A Coroa Perdida
Capitulo 2: O fim e o recomeço.
Ano de 120x (Primavera)
— Vamos faça força! Está quase lá.
A enfermeira estava ajudando minha mulher no parto do meu filho, isso é tão apavorante...
— Isso querida está indo bem — disse Raynard III.
Hoje é o dia que meu filho irá nascer, os profetas disseram que essa criança seria um presente para o mundo. Não que eu não acredite neles, mas esse mundo não merece meu filho.
— Eu não vou conseguir... Temos que fazer o que combinamos.
Minha esposa não está conseguindo resistir ao parto, mas nós tínhamos um plano quanto a isso, e custará a vida dela, por que tudo tem um custo tão grande, Deus.
— Eu não posso te perder, deve ter outra maneira — falou Raynard III preocupado com a esposa.
— Ela tá perdendo muito sangue. Vamos preparar uma cirurgia! — indicou a enfermeira.
— Se eu pudesse ser mais útil — pensou Raynard III.
— Amor... — Beretrix convicta de fazer o que planejaram.
— Não precisa! não temos tempo...Eu, eu te amo meu amor. — Refutou Raynard III para a enfermeira.
Concordei em fazer o que planejamos, algum dia serei castigado por ter posto isso em sua cabeça, e de braços abertos eu irei aceitar minha punição, jamais me perdoarei, me desculpe meu filho.
Quando você vier a esse mundo meu filho, a sua mãe não vai mais estar mais entre os vivos. Mas quero que saiba que vou estar sempre com você, independente de tudo. Eu te amo.
— Senhor temos que ir, eles já invadiram o salão — disse a comandante.
— Preparem a evacuação e retire o máximo de civis... Eu só preciso de mais alguns minutos aqui — comandou Raynard III.
A mulher a qual prometi defender com todos os votos de lealdade e casamento, morreu na minha frente sem que eu pudesse fazer qualquer coisa. Tudo que restou do nosso amor foi você, Raynard meu filho.
— Eles estão chegando meu senhor! — avisou a comandante —, em seguida ele respondeu — Leve meu filho para o barco e prepare para zarpar!
— Mas senhor...
— Apenas faça! eu já vou acompanhar vocês.
— Primeira forma leão, liberar!
Nossa linhagem tem o poder das bestas assim podendo usufruir delas, nossa agilidade, força, resistência, visão, e olfato são todos aprimorados, além de possuir traços de um animal parecido com um leão no corpo.
Naquela noite fatídica eu Raynard III derrotei sozinho 4752 soldados inimigos e no mesmo dia nasceu meu filho Raynard Lionheart IV, meu filho zarpou em um barco, fiquei para trás para protege-los, e naquele momento tomei a dura decisão de me não ir com eles, podem me chamar de um pai irresponsável eu tomei ciência disso, mas eu fiz isso para protege-lo, enquanto eu estiver vivo perto de meu filho eles não vão parar até nos matarem, os anos se passaram e logo desapareci.
Ano de 136x (Inverno)
— Eu estou caindo? — falei para mim mesmo.
Eu nunca estive tão próximo do céu como estou agora, as estrelas são tão bonitas... Será que eu morri?
— Ei! acorda, você está bem? está conseguindo me ouvir!? — me interrogou a desconhecida mulher.
Uma voz feminina?...
— Quem deve ser? mãe?... — Perdido em meus pensamentos vagos.
— Não se preocupe eu vou te ajudar!
Eu mal consigo abrir meus olhos e também não consigo mover nenhuma parte do meu corpo, ainda não sei por que estou vivo.
— Fique acordado, você vai ficar bem!
Onde é que estou? Que confortável...Consigo escutar o barulho da lareira e um som de...De um violino, as notas são muito melódicas e soam como mágicas, essa música realmente é muito reconfortante.
— Eu posso escutar seus pensamentos! está na hora de acordar! — me disse a mulher.
