Em algum lugar estranho e sombrio do mundo, um menino pálido e magro pairava sobre uma cidade desperta e barulhenta. Seu cabelo preto estava colado na testa por conta do suor excessivo, e os olhos castanhos estavam arregalados, pois ele sabia o que estava acontecendo.
Max era conhecido entre os amigos pelos seus sonhos, onde ele tinha vislumbres do futuro. A visão do garoto era de uma rua movimentada, nela passavam carros de todas as cores, pessoas apressadas indo atrás de suas vidas monótonas e repetitivas.
Ele "caminhou" pela paisagem enevoada e ensolarada do sonho, até ver um grupo de cinco meninos caminhando em direção à uma construção grande e familiar.
-Tá olhando o quê? -bradou o primeiro menino, ele estava totalmente borrado, mas parecia a voz de Scott -Você sabe que a gente tem uma missão importante, então pare de ser cagão, Max!
O segundo garoto, extremamente alto em comparação aos outros esticou uma mão enorme e enevoada e a pôs no ombro do primeiro.
-Não trate seu amigo assim, ele pode estar com medo, mas isso não é errado. -Max pode sentir o sorriso familiar de Joe surgindo na figura.
Antes de ele dizer qualquer coisa, percebeu que havia alguém atrás deles, vindo em sua direção.
-Atrás...! -Foi tudo o que saiu quando ele tentou falar.
-Sim, estamos atrás deles -Disse uma terceira voz, semelhante à de David -, então para de choramingar e vamo mandar a braba pros malucos!
-Olhem! -Ele conseguiu dizer, mas não conseguiu apontar.
A figura grande e escura se aproximou deles, e Max percebeu um par enorme de olhos brancos e profundos, ele parecia olhar diretamente para ele.
O cenário então mudou, e Max estava em na rua em que morava, no meio da madrugada. Ao fundo, ele via a própria casa e sabia que, se fosse até lá e olhasse pela janela, veria ele mesmo dormindo. Ele olhou em volta, e, longe dele, iluminados apenas pela luz dos postes, haviam duas pessoas vindo em sua direção.
A primeira era grande, parecia ter no mínimo 1,80 de altura, e ele podia perceber uma barba grisalha brilhando à luz das lâmpadas. A segunda era pequena, devia ser menor que ele, e fios de cabelo preto podiam ser vistos fugindo do capuz que usava. Max percebeu que ambos estavam usando uma capa marrom, mas não conseguia discernir mais nada.
Ele acordou, assustado e suado, levantou e caminhou até a janela, onde viu apenas a rua, inabitada e tranquila. Ele foi até o banheiro, acendeu a luz e se olhou no espelho. Ele estava extremamente pálido, apesar de ter a pele bem branca. Ele observou os seus olhos castanhos por alguns segundos e percebeu o quão cansado estava, então foi beber água e olhou o horário, depois voltou ao seu quarto para dormir um pouco mais.
Quando acordou de manhã ele foi tomar o seu café da manhã, uma tigela de cereais, acompanhada por um copo de suco de maracujá. Ele adorava suco de maracujá, acalmava seus nervos, então ele contou à mãe do seu sonho misterioso.
-Querido, tudo bem, você sabe que quando vocês estão com Joe estarão protegidos de qualquer mal. -Disse ela, sorrindo.
-Eu só queria poder me divertir com meus amigos, mãe. -disse o menino, triste.
-E por que não vai? Se algo aparecer você pode gritar por ajuda, alguém por perto vai ver e com certeza vai ajudar.
Ele sorriu e depois se voltou a tomar seu suco favorito. Assim que terminou, ele olhou na geladeira e disse:
-Acabou o maracujá, mãe.
-Eu vou comprar alguns de tarde, agora vá fazer suas tarefas e se arrumar pra ir pra aula.
-Tá bom.
