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Chapter 12 - Tensão (Vol.1 Final)

A Coroa Perdida

Capítulo 10.5: Tensão

"O final é trágico, mas é a mais pura verdade."

Após ter passado alguns segundos no túnel de conexão entre os dois lugares, eu apareci em uma ruína que ficava cercada por um lindo campo verde e calmo. Os milhares de gramas acompanhavam o balançar dos ventos... Eu senti a calma do lugar e por alguns instantes eu me desconectei de todo o resto.

—Tuk tuk — disse um mini ser misterioso.

— Ham?

— Labd stuk — continuou dizendo a misteriosa criatura.

Eu me virei para olhar diretamente para aquilo que parecia se comunicar comigo, estranhamente a criatura tinha por volta de 1,20 metros de altura, mas com um pequeno corpo forte e bem experiente. Possuía uma máscara com uma face feita de ossos bem neutras, sem parecer agressiva nem calma, cercada por penas brancas. Já a sua vestimenta parecia um tanto tribal, porém com uma técnica de costura muito diferente, um nível de maestria alto.

— O que você está tentando me dizer? — perguntei com uma feição muito confusa.

A pequena criatura apontou para uma floresta que eu nem tinha reparado que estava lá, mas de longe eu pude sentir e ver que não era comum. A sua flora era imensamente vasta e numerosa, altamente volumosa em alguns aspectos. Além é claro de emanar uma quantidade absurda de magia através do vento.

— Tuk nuska laba labgh — a criatura parecia um tanto agitada, eu não entendia o que ela queria dizer.

Ao ter voltado a atenção pra criatura, uma sombra imensa cresceu sobre mim cobrindo grande parte de onde eu estava, eu achei que fosse uma nuvem. Até que algo volumoso e úmido cai sobre minha cabeça.

— Mahoa luktaaa! — fritou a criatura apontando para cima de onde eu estava enquanto a mesma segurava uma lança tribal.

Ao me virar eu notei que havia uma imensa criatura que me lembrava uma pintura de dragão, mas estranhamente gorda e as asas eram muito pequenas para voar. Suas patas dianteiras eram maiores e fortes, mas possuíam uma imensa boca seguida de uma papa grande o suficiente para parecer um sapo.

— Luni okta — A pequena criatura arremessou a sua lança na direção do monstro, o impacto do contato fez a criatura cambalear na direção oposta de nós. Em seguida pegou em minha mão e me puxou direção a floresta.

— "Onde está me levando?" — pensei.

Após termos corrido em direção a misteriosa floresta paramos enquanto a criatura vinha em nossa direção, mas é curioso, como que essa criatura se sente tão à vontade nessa estranha floresta?

— "Se o nosso objetivo é fugir daquilo, porque paramos? A propósito eu poderia te ajudar a derrotar aquilo." — me perguntei enquanto ela ainda segurava minha mão.

— Muska luka. — Disse a pequena criatura mais calma e séria.

A criatura se aproximava a cada instante que estávamos parados. Eu imediatamente me preparei para lutar sacando minha espada que reluzia os poucos raios de luz que passavam pela densa floresta.

— Então vamos lutar? — perguntei com um leve sorriso.

O ser estava parado agachado no chão de um jeito relaxado, talvez ele tenha desistido da vida? A fera que estava a metros da gente estava pra nos atacar até que, uma saraivada de lanças e flechas atingiram a criatura como se fosse uma tempestade furiosa. Imediatamente o ser que estava agachado começou a gritar e correu tão rápido quanto o vento, eu mal pude ver como ele se movia.

— Laba labaaa!

Outras dessas criaturinhas apareceram imediatamente saindo da vegetação, pulando de árvores e algumas estavam até saindo do chão através de tocas.

Já que era um ataque eu decidi tomar a linha de frente, talvez fazer amizade com essas pessoas seria de grande ajuda.

Após ter saído da floresta e estar próximo da grande fera eu disse em voz alta:

— Lâmina incandescente!