Tá, isso certamente foi estranho e talvez coincidência demais, eu estou me sentindo estranho.
— Não, não é! vamos acordando logo, eu já preparei a comida!
Espera um pouco, onde é que eu estou? e como eu posso estar escutando música deitado em uma cama perto de uma lareira?
— Quem é você? e onde estou? — perguntei a linda mulher.
— Hum, vamos lá. Primeiro, não é assim que se fala com uma dama e segundo, eu que te salvei então eu deveria começar com as perguntas!
Essa garota... Ela parece ser muito chata, olha essa roupa dela, até parece daquelas famílias ricas do reino de Anvigard, eu odeio aqueles burgueses, mas como é lei, precisamos ser comportados perto de uma dama não estou certo?
— O-ok... Certo, me desculpe... — eu disse.
— Bem melhor, mas respondendo a sua pergunta eu me chamo Louise e eu cuido desse templo nas montanhas.
— A propósito, como você caiu feito um meteorito e ainda continua vivo? Pra ser sincera aquilo foi muito lindo de ver.
Cai? Meteorito? O que?.
— Espera, do que você está falando? — confuso perguntei.
— Imaginei que você não lembraria..., mas com certeza você não é uma pessoa comum. Vista-se e coma um pouco... Vou te esperar no corredor.
�� Tome. Pegue e coma um pouco.
— Certo...
Minha vida mudou totalmente de uma hora pra outra, é como se eu tivesse esquecido de muita coisa, e todo mundo me conhecesse, mas eu não sei sobre nada sobre mim mesmo e muito menos tenho controle sobre a situação... Eu só quero recobrar logo minha memória.
— Hm..., mas esse ensopado está muito bom — eu disse encantado pela comida.
Eu terminei de comer e resolvi me aprontar, mas é realmente estranho eu estar vivo e bem, considerando tudo que aconteceu isso é estranho até demais. Depois de vestir as roupas novas e limpas eu me virei para ir em direção ao corredor..., mas sinto como se algo estivesse faltando.
Abri a porta e me deparo com a Louise encostada na parede usando um palito de dente.
— Oh você finalmente está pronto, essas roupas ficaram bem em você. Espero que goste demorei muito pra costurar elas — disse ela se gabando.
Haha, quem diria que a dama sabe fazer alguma coisa, me surpreendeu agora, aliás esses burgueses nunca aprendem nada, sempre pedem para pessoas fazerem as coisas por eles e nunca por si mesmos.
— Ah...Obrigado — falei agradecido.
— Então... Que tal me falar o seu nome? Preciso saber de quem eu estou cuidando, a propósito essa espada nas suas costas precisa de alguns cuidados.
— Eu me chamo Raynard e eu agradeço muito pelo que está fazendo.
Mas de que espada ela está falando? A única que eu peguei foi quando eu ainda estava em casa... Eu lembro ainda de quando ela se estilhaçou. Não deve ser a mesma espada, mas pela minha surpresa. Ao desembainhar a espada eu noto que é a mesma espada que meu pai guardava, Isso é muito estranho, a espada está completamente nova e até melhor do que antes, quando completei meus 16 anos, meus pais me disseram que fui adotado por eles, mas eu não me importei muito com isso, por que foram eles que me mantiveram vivo até hoje e eu sou muito grato a isso.
— Mas que cara é essa? Parece até que viu um fantasma, aliás temos que ir logo, tenho que te apresentar alguém — disse Louise intrigada.
Ela fala com um lindo sorriso no rosto, mas ela não vai me enganar, tenho certeza que ela é o tipo de pessoa que eu não iria querer como amiga.
— Está bem...
Depois de um tempo descendo escadas e passando por outros salões e corredores, finalmente chegamos ao que parecia ser o nosso destino, era como se fosse um salão de treinamento e tinha algumas escrituras nas paredes, além é claro de bonecos de treino. Estranhamente essa sala tinha uma energia mágica e marcas de runas estavam espalhadas pelo salão.