Ele não fez as tarefas. Na verdade, ele não fazia nenhuma delas já fazia mais de duas semanas. As lições do colégio estavam atrasadas, o quarto totalmente bagunçado e fedendo, mas ele não ligava. A última vez que ele se importou em fazer essas coisas chatas foi um mês antes, quando o pai prometeu levá-lo a um parque de diversões, mas quando o levou, ficou passando o tempo com a madrasta e os filhos.
Ele se lembrava do tempo antes do divórcio dos pais, quando ainda tinha entre 5 e 7 anos, mas agora, aos onze, ele só queria poder sair em lugares com a mãe e receber a atenção do pai. Max não deu atenção ao mundo ao seu redor. Quando o relógio da sala marcou onze horas, a mãe o mandou tomar banho e se arrumar para a aula.
Ao meio dia e meio, ele saiu e foi se encontrar com os amigos no lugar habitual, na frente de uma barbearia do bairro.
-E aí galera -disse Hector -vocês viram alguma notícia sobre os acidentes de ontem?
-Parece que as pessoas estão relacionando o mutante que atacou a cidade à explosão no laboratório -respondeu Scott.
Max tinha esquecido totalmente a explosão no laboratório no dia anterior, mas quando Scott mencionou, ele se lembrou instantaneamente.
-Cacete, eu esqueci! -gritou ele.
-Você parece bem calmo, apesar do que aconteceu ontem. -disse Zack -Vocês tem algum palpite sobre o que foi que aconteceu lá?
-Eu não tive tempo de ver bem, mas o Joe disse que aquele cara no buraco tava todo fodido -respondeu David.
-Não vamos ficar aqui falando no meio da rua, seus idiotas -disse Scott – a gente tem aula e as pessoas podem ouvir!
Então, os cinco começaram a caminhar em direção ao colégio. Joe se juntou à eles na metade do caminho.
-Alguma notícia, gente? -foi a primeira coisa que ele disse.
-Do jeito que você chegou -começou Scott -imagino que viu o noticiário.
-Sim -respondeu -, parece que a coisa foi feia. Dizem que algo muito ruim aconteceu naquele laboratório há uns anos atrás. E mais, o próprio Lâmina-Dourada foi até lá ver o se tinha algum perigo!
Todos ficaram perplexos. Lâmina-Dourada era o herói mais poderoso conhecido, a própria menção do nome dele já fazia todos ficar em silêncio.
-A gente pode ter se envolvido em uma merda muito grande -disse David.
-Não diga isso. -disse Joe -aquela coisa que o cara disse deve ser só uma pessoa ou algo assim, vamos investigar e rapidinho a gente decide o que fazer. Falando em heróis, vocês viram as filmagens do Maximum surrando aquele mutante?
-O QUÊ? -Gritaram os cinco juntos.
Joe então começou a contar sobre a épica batalha do herói, até que chegaram no colégio e se separaram.
Eles chegaram em cima da hora, então se despediram e foram até suas respectivas filas na turma, onde permaneceram para ouvir algumas palavras da diretora. Os alunos constantemente faziam chacota com a aparência dela, já que a mulher parecia ter 80 anos, quando na verdade tinha apenas 40. Joe dizia que ela parecia apenas cansada, e que isso demonstrava a importância de dormir e comer bem. Os garotos acreditavam que ela era assim apenas porquê ela não aguentava passar uns poucos minutos sem se estressar. No fim, todos estavam corretos.
-Como todos vocês já sabem -começou a mulher no microfone, com uma voz claramente cansada -, nós tivemos um incidente ontem à tarde e foi necessário liberar as turmas mais cedo. -Ela respirou fundo -No entanto, aconteceu algo parecido durante a noite. Uma explosão a apenas algumas quadras daqui, e uma pessoa acabou morta.
Uma comoção se espalhou entre os alunos.
"Nós não sabemos o que aconteceu, ao certo, mas sabemos que vários alunos passam por aquele caminho diariamente, então, se você, aluno, por acaso passou por perto daquela área reservada e viu alguma coisa suspeita, peço que venha à direção e nos diga, sua identidade será protegida, pois o que aconteceu lá foi sério, o Governo pede que qualquer um que possa testemunhar compareça, pois algo muito importante aconteceu ontem. Dito isso, estão liberados para ir para suas classes."
