A Coroa Perdida
Capítulo 8: Uma mulher...
"Fazer escolhas é realmente difícil, mas as respostas são encontradas no coração."
— Paz! Finalmente nos encontramos de novo — disse Sig Wald feliz.
— Realmente, eu tive uns problemas, então não queria te envolver...
— É eu percebi, Raynard eu sou o aspecto da proteção, meu dever é proteger vocês, por mais que eu pareça o mais novo, ainda sim este é o meu dever.
— Entendo... Não se preocupe, eu consigo me virar — disse cabisbaixo — O que você veio fazer aqui? — perguntei em seguida.
— Paz, preciso te contar uma coisa.
O ar ficou meio tenso, por causa do que ele queria me dizer.
— Eu encontrei a Delila, o aspecto do amor, e ela precisa muito da sua ajuda, porque o que está prestes a acontecer pode por todos nós em risco.
— Você encontrou outro aspecto?! Quantos de nós somos?! O aspecto do amor? E que tipo de problema ela tem? — fiz muitas perguntas empolgado em saber que existem outros aspectos.
— Calma, vou lhe explicar, nós somos 8 aspectos certo? Mas acontece que dentro do aspecto do amor tem o nono aspecto dentro dela.
— Dois aspectos dentro de uma pessoa só?! — perguntei preocupado.
— Sim, ele é um aspecto ruim, apenas com rancor de todos os aspectos por não o aceitar, ele faz muitas atrocidades por isso nossos antepassados o selaram, no caso o aspecto da paz.
— Meu antepassado?... Mas eu não consigo, eu não sei usar o poder do aspecto.
— Você entrou em contato com ele certo?
— Sim como você sabe?!
— Nós... Temos uma conexão, todos nós, quando você entrou em contato com o seu aspecto, todos sentimos que você voltou.
— Eita porra, agora fodeu.
— Não, tá tudo bem, é normal — disse Sig Wald dando risadas.
— Tá rindo do que?
— Nada... Nada.
Perto dos cogumelos gigantes estavam a Silvia e a Sheyla, parecia que elas estavam tentando nos entender.
— Olhe só aqueles dois... Se divertindo em um momento como esse, bando de irresponsáveis — disse Sheyla — O Raynard! Agora não é momento pra lazer, nós somos fugitivos lembra?! — gritou comigo em seguida.
— Nossa, aquela ruiva é braba não acha? — disse Sig Wald com uma expressão de temor.
— A sim, ela realmente dá medo.
— Me apresente depois, achei ela uma gata.
— Acho melhor você não ous-
Antes de eu terminar de falar Sig Wald já estava encima da Sheyla tentando canta-la, logo em seguida ele tomou um soco na cara que voou até o outro cogumelo gigante, vou disfarçar minha risada.
— Aiai, agora você me atrai um tarado? Com quem você fica andando Raynard... — disse Sheyla enquanto vinha andando em minha direção.
— Ah... Ele salvou minha vida, ele é uma pessoa incrível, perdoe ele por favor — disse com um riso meia boca.
— Rumf, vocês não respeitam nem a Silvia, ainda bem que estou aqui com ela.
— Sim, te agradeço muito por isso.
Então tudo do nada voltou ao clima normal, e Sig Wald ainda estava lá caído, acho que ele desmaiou... Aspecto da proteção uma ova.
— Raynard... Eu não queria acreditar, mas vocês realmente são aspectos? Os seres lendários que sempre vi nas história da minha infância?
— É, acho que sim, eu também estou tentando me adaptar...
— Incrível, por isso você conseguiu derrotar o Sylas, então essa é a força de um aspecto... — disse Sheyla — Eu já estou sentindo falta do Arthuro... Ele me prometeu que não iria morrer... Mas... — disse em seguida enquanto chorava.