— Será que devo pedir isso? — pensei.
— Louise, por acaso podemos duelar? e cadê a pessoa que você iria me apresentar?
— Isso mesmo Raynard! Agora saque sua espada e me mostre do que é capaz! Não vai me deixar esperando vai? Além disso temos tempo sobrando — respondeu ela empolgada com meu pedido.
Eu sinceramente estava esperando que algo assim fosse acontecer, mas agora que ela está bem visível na minha frente, eu posso ver como a sua aura é poderosa.
— Só quero que saiba que essa é a minha segunda vez segurando uma espada! — avisei para ela.
— Não espere que eu sinta pena de você, não é?!
Aiai... Ela acha que vai conseguir fazer algo contra meu corpo?
— Não precisa se segurar pode vi... — falei, mas logo fui interrompido.
Antes que eu pudesse terminar de falar ela atravessou o salão como um raio, eu só conseguia enxergar a energia materializada que acompanhava a sua velocidade. O bater de nossas espadas fez com que o som ecoasse pelo salão todo, Só com um golpe dela em minha espada, meu corpo estava paralisado.
— Fico surpresa por você ter defendido isso, talvez eu tenha subestimado você!
— Atacar enquanto eu to pensando é golpe sujo! — disse eu indignado.
Que habilidade incrível além dessa velocidade sua força não deixa me mover, vou usar tudo que tenho... Talvez assim eu consiga mudar a situação. Droga! meu braço está fervendo, essas marcas de novo? bem que veio em uma boa hora, certo! vou usar isto.
— Que tipo de energia é essa? O que esse garoto tem? — se perguntou Louise intrigada e preocupada.
Merda, isto está doendo mais do que eu imaginava, a última vez que aconteceu isso foi quando eu estava lutando contra uma besta.
— Aaaah!! — gritei.
Eu uso meu braço esquerdo pra dar um soco com toda minha força. Só de levantar meu braço, ela desaparece, uma rajada de luz atravessa o salão desmaterializando tudo no caminho deixando apenas um buraco na parede do salão.
— Merda! se eu não saísse dali... Provavelmente não estaria viva. — Pensou Louise por um breve momento.
— Você consegue ser surpreendente em todos os sentidos! primeiro você cai do céu igual um meteorito, e agora isto?
Lá vem ela de novo com essa história de meteorito.
— Eu não sei como isso aconteceu, me desculpe... E será que dá pra parar com essa história? — eu disse meio aborrecido.
— Isso era um duelo, em um duelo se deve usar tudo que tem disponível ainda mais se for salvar a sua vida ou de alguém que você ame, E EU ESTOU FALANDO A VERDADE SEU ALIENÍGENA! — me zoou Louise.
— HAM!?, ALIENÍGENA? SUA BRUXA QUE SE VESTE COMO BURGUESA! — refutei logo em seguida.
— QUEM VOCÊ TA CHAMANDO DE BRUXA SEU ESQUISITO, VEM AQUI EU VOU TE ARREBENTAR!
Enquanto estamos em uma breve discussão de casal, um velho nos interrompeu dizendo:
— Vejo que estão se divertindo, hahaha... — disse um estranho velho pelos fundos.
Após essas palavras ela imediatamente aparece do meu lado se apoiando em mim e sussurrando.
— Essa é a pessoa a qual eu estava falando, é o meu mestre e mentor — disse Louise convencida.
Ao olhar em direção a voz eu vejo um senhor aparentemente bem velho, mas ainda sim sua aura era tão forte e passava uma energia pura e equilibrada.
— Me desculpa pela bagunça, eu me chamo Raynard.
— Eu sei quem você é! ouvi falar muito de você, já faz tanto tempo que não consigo lembrar dos detalhes — disse o mestre de Louise.
— Mestre! Do que está falando? — logo perguntou ela.
