? Nós somos o futuro, Joe."

-Eu disse? E o quê eu posso controlar se não sei de nada?

"Apenas entenda que nos próximos dias a sua decisão vai decidir tudo o que será. Vença o Rei do Mal, nenhum de nós era forte o suficiente para isso. Você é o único que conseguirá impedir ele a tempo."

-David... Eu não faço ideia do quê você está falando. Talvez você tenha vindo muito cedo ou...

"Não, Joe. Se você não encontrar Jake Ardenbrough agora, vai tudo por água abaixo..."

-Mas eu não sei onde o tio Jake está. Eu não conheço ele. Não posso encontrar ele.

"Se não puder, então apenas viva os próximos dias. Aproveite, e seja feliz. Dez anos, é tudo o quê resta, mas Gyazom vai nos eliminar antes disso se você não agir agora."

-Pare. Nada quê você diz faz sentido. Vá embora.

"Um dia fará. Lembre-se, nós somos o futuro. E quem sabe, se quebrarmos esse ciclo, poderemos viver felizes. Mas isso tudo depende da escolha inicial, Joe. Scott foi o primeiro a entender isso, por isso ele ainda está vivo. Nós não. É trágico ter que ir contra seus ideais do bem, mas nós temos que matar algumas pessoas. Por favor, Joe. Tudo deu errado uma vez. E agora, eu tenho a chance de te dizer o que você precisava saber. Desculpe por ter que te dizer essas coisas dessa forma, irmão. Espero que na próxima vida nós sejamos felizes. Adeus."

E assim, David morreu.

...

...Morreu?

Joe acordou. Ele se levantou da cama, com um sentimento pesado de angústia.

Será que aquilo tudo realmente aconteceu? Por que eles morreriam? Quem deveria ser morto por ele? E o mais importante: quem realmente era Jake Ardenbrough?

Algo estava errado. Extremamente errado.

Ele não podia esquecer aquele encontro. Precisava ver Angeline. E logo depois, precisava descobrir o quê foi que ele se recusou a entender.

Ele foi tomar café e se arrumar. Naquela tarde, ele iria para o aniversário de Hector.

-Mãe, a senhora tem certeza que não quer ir também? -Ele questionou após a refeição.

-Não. Prefiro que você se divirta com seus amigos. -Ela lhe deu aquele sorriso lindo, e ele se sentiu aconchegado.

"Aproveite..."

Pela primeira vez, ele pensou que a qualquer momento ele poderia perder tudo que amava.

Erine podia morrer por conta de seus problemas de saúde.

Ele afastou aquilo da mente. Não permitiria que algo fizesse mal a ele naquele dia. Era o dia especial de Hector.

E com isso, ele foi se vestir para sair.

A festa de Hector aconteceu em uma chácara da família dele. Os Draakins eram uma família renomada, afinal.

Lá dentro, havia tanta gente que nem mesmo o próprio Hector conhecia.

-Olá Joe! -Ele exclamou quando Joe chegou.

A festa aconteceu em uma casa de concreto branco com piso de madeira avermelhado. O salão principal era grande e tinha várias janelas, com diversas mesas redondas distribuídas por ele. Hector e seus pais se sentar na mesa no centro do salão.

As famílias dos garotos estavam ali perto, Joe se sentou em uma mesa com um casal de idosos. A mesa tinha sete lugares.

-O dia está lindo hoje, não acham? -Ele cumprimentou o casal.

-Olá, jovem. Você veio sozinho? -O senhor disse.

-Sim. Eu queria trazer minha namorada, mas ela está doente.

-Mas quê horrível. -O senhor respondeu. -Imagino que você esteja muito triste. Se me perdoa, o que aconteceu com ela?

-Bem, o que eu soube dela é que ela teve uma intoxicação. Bem, eu não estou tão triste. Apesar de tudo, ela não quer que eu fique assim. Eu também, não iria querer que ela ficasse triste se eu estivesse doente. -Ele fez uma pausa e suspirou. Então sorriu. -Acho que todos devemos aproveitar quando podemos.

-Sabe, -Disse a Senhora -meu velho pai dizia isso para mim há muito tempo. Hoje eu percebo que deveria ter aproveitado tudo ao máximo em meus dias de jovem. Ah se eu pudesse voltar...

-Todos queremos voltar pra algum lugar do nosso passado. -Disse Joe. -Mas acredito que a única solução é aprender a não deixar passar outra vez e viver o quê se tem para viver.

-E dizem que os mais velhos é que são sábios. -O senhor disse e riu alto.

Joe não sabia mais o quê dizer.

-Ouça, filho, parece que você tem algo a dizer para alguém. -Disse a Senhora. -Acho que você não sabe disso, mas o aniversariante é nosso neto.

-O quê? E por que vocês dois não estão aproveitando com ele?

Joe não conseguia acreditar que eles não estavam com seu neto no dia do aniversário dele.

Assim como ele não estava com Erine.