Eu não poderia ver ela chorando daquele jeito, naquele momento eu tive que ser forte, se não poderia desabar junto com ela, então me aproximei e a abracei para reconforta-la, eu não sei se adiantaria alguma coisa, mas queria mostrar que ela não estava sozinha, eu andei pensando... Que muitas das promessas que eu fiz e não consegui cumprir com nenhuma delas, eu estou com uma angustia enorme por causa disso, mas eu tenho que ser forte, eu não posso desabar em um momento como esse, mesmo que não consigo cumprir minhas promessas, eu vou morrer tentando.
Sig Wald logo se levanta e começa a andar em frente, parando pra observar o local. Percebo que esteja um pouco mais sério do que de costume, acho que eu nunca o vi desse jeito. Acho que as coisas estão ficando mais tensas.
— Ele está nos espreitando... Temos que sair dessa floresta o quanto antes. — Disse Sig Wald com a feição de raiva.
Termino de falar com a Sheyla e me levanto pra ir em direção do Sig Wald, Olho pra Silvia enquanto caminhava. Agora que estou parando pra analisar, ela está bem grandinha já, ela é tão fofa quando está brincando...
— Do que você está falando Sig Wald?
— Silêncio... Estou tentando descobrir onde ele está.
O que ele está pensando? Não tem ninguém aqui, e se tivesse alguma coisa que demonstrasse algum perigo ou que pelo menos tivesse uma grande concentração de magia eu poderia senti-lo.
— Tem algo que eu pos-
Antes que eu pudesse terminar de falar, ele havia conjurado uma lança de jade imensa. Um humano comum não conseguiria levantar aquilo com uma mão, pelo menos não com aquela facilidade, era como se ele estivesse segurando um pequeno bastão.
— Hehehe te achei ! — Disse Sig Wald com um sorriso divertidamente perverso no rosto.
Ele arremessou sua lança em direção do lado de fora da floresta, talvez algo estivesse nos seguindo e nos observando em silêncio.
— Será que você me dizer o que está acontecendo aqui? — disse com voz de raiva.
— Um fofoqueiro estava nos vigiando, acho que estava seguindo vocês há algum tempo.
— Você poderia me dizer quem seria?
— Não sei ao certo, mas eu pude perceber muitas dessas coisas observando tudo em sua volta, e o mais estranho... Eles possuem a mesma energia mágica, muito provável, que sejam da mesma fonte mágica.
Logo após ele dizer isso eu pude lembrar que as mesmas coisas que me observava, tinham a mesma energia mágica. Isso é estranhamente assustador, eu devo começar a tomar mais cuidado com esse tipo de coisa, pode comprometer e colocar em risco a Sheyla e Silvia, apesar de que a Sheyla consegue se virar sozinha.
— Temos que sair logo daqui, tenho que te levar até a Delila — disse Sig Wald.
— Já que todos corremos perigo, não tenho escolha, vamos!
O Sig Wald disse que o lugar onde o aspecto do amor estava era bem distante, então vamos precisar parar no caminho para podermos descansar, ao sairmos da floresta, vi o Hamitt olhando para nós indo embora, ele me perguntou se eu encontrei minha resposta, eu o respondi.
— Acho que sim...
— Que bom, paz, proteja todas as florestas.
— Eu vou morrer tentando.
Então partimos, parecia que os guardas não estavam mais nos seguindo, talvez cansaram, isso é muito bom por sinal, eu acho que agora me recuperei, mas não quero lutar agora, espero que o aspecto do amor aja jus ao título para não nos dar de cabeça, após andarmos por três horas em uma estrada de lama que havia poucas árvores em volta, tinha uma pequena cabana na beira da estrada, aproveitamos para nós abrigar já que estava chovendo muito.
— "Prirskora Plot" — disse Sig Wald levantando suas mãos.
Nota: Proteção Divina.
— Ham? O que foi que você fez? — perguntei enquanto Sheyla e Silvia estavam confusas.
— Eu conjurei uma barreira em volta, para ninguém nos detectar, aliás tenho que te contar uma coisa Raynard.
— O que pode ser?
