'Você, que carrega a Bênção de Hipérion, veja com seus olhos o terrível futuro que lhe aguarda!"
Hector acordou com uma baita dor de cabeça. Era inacreditável que ela doesse em seu aniversário de doze anos. Ele se levantou de sua cama, mais animado que nunca, e pronto para o dia que há tanto tempo ele esperava.
Ele foi ao banheiro e depois abriu a casa toda, as janelas e cortinas da sala, de seu quarto e da cozinha, e depois foi ao quarto dos pais acordá-los.
-Mãe, Pai, acordem! -Ele gritou.
Sua mãe sentou-se na cama, o mau humor visível em seu rosto.
-Que horas são, Hector?
-Nove da manhã!
Hector pulava de animação e tremia quando parava.
-Tudo bem, eu vou fazer café. -Ela se levantou da cama e foi até a porta do quarto, então lhe deu um abraço. -Feliz aniversário, meu lindo!
Ela beijava seu rosto e o apertava, e ele sorria enquanto a abraçava de volta.
Ele correu até a cozinha, pegou uma tigela e encheu com leite e cereal de chocolate. Hector estava tão frenético que terminou rapidamente a refeição. Ele se levantou e foi lavar a tigela. Sua mãe estava na sala, tomando café em uma xícara e assistindo a televisão.
Enquanto ele ia até a sala, seu pai saiu do quarto e deu-lhe um abraço apertado.
-Parabéns, meu campeão. -Ele sorria para Hector. -Vai tomar banho enquanto eu tomo café, depois nós vamos sair.
Aquelas palavras deixaram Hector tão animado quanto nunca antes. Ele correu até o banheiro e tomou banho o mais rápido que pode. Então, foi até seu quarto e se vestiu com uma calça jeans azul e uma camisa completamente branca. Ele saiu do quarto e viu sua irmãzinha brincando sentada no chão.
-Kelly, minha linda! -Ele abraçou ela e a ergueu no colo.
A pequena não queria ficar em seu colo, pedia para descer brincar. Hector se impressionava com a forma com a qual ela crescia, já havia uma semana que ela balbuciava suas primeiras frases. Ele se perguntou se ele também crescia rápido assim aos olhos dos pais.
-Vai arrumar esse cabelo. -Disse a mãe.
Hector foi para o banheiro arrumar o cabelo, escovar os dentes e então ficou esperando o pai se arrumar.
Quando estavam prontos, o relógio bateu meio-dia.
-Vamos almoçar? -Perguntou seu pai.
-Mas eu quero ir logo. -Protestou Hector.
-Vamos demorar pra chegar, é melhor a gente comer agora.
Hector tentou protestar mais, mas acabou cedendo à vontade de comer.
Após o almoço, ele entrou no carro prateado do pai e ambos partiram pelas ruas de Gardeville.
Eram 13:15 quando saíram. Depois de mais de uma hora e meia, eles chegaram ao Monte Jari. Naquele monte, ficava o palácio Vermont, usado para encantamentos e produção de diversos acessórios e armas. Hector sentiu a ansiedade percorrendo seu corpo, ele estava pronto para subir a escadaria do palácio, que descia do alto do monte até a estrada na base.
A recepção do monte se encontrava em sua base, um grande muro se alongava para os dois lados da estrada, entalhado com pilares e estatuas em sua extensão. O muro era Cinza claro e limpo, não havia uma marca de pichação ou rachadura onde quer que ele olhasse, e algumas plantas que cresciam por ele e se apenas faziam com que o muro parecesse se fundir com a natureza em volta.
No centro daquele muro, um arco com portão branco se encontrava. Ao lado do esquerdo do portão, havia uma guarita com uma janela de vidro preto, com uma abertura na lateral para o contato com os porteiros.
O porteiro era um homem de meia idade, com uma grande barba cheia de fios grisalhos nas pontas, seus olhos azuis pareciam tristes para Hector.
-Vocês têm hora marcada hoje? -Ele perguntou.
-Sim, é uma cerimônia de família. -Respondeu o pai.
-Seus nomes, por favor.
-Marshall e Hector Draakins.
-Ah, os Draakins! O anfitrião já chegou, acredito que estejam atrasados.
A adrenalina explodiu em Hector.
-Pai nós temos que ir! O tio William já deve ter chegado e nós aqui vamos...