Na mesma hora eu saltei em rumo a fera indomável que lutava com as pequenas criaturas que facilmente estavam dominando. Primeiramente eu cortei as articulações de duas patas em seguida subi cortando a sua barriga na vertical até a cabeça. As pequenas criaturas começaram a gritar, pareciam que estavam felizes por eu ter derrotado aquele monstro tão facilmente.

No mesmo instante a criatura paralisou e começou a cair, após a sua queda todos eles começaram algum processo de colheita naquela criatura, estranhamente organizados eles fizeram isso muito rápido e pareciam estar temendo ou fugindo de algo.

— Onde vocês estão indo? — perguntei confuso.

— Lukta muha — disse a pequena criatura aparentemente feliz

Eles colocaram os restos mortais da criatura em sacos e caixas e começaram a se mover floresta a dentro comemorando com músicas em tambores e algum tipo de flauta feita de raízes aparentemente.

Um deles veio até mim oferecendo algo que parecia ser uma fruta, ou talvez algum tipo de comida, outro ser me puxou pelas mãos para acompanhar a marcha deles, a música deles por mais estranha que fosse, era muito boa e tinha um bom ritmo.

Depois de caminharmos por um bom tempo, eu pude notar que eles conseguiam camuflar a suas auras com maestria, os supostos batedores deles não emitiam aura alguma, o que é estranho, aliás como que seres primitivos como eles possuem essa manipulação da magia tão precisa? Os guerreiros que protegiam os restantes dessa civilização eram notoriamente mais fortes e altos e suas armas eram bem mais trabalhadas.

— Ei espada, você acha que aguentaria lutar contra eles todos? Só perguntando mesmo, não precisa responder se não quiser...

— Não inventa ideia idiota, eu não quero passar a eternidade na mão deles.

— Não se preocupe eu vim aqui para sair vivo.

Se passou mais um tempo de música e caminhada até que comecei a ver uma luz que vinha da direção na qual estávamos caminhando, aos poucos foi se revelando uma enorme civilização.

— Acho que aqui começa sua jornada garoto.

— É... talvez seja.

— Oshska taka — disse o mesmo ser que havia me encontrado antes.

Acho que ele quer me levar junto com ele, talvez eles estejam tentando me recompensar de alguma forma por ter ajudado eles contra a fera.

— Eu estou indo, me guie.

Ele foi na frente apontando para uma grande estrutura que ficava no centro de toda aquela cidade, semelhante a algum templo antigo ou algo parecido com uma pirâmide. A arquitetura de todo esse lugar parecia ser bem antiga.

Ao me aproximar da cidade e começar a andar pelas estradas pouco trabalhas, passei por algumas casas nas quais pude ver mais sobre eles... Seus costumes eram semelhantes a povos indígenas, sendo muito comunitários possuíam uma sociedade baseada em igualdade e força. Os guerreiros pelo o pouco que vi andando pela cidade, eram tratados como heróis dessa civilização, isso ficava explícito pela quantidade de estátuas relacionadas a eles e também pela sua recepção por toda cidade.

— Push kah — pude escutar vindo da minha costa.

Senti algo puxar minhas vestes, ao me virar eu pude ver uma pequena garotinha. As crianças eram muito parecidas com humanos comuns, tirando o fato de serem menores é claro.

— Ah... Oi como vai garotinha?

— Arshka otink!

A mãe da garota veio na nossa direção um pouco nervosa e imediatamente puxou ela de perto de mim. Não posso culpa-los, eles são uma civilização isolada e qualquer estranho é uma possível ameaça.

— Adeus menininha!

— Ukta — disse o meu guia apontando em direção a grande pirâmide.

— Certo... Então vamos indo.

Enquanto caminhava eu podia notar estar cercado de olhares curiosos e duvidosos, não que eu me sentisse ameaçado. Mas era muito desconfortante.

Ao me aproximar dos degraus eu pude realmente notar o quão grande era essa construção. Mais a frente e muito empolgado estava o nosso guia, algo de muito importante pra ele estava nos esperando no topo dessa escada, não consigo pensar no que teria lá em cima... Tudo isso é uma grande surpresa pra mim.