— Existe um mal no mundo e somos feitos para derrota-lo, eu não o conheço, mas os aspectos foram feitos para combate-lo.
— Fomos feitos para combate-lo? E que tipo de mal é esse?
— Eu já disse, não sei, mas ele é algo imensurável, e alguns de nós fomos nos perdendo com o tempo, atualmente os aspectos não cooperam entre si, podendo até nos matarmos.
— Sim... Eu entendo, meu aspecto me disse que além de tudo nós temos nossos próprios propósitos.
— Sim, o meu disse mesma coisa.
Enquanto estávamos conversando Silvia adormeceu no colo da Sheyla, o som da chuva estava agradável naquele momento.
— Parem de falar alto porra — disse Sheyla bem baixo.
Olhamos um para o outro assustados pesando que Sheyla faria algo com a gente. Logo ficou uma serenidade no ar...
— Sabe, eu era alguém nobre e odiava as pessoas, mas quando uns assaltantes roubaram minha casa e mataram minha família, eu fiquei impotente e sem capacidade para defende-los, eu morri protegendo meu irmão mais novo.
— Então você também morreu...
— Você também ressurgiu como um aspecto depois da morte? — perguntou Sig Wald empolgado.
— É, eu morri tentando proteger meus amigos, mas não consegui...
— Ahh vamos lá, não desanime, você pelo menos foi heróico, eu era uma pessoa horrível e não gostava de ninguém, ainda bem que eu mudei, hehehe — disse Sig Wal tentando me animar com um sorriso no rosto.
— EU FALEI PARA NÃO FALAREM ALTO PORRA!! — gritou Sheyla.
— Mas é você que está falando alto — disse eu e Sig Wald ao mesmo tempo.
Sheyla logo percebeu e tapou a boca e se calou, a Silvia não acordou, apenas se mexeu, a chuva estava piorando, mas graças a barreira do Sig, ela não penetrava, estava anoitecendo e eu fiquei pensando no que eu poderia fazer a respeito da Delila.
— Eu nem sei como usar meus poderes como aspecto direito... Talvez não vá dar certo, talvez possa causar alguma coisa pior e por todos em risco.
Estava meio cabisbaixo, e todos acabaram caindo no sono, Sig estava parecendo um porco roncando, então não dava para eu por dormir, estava bastante escuro, peguei umas madeiras que estava na casa e fiz uma fogueira.
— Mané, vamos levantar esse astral, você está me fazendo ficar triste também — disse a espada enquanto Raynard acendia a fogueira.
— Que susto que você me deu — falei enquanto botava a mão no coração.
— Tá devendo mané?
— Idiota, fale baixo.
— Raynard... Tem algo estranho em você.
— Como assim estranho?
— Depois de lutarmos com aquele cara, comecei a sentir uma coisa estranha vindo de você.
— Eu estou me sentindo normal, só estou um pouco cansado.
— Porque não dorme?
— Não dá pra dormir com um porco aqui.
— Você é frescurento isso sim.
Depois dele me falar essas palavras fiquei com um ódio... Mas depois disso ele não falou mais nada, e se calou do nada, como sempre faz, qual é o problema dessa coisa? Só fala comigo para me encher a paciência... Na próxima vez ele vai ver só.
Não consegui dormir a noite toda, e rapidamente amanheceu, precisávamos partir, mas a fome estava demais, assim que amanheceu eu decidi ir dar uma volta em busca de comida, peguei as frutas das árvores e havia um pequeno lago entre as matas me permitindo facilmente pegar peixes. Assim voltei para a cabana e assei os peixes na fogueira, antes de me dar conta o Sig acordou num alvoroço e avançou no peixe deixando apenas a espinha.
— Ufa... Pensei que ia morrer de fome — disse Sig Wald com a mão na barriga.
— Ei! Seu filho da-, tem gente pra comer ainda — disse com raiva.
— Ahh, tem pra todo mundo, para de ser estressadinho — disse Sig Wald sarcástico.
