A Coroa Perdida
"Mesmo nos esforçando, ainda seremos sempre cobrados."
Capítulo 4:
Cheguei à cidade de Regar, fui imediatamente ao centro, lá tinha algo que eu precisava comprovar para si mesmo, enquanto isso fiquei pensando sobre o que aconteceu no templo.
— Aqueles malditos racistas! Jamais os perdoarei — disse com um profundo ódio e logo em seguida veio o mestre Raash em minha mente e lagrimas caíram enquanto caminhava.
Enquanto eu estava caminhando, sentia sendo perseguido por alguém hostil, não decidi ligar muito e segui meu caminho, o centro estava bastante lotado, eu precisei dar a volta por um beco entre as casas para chegar ao outro lado, então usei minha técnica de clarividência para ver um caminho de fácil acesso, após ver a melhor passagem segui em frente, fui andando até uma encruzilhada, tinha casas de madeira em volta mas era bastante escuro, as casas cobriam a luz do sol. Parei neste lugar então a presença que havia sentido vinha se aproximando.
— Ora ora, parece que te encontrei — desconhecido encapuzado.
— Quem é você? E o que quer comigo? — perguntei sem paciência
— Muito prazer, sou um mercenário, Gustaf, e eu vou matá-lo — disse Gustaf bem convicto.
Neste momento com o nosso diálogo, chegou mais um cara, mas por algum motivo parece que ele ainda está nos espiando, acho que ele está esperando em fazermos alguma ação até que o mercenário Gustaf disse:
— Eu vim matar vocês dois, saia daí mercenário.
Após isso outro mercenário saiu de trás da casa, parece que ele também está me procurando, no momento não vou usar meu poder contra esses caras, talvez deva usar apenas ataques básicos, pronto está decidido.
— Ora, como você sabia que eu estava aqui? — disse o outro mercenário.
Então o Gustaf veio para cima de nós dois, então o ataquei com minha espada, mas ele puxou uma adaga defendendo meu ataque, vi que esse cara é realmente preciso e cauteloso, talvez eu deva ver seu poder, assim estarei mais livre para o combater da minha forma, me concentrei e fiz.
Força: 300
Magia: 200
Poder: 600
Total: 1100
Só isso? Achei que ele fosse mais forte, não precisarei usar minha força, vou ler o do outro mercenário.
Força: 400
Magia: 400
Poder: 700
Total: 1500
Este outro é um pouco mais forte, o que será que esse cara quer com a gente? Sendo mais fraco que nós dois? será que ele esconde sua verdadeira força?
Assim que ele se afastou, o mercenário ao meu lado me disse sobre seu plano, parece ser uma boa ideia atacarmos juntos, mas esse Gustaf me é muito suspeito, então nós dois avançamos em direções opostas para atacá-lo.
— Então esses miseráveis ajuntaram forças huh? — pensou Gustaf.
Ao atacarmos conseguimos tirar seu manto, ele era um tanto estranho, mas naquele momento ao cair seu manto, senti uma aura incrível vindo dele, não pude acreditar que estava escondendo sua força esse tempo todo, ele logo recuou e sumiu nas sombras, mas acredito que teria trabalho ao enfrentar com nossos totais poderes.
— Se aquele cara usasse seu poder total, eu teria trabalho — pensei comigo mesmo.
Antes de me preparar para enfrentar o outro mercenário, parece que ele mudou de ideia.
— Qual é o seu nome garoto? — perguntou o mercenário.
— Meu nome é Raynard — respondi.
— Prazer, sou Arthuro — se apresentou — Sabe, andei pensando aqui depois que vi sua maestria, que tal entrar para a nossa organização de mercenários? — perguntou logo em seguida feliz.
Bom, neste momento estou zerado de unidades[1], então acho que seria uma boa ideia arrumar um dinheiro nesta organização, desde que eu não aceite missões de grande encrenca, até por que os elfos estão na minha cola, então dei a resposta para o Arthuro.
1 - [Notas do autor: unidades é o dinheiro em nosso universo.]
— É pode ser..., aceito a sua proposta, mas como vamos fazer isso? — perguntei.
— Vamos, nós temos um grande caminho para andar, a nossa base fica na capital Terrar — refutou Arthuro cansado.