Hector correu os olhos pelo pátio, à procura de Joe. O colégio era grande, consistia de quatro prédios dispostos em cada um dos pontos cardeais, haviam dois pátios, o comum, onde os alunos se passavam o tempo durante o intervalo e as aulas vagas e um coberto, onde se reuniam no começo da aula e esperavam o horário de ir para as classes, e também ficavam no tempo livre. No prédio Norte, havia um portão grande que levava à um bosque onde os alunos faziam alguns trabalhos e se conectavam à natureza, e à esquerda do bosque, havia um grande salão, usado em algumas festas e apresentações.
Nas extremidades dos Prédios Leste e Oeste haviam dois grandes portões, que serviam de entrada e saída do colégio, e no prédio Sul havia uma passagem para uma área que levava a duas grandes quadras, uma para vôlei e uma para futebol. Os garotos comparavam o prédio Sul a uma rosquinha quadrada. O pátio coberto ficava próximo ao prédio Leste, o restante era o pátio principal. As duas saídas eram entre os prédios Sul e Leste e Sul e Oeste, entre Norte e Oeste ficava o refeitório do colégio.
Hector nunca tinha percebido o quão grande era o colégio, mesmo depois de um ano e meio estudando ali. Os olhares dele e de Joe se encontraram, e ele imaginou que era melhor se manter em silêncio sobre o ocorrido. Ele só rezava para que os outros mantivessem segredo sobre o ocorrido.
Apesar de tudo, o dia correu perfeitamente bem. Durante a primeira aula, que era de história, a professora Starla só ficou passando o conteúdo e zanzando pela sala. Assim que a aula terminou e ela saiu, a turma começou a bagunçar. Hector aproveitou a barulheira e se aproximou de Scott, que sentava ao lado de Ralf, o único aluno que não era do grupo deles que era amigo dele.
-Scott! -chamou -Acho que a gente vai ter que dar uma recapitulada no que a gente sabe sobre a tal... Quiazom?
Ele fez uma careta, pois esquecera o nome mencionado por Joe.
-Eu acho que era Caizom, Hector. -Disse ele -E eu não sei, vamos ter que ver com Joe pra saber por onde começar a investigar. Só que a gente tem que evitar espalhar isso por aí.
-Eu ia te dizer o mesmo, não confio em contar isso por aí.
-A gente só precisa calar a boca do Zack, você sabe que ele é certinho demais e vai tentar contar pra alguém.
Eles olharam em volta, e viram que Zack estava bem distraído em uma leitura. David e Max sentavam ao lado um do outro, logo atrás dele. Hector planejava explicar aos três o porquê de manter segredo na primeira chance que tivesse.
-Mas Scott, por enquanto... -Ele parou quando Scott se virou rapidamente ao ser chamado.
Scott não costumava ter aquele tipo de reação, então ele ficou curioso, olhou em volta e percebeu que algumas garotas conversavam, na mesma direção em que Scott olhava.
Hector sorriu.
-Qual delas?
-NENHUMA! -respondeu Scott, com os olhos arregalados.
Hector percebeu naquele momento, o quão expressivo o amigo era. Scott era do tipo introvertido, e dificilmente dizia o que sentia. Mas naquele momento, com aquela expressão, ele parecia estar a um passo de entrar em pânico. Os olhos de diferentes cores de Scott corriam pela sala, parecia estar procurando alguém. Hector esperou, sabia que cedo ou tarde eles iriam parar e repousar em alguém. Quando aconteceu, ele sorriu novamente.
-Tá querendo a Myrella, safado?
-Cala a porra da boca, Hector eu tô te avisando! -A expressão dele agora era agressiva.
Antes que as provocações começassem, o professor entrou na sala.
-Bom dia, turma! -A animação do professor Julian era surpreendente.