— Você não lembra das histórias que lhe contei quando você chegou até mim? Eram sobre o pai dele, o homem que mudou o continente — falou contente o mestre de Louise.
— SÓ PODE ESTÁ BRINCANDO! VOCÊ É FILHO DO LEÃO DOURADO?! — disse ela empolgada ao ouvir sobre o nome.
Merda... por que essa bruxa é tão barulhenta, meus ouvidos doem com seus gritos.
— Do que vocês estão falando? E que história é essa sobre meu pai?
Ela foi totalmente ignorada.
— Ah...Então você não sabe.
— Você se parece muito com ele — pensou o velho e em seguida ele diz: — Me acompanhem! tenho muito para mostrar.
Onde esse cara está me levando? E que diabos de lugar é este? aliás essa garota é muito surpreendente, ela luta muito bem, aposto que esse senhor pode me ensinar bastante coisas incríveis.
— Aqui estamos, era isso que queria lhe mostrar garoto.
O tal mestre do templo ainda nem me disse seu nome, ele deve tá querendo fazer algum mistério iguais aos livros de aventuras, ele é bem estranho pra falar a verdade, mas o que eu quero saber é.
— Que mapa imenso é este na parede? e que criaturas são essas que estão nela? — perguntei intrigado com tamanha escultura.
— Ouça garoto, vou lhe contar como estão os tempos de hoje e como será sua caminhada, está vendo este mapa? Então ao canto a direita estão a raça dos elfos, eles se acham uma raça pura e que não devem se misturar com outras, ao canto da esquerda estão todas as outras raças do nosso mundo, os elfos travaram uma guerra para tentar exterminar as outras raças para que apenas eles pudessem viver, mas nós estamos resistindo e você pode dar um ponto final nisso tudo, as guerras estão mais lentas, mas até hoje rolam batalhas concentradas, mas...você tem um destino, você veio aqui para nos trazer a paz e livrar o mundo dessa guerra, mas garoto, tome cuidado para não desviar-se de seu caminho, você carrega todo o significado da paz eu sei que é um fardo que não se pode deixar sobre os ombros de uma pessoa só, por isso temos pessoas e seres destinados a te ajudar. Existem pessoas boas e... pessoas muito ruins nessa guerra.
— E que criatura negra é aquela atrás dos elfos? — logo perguntei.
Eu não estou entendendo mais nada.
— Uma fada — disse o mestre com um tom meio sombrio.
Ele disse isso com uma feição séria e talvez traumática. De início não queria acreditar, já me aconteceu tanta coisa, mas essas palavras pesaram na minha mente e alma, o quanto antes eu aceitar e lidar com isso, melhor será, aliás como já disse, ele não me parece uma pessoa ruim, isso pra mim foi um choque e tanto.
— Mestre! se ele é a criança da profecia devemos treina-lo o quanto antes!
— Paciência Louise...hm, ainda temos tempo.
— Profecia? Mas que merda de profecia é essa? — me perguntei em meus pensamentos.
— A propósito Garoto, desculpe... Não lhe disse meu nome ainda, muito bom te conhecer me chamo Raash, eu vou lhe ensinar tudo que ele me passou, é um honra poder te ensinar o que aprendi com ele."
Raash, nome interessante..., mas ele vive falando dele, ele quem? Enfim, parece que ele vai me ensinar alguns truques, isso com certeza vai ser divertido, será que ele vai me ensinar a lançar bolas de fogo? ou coisas desse tipo? fazer cobras dançarem com uma flauta ia ser demais... Acho que pensei alto demais.
— Eu realmente me imaginei tocando uma flauta, e uma serpente saindo de um jarro, será que quando eu tiver 50 anos ainda vou ser retardado? — me perguntei.
— Vou lhe ensinar a empunhar uma espada, você vai aprender a como lutar bem em um campo de batalha de verdade, não pense que vou pegar leve com você, venha vamos ver como você vai se sair.