Por incrível que pareça, este cara parece ser bem tranquilo, não acho que seja uma má pessoa por mais que veio para me matar, então andamos muito, a capital estava a 300 unidades de Regar, então percorremos por um longo caminho enfrentando bestas pelo caminho, parece que formamos um belo duo.
Depois de dias de caminhada e enfrentando os perigos das bestas e bandidos chegamos a capital, a cidade de Terrar, era enorme e lá tinha o famoso exército real e seus miseráveis guardas e talvez aquele Tulius estivesse no exército real também, o Arthuro me levou até um cais que havia na cidade e lá tinha uma entrada secreta embaixo do cais, ao descermos as escadas, tinha uma enorme porta de madeira, então a abrimos.
— O que! Você está louco? Por que o enviou para lá?
— Ele que escolheu aquela missão, não me venha com essa.
Havia dois mercenários discutindo, uma linda mulher alta e ruiva e outro bem definido e escuro.
Ao entrarmos pela porta, todos os mercenários que haviam naquele salão viraram suas atenções para nós, e olharam principalmente para mim, talvez estejam se perguntando o que eu estava fazendo lá, até que a mulher ruiva veio em nossa direção e rapidamente puxou o Arthuro pela roupa o levando para o canto, eu pude escutar tudo com minha audição aguçada.
— Você está louco? O que você está fazendo trazendo este garoto aqui? — perguntou a mulher ruiva para o Arthuro.
— Não se preocupe Sheyla, eu o trouxe para ele ser um de nós, seria um desperdício ter que matá-lo, aliás talvez eu nem conseguiria matá-lo — refutou Arthuro despreocupado com a situação.
— Como assim, você não conseguiria matá-lo?
— Olhe para esse garoto Sheyla, só de você olhá-lo, você sente um absurdo poder, o poder dele é como os dos dez mercenários mais fortes do mundo.
— É, realmente, você tem razão, mas Arthuro, você um dia irá pagar caro por ter quebrado uma de nossas regras — disse Sheyla preocupada com Arthuro.
— Os dez mercenários mais fortes do mundo? — me perguntei.
Após essa breve discussão os dois vieram em até mim, então me pediram para que o acompanhassem, talvez seja para eu me tornar um mercenário oficialmente, andamos até uma outra porta enorme, assim que abrimos a porta vejo uma sala bastante escura, com pouca iluminação, apenas a iluminação das tochas acesas, no meio de uma sala bastante vazia tinha uma espécie de trono.
— Raynard, sente no trono, e assim você se tornara um mercenário — disse Arthuro.
— Como assim me sentar no trono? O que irá acontecer? — perguntei curioso.
— Assim que você se sentar no trono, ele marcará em uma parte do trono o seu nome.
— Por que tem que acontecer isso?
— É apenas um ritual de passagem para se tornar um mercenário, você não sofrerá nenhuma dor não se preocupe.
— Tudo bem, irei lá.
Andei até o trono, assim que me sentei o fogo nas tochas ficaram mais fortes, do nada vejo um brilho no braço do trono e meu nome estava lá, gravado naquela madeira.
— Meus parabéns, agora você é um de nós — disse Arthuro alegre.
— ... — Sheyla apenas observava o evento.
Eu fiquei contente em participar da minha primeira organização em toda minha vida, assim que saímos daquela sala, o Arthuro deu um grito: — AGORA ESTE GAROTO É UM DE NÓS! E ELE É UM PRODÍGIO.
Todos os mercenários que estavam bebendo gritaram de felicidade.
— Aaaaaa!
Alguns deles vieram me cumprimentar e deram uma baita festa, será que todos que entram aqui é assim? Então bebemos e comemos muito, eu estava cansado da caminhada e com bastante fome, sabia que não iria me arrepender vindo até aqui.
— O que você pensa que está fazendo, Arthuro? — sussurrou Sheyla.
— Não esquenta com isso, eu disse, esse garoto nos trará muitos beneficios — respondeu Arthuro confiante — Este Raynard com certeza é o que estou pensando — disse logo em seguida.
Logo Arthuro me levou para conhecer mais o lugar, enquanto isso conversamos sobre os mercenários, ele me explicou quem são os dez mercenários mais fortes do mundo, todos eles tem acesso a todas as organizações, mas não fazem parte, eles tem sua própria organização criada por eles mesmo e eles comandam todas as outras do mundo inteiro, basicamente todas as organizações tem o chefe, mas não é ele que tem totalmente o direito da organização, ele me falou o nome deles em rank do mais fraco para o mais forte.