Julian era um homem branco de meia idade, magro, algo com cabelo e barba pretos, e seus olhos, também pretos, corriam pela sala em sua habitual hiperatividade.
-Hoje a gente tem uma importante aula de geografia, vocês estão prontos? -Perguntou ele, sorrindo.
-Sim. -Responderam vários alunos.
-Sabiam que é feio mentir? -Disse ele, também sorrindo.
Algumas pessoas riram, outras desviaram o olhar, envergonhadas.
-Bem a minha pergunta vai ao menino que tem um olho castanho e o outro vermelho -ele sorriu e olhou para Scott -Desculpe, meu jovem, eu esqueci o seu nome.
-É Scott.
-Curto e grosso, Scott. Obrigado, agora me responda, você sabe como se forma uma tempestade?
-Não.
-Quer saber?
-Não.
-Pelo menos olhe nos meus olhos para me responder.
-Tá bom.
A aula se seguiu normalmente, o professor passou o tempo tentando fazer Scott conversar com ele, mas fracassou. Quando a aula terminou, uma inspetora foi a sala para dizer que teriam aula vaga, e por isso iriam ficar com uma outra turma na educação física.
Assim que foram liberados, Hector correu atrás dos três para explicar o que ele pensava. Quando chegaram ao pátio, eles de afastaram dos outros.
-Olhem, vocês três, a gente tem que ficar quieto sobre o que aconteceu ontem.
Zack olhou para ele, franzindo o rosto.
-Ficar quieto por que? Somos crianças, se a gente ficar quieto vão acabar descobrindo e isso vai ir para a nossa ficha!
-Espere, Zack, vamos decidir com o Joe, então. -Disse David.
Scott se juntou a eles.
-O quê tá rolando? -Perguntou ele, já com a expressão de quem suspeitava de alto.
-Zack vai caguetar a gente. -respondeu David -O cara não quer nem ouvir o que a gente tem pra dizer, já vai querendo bancar o certinho.
-Mas o que vocês querem? -Zack olhou irritado para os amigos -Se descobrirem isso a gente vai ficar com a ficha suja e eu não quero isso!
Scott deu um passo a frente e olhou Zack direto nos olhos.
-Você acha que vai ser só isso, vão nos ouvir nos liberar? Seu idiota, o Governo pode até mandar torturar a gente se aquele cara decrépito daquele buraco for alguém importante. Se você sair abrindo essa sua boca de caçapa por aí, vão vir mesmo atrás de nós, e se suspeitarem que estamos escondendo mais alguma coisa ou estamos envolvidos em algo, podem tentar obrigar a gente a desembuchar de qualquer jeito! Eles podem bater na gente, podem matar nossas famílias, podem arrancar suas unhas com uma tesoura sem ponta, podem até enfiar um pé de mesa inteiro no seu—
Naquele instante, uma bola de vôlei atingiu Scott em cheio na nuca. O garoto cambaleou para a frente e se virou, furioso para trás.
Então, uma garota branca e alta se aproximou, o cabelo escuro voava atrás dela enquanto ela corria, seus olhos negros fixos em Scott. Ele virou para os amigos novamente, e seu olhar encontrou o de Hector, então ele corou e olhou para o chão.
-Oi, desculpe, eu não queria te acertar. -Disse a menina.
Scott não respondeu ela.
-Eu te machuquei? -Ela perguntou e olhou para os garotos
-Tá tudo bem! -Disse David, sorrindo. -Se ele não tá te xingando é porquê ele te perdoa.
Max puxou a bola com o pé esquerdo e fez três embaixadinhas, então chutou ela para o grupo que jogava. A garota sorriu e então se apresentou.
-Oi, eu sou Myrella, eu sou nova aqui no colégio. E vocês?
-Eu sou Hector, o líder do nosso grupo!
-Eu acho que a gente não decidiu isso não. -Disse Zack -Oi Myrella, eu sou Zack, é um prazer te conhecer, eu sou a mente do grupo.