-Nós dois somos pessoas terríveis. Nossa filha tinha toda uma vida pela frente... Mas por status, nós dois arranjamos um casamento para ela com o sr. Marshall. É evidente que ela não queria. Mas mesmo assim, ela é feliz, tem uma família e ama todos eles. Mas e nós dois? -O senhor chorou quando contava aquilo. -Nós demos nossa princesinha como se fosse pagamento, e para quê? Escute, meu jovem: as pessoas ao seu redor são a coisa mais preciosa que existe. Jamais deixe que elas se percam.

"Ele vai se tornar um assassino!"

Joe baixou o olhar. Tudo aquilo parecia se encaixar.

"Não existe destino..."

Talvez aquilo fosse um aviso do suposto David, quem sabe ele poderia planejar seus passos nos próximos anos e isso levaria a um resultado diferente? Do contrário, tudo aconteceria do jeito que ele tentou impedir.

E acima de tudo: como o tio Jake seria capaz de salvar a todos? A chave para a vitória deles...

Ele precisava agir imediatamente. Joe olhou em volta, procurando David, Max, Scott e Zack.

Os quatro estavam em outras mesas, com quem ele supôs ser suas famílias. Joe deu um sinal quando cada um deles olhou para ele, para que se encontrassem com ele.

-Bem, -Ele se voltou para o casal. -É como eu lhes disse, não tem como voltar. Vocês aprenderam, então vivam o que ainda têm! Vão até sua filha e peçam desculpa! Vocês não tem nada a perder.

Os dois se acalmaram.

-Eu vou tentar, filho. -Disse a Senhora.

-Se ela quiser nos ouvir, então eu pedirei perdão a ela. -Disse o Senhor.

A tarde passou, e os três ficaram juntos naquela mesa. Eles conversaram sobre vários assuntos depois daquilo, como a aparição súbita de Aureus, a missão de Hector como representante dos Draakin...

E as horas se passaram depois daquilo. Joe não conseguia reunir os cinco para conversar sobre o quê aconteceu lá. Em conversas individuais, ele conseguiu marcar um encontro mais tarde entre os seis.

Somente à noite que todos deram espaço a Hector. Uma valsa entre vários casais começou, e eles se afastaram. Joe viu o casal que estava com ele em meio a dança, se aproximando da mãe dele. Ele desejou sorte a eles, e foi ao encontro dos garotos.

O encontro foi do lado de fora da casa, mas mesmo assim, todos levaram pratos com salgados, doces e bolo, acompanhados com um copo de refrigerante.

Apesar de ter um interior iluminado, o lado de fora tinha algumas lâmpadas distribuídas pelo grande pomar, mas somente a calçada que ia até a saída era bem iluminada.

-Olá, gente. -Joe disse quando se juntou ao grupo. Os meninos o cumprimentaram, e ele continuou. -Bem, eu acho que a gente deveria ter parado com essa investigação aquela noite...

Ele respirou fundo.

"Mas eu acho que seria uma decisão idiota. Entendam, a gente se envolveu nisso por algum motivo, e eu acho que a essa altura vocês já tenham percebido que isso não começou por nada."

-E por que isso teria começado, então? -Perguntou Zack. -A gente entrou em perigo uma vez. Eu não quero morrer.

"...Todos morreram..."

--Eu não sei se vocês vão acreditar em mim, mas hoje eu recebi um tipo de mensagem de alguém que disse que veio do futuro.

Todos pareceram estranhos.

-Acho que talvez aquela vidente tenha causado alguma coisa em nós. -Disse Max. -Eu tive uns sonhos esquisitos, alguma coisa sobre a gente em um barco e uma guerra.

A previsão macabra de Max pareceu assustar os outros.

-Acalmem-se. -Joe impôs sua voz. -O quê quer que seja, é trabalho para nosso eu do futuro. Assim que chegarmos a esse tempo saberemos o que fazer. Mas agora eu preciso da atenção de vocês, de verdade.

Joe contou sobre o estranho sonho, e as falas aleatórias de "David"

-Eu não quero terminar assim. -Disse David. -Talvez isso seja um aviso pra gente, uma ideia pra guiar a gente pra onde a gente devia ir.

-Isso aí. Se nosso futuro Eu falou, é porquê o caminho deles deu errado. -Disse Hector.

-Mas isso não faz sentido. -Disse Scott. -Se deu errado para eles, como a gente não sabe que aconteceu por causa dessa visita do futuro? Se a gente do futuro sabe o quê fazer, então não devia falar pra gente do passado, devia correr atrás de resolver o quê deve ser resolvido.

Todos ficaram quietos.

-Entendo, Scott. -Disse Joe depois de algum tempo. -Você acha que isso é um paradoxo. É a teoria que mais faz sentido por agora. Se for assim, então é nosso trabalho desfazer isso tudo.

-E qual é o seu plano? -Scott continuou. -Se seu tio é a resposta, então não tem nada que nenhum de nós possa fazer.