Sylas, O Carrasco
Kengan, O Carniceiro
Gellius, O Empalador
Faila, A Feiticeira
Roberto, O Pai
Merida, A Cachaceira
Morgan, O Nêmesis
???
???
???
Após ele me falar o nome e o que eles representam, os últimos três mais fortes são desconhecidos pelas organizações, acho que eles não queriam que suas identidades fossem expostas, mas eles são os três mais poderosos mercenários existentes, certeza que são pessoas formidáveis, assim que chegamos aos aposentos eu pulei diretamente na cama.
— Vá descansar garoto, amanhã terá a sua primeira missão — disse Arthuro
— Certo! — respondi contente por fazer a minha primeira missão.
O quarto não era lá essas coisas, mas era melhor do que eu esperava, logo me deitei, a festa ainda continua e a barulheira deles era infernal, mas eu estava tão cansado que dormi igual uma pedra, enquanto eu dormia tive um enorme pesadelo daquele dia no templo, eu vi a Louise jogando um raio em meu peito e também vi meu mestre se sacrificando por mim, lagrimas caíram de meus olhos enquanto dormia.
No dia seguinte, levantei-me bem cedo, eu estava totalmente revigorado.
— Huh? Lágrimas? — se perguntou Raynard — Acho que chorei enquanto dormia — disse logo em seguida.
Pequei minha espada e – Toc, Toc, Toc –, — Já estou saindo! — gritei, assim que abri a porta dei de cara com o Arthuro, acho que ele veio para me levar ao salão, onde tem os painéis de missões.
— Bom dia Raynard — disse Arthuro
— Bom dia Arthuro.
— Está preparado?
— Claro que estou.
Fomos andando até o painel de missões, lá havia uma variação de missões de Rank – F á Rank – SSS, fiquei impressionado ao ver do que se tratavam, iam de coisas bestas até coisas que envolviam toda nação.
— Escolha uma que você deseja — disse Arthuro
Fiquei empolgado já que ele me mandou escolher.
— Sério? Está bem, eu escolho essa aqui.
Escolhi uma missão Rank A
— Humm, Rank A é? Então que assim seja, vamos pegar alguns suprimentos para partirmos.
— Certo vou lhe esperar lá fora.
Assim que eu me virei para ir em direção ao lado de fora, eu senti como se alguém tivesse passado por mim, talvez uma silhueta, talvez apenas um vulto..., mas eu realmente me senti em perigo por presenciar essa energia. Passando pelo salão eu pude ver que eles (os mercenários) pareciam ser boas pessoas, talvez todos tivessem motivos bem pessoais por estarem ali, talvez fosse algo digno ou não. Mas todos estavam unidos por uns códigos e conduta.
Ao chegar do lado de fora eu reparei que a cidade era bem menos movimentada quando estava escurecendo, ela tinha até um clima mais sombrio eu diria. Talvez seja impressão minha, mas não deixa de ser assustador.
Ah, O cartaz... Deixa-me ver, ele é bem velho e parece estar alguns anos pendurado na parede. Por que ninguém o completou ainda?
— Então Raynard, Terminei de pegar os suprimentos e até peguei algumas maçãs, você quer uma?
— Ah claro...
— O que foi? Parece um pouco preocupado.
— Eu acho que devo ir sozinho, não quero mais deixar ninguém em perigo por causa de mim. Eu já perdi muita gente só por estar perto das pessoas... Acho que deveríamos nos separar.
— Não fique tão chateado, pare de pensar nisso um pouco. Além disso formamos uma boa dupla, não é? E também não acho que alguém seria capaz de lutar contra nós dois.
Eu olho para ele e vejo que ele estava bem feliz e confiante mesmo depois de eu ter falado aqui para ele, talvez ele esteja certo.
— Então Arthuro, Eu olhei um pouco o cartaz que eu peguei e reparei que ele é bem antigo. Isso é comum de acontecer?
— Eu acho que sim, temos pessoas bem fortes na nossa organização. Talvez eles não gostem de missões mais fáceis.