-E aí, eu sou Max.
-Oi moça, eu sou David, sou o engraçado.
Scott não disse nada, então David o chacoalhou pelos ombros.
-Dá oi pra ela logo, seu merda.
Os dois começaram a se empurrar, mas Scott ficou em silêncio.
-Qual é o problema, Scott? -Perguntou a garota -Você ficou nervoso por causa da bolada?
-O Scott é assim mesmo, ele não é muito amigável. -Disse Hector -Mas ele deve querer te dar um oi, é só esperar o tempo certo.
-Moça -interrompeu David -Eu sei que tu é animada e tal, mas se você ficar aqui fazendo amizade com a gente você vai virar alvo de Bullying.
Myrella fez uma careta.
-Eles não vão zoar ela porquê ela é uma garota. -disse Scott.
-Ei, não fiquem assim. -Myrella sorriu -Tá tudo bem, o pessoal não deve odiar vocês tanto a esse ponto.
-Vai lá e pergunta então -Disse Scott.
-Você fala! -A garota sorriu e Scott novamente virou o olhar.
-Não. -Disse ele.
-Para de ser babaca, Scott -Interrompeu David -Desculpa ele, e aliás, seu cabelo é bonito.
Ela riu.
-Obrigada, e você tem olhos lindos.
-Normalmente as pessoas elogiam só eles mesmo. -Disse David com uma tristeza no olhar.
-Oh... Desculpe.
Eles não voltaram a conversar, pois o professor os viu e mandou se juntar às atividades.
Ao fim da aula, as turmas saíram para o intervalo. Os cinco foram a procura de Joe. Scott se separou para ir ao banheiro.
Quando estava indo lavar as mãos, um grupo de três garotos que pareciam ser do ensino médio entraram. Um deles ficou na porta, os outros dois foram até um outro que acabara de sair da cabine.
-Olha só, o baitola entrou no banheiro errado!
O garoto paralisou, então os dois o puxaram para o meio do banheiro, o maior deles o segundando por trás, o líder deles parou de frente para ele e disse:
-O quê que você veio fazer aqui? Esse é o banheiro errado pra tua laia. Agora eu vou te ensinar a não esquecer mais o seu lugar, viadinho.
Scott sabia que uma briga feia ia acontecer ali, então se perguntou se podia parar um dos garotos.
'É inútil' pensou 'eu nem sei que tipo de poder esses caras têm, talvez o alvo deles seja poderoso' ele olhou para o cara na porta e se aproximou dele.
-Me dá licença?
-Depende. -O brutamontes olhou para ele e sorriu.
-Deixem o garoto ir, ele não tem nada a ver com isso! -gritou o garoto-alvo
-E então menino, como vai ser? -perguntou o grandalhão.
-Eu não vi nada. -respondeu Scott.
No fundo, ele sabia que não tinha o que fazer para ajudar o garoto.
-Então pode ir, mas bico fechado. -O brutamontes sorriu e se afastou.
Assim que saiu do banheiro, ele avistou um professor, mas não teve coragem de dizer o que estava acontecendo. Joe apareceu logo em seguida e o cumprimentou.
-Banheiro. -Foi a primeira coisa que ele conseguiu dizer ao amigo. -Agora.
Joe não questionou, apenas entrou.
Scott se arrependeu na mesma hora e entrou atrás.
-Soltem ele. -Joe disse aos valentões.
Joe não parecia ameaçador, ele estava calmo e mantinha a postura, e era natural os garotos temerem ele, pois Joe era enorme. Enquanto Scott chegava a meros 1,53 de altura, Joe tinha 1,96, até o maior dos três valentões era minúsculo perto dele.
-Veio salvar o namoradinho? -Perguntou o líder dos três. O garoto loiro parecia convencido de que venceria em caso de batalha. O grandalhão parecia querer soltar o garoto, enquanto o brutamontes se preparava para atacar por trás.
-Atrás Joe! -Gritou Scott.