— Eu não vou me segurar, é melhor você se proteger bem, sua coluna pode acabar quebrando, tome cuidado velhote — eu disse para Raash sendo sarcástico.
Antes dele falar que já poderia começar, eu logo fui pra cima dele com tudo, por incrível que pareça esse velhote defendeu meu ataque sem nem se mexer, eu nunca estive tão rápido mas ainda assim, não foi o suficiente, ele sorri enquanto segura meu ataque apenas com uma mão. — Não ria de mim, lá vou eu de novo — falei. Revidei em um ataque seguido e parti com tudo pra cima dele, mas novamente ele defendeu meu ataque sem nem se mover, ele nem sequer sacou sua espada e me pôs no chão só com as mãos.
— Já desistiu garoto?
Raash estava com um tom muito sarcástico, ele está pensando que pode me vencer?
Esse velho me paga, vou fazê-lo se arrepender com meu próximo movimento, em seguida, eu concentro uma energia imensa sobre minha espada, Raash logo pensou:
— Esse golpe dele parece ser incrível, se eu o subestimar poderei acabar me machucando — falou Raash intrigado com o próximo ataque.
Fui para cima dele com meu incrível movimento, enquanto estava correndo em sua direção ele logo sacou a espada dele e nossas espadas cruzaram golpes, um feixe de luz e faíscas começaram a sair das espadas e logo cessou, raynard furioso se perguntou: — Que merda, pensei que ia ganhar com meu movimento mais forte, mas parece que esse velhote é muito for-.
— Ele desmaiou? bem como o esperado... Se esforçando desse jeito, mas ele é surpreendente. — Pensou Raash surpreendido em seguida ele diz para si mesmo — Olhe o que ele fez com minha espada, está em pedaços.
Eu acordei em uma cama bem confortável, é bem macio e quente, o que? assim que abri meus olhos a Louise estava olhando para mim e logo me disse: — Já acordou seu molenga? você desmaiou por um tempão.
Eu perplexo, levantei bem rápido, não sei por que estava deitado nas coxas dela, que por sinal é muito bom, será que ela é tão gentil assim?
— Quando os dois pombinhos terminarem aí, devemos começar o seu treino Raynard.
Me virando para direção do mestre eu percebo que ele tá um tanto feliz, e talvez até um pouco empolgado com toda a situação. Estou um tanto intrigado com o quanto vou evoluir.
No outro dia.
— É melhor você ficar mais rápido! Seus movimentos estão muito fora de ordem!
Que velho chato, eu estou me estressando.
— Você já está dizendo isso tem 3 dias!
— Então lute com mais vontade!
Eu comecei meu treinamento já faz alguns dias, eu tenho demonstrado algumas evoluções. Algumas de minhas habilidades já se manifestaram, uma delas, foi o faro apurado... Eu consegui sentir o cheiro do ensopado da Louise mesmo de muito longe. Eu notei que consigo enxergar até mesmo espadas em movimento.
— Esse garoto tem muito potencial, é uma pedra rara que deve ser lapidada, em poucos dias ele já está conseguindo sentir muitas coisas — Pensou Raash.
— Isso é o suficiente por hoje, você até que melhorou muito comparado com antes."
— Corta essa! você só sabe reclamar e nunca me revela nada!
No meio do meu discurso rebelde, Louise diz o seguinte: — E então rapazes como está o treino? Eu trouxe um pouco de comida.
Com um tom sarcástico refutei: — O nosso senhor mestre "super poderoso" pode falar pra você...
Caminhei em direção a saída tirando minha armadura e pegando uma tigela que a Louise trouxe, estou pensando em esfriar minha cabeça.
— hummf...
Eu estava tentando descansar, mas, tem muita coisa na minha cabeça e não consigo me concentrar em nada.
— O que aconteceu aqui? — perguntou Raash.