Eu acho isso muito estranho, mas ele tem muito mais experiência do que eu nesse quesito...Talvez ele esteja certo quanto a isso, acho melhor eu relaxar um pouco e me concentrar em terminar esse contrato logo.
— Então vamos lá!
— É assim que se diz!
Depois que saímos da nossa organização caminhamos por algumas horas até que saímos da cidade e fomos em direção a um vilarejo que colocou a recompensa, um tempo se passou até que finalmente paramos para descansar um pouco da caminhada que era bem longa até o destino final.
— Então Raynard, existem alguns cartazes seus espalhados por alguns lugares e ouvi relatos de que seus cartazes estavam eu outros lugares do mundo também. O que você fez para que isso acontecesse? Digo, se você realmente tiver culpa.
— Eu não sei, todo mundo sabe mais de mim mais do que eu mesmo, eu só queria ter vivido uma vida simples e normal, mas tudo que me cerca acaba em morte ou destruição.
— É o que eu pensei, você não parecia ser uma má pessoa quando eu vi você de longe, mas agora eu tenho certeza de que você é um bom rapaz. Nada disso é sua culpa Raynard, nada.
Eu escuto as palavras dele olhando para aquela pequena fogueira que aviamos acendido pouco depois de pararmos para acampar, eu vi muitas das minhas lembranças através daquelas pequenas chamas... Eu quero poder ser capaz de ajudar a todos, mas parece que quanto mais eu tento menos eu consigo alcançar meu objetivo...
— Espera! escutou isso?
— Sim! Vindo pela esquerda em grandes quantidades.
Graças a minha audição que eu treinei com Raash, eu sei de quantidades e distância.
— Você é bom mesmo huh?
— Isso foi coincidência.
Talvez seja bem mais do que eu havia escutado e agora que estão se aproximando não acho que seja humano nem lobos ou coisas desses tipos.
— Aranhas! São malditas aranhas!
— Fique perto de mim!
Ficamos de costas de um para o outro e com minha mão eu conjurei um círculo de fogo para nos cercar e manter o máximo possível daquelas aranhas longe da gente.
— Espera Raynard, como que você fez isso?
— Não temos tempo pra respostas!
Elas começaram a saltar por cima da barreira e eram tão numerosas que era difícil cortar todas antes que atingisse a gente, por alguns instantes eu comecei a ver as coisas de uma forma diferente, parecia até que tudo estava com lentidão... Meus reflexos estavam ainda mais apurados, consegui cortar cada uma delas uma por uma.
Acho que graças à caminhada a cidade de Tera, enfrentando bestas e tudo mais, melhorei ainda mais.
— O que aconteceu com esse garoto?
— Parece que elas estão indo embora.
— Ainda bem... Estava começando a ficar cansado — disse Arthuro
— Acho que não devemos ficar aqui por muito tempo, devemos ir para o nosso objetivo o quanto antes.
Depois que recolhemos nossas coisas e apagamos a fogueira, corremos o mais rápido o possível em direção a vila que havia colocado o cartaz, as depois de horas correndo sem parar, chegamos enfim na cidade do contrato... Mas a cidade estava completamente vazia e sem vida, havia marcas de presas dentre outros sinais de brigas.
— O que aconteceu com essa cidade?
— Não sei garoto, mas tenho certeza de que aquelas aranhas têm algo a ver com isso.
Vasculhamos a cidade em busca de sobreviventes ou algo que pudesse nos ajudar a resolver o que tinha acontecido por ali, talvez até uma pista do que seguir.
— Tô sentido a aura de alguém... Ali!
— Deixa comigo Raynard!
Ele correu tão rápido que sua capa ficava aos ventos, era tão natural quanto uma raposa..., mas ele conseguiu capturar a quem se mexia na penumbra daquela cidade abandonada.
— Quem é você? E o que faz aqui!?
— E-eu sou apenas um andarilho vasculhando a cidade se-senhor... — disse o desconhecido
— Ele sabe de algo, devemos torturá-lo? — falei tentando assusta-lo
— Não... Acho que ele vai falar não é mesmo?
— Tá tá tá eu sei o que está acontecendo por aqui, apenas me soltem por favor!
— Pode soltá-lo, ele não vai correr mais do que a gente de qualquer forma.
Me aproximo na direção do suspeito e coloco uma marca de detonação bem no centro do peito dele.