Ninguém teve tempo de reagir. Joe apenas girou e esticou o braço, atingindo o brutamontes na cabeça. Ele caiu, nocauteado. O loiro então atacou usando poderes.
Uma energia amarela apareceu nas mãos dele, e ele avançou. Joe também se preparou para a luta, uma luz esverdeada apareceu ao seu redor, aumentando a agilidade dos seus músculos, que se moviam de maneira incrivelmente coordenada. Ele desviou dos golpes do cara, e a energia elétrica que veio do valentão foi espalhada pelo banheiro, atingindo as lâmpadas e as quebrando, Joe então pulou, como uma pessoa normal e, no meio do pulo, seu joelho direito se dobrou em uma velocidade assustadora, atingindo o garoto no meio do rosto. Joe caiu em pé e olhou para o grandalhão.
-Vai soltar ele ou eu vou ter que te dar uma lição também?
O grandalhão soltou o menino, perplexo, assim como Scott e o garoto-alvo, então uma inspetora entrou no banheiro e mandou todos para a direção.
A Diretora apenas deu uma advertência para os valentões, e então liberou todos eles. O menino loiro, com o rosto agora roxo pediu desculpas a Scott e Joe, então se retirou, e a diretora parecia satisfeita. Os dois foram atrás do companheiro.
-Então foi apenas um caso de briga. -disse a diretora a eles.
-Não! -protestou Scott -Eles queriam proibir ele de entrar no banheiro masculino!
-Então eles se resolverão entre eles. Estão liberados.
-Mas eles--
-Eu disse liberados.
Scott tentou protestar, mas Joe e o garoto o retiraram da sala.
-Desculpem por envolver vocês dois nisso. Eu sou Benício García.
-Oi, eu sou Joe Ardenbrough.
-Eu sou Scott Nielsen.
-Bem, eu vou ficar com meus amigos, mas obrigado, vocês dois, de coração.
Benício se afastou, então Scott e Joe foram atrás dos outros quatro. O tempo do intervalo já estava quase acabando, passaram 15 minutos desde o início dele. Quando se encontraram, Zack e Hector estavam brigando para decidir se iriam contar o ocorrido.
Joe explicou para Zack o quê poderia acontecer se contassem, e Zack se acalmou.
-O Scott disse que a gente pode ser torturado. -denunciou.
-Eu não acho que isso vá acontecer. -disse Joe, rindo -Mas que nós possamos ter sérios problemas com isso, é verdade. Vamos evitar espalhar por aí, vamos apenas nos focar em descobrir o que é Gyazom.
-Então era esse o nome! -exclamou Hector.
-Max -disse Joe -Por que você está tão quieto?
-É só um daqueles sonhos que eu tenho.
-Os proféticos?
Max assentiu, e então explicou o sonho estanho.
Depois, todos foram para as salas para terminar suas aulas. No fim do dia, se reuniram na saída Oeste e tomaram o caminho comum. Ao longo da viagem, conversaram sobre os novos amigos, Benício e Myrella, e os meninos passaram a tarde zoando Scott e sua nova paixão.
No fim do caminho, se despediram e foram para suas respetivas casas.
Naquela madrugada, duas pessoas passaram caminhando pela rua em que Max morava.
A silhueta maior murmurava para a menor.
-Logo, eles virão. Você precisa se preparar para o caso de nos encurralarem.
A menor se voltou para a maior.
-Teremos que pedir ajuda se esse for o caso.
A maior, então se voltou para o céu nublado.
-Com essa neblina vai ser difícil alguém nos ver. Mas eu suspeito que teremos atenção indesejada depois da explosão daquele laboratório. Eu soube que havia um cadáver ali no meio. Se for esse o caso, então "Aquele Homem" finalmente reapareceu, e se alguém conseguiu falar com ele, então a Organização acaba de fazer inimigos desconhecidos.
Enquanto eles conversavam, não perceberam, mas na casa ao lado deles um garoto os observava pela janela, pois ele viu eles chegando em seus sonhos.