-Calma, garoto! -O porteiro riu. -Era só brincadeira.
O porteiro e seu pai riram, mas Hector apenas se aliviou.
Ele olhou para as palmas de suas mãos. Elas eram robustas, como o resto de seu corpo. Seu pai também era, ele era grande e forte, e Hector se questionou se ele também seria algum dia. Ele se lembrava de como James zombou dele quando viu que a pele dele era mais escura que a de Hector, e ficou insinuando que o garoto era adotado, que sua mãe traía o pai, e fazia piadas com o fato de Hector ser muito branco para ser filho de qualquer um dos dois. Hector não entendia de genética, ele apenas achava que a pele do pai era muito mais escura por ter tomado sol por muito mais tempo. Sua mãe não tinha a pele escura, ela era branca, apenas era menos branca que Hector.
O porteiro deu um cartão ao seu pai, e abriu o portão. O carro entrou, e Hector ficou fascinado com a vista do interior da área: um enorme jardim se expandia pelos lados, que eram cruzados por uma única via de pedras com uma calçada. O gramado do jardim parecia não ter limites, pois Hector não via a lateral do grande muro. A estrada terminava em um estacionamento coberto por árvores, que cresciam em diversos pontos do mesmo. Seu pai estacionou o gol preto embaixo de uma enorme árvore, e eles saíram.
-Olha só, o grande homem chegou! -Disse uma voz.
Era o tio William, referindo-se a Hector. Hector nunca havia sido chamado de homem antes. Aquilo o fez se sentir mais inspirado ainda. Ele correu para abraçar o tio.
-Tio, só nós dois que vamos subir o monte? -Ele perguntou assim que terminou de cumprimentá-lo.
-Calma, calma, apressadinho. Vamos comer algo antes.
Os três foram até um restaurante ali perto, onde uma mulher de cabelo castanho e roupas azuis floridas estava sentada, comendo.
-Meren, este é o meu irmão Marshall, e o garoto é o Hector. -Willian apresentou-os.
-Sentem-se, vamos comer. É um prazer conhecê-los.
Hector estava ansioso, mas ainda assim se sentou para comer. Um garçom chegou e lhes trouxe esfirras, pães de queijo, coxinhas, e um pote de vidro com torradas. Meren abriu o pote e pegou várias torradas.
O restaurante tinha um ar moderno, o chão de madeira era macio aos seus pés, as paredes e teto brancos não refletiam tanta luz, enquanto as cortinas vermelhas balançavam com o vento que vinha pelos jardins.
Hector pegou um pão de queijo e o observou. Ele se lembrou de quando Joe lhes pagou um café, antes de tudo começar.
Ele pensou algumas vezes em Scott desde que saíram da sessão com Angeline.
"Vão perder o Scott, e a culpa será sua! Tudo o que acontecer com ele vai partir da sua má liderança, Herói."
Perder um dos poucos amigos que tinha era o pior medo dele. E por isso, ele se esforçaria para manter Scott por perto.
-Hector. -Chamou William. -Logo nós iremos ao alto do monte. Coma bem, e quando anoitecer o encantamento será feito.
-Saiba que esse fardo da família Draakins seguirá você até que encontre um sucessor. -Disse Meren.
Um certo desconforto cresceu no peito de Hector. Por quê aquilo seria um fardo?
Será que teria relação com o futuro de Scott? O quê ele poderia fazer para impedir aquilo?
-Acalme-se, garoto. -O tio William riu. -Você tá com cara de quem vai parir a qualquer momento.
Ele riu. Muitas das coisas que os outros diziam para ele o faziam rir. Sua mãe dizia ser um dom dele para atrair a empatia das pessoas.
Ele continuou comendo, e quando terminou, um garçom lhe trouxe um copo com suco de uva. Ele bebeu rapidamente o suco, e finalmente se sentiu pronto.
-Quando quiser, tio.
Meren pareceu confusa.
-Do quê está falando? -Ela perguntou.
-Bem decidido, garoto.
Eles riram.
-Tá bom, pai, eu volto quando a cerimônia terminar!
Ele abraçou o pai e partiu para a grande escadaria.
-Marshall está bem distante hoje. -Disse William.
-Não sei. Acho que ele não quer ter que esperar.