— N-Não sei senhor...
— Então tenho o prazer de te explicar, isso é uma marca de detonação, se você ousar correr ou mentir para mim, eu detono e você morre antes de poder dizer qualquer palavra, então fale o que souber se não pode ser a última coisa que fará.
— Raynard... — disse Arthuro um pouco assustado.
— Eu falo, eu vou falar apenas não me machuque... Foram os garras negras, eles são aliados dos elfos e dos outros exércitos inimigos desse continente, eles vieram à alguns anos e soltaram aranhas biologicamente modificadas para que pudessem controlar toda a vila por meio do medo, mas isso saiu completamente do controle. As aranhas em pouco tempo se mostraram mais fortes, rápidas e inteligentes, com medo do que pudesse acontecer eles fugiram e deixaram essa marca de destruição, elas fugiram para as montanhas das cavernas e se desenvolveram agora elas são numerosas e fortes... Eu preciso sair daqui.
— FALE MAIS! — saco a minha espada e aponto pra garganta dele.
— Elas começaram a ir mais longe do que apenas esse vilarejo, atacam vilarejos, grandes cidades, viajantes e cargas importantes... Há relatos de que elas escolheram uma rainha e possuem uma hierarquia interior de aranhas... É muito perigoso ficar por perto de onde elas costumam agir... Me deixe ir embora antes que elas venham.
— Pode ir... — ordenei ao morador tirando o selo de detonação dele.
Ele correu como se tivesse visto um demônio... Eu acho que temos grandes problemas pela frente.
— Raynard... Devemos recuar e solicitar ajuda aos nossos aliados.
— Não vou envolver mais ninguém nisso, se não quiser vir comigo eu entendo.
— Você está ficando louco? Essa missão está fora de controle, e pelo que eu ouvi desse cara isso é uma missão Rank S, já entendi... Você não vai recuar certo?
— Não, não vou.
— Então eu vou com você.
— Certo, então vamos garantir total aproveitamento — coloco uma marca de detonação em mim.
— Esse garoto é louco — pensou Arthuro
Vagamos em direção as montanhas na qual o sujeito havia nos falado, no caminho só havia trilhas de restos de animais e outros seres, parece que elas devoravam tudo que tinha sangue. Apenas árvores, plantas e alguns insetos ficavam vivos na área afetada por esses monstros.
Após passarmos por pontes em decadências e subir por grandes ladeiras. Chegamos perto de onde ficava o primeiro ponto de concentração delas, eu podia sentir a presença de algo ameaçador e me sentia uma presa sem poder ter nenhuma reação, alguém estava nos observando com sede de sangue.
— Estamos sendo observados. — falei em voz baixa.
— É eu posso sentir.
— Raynard olhe — ele apontou para uma criatura a muito distante.
Provavelmente tinha 2,10 metros de altura era descomunalmente dotada de músculos e grandes braços com garras em suas extremidades. Olhos escuros com um vermelho no centro que destacava sobre tudo, aquela criatura estava nos olhando atentamente sem dar nenhum passo, estava apenas esperando o melhor momento ou qualquer sinal de luta.
— Consegue calcular os atributos daquilo? — disse Arthuro com uma voz assustada.
— Não... Apenas a aura que cerca ela.
Aquela criatura começou a se agachar como se preparasse para saltar em nossa direção, mas seria impossível ela saltar daquela distância até onde estávamos.
— Se prepare — disse Arthuro em voz alta.
— Cert-
Antes que eu pudesse terminar de falar aquela criatura saltou em uma velocidade imensa na minha direção, apenas pude ver o rastro de impacto que ficou no chão da qual ela saltou... Tive apenas a reação de defender aquele ataque, minha espada estava tremendo por causa da força desse monstro, parecia que ela ia se partir.
— Estou indo! — disse Arthuro
Antes que ele pudesse fazer um ataque, a criatura o chutou para o longe com sua pata traseira.
— Arthuro!
A criatura não demonstrava esforço nenhum em sua face, ela está em um nível muito superior da qual havíamos lidado anteriormente.
A criatura permanecia sem demonstrar nenhum tipo de reação, até parecia que estava morta.
Usei toda minha força para que ela se afastasse de mim, isso fez com que a criatura fosse arremessada contra a parede em alta velocidade, um buraco se formou onde ela havia batido.