Sheyla e Silvia acordaram normalmente, e nos deram bom dia, assim que elas terminaram de comer nós partimos.
— O seu tarado, você não explicou uma coisa — disse Sheyla.
— Ei! Eu não sou tarado! E o que exatamente eu não expliquei?
— Onde diabos é esse lugar que nós vamos?
— Calma tia Sheyla... — disse Silvia tentando relaxar a situação.
— Bom... Vamos ter que precisar atravessar o mar numa embarcação.
— Meu deus...
— Lá vamos nós de novo... — pensei enquanto estávamos andando.
Sig disse que não faltava muito para chegar no porto, mas vindo do Sig é difícil, francamente... Não que eu não confie nele, mas ele é muito exagerado, e barulhento, eu acho que isso que faz ele ser único, me senti feliz por ele está conosco, realmente nos traz um ar de segurança, chegamos a uma montanha e subimos ela pela passagem que tinha pela floresta, mas algumas criaturas começaram a surgir.
— Vamos, daqui já dá para ver o porto, fiquem perto — disse Sig Wald.
As feras começaram a nos seguir, mas o Sig invocou várias lanças nos céus, assim eliminando todas as criaturas que estavam em nossa volta.
— Nossa, isso foi incrível Sig — o elogiei.
— Esse também é o poder do meu aspecto "Kropen" — disse Sig Wald convencido.
Nota: Chuva da morte.
Então descemos a montanha pela única trilha que tinha até o porto, de lá consegui ver de longe que era um local cheio de gente de todo o tipo, era muito tumultuado, ao descermos a montanha entramos em um beco que dava a rua principal do porto, tinha todo o tipo de comércio, ao chegarmos na rua havia um barco que iria zarpar em uma hora, então aproveitamos para descansar lá perto.
Tinha uns caras bem mal humorados olhando estranhamente para nós quatro, não queríamos arrumar mais confusão ainda, por isso decidimos se afastar e esperar a embarcação, uma hora se passou e tinha muita gente embarcando junto com a gente, ao chegarmos lá precisávamos comprar um ticket numa banca em frente ao barco.
— Ainda bem que eu tenho umas unidades de sobra — falei.
— Deixa comigo, eu pago — disse Sheyla logo em seguida.
— É... Tá bom — falei.
Muitos dos caras que estavam lá perto ficaram com olhares maliciosos para a Sheyla, mal sabem eles que vão se dar mal se tentarem alguma coisa, ela é de dar medo, então ela acabou comprando todos os nossos tickets e saiu andando de uma forma bem convencida.
Então embarcamos com um monte de gente suspeita, a forma que nos olharam não era nada agradável, se ousarem tentar alguma coisa eu dou um jeito neles, o problema é que estamos num barco... Espero que não aconteça nada.
— Atenção! É hora de zarpar! Quem não embarcou ainda se apresse! — gritou o capitão do barco.
— Opa, lá vamos nós — disse Sig Wald.
— Irmão, eu nunca andei de barco, eu estou com medo — me falou Silvia.
— Relaxa, só fique perto da gente ok? — respondi tentando conforta-la.
— Uhum — balançou a cabeça Silvia.
Nosso destino era a ilha de Torven, o Sig disse que lá estava a Delila e que ela estava nos esperando em uma caverna, quando o barco zarpou até então estava tudo calmo.
— Opa, vai balançar — disse Sig Wald para a Silvia — Segura em mim — disse logo em seguida.
— Deixa ela comigo, seu tarado — disse Sheyla com ciúmes.
— Para, assim você vai estragar minha reputação.
— Rumf...
Sheyla segurou a Silvia com ciúmes do Sig, eu estava disfarçando meu riso de longe, enquanto estávamos no mar veio uma enorme brisa, em seguida senti o cheiro da chuva vindo, eu estava pensando em avisar o capitão para não nos por em risco, mas parece que ele já havia sentido. Uma enorme tempestade estava se aproximando e o barco não parecia ser lá aquelas coisas.