— Luksha ant — apontou na minha direção.

— Hãm? Desculpa eu não entendo.

Em seguida alguns deles supostamente guardas dali, fecharam minha passagem com lanças. Me impedindo de avançar para subir as escadas, talvez eu devesse largar a minha espada.

— Idiota! Nem pense em me deixar com esses monstros!

— Eu não vou demorar não precisa se preocupar...

— Não, não, não.

Em seguida coloquei a minha espada no chão. E imediatamente eles posicionaram as lanças normalmente em posição de guarnição, então eu pude seguir normalmente para dentro do templo, estava tudo escuro, mas quando ia andando, tochas que estavam ao meu lado iam acendendo simultaneamente, ao ir mais a fundo, vejo uma silhueta enorme se levantando, e tudo ficou bastante claro.

— Finalmente você veio garoto, demorou mais do que eu pensei — disse um enorme gorila flamejante. Seus olhos pegavam fogo, a ponta de sua cauda também estava em chamas, e enormes cicatrizes em seu corpo pareciam brilhar como o magma.

— Me esperando? Quem é você? — perguntei com um pouco de medo, e surpreso ao perceber que ele falava minha língua.

— Sim, eu sou o Sun Wukong, o gorila flamejante, eu sou a personificação de sua aura.

— Então você é a minha aura? O que você faz em um lugar como esse?

— Este lugar é o seu mundo, ao atravessar o portal, o seu mundo se personifica junto com sua aura, que sou eu.

— Então... Aqui é o meu mundo... — falei enquanto olhava em volta.

Eu senti que este lugar é bastante espiritual, e é por isso que devo aprender sobre meu aspecto aqui, mas como? Como minha própria aura irá me ensinar...

— Garoto, eu sei o que você está pensando, eu sou sua aura.

— Se aqui é o meu mundo, porque não consigo entender aquelas criaturinhas lá fora?

— Eu também acho isso estranho... O nome deles são Kupan, tem alguma coisa misturada a mim, além de seu aspecto, que acabou os trazendo aqui.

— Algo misturado a você?

— Sim... Depois que você lutou contra o Sylas, alguma coisa se misturou a você.

— Será que é...

Naquela vez que eu estava inconsciente na organização, depois de ter falado com o Dormin, eu não acordei imediatamente, eu apenas enxerguei sombras, e uma voz dizendo: "Agora eu faço parte de você", será que eu absorvi o poder do Sylas?

— Pode ter sido isso garoto.

— Entendo... Mas... Sombras?

— Por você ser um condutor, você pôde absorver sua aura de sombras e isso bagunçou a sua própria aura, que sou eu, agora você vai ter que dominar os dois.

Assim que ele falou isso, uma criatura que estava escondida nas sombras nos escutando havia aparecido.

— Finalmente vocês dois me notaram e descobriram sobre mim — disse um ser em formato da minha própria sombra.

— Então... Você é a outra aura?...

— Sim... Agora eu sou você também, eu tentei entrar em contato com você, mas você tem tanta coisa dentro de você, que dificultou meu contato.

— Então era você que estava interferindo? — perguntou Sun Wukong a aura negra.

— Sim, eu também queria falar com ele.

— Entendi...

— Ei, vocês dois, você sabe o que vim fazer aqui certo?

— Sim, nós sabemos, mas não será fácil, primeiro você tinha apenas que lutar contra mim, mas agora a situação complicou e você terá que passar por nós dois — explicou Sun Wukong.

— Lutar... Contra vocês? Mas que sentindo tem eu em lutar contra minha própria aura?

— Você descobrirá assim que nos derrotar, agora venha!