Levantei minha mão na direção da criatura e emiti uma rajada continua de fogo.
A criatura foi aos poucos saindo do buraco e segurando com dificuldade a rajada contínua de fogo que saia de minhas mãos, até que paro de usá-las e ela cair no chão fervendo, mas ainda parecia estar firme para lutar novamente, sem dar chances eu salto em direção a ela com minha espada.
Após saltar em direção a criatura, ativei uma técnica que aprendi no templo treinando, primeira técnica de fogo: "Espada de Fogo Verdadeiro", assim ativo uma chama incessante em minha espada, com isso posso cortar até o aço, avancei atacando ele, ataquei por cima e ele defendeu com seu braço, mas sua carapaça indestrutível estava rachando, eu pude ver sua expressão em seu rosto de desespero ao ver sua carapaça rachando, assim continuei a atacando incessantemente sua casca.
Eu não queria me cansar com esta criatura, então usei minha outra técnica.
— "Corte da Luz!" — gritei.
Assim a ataquei em alta velocidade com a espada em chamas em todas as direções assim inutilizando sua carapaça, quando vi sua carapaça caindo vi por baixo daquela criatura um ser totalmente escuro e uma aura roxa subindo.
— Gwaaaaaaaaaar! — gritou a criatura, elevando sua aura ao ar.
— To vendo que esse vai dar trabalho, merda — disse Raynard meio chateado.
Antes de ver qualquer coisa, senti apenas uma silhueta se aproximando e o ar deixado para trás pela criatura, instintivamente defendi seu ataque lateral, foi o suficiente pra me fazer sair do lugar de onde estava, ela estava me empurrando para longe com seu ataque rápido.
Parece que ao cair sua carapaça, sua velocidade aumentou drasticamente e sua força também — Essa criatura realmente é incrível — disse comigo mesmo. Enquanto estávamos nos encarando o Arthuro veio correndo em nossa direção, parecia que ele não estava com machucados, fiquei aliviado por isso.
— Raynard! Eu vou te ajudar, aguenta aí — gritou Arthuro preocupado.
— Não! Não venha Arthuro, essa criatura e mais perigosa do que pensei, fique longe — ordenei.
— Tem certeza?!
— Tenho! Pode contar comigo.
Então Arthuro ficou observando de longe, até porque eu não quero envolver ele nas minhas lutas, eu não estou preocupado em derrotar essa criatura, estou preocupado em ter outras mais fortes do que ela, parece que é hora de parar de brincar de luta e levar isso a sério, concentrei minha aura no poder de fogo da espada, assim elevando mais ainda o poder, estava difícil de respirar em minha volta, o fogo estava tão forte que estava queimando o oxigênio, com minha aura um pouco elevada aumentei minhas estatísticas, a criatura não conseguia se aproximar pois o ar em volta estava queimando, por algum motivo tenho uma grande resistência a fogo.
Avancei rapidamente na criatura, ela não conseguiu nem perceber quando cheguei perto, assim a cortei ao meio indo parar do outro lado, diminui minha aura e guardei minha espada, enquanto isso caia metade do corpo dela todo chamuscado, antes de cair no chão virou apenas cinzas.
— Esse garoto é um monstro — pensou Arthuro impressionado.
Logo fui correndo até o Arthuro para ver se ele estava bem.
— Está tudo bem Arthuro? Se machucou? — perguntei.
— Não, não, está tudo bem — respondeu Arthuro — É sério que ele está perguntando se estou bem? Eu que deveria o perguntar isso — pensou Arthuro.
— Você está bem mesmo? Não há nada de errado?
— Não, está tudo ótimo — respondi.
— Que talento incrível esse garoto tem — pensou Arthuro.
Seguimos em frente com a missão, talvez essa missão realmente não fosse para qualquer um, tenho certeza que se fosse outra pessoa enfrentando aquela aranha humanoide já teria sido morta, após entrarmos em uma floresta a neblina que havia lá tinha ficado mais densa, logo a frente podemos ver uma caverna imensa, tinha teias em volta.
— Arthuro, acho que aqui que devemos entrar, talvez lá dentro esteja o verdadeiro problema.
— Sim, vamos logo!