Joe quase não conseguia acompanhar o raciocínio do garoto. Ele percebeu que Scott era bem astuto. Talvez aquele tenha sido o motivo de ele ser o último sobrevivente do grupo no futuro. Mas algo ainda o incomodava.

-Bem, vamos atrás do Rei do Mal. É toda a informação que temos. -Anunciou Joe.

-Se esse é o nosso maior inimigo, então é a primeira coisa que nós podemos usar como referência pra começar. -Disse Zack. -Afinal, esse tal rei deve ter algo a ver com essa merda de Gyazom. Se tudo estiver conectado, então a gente vai chegar rapidinho em todas as outras respostas.

-Gente, -interrompeu Hector. -Não é querendo ser grosseiro nem nada, mas a gente não têm quem nos ajude nisso. Precisamos de ajuda, antes de começar a procurar inimigos. Seja quem for esse rei, nós vamos ter um grupo enorme pra chutar a bunda dele!

Joe riu.

-Muito bem, Hector. -Ele percebeu que Hector dera uma ideia importante ali. -Socializar é bom. Com mais gente, vamos conseguir ir mais longe. Vamos tentar arrumar aliados o quanto antes.

Hector estava determinado. Joe via aquilo nos olhos dele. Era irônico, ao seu ver. Dos cinco, Hector era o único que ainda não tinha um poder desperto.

-Isso é meio triste. -Disse Scott. -O pessoal da nossa idade é só um monte de idiota. Segundo eles, nós só vemos desenho japonês e não temos nenhuma opinião importante.

-Não é bem assim. Nós temos alguns amigos no colégio. -Disse Hector. -Você vive com aquele Ralf. A Myrella também. E os amigos do Joe...

-Espere, Hector. -Joe o interrompeu. -Precisamos de algum tipo de sistema para eleição de possíveis aliados, assim dá pra saber melhor quando alguém vai ser aceitável como aliado.

-Eleger quem é amigável? -Max pareceu ter tido uma ideia. -Mas a gente vai ter que criar um grupo grande pra tudo isso. Se bem que eu posso descobrir possíveis traidores com minhas previsões.

-Não, Max. -Disse Joe. -Precisamos fazer um sistema. Não é necessariamente traidores que podem surgir entre nós. Às vezes, alguns de nós podem apenas discordar, podem haver brigas e desconfiança entre o grupo no futuro.

Ele percebeu que usou a palavra futuro muitas vezes naquele dia.

-Nem um nome para o nosso grupo nós temos. -Disse Zack. -E eu sou péssimo com nomes. Alguma sugestão?

Os meninos discutiram por alguns minutos.

Mas Joe já tinha uma ideia. Ele riu alto.

-Galera! -Ele riu novamente. Alguma coisa estava fazendo sentido para ele. -Nós somos o futuro.

Todos olharam para ele.

-Isso é meio idiota. -Disse Scott. -E óbvio também.

Joe riu mais uma vez.

-Entendam, por favor. Nosso grupo está pronto até mesmo para viagem no tempo! Lembrem-se, Angeline nos deu algum tipo de conexão misteriosa com o Universo. Eu tenho uma ideia. Juntem as mãos.

Eles colocaram os copos de refri no chão e juntaram as mãos, como em algum filme. Nenhum deles havia comido ou bebido durante toda a conversa.

-Isso vai nos dar alguma coisa? -Perguntou David.

-É um encantamento. -Explicou Joe. -Nossos destinos estão entrelaçados agora. O futuro está em nossas mãos.

Com aquelas palavras, uma marca verde surgiu nas costas de suas mãos. A marca era uma Clave de Sol, que era de um verde turquesa até a volta na parte de baixo, que estava substituída por um círculo dourado, como uma aliança.

Cada um deles tinha uma forma geométrica no canto inferior direito da marca. A de Joe era um círculo verde, a de David um hexágono violeta, Hector tinha uma ampulheta laranja, Max tinha uma espiral azul, Scott tinha um triângulo vermelho e Zack um losango amarelo.

-Por que a gente tem um símbolo único no canto da marca? -Perguntou Hector.

-Bem, -Joe começou a explicação. -Esses símbolos representam a gente. Eu levei um tempo pra formular esse encantamento, é como uma tatuagem que liga a gente, nós sempre saberemos quando um de nós estiver precisando de ajuda. Essa é a função da marca maior, claro. As pequenas formas que representam cada um de nós são mais únicas, elas são as marcas dos líderes, isso quer dizer que vocês podem contratar gente para o grupo marcando as pessoas com essas duas marcas.

-O que quer dizer com contratar? -Questionou Hector.

-Quando você achar que alguém pode fazer parte do nosso grupo, você pode marcar a pessoa com esse símbolo. O seu símbolo único vai ficar marcado em quem você contratou. É isto.

-Isso é maneiro. -Disse David. -Acho que entendi como funciona.

-Bem, acho que agora só nos resta escolher um nome para o grupo. -Hector falou.

-É como eu disse... -Joe sorriu ao dizer aquelas palavras. -Nós somos o futuro. Nós somos os Mirai.