Louise sendo um pouco misericordiosa e compreensível falou: — Não sei... Talvez ele esteja sob muita pressão, somado a fase de crescimento... É realmente difícil pra ele, já deve ter passado por muita coisa e ainda tem que lidar com uma consequência na qual ele não tem culpa.
— Verdade...Isso deve tá sendo muito difícil pra ele — falou Raash em seguida — Talvez você deva conversar um pouco com ele.
Raash parece compreender a situação e pediu para Louise ir me dar uns conselhos, será que esse é aquele tal momento?
— É... Deveria.
Eu não posso depender de ninguém! Eu quero poder proteger as pessoas... Quero ser forte, não posso permitir que aquilo aconteça novamente... Ham?, Aquilo?, Quem são esses dois?.
Fiquei perdido em minha memória e parecia que vi duas pessoas, a Louise em seguida me perguntou:
— Ei Raynard, o que acha de caçar comigo? A dispensa já está ficando um pouco vazia... Acho que deveríamos começar a encher ela. Eu estou indo pra lá essa noite, se quiser vir comigo esteja preparado e me encontre na colina ao anoitecer.
Por algum motivo ela parecia estar com feliz com isso, aquele leve sorriso no rosto dela quase imperceptível.
— C-claro, é digo. Eu vou me preparar antes... Te vejo lá — concordei envergonhado.
Eu estava envergonhado e acabei gaguejando, é a primeira vez que saio sozinho com uma garota.
Eu despercebido Louise disse o seguinte: — Ele ficou todo vermelho, que fofo esse jeito dele.
Ela se despediu e foi em direção ao templo, nunca tinha reparado nisso, mas o cabelo dela é muito lindo... Sem falar no sorriso. É talvez eu deva me preparar pra caçada.
— Que calor é esse vindo da minha mão?
— Fogo! De onde veio esse fogo?
Eu tento balançar minha mão para que o fogo apagasse. Uma labaredas de fogo acaba emergindo enquanto eu balançava.
— Mas que merda é isso?! — me perguntei assustado.
Eu só preciso me acalmar um pouco, respire... Arrgh! Só piorou a situação. Droga! Em uma medida desesperada eu coloco minha mão na direção da neve. Em volta da minha mão em questão de segundos se transformou em água fervente. Que dor forte eu estou sentindo no meu braço todo, eu tenho que controlar isso!
Eu faço um movimento como se fosse arremessar algo com minha mão, e incrivelmente saiu uma enorme bola de fogo.
— HAAA! ISSO É INCRÍVEL, FINALMENTE CONSEGUI!! — gritei empolgado.
Eu faço isso de novo e de novo cada vez mais forte! Até uma grande dor de cabeça interromper todo o meu movimento e anulando completamente minha magia... Fecho meus olhos por conta da dor e quando eu abro novamente, estou cercado por um globo de energia pura. É como se o tempo estivesse lento e calmo dentro do globo... Eu me sinto em paz e relaxado.
Meu lado mágico está uma bagunça, tenho que ter o mínimo de controle se não irei machucar as pessoas que eu gosto.
Acho melhor eu voltar para o templo, não posso me atrasar pra ajudar a Louise. Eu disse que iria e devo estar lá.
Por algum motivo, em meio essa minha epifania e felicidade eu despercebido senti que estava sendo observado.
— EI SEU ALIENÍGENA! VOCÊ NÃO PODE DEIXAR UMA DAMA ESPERANDO ASSIM! DROGA! — me disse Louise bastante estressada pelo meu atraso.
Essa bruxa me irrita bastante...
— EU ESTAVA MEDITANDO! SUA BRUXA LOUCA! — refutei para ela.
— BRUXA LOUCA É SEU CU! SEU ALIENÍGENA! E VÁ LOGO SE TROCAR! — em seguida ela pensou o seguinte: — Droga, esse garoto não consegue fazer nada direito.
Enquanto fui me trocar o velho Raash percebeu a marca em minhas mãos, que problema, agora ele vai ficar me interrogando até amanhã.