-Haha! Eu me lembro quando eu fui para a minha cerimônia. Acho que ele só quis ter a dele. Ele ficou com ciúme, durante muito tempo. Aposto que seus primos também ficarão.
Ele pensou sobre aquilo. Somente um dos Draakins poderia manter a tradição. E ele foi o escolhido. Mas por quê?
-Tio... -Ele olhou para o tio, que tinha uma expressão de pura tristeza no rosto. Sua voz sumiu, e ele desistiu da pergunta.
Ele olhou para a frente, pronto para seu destino. Eles estavam parados, em frente a um arco de pedra. O caminho à frente era apenas grama, com algumas pedras uma próxima a outra. Em frente, havia uma construção semelhante a um castelo, feito com tijolos brancos.
Não era um castelo grande, sua base tinha um formato bem peculiar, pareciam vários cubos que formavam as salas e foram conectados depois de construídos. Três torres se erguiam do castelo, todas com um telhado roxo. As janelas possuíam vidros coloridos, do lado de dentro várias flores cresciam em pequenos potes.
-O Palácio Vermont... -Disse William. -Quando eu vim aqui a primeira vez, me senti muito intimidado também.
-É bem bonito. -Respondeu Hector.
William não disse mais nada.
Eles entraram no castelo pela porta da frente, que era grande o suficiente para um caminhão passar.
Lá dentro, uma uma grande escadaria levava ao alto do castelo, enquanto dois grandes corredores se expandiam pelos lados. Haviam várias portas, para todos os lados. A confusão tomou conta de Hector antes que ele fizesse qualquer coisa.
Logo, um homem surgiu de uma das portas à direita deles, e se aproximou. O homem alto vestia roupas totalmente brancas, seu rosto negro era cruzado por quatro longas cicatrizes, uma sendo três verticais no lado esquerdo do rosto, e uma que partia do lado direito de sua testa e se curvava em seu olho esquerdo. Seu olho direito era escuro como os de Myrella.
-Há quanto tempo, William. -Ele falou quando se aproximou deles. -Suponho que você seja Hector Draakins.
-Sou eu. É um prazer. -Hector sorriu e apertou a mão cheia de calos do homem.
O homem sorriu.
-Não é todo dia que uma criança é educada assim comigo. É um prazer, Hector. Eu sou Klaham Jittatad.
Hector não fazia a menor ideia de como se lembrar do nome daquele homem.
-Olá, Kal.
William e Kal se abraçaram.
-Como vai a vida, amigo? -Kal questionou.
-Melhor. Desde que perdi minha perna tenho me esforçado mais em casa. Não preciso mais me esforçar, já que minhas economias e os meus benefícios vão me sustentar por um bom tempo.
Hector se lembrou da perna do tio. Ele largou o emprego de herói mais cedo que o esperado, depois de perder a perda direita.
-Que bom que você consegue se virar. Eu estou trabalhando menos agora. Minha mulher conseguiu um bom emprego, então eu fico mais com minha família.
-Que bom.
Havia uma estranha tristeza pairando entre os dois.
-Sabe, William. -Kal disse, e olhou para Hector. -Depois daquele vampiro miserável, eu percebi a real importância daqueles que estão próximos de nós. Eu achei que não veria minha filha nunca mais.
Hector percebeu naquele momento que seria uma má ideia perguntar qualquer coisa sobre o passado dos dois.
-Eu penso o mesmo. Talvez eu procure um amor nos meus novos dias. Vamos, Hector, seu destino está te esperando.
Kal guiou os dois pelos corredores do castelo, eles viraram à direita e seguiram o corredor. Todo tipo de coisa podia ser visto no caminho. Haviam crianças brincando, homens e mulheres lendo livros, haviam pequenos animais correndo em algumas salas nas laterais. No fim do corredor, havia uma escada descendo para o interior do Monte Jari.
Lá embaixo, os corredores eram feitos de uma pedra escura, iluminados por lâmpadas brancas que eram exageradamente fortes.
Eles entraram em uma sala que continha uma porta de aço branca. Lá dentro, vários homens trabalhavam rapidamente com metais incandescentes, água e fogo. A sala era brilhante, as paredes eram brancas, assim como várias das mesas que os trabalhadores manipulavam.
-Essa é a Forja Vermont. -Anunciou William. -Aqui todo tipo de armamento para heróis é feito. Veja, algumas dessas mesas brancas são bigornas feitas especialmente para a produção de armas.