Fomos correndo até a caverna, ainda bem que trouxemos suprimentos, acendemos uma tocha, havia muitas aranhas menores, mas todas saíram correndo, adentramos mais a fundo da caverna até que encontramos um parte onde brilhava com um tom forte azul, até não precisarmos mais da luz da tocha, antes de me dar conta, vimos uma aranha gigante descendo do teto, parecia ter dez vezes o meu tamanho.
— Bem vindos, rapazes, eu os estava aguardando — disse a aranha gigante com uma voz megera.
— Você fala? — eu e Arthuro perguntamos ao mesmo tempo assustados.
— Claro, eu sou a rainha, não há ninguém acima de mim — disse a aranha megera.
— Como você sabia que estávamos vindo? — perguntei.
— Minhas filhas me contam tudo, aliás você MATOU! minha filha mais forte — disse ela com o tom de voz aumentado.
Parece que seu temperamento é curto, não sei o que devo fazer com ela, o Arthuro parece estar incapaz de falar qualquer coisa.
— Não se preocupe rapazes, não irei fazer nada com vocês, aliás minha filha mais forte morreu.
— Então o que você quer de nós? — perguntei.
— Sabe ultimamente estamos muito famintas e os humanos desse vilarejo já comemos todos.
— VOCÊ QUE MATOU TODOS OS HUMANOS DAQUI?! — perguntou Raynard raivoso.
— Claro, estamos famintas a muito tempo, minhas filhas precisam crescer e eu preciso me reproduzir.
— Mas o que você fez foi inadmissível, você matou muita gente, e pela minha missão não posso deixá-la viva.
— Raynard, você deve fazer sua escolha, você vai matá-la ou deixá-la viva? — perguntou Arthuro.
Por mais que eu esteja indeciso e meu corpo esteja tremendo, tenho que fazer isso pelo bem da missão, ou muitas pessoas podem morrer pela minha decisão, eu entendo seu lado, mas é sua espécie ou minha espécie, um dia com certeza serei odiado pela minha decisão.
— Me desculpe aranha rainha, ou é minha espécie ou é a sua.
— Entendo, já previa sua decisão, bom não tem o que fazer né — disse a aranha rainha com baixa autoestima — Ao menos, leve a minha filha mais inteligente, Silvia, pode me prometer isso? — perguntou logo em seguida.
— Obrigado por concordar comigo, eu te prometo que a levarei e a protegerei.
A aranha rainha me deu sua filha, ela saiu de trás de sua mãe, assim que a vi ela parecia uma criança humana, mas tinha traços aracnes, um dia irei me arrepender, de minha decisão.
— Arthuro leve-a para fora por favor — falei com um tom triste.
— Certo.
Após isso com muito remorso, incendiei toda a caverna, eu usei a chama mais forte que havia em mim, para que a morte delas fossem de forma indolor, graças a minha resistência ao fogo fiquei lá assistindo aquela cena de todas elas virando cinzas, para nunca mais me esquecer desta decisão que tomei, talvez carregarei toda a culpa em mim por anos.
Sai da caverna triste, e do lado de fora caiu uma forte chuva, eu, Arthuro e Silvia fomos para o vilarejo para nos abrigarmos, ao entrar em uma casa abandonado acendemos uma fogueira.
— Moço, onde está minha mãe? — perguntou inocentemente Silvia.
Quando Silvia fez esta pergunta, logo comecei a tremer, o Arthuro olhou para mim tentando me dizer para eu mentir para ela, assim o fiz.
— Me desculpe Silvia, não consegui proteger sua mãe, e-ela me deu você para eu poder te proteger, eu juro pela minha vida que vou protegê-la — falei para a Silvia chorando.
— Não se preocupe irmão, eu ainda estou aqui, você prometeu a ela e ainda estou aqui viva — disse Silvia chorando.
Estas palavras me tocaram profundamente, eu me culpo por ter mentido para ela e me sinto contente por ela estar aqui, suas palavras me ajudaram a tirar um grande peso em minhas costas, ela agora vai ser como uma irmãzinha para mim e vou protege-la a todo custo. Arthuro estava com um sorriso meia boca olhando para a fogueira e Silvia estava dormindo apoiada em minhas pernas.
— Raynard, pode descansar um pouco, você que fez totalmente a missão, deixe que eu fique de prontidão.
— Não se preocupe Arthuro, estou bem.
Logo em seguida cai profundamente no sono.