— Sig, tá sentindo? Essa tempestade não vai ser nada bom — perguntei ao Sig Wald enquanto estávamos olhando para o céu ficando coberto de nuvens.
— É... Estou, vamos ficar perto um do outro, esses caras são muito desconfiáveis.
Eu estava olhando o Sig e percebi uma coisa, pode ser impressão minha mas acho que ele está ficando cada vez mais sério, talvez seja apenas coisa da minha cabeça. Fui até a Sheyla e Silvia para ver se estava tudo bem.
— Eu estou com saudades da nossa casa... — disse Silvia triste.
— É... Eu também...
Neste momento pensei em todo o meu esforço se esvaindo pelo ar, minhas conquistas, tudo, é de doer o coração.
Em algum lugar do mundo...
Organização dos filhos da noite.
— É verdade que o Sylas morreu? — perguntou Kengan o carniceiro, um pequeno jovem de cabelos castanhos arrepiados, ele parecia um louco pelas suas expressões.
— Parece que sim... — respondeu Roberto o pai, um homem alto e magro, da cor parda, seu cabelo ia até a nuca de um jeito bagunçado, e tinha um pequeno cavanhaque, ele está deitado deprimido por ter perdido um companheiro.
— Bem feito para ele, aquele cara sempre quis fazer as coisas sozinho — disse Merida uma mulher com grandes cabelos encaracolados rosas, ela estava um tanto contente pela morte do Sylas.
— Bem feito para ele, eu lhe avisei — disse um misterioso homem escondido em sua túnica.
— Fiquei sabendo que foi aquele garoto que completou a missão Rank-S — disse a mulher que estava sentada ao lado do carniceiro, havia uma sombra que não tinha como lhe ver.
— Me deixe ir atrás dele, eu confirmarei isso e o trarei pra cá — pediu Kengan, agoniado para ver como Raynard é.
— Certo... Se for voltar sem ele, nem pise aqui — disse uma mulher. Ela estava sentada na cadeira do meio no final da mesa, ela era o que tinha visão de todos e que liderava todos ali, a mais forte de todos os mercenários.
Nem todos estavam ali presentes naquele salão, mas os poucos que estavam ali, todos eram mais fortes que o Sylas de todas as formas.
Mar das Guardiãs...
Não demoraria chegar na ilha de Torven, é muito bom por sinal, mas o problema é a tempestade que logo se aproximará, o mar já está ficando perturbado e o barco estava balançando muito.
— Sheyla, não largue a Silvia de jeito nenhum — falei preocupado por causa que o tempo está a começando a mudar, eu já estava começando a ouvir as trovoadas.
— Eu sei, deixa comigo.
Fui até o Sig Wald que estava na ponta do barco olhando para o céu distraído.
— O que você tanto está olhando Sig?
— Essa tempestade... Raynard ela é diferente, estamos em risco aqui — disse Sig Wald olhando para mim assustado, logo em seguida ele disse umas palavras que não pude entender muito bem.
— "Aquat irm humr shkkaro tartro di sanao."
Nota: "Mãe da vida, proteja-nos de todo mal."
Após eu ouvir essas palavras saírem de sua boca, seus olhos começaram a brilhar, estavam com um tom verde, parecido com a cor de todos os seus poderes, então uma pressão imensa veio dele, parecendo o bater de asas de um dragão.
— O que você está fazendo seu louco?! Vai nos derrubar do barco assim! — gritei em meio aquela pressão, mal dava para ouvir minha voz com o poder me ofuscando.
Seu cabelo estava levantando, e uma pressão de ar se formou em volta, como o meu poder de fogo, depois de alguns segundos foi diminuindo todo o poder, por pouco o barco não virou.
— O que você fez? Quase nos jogou em alto mar porra — perguntei estressado.
— Calma, eu só estou nos protegendo do que está vindo — disse Sig Wald com um olhar misterioso.
— Não é só uma tempestade? Da pra lidar com isso.