Hector se impressionava cada vez mais. Ele via todo tipo de arma: Espadas, Machados, Martelos, Foices, grandes correntes, algumas placas que provavelmente seriam utilizadas em armaduras e até mesmo uma pá enorme.
'Provavelmente alguém vai matar e enterrar uma coisa bem grande' Pensou Hector.
Kal se aproximou de um dos homens, que estava parado, esperando algo em uma das mesas. Ele apontou para os dois, e Hector entendeu que era dele que se tratava o assunto.
-Vamos. -Disse William.
-Olá, Hector. -Disse o grande homem.
-Olá. -Hector respondeu.
O homem não fez mais nada, apenas se abaixou e tirou algo de debaixo da grande mesa branca a sua frente.
-Nomeie-a de acordo com sua vontade.
Ele entregou a Hector um grande Martelo de metal.
Aquele era o seu grande desejo, e o grande fardo da família Draakins.
A cada geração, aquela arma era passada para um dos Draakins. Normalmente, aos quatorze anos um Draakins recebia ela, mas devido à perna de William, ele teve de passá-la antes da hora.
Cada usuário da arma a recebia em alguma forma diferente, ela era reforjada antes de ser passada para frente. William no passado utilizou um machado. Agora, Hector tinha um grande martelo de guerra em suas mãos.
O cabo de madeira do martelo era longo, revestido com tiras de couro para que ele segurasse-o melhor. A cabeça tinha o formato semelhante ao de uma ampulheta, e reluzia com o metal branco que a formava. Ninguém sabia ao certo de onde veio aquilo. Aquele metal era mágico e estranho, pois não era pesado, o martelo não pesava mais do quê três quilos nas mãos de Hector.
-Não tenho ideia de nome ainda. -Ele respondeu.
-Não tenha pressa. As armas já têm seus nomes. Ela virá com o tempo. Mas me deixe saber. Quando nomear ela, venha até aqui, procure por mim, Clint Skyland.
-Tudo bem, Clint. -Hector sorriu e apertou as mãos de Clint.
-Vamos, é hora do encantamento. -Interrompeu Kal.
-Muito bem, Hector. -William chamou sua atenção. -Eu vou acompanhar você até a torre. Depois, você terá que ir sozinho.
Hector sabia que a cerimônia era assustadora, quando criança seu tio lhe contou como foi sua experiência. Mas agora, na sua vez de vivenciar o momento, seu coração batia fortemente, suas mãos suavam e seu estômago se revirava.
Os três retornaram à sala principal do castelo.
De lá, subiram a grade escada principal. No alto, caminharam até uma última escadaria, que pertencia a uma das torres. Os andares superiores tinham chão de madeira, enquanto os inferiores eram de concreto.
-Quando chegarmos ao topo, vamos preparar o encantamento, e então o resto será contigo, senhor Hector. -Avisou Kal.
Ele não respondeu.
Ele era incapaz de pensar em qualquer coisa sobre aquilo. O encantamento faria algo com aquele martelo. Hector observou a cabeça do martelo. Ela era quase retangular, no meio havia um círculo, onde a letra H estava marcada. As laterais possuíam um formato que lhes assemelhavam à uma ampulheta, e as "pontas" eram octogonais. O nome de Clint estava marcado no martelo, logo abaixo do grande H.
Aquele era o contrato entre os dois, Clint e Hector.
A luz do sol poente entrava na torre pelas janelas, iluminando a grande escadaria. A torre não era muito alta, mas era larga, dando assim a impressão de que a escadaria era menor do que realmente eram. Para ajudar na ilusão, a largura da escadaria diminuía a medida que chegava ao topo da torre.
A longa espiral terminava em uma pequena porta roxa, com dezenas de entalhes dourados. Kal entrou, seguido por William e depois Hector.
A sala era relativamente vazia por dentro, apenas uma câmara oval com pequenas fagulhas flutuando e trazendo a luz a ela.
Não tinha nenhuma janela na sala, apenas desenhos gravados nas paredes, no chão e no teto. Os desenhos eram runas e inscrições em diversas línguas, no chão, vários anéis partiam, das paredes até o centro, que era marcado com um círculo vermelho e roxo com linhas douradas.