— Ei garoto, como você conseguiu fazê-la te chamar pra sair? eu estou tentando isso faz anos, mas que marcas de queimaduras são essas? — me interrogou Raash intrigado com o que aconteceu com minhas mãos.
Por enquanto vou ter que mentir sobre isso...
— Isso não é da sua conta, e as marcas não são nada! Eu só fiz uma fogueira que deu errado.
Depois de ter subido as escadas e finalmente ter chego no meu quarto. Eu acho que vou colocar uma roupa mais ágil, se bem que ela tinha feito uma capa bem resistente, talvez eu devo coloca-la, isso!, será que devo levar essa espada?, a foda-se o perigo está sempre à espreita, agora eu só preciso tomar um banho.
Depois do banho fui correndo no nosso local de encontro.
— Louise! Onde você está? — gritei por ela.
Senti que tinha alguma coisa se aproximando, saquei minha espada por precau��ão, mas era só a Louise.
— Ah...Oi.
Assim que pus meus olhos nela, fiquei paralisado olhando para ela, aquela roupa nela estava ótima.
— Você veio mesmo! Que bom! agora temos que nos concentrar em realizar o máximo de abates o possível. Depois que o inverno chegar, não teremos outra chance! — disse Louise felizmente.
— Tudo bem, me mostre o caminho — eu falei com um tom sarcástico.
Depois de caminharmos um pouco depois da colina, passamos por caminho em montanhas e pequenas cavernas... Até chegar em uma floresta muito densa, as árvores eram imensas e largas. A floresta toda era praticamente um breu, e parecia ser drasticamente mágica.
— Então é aqui que começamos os nossos abates?
— Isso mesmo! Toma acenda as nossas tochas.
Nossa, assim que acendemos as tochas, saiu em enxame de Morgais[1] voando das arvores.
[1] - [Notas do autor: Morgais são umas criaturas inspiradas em morcegos, eles podem medir entre 60cms a 80cms, uma singularidade entre machos e fêmeas são que os machos tem uma bola preto no meio do peito e as fêmeas não, sua mordida pode causar fortes dores de cabeça e febre alta.]
Felizmente, eles saíram voando com medo, certeza de que se viesse em nós dois teríamos dificuldade para lidar com essa horda, fomos andando até o fundo da floresta e foi ficando mais fundo, assim que atravessamos um muro florestal, havia um lindo lago a minha frente, Louise deu uma suspirada.
— Humf, finalmente chegamos, então, meu objetivo não era realmente caçar, eu queria te trazer aqui porque quando estou muito sobrecarregada venho muito aqui, sabe, pra poder esfriar a mente, não é uma vista linda? — me perguntou Louise meio casa da caminhada.
Os olhos dela refletiam o mesmo reflexo da lua sobre o lago, era lindo, eu nunca vi tamanha beleza em uma paisagem antes. Eu estava feliz.
— Louise, obrigado, graças a você estou me sentindo bem mais leve — eu disse sem lhe responder.
— Obrigado pelo que idiota? eu só fi-fiz isso por que eu vi que você estava tendo problemas e-e pensei em fazer algo legal.
Olha só pra ela, toda envergonhada haha, nada mal, nada mal mesmo... Ela sabe realmente ser uma boa pessoa, além de ser barulhenta e fria as vezes, eu perdido nos meus pensamentos ela me pegou desprevenido, ela sentou no gramado verde, e puxou minha cabeça e me disse a seguinte frase:
— Obrigado, de coração, desde quando você apareceu no templo, está tudo mais feliz, o mestre Raash vivia meditando e ele parecia muito infeliz, mas quando você apareceu foi como uma luz para ele, então mais uma vez obrigado — me disse Louise chorando de emoção.
Em meio essas palavras, as lágrimas da Louise escorriam em minhas bochechas, eu não sabia que ela era tão chorona desse jeito, de algum modo ela me fez me sentir especial naquele momento, estou realmente feliz.