— Você sabe por que esse mar se chama Mar das Guardiãs? — perguntou Sig Wald cortando totalmente o meu clima confiante.
— Aí merda...
— É, é disso que eu estou falando merda. Eu conjurei uma área que pudesse nos deixar invisíveis, as guardiãs estão trazendo a tempestade com elas — O que será que atraiu elas assim tão facilmente? — pensou Sig Wald logo em seguida.
— E agora? Esperamos que dê certo? — perguntei.
— Mas o que foi isso? Que pressão foi essa que senti no ar? — perguntou Sheyla me interrompendo.
— Foi o Sig.
— Sabia que isso foi coisa de vocês dois, se tivessem machucado a Silvia eu teria acabado com a raça de vocês — em seguida ela virou as costas aborrecida.
Assim que Sheyla virou as costas, eu pude sentir algumas coisas se aproximando.
— Merda, elas chegaram — disse Sig Wald olhando em volta.
— Vamos ter que enfrentar elas aqui? No barco? Aí é muita sacanagem.
— Infelizmente, sim... Mas elas ainda não nos perceberam.
Outras pessoas no barco estavam ficando apavoradas e agitadas, talvez elas já sabiam sobre as guardiãs, se começar um tumulto aqui as coisas vão complicar mais do que imagino.
— Sig! Proteja a Silvia e a Sheyla, deixa que eu do conta delas.
— Tem certeza que você consegue? — perguntou Sig Wald que já estava preparado para o combate.
— Deixa comigo! — refutei convencido.
O barco estava balançando muito, as ondas ficaram maiores e a chuva já estava caindo, o tempo havia se fechado. As guardiãs ainda não se emergiram, mas elas parecem ser bem grandes.
— "Esse cara é um louco de enfrentar elas sozinho." — pensou Sig Wald olhando para o Raynard a sua frente, o vento estava ficando forte mas sua armadura pesada nem o fazia sair do lugar.
Com a forte tempestade as pessoas não conseguiram se segurar, e algumas foram jogadas para fora do barco.
— "Merda o que faço agora?" — me perguntava.
Enquanto eu estava pensando, três criaturas gigantes se emergiram, eram três Nagas[1] com tridentes e se mediam em torno de 6 metros de altura, elas abriram sua enorme boca e fizeram um estranho barulho que faziam o barco tremer, eu estava em posição de ataque, saquei logo minha espada, eu não podia perder tempo ali pondo muita gente em risco.
[1 – Notas do autor: As Nagas são criaturas marinhas gigantes, são bem parecidas com cavalos marinhos, mas são racionais e muitas das vezes agressivas.]
— Silvia fique aí, vou por uma barreira em sua volta, Sheyla me ajude aqui — disse Sig Wald enquanto fazia um encanto para proteger Silvia, em seguida ele prepara uma outra magia maior ainda.
Ao ver o poder dessas guardiãs percebi que eram impressionantes, todos acima de 4000, por algum motivo as pessoas a bordo pareciam desconfiar de nós, um deles tentou atacar a Silvia que estava sozinha envolta da barreira do Sig Wald, eu não podia fazer nada naquele momento por estar concentrado nas guardiãs, uma delas na frente do barco decidiu atacar com seu tridente,mal puder defender preocupado com a Silvia, assim danificando um pouco do barco.
Sig Wald estava preparando uma enorme magia, Sheyla o estava segurando pelos ombros, um feixe verde surgira nos céus, enquanto tínhamos capacidades para nós mantermos firmes, muitas pessoas eram jogada do barco ao alto mar, a guardiã que me atacou tirou seu tridente fincado no barco e preparava o segundo ataque, as outras duas estavam ao lado do barco tentando vira-lo, graças ao feitiço do Sig Wald que ele ainda não virou. Enquanto ela preparava seu segundo ataque dei um salto em direção ao seu peito, e consegui dar um corte vertical superficial, mas fui jogado para o barco novamente com as ondas sonoras de seu grito.