-Deixe o martelo pousado no círculo roxo. -Instruiu Kal. -Quando deixarmos a sala, ele vai brilhar. Assim que isso acontecer, você deve pegar o martelo com suas duas mãos, e o encantamento estará completo.
-Só isso? -Hector perguntou, curioso.
-Apenas isso. Mas cuidado, se você não pegá-lo no momento certo, o encantamento virá fraco, e se demorar, ele falhará. Se o brilho se apagar antes de você o segurar, então o ritual terá de ser feito de novo. E nesse caso, o senhor terá que pagar pelo ritual e esperar mais três meses.
Hector gelou ouvindo aquilo. A ideia de jogar tudo o que sua família fez para que ele ganhasse aquele martelo até aquele dia era apenas uma consequência inaceitável de um fracasso inaceitável.
-Se acalme, garoto. -Disse William. -Vai dar tudo certo. Você só precisa pegá-lo quando a luz estiver forte.
Hector sorriu, aliviado, então entregou o Martelo a Kal.
Kal colocou o martelo no círculo roxo central. O cabo ficou virado para cima, Hector precisava apenas pegá-lo no momento correto.
Kal e William deixaram a sala, sem dizer nada.
A ansiedade tomou conta de Hector novamente. Era simples seu objetivo. Mas por que aquele nervosismo?
O martelo então começou a flutuar. Aquilo deveria acontecer?
O brilho violeta surgiu alguns segundos depois. O momento se aproximava. Hector caminhou na direção do martelo. Ele já estava próximo dele, por quê seria difícil?
Subitamente, uma rajada de vento saiu do centro da sala, atirando-o para trás.
Hector caiu e bateu as costas na parede, então caiu de bruços.
Ele se esforçou para levantar de novo, então começou a caminhar, tonto para frente. A ventania o impedia de chegar no centro, enquanto a tontura o confundia.
O vento o impedia de respirar direito, as cores da sala giravam ao seu redor. A dança brilhante e tempestuosa torcia seus sentidos, seus ouvidos zuniam, seus olhos doíam e seu nariz queimava.
A luz ficava cada vez mais forte, e ele sabia que precisava pegá-la o quanto antes. Suas mãos procuravam pelo cabo em meio ao caos, enquanto suas pernas quase cediam ao seu peso. Ele calmamente separava elas, seus joelhos dobrados e pernas afastadas era o que mantinha seu equilíbrio, mas sua mobilidade estava muito afetada pela posição, além de fazer com que seu alcance ficasse muito limitado.
Hector andava pela sala como um bêbado, rodando e caindo, o vento o empurrava para trás enquanto ele tentava achar o martelo.
Assim, uma ideia surgiu. Ele se virou, e andou contra o vento. Era do centro que ele vinha, certo? Enquanto ele se esforçava para andar, ele olhava para o chão, tentando perceber o nível de luz.
Ele chegou perto do martelo.
'Um futuro glorioso e doloroso.' Ele se lembrou do quê viu e ouviu na previsão com Angeline. Glorioso. Era tudo o que ele queria para seu futuro.
Mas ele sabia que iria precisar passar pela dor para alcançar a glória. E assim ele faria!
Alcançar a glória...
Seus braços se esticaram pela luz e pelo vento. Ele iria alcançar.
Ele agarrou tudo que pode com toda a força.
A ventania cessou.
Ele abriu os olhos.
A sala estava silenciosa e tranquila, como antes. Ele se virou e saiu. Logo do outro lado, Kal e William o esperavam.
-Mas já? -William estava chocado.
-Fui rápido? -Hector não sabia se se impressionava ou não.
-Muito. -Disse Kal. -De fato, você chegou perto do recorde dos Draakin. Três minutos. Um único fez em menor tempo.
-Três minutos? Me pareceu uma eternidade! -Ele estava realmente impressionado.
-Seja como for, agora você é o mais novo representante da família Draakins. -Disse William.
-Vamos descer, a cerimônia acabou. -Disse Kal.
-Vamos! -Disse Hector, alegre. -Estou com fome.
William riu.
-Tudo bem. Tudo o que nos falta é nomear seu martelo.
"Um futuro glorioso."
-Já decidi o nome. -Disse Hector.
-Sério? -William perguntou, incrédulo. -Vejo que você está fazendo tudo bem rápido.
Hector riu, e mostrou o martelo.
-Senhores, conheçam a Glória.