Antes que eu pudesse perceber, muitas pessoas se juntaram em volta da barreira onde estava Silvia, eles gritavam que tudo era culpa nossa, por elas terem aparecido. Sem pensar duas vezes corri até ela, afastando as pessoas em volta.
— Parem com isso porra! Ela não tem nada a ver com isso! Se vocês não forem ajudar, então podem morrer logo! — gritei aborrecido com a situação enquanto a protegia.
Muitas se afastaram por medo, eles sabiam que éramos fortes e não queriam tentar fazer algo contra mim.
— Os que continuarem a nos atrapalhar, já que estamos tentando salva-los delas, eu irei adiar a morte de vocês — falei com um tom obscuro, minha expressão neste momento totalmente mudou, como se eu fosse outra pessoa.
As guardiãs estavam preparando o próximo ataque enquanto eu estava em uma discussão com as pessoas a bordo, o barco balançava como se estivesse tendo um terremoto, por conta das ondas que cada minuto que passava ficavam maiores, após Sheyla terminar de ajudar o Sig Wald, ela veio para me ajudar a lutar contra as guardiãs, Sheyla incrivelmente deu um grande salto socando o tridente de uma delas que logo em seguida o tridente partiu-se ao meio.
— "Essa mulher realmente é assustadora..." — pensei olhando para ela ao meu lado.
— Tá olhando o que? — disse ela de um jeito bem casca grossa.
— Nada, nada, obrigado — agradeci com muito medo dela por dentro.
A chuva estava intensa, as outras guardiãs logo vieram para nos combater, Sheyla preparava um ataque que eu nunca a vi fazendo.
— "Arte secreta estilo Sheyla: Punho do tigre!" — disse Sheyla preparando um ataque muito poderoso, ela estava segurando seu punho direito com a mão esquerda, enquanto brilhava intensamente.
Quando ela carregou seu ataque, ela deu um salto muito alto chegando perto da cabeça da guardiã Naga, assim que ela a acertou com seu punho carregado, uma pressão no ar se formou em direção ao soco, fazendo a parte de cima de uma das guardiãs sumirem, assim que ela caiu no barco os pedaços da cabeça da guardiã destruídos caíram como a chuva, o imenso corpo caiu formando uma onda que afastasse o barco daquele local.
Eu não estava ligando mais para as pessoas que estavam no barco, eles tentaram nos ameaçar, agora é cada um por si, eu vou proteger só aqueles que estão comigo, por mais que eu tente agir sendo a melhor pessoa para alguém, eu sou recompensado com apenas garras e dentes.
— Nossa, Sheyla isso foi incrível! — falei empolgado depois de ver seu poder — Porque não o usou antes? — perguntei em seguida entusiasmado.
— Não havia necessidade, mas de não fizesse íamos ficar em perigo.
— Deixa comigo agora, eu cuido delas duas.
A barreira que Sig Wald fez para Silvia está quase se desfazendo, ele ainda está carregando seu poder.
— "O que será que ele está planejando?" — pensei curiosamente.
As outras duas guardiãs estavam vindo em uma velocidade incrível para cima do barco — "Parece que está na hora de agir..." — pensei, eu não posso usar meus poderes de fogo, pois o barco vai ser incendiado, terei que ir na força, eu ainda tenho algumas técnicas sobrando de meu treinamento de 2 anos... Acho que vou usar aquilo.
2 anos atrás...
— Raynard, você precisa de uma técnica com sua espada que seja letal — disse Raash pensativo.
— Sim, aquele corte lunar só está servindo para ataques desprevenidos.
— Você não consegue por a cabeça pra funcionar mesmo né, seu idiota — disse Louise enquanto estava nos assistindo treinar.
— Cala a boca, eu tô tentando pensar...
Uma imagem veio em minha cabeça.
— Já sei! — disse empolgado.
Peguei minha espada e a joguei para trás, enquanto a segurava apontada para frente, a joguei para frente apenas com a mão direita enquanto a mão esquerda segurava meu pulso, focando mais a aura em meu braço direito, quando a joguei para frente uma grade pressão de ar saiu, mas não aconteceu nada como eu imaginei.
— "Merda, talvez eu deva usar mais força e focar mais aura" — pensei.
— "Parece que ele inventou uma nova técnica, não vou me intrometer" — pensou Raash se retirando da sala treino, pois ele sabia que Raynard iria se concentrar melhor sozinho.
Presente...
— Bom, não custa nada fazer isso aqui — falei preparando meu ataque.
Assim que as guardiãs emergiram das águas, fiz o mesmo preparo de dois anos atrás, joguei meu braço para trás enquanto empunhava a espada na direção horizontal, pus minha mão esquerda sobre meu pulso direito e armazenei uma grande aura no ataque.
— Mané, você vai fazer isso aqui?! Agora?! — perguntou a espada assustada com o que vai acontecer.
— Relaxa, tá com medo? — refutei confiante.
Uma grande aura tomara forma em minha volta.
— "Vou controlar minha aura aqui, se não posso destruir tudo." — pensei, enquanto olhava meus amigos em volta.
Todos a bordo pareciam ter confiança em mim agora, enquanto o capitão tentava contornar a situação com o barco, todos pararam para me ver.
— "Técnica do dragão: feixe branco!" — gritei em voz alta, para todos que estavam a bordo escutarem, assim os farei terem confiança em mim.
Assim que joguei a espada a frente do meu corpo, uma raja em forma de dragão branco, saiu, assim destruindo as duas guardiãs que estavam a frente, e fazendo todo o barco tremer, toda a parte de cima delas evaporou, assim fazendo-as cair ao mar.
— Ufa... — respirei fundo, temendo que não poderia dar certo.
— Nossa, ainda quer falar de mim? Isso foi incrível — disse Sheyla sorrindo para mim.
Todas as pessoas a bordo que estavam vivas, ficaram feliz e começaram a bater palmas.
— Ei! Me desculpem por agir daquele jeito com vocês! Eu precisava contornar a situação! — gritei me desculpando para quem estava a bordo.
Muitos não se preocuparam, fiquei aliviado em saber disso, eu não queria me passar como vilão.
Ao olhar para o Sig Wald parecia que ele tinha terminado, então ele se levantou como se nada tivesse acontecido.
— O que você estava fazendo seu tarado?! — perguntou Sheyla puta com o Sig Wald.
— Relaxa, você vai ver... — disse ele convicto e com um grande sorriso no rosto.
Do nada tudo começou a tremer, uma enorme maremoto estava se formando em meio aquele tempo caótico, assim que o barco começou a balançar bastante o escudo que estava protegendo Silvia se desfez, assim a fazendo ser jogada para fora do barco, vi tudo em câmera lenta, o seu rosto desesperado estendendo as mãos para eu salva-la, Sheyla colocando sua mão na boca sem saber o que fazer, e Sig Wald arregalando os olhos, eu imediatamente corri para tentar salva-la enquanto voava para fora, então surgiu inúmeras guardiãs dos mares.
— Silvia!!! — gritei tão forte que talvez minha voz pudesse alcançar os céus.
Então um milagre aconteceu, uma bela mulher surgiu diante de nós, não se sabia de onde ela veio, mas ela agarrou as mãos de Silvia, assim a salvando-a, em seguida elas disse umas palavras que eu não consegui escuta-la, a bela mulher parecia estar pisando no ar, ao estender as mãos em direção as guardiãs, pude ver um evento que talvez ninguém fosse capaz de fazer, todas as guardiãs estavam brigando entre si, fazendo-as destroçar umas às outras, em seguida enquanto eu olhava para a mulher no ar, ela me disse as seguintes palavras: — Oi paz! O Sig me disse bastante de você — dizia com um grande riso no rosto que irradiava, trazendo uma sensação de tranquilidade.