Se é a única opção, então vou ter que enfrenta-los sem minha espada, mas como irei derrotar os dois? Eles nem parecem minha aura, eles parecem ser muito mais fortes do que eu... Balancei a cabeça para voltar ao meu objetivo, e sem pensar parti para cima dos dois, assim que avancei Sun Wukong girou sua cauda para me acerta e logo defendi sendo jogado para trás, o Raynard de sombras colocou suas mãos sobre o chão criando um buraco de sombra onde eu ia cair.

Eu pensei em algo que pudesse para não cair no buraco, então usei o poder de chamas para me dar um impulso e ser jogado para o outro lado, assim que consegui cai no chão, Sun Wukong fez um campo de chamas em um instante, o calor era tão intenso quanto meu poder de chamas, ao avançar em direção a ele, o Raynard sombrio reforçou seu campo de chamas, assim as deixando-as negras.

— Impressionante, a ligação que vocês dois tem um com o outro — disse recuado por não conseguir atravessar o fogo negro.

— Claro, nós dois somos você, e você é nós dois — disse os dois simultaneamente.

Eu precisava pensar em um plano para poder derrotar eles, mas os dois juntos pareciam imbatíveis, talvez eu deva usar aquilo.

— Técnica especial do fogo: Berserker em chamas!

— Muito inteligente usar isso aqui garoto — disse Sun Wukong imóvel dentro de sua barreira de fogo.

— "Por incrível que pareça, parece que aqui dentro eu estou mais forte, não pareço estar esgotado enquanto o modo Berserker está ativo" — pensei olhando para minhas mãos.

Rapidamente avancei no Raynard sombrio, mas quando fui dar meu primeiro soco nele, passei por ele o atravessando, pude ver em câmera lenta o meu soco passando por ele.

— Eu esqueci de lhe dizer uma coisa, nós somos intangíveis — disse o Raynard sombrio enquanto olhava para mim caído atrás dele.

— Merda, isso não vale... — levantei chateado.

— Raynard, eu disse, você precisa passar por nós dois, mas nunca disse que teria que lutar conosco — explicou Sun Wukong se virando para mim.

— "Isso é verdade..., Mas como eu poderei passar por eles, sendo que eles são minhas próprias auras? Até parece que- é isso, eles são minhas próprias auras, eu só preciso uni-los" — sorri enquanto tive uma ideia brilhante.

— Parece que finalmente chegou a uma conclusão — Raynard sombrio coçava sua cabeça.

Me sentei no chão, fechei meus olhos e respirei fundo, eu sabia que iria ter que voltar ao básico de como fui ensinado, só assim poderia ver minha outra aura, e foi como imaginei, minha outra aura estava lá ao lado da aura do Sun Wukong, precisei fazer como na primeira vez, extraí um pouco da aura sombria para fora, ao abrir os olhos, vi que a sombra cobria parte de minha mão direita, e o fogo parte da minha mãe esquerda, ao unir os dois, consegui fazer chamas negras, elas eram mais quentes do que a chamas que eu fazia, e também muito mais intensas.

— Parece que finalmente entendeu... — disse o Sun Wukong sorridente.

— Agora Raynard, faça o que você deve realmente fazer, formas nós dois como uma coisa só — explicou Raynard sombrio.

Assim que os toquei com os dois poderes unidos, pude senti-los voltando para mim, mas agora não estavam separados, e sim como uma coisa só, eu pude sentir um grande sentimento vindo deles, a aura que eu emanava se tornou diferente e profunda, assim que eles voltaram para mim, eu soube o que fazer para poder dominar o aspecto, e realmente vi que era algo muito complicado, talvez depois daquilo não poderei voltar se não tiver sucesso, e espero não deixar meus amigos preocupados esperando por mim, por isso não poderei os deixar esperando.

O que eu tinha que fazer era simples, neste mesmo templo, eu só precisava meditar por 2 horas seguidas, sem interrupções, e então irei ao encontro com meu aspecto, o motivo de eu ter que aceitar a minha aura, era porque eu não poderia ir dividido deste jeito ao encontro com meu aspecto. Assim fiz, eu chegar em meu interior, um mundo todo branco, sem forma e solitário. Lá estava ele, sentado, como se já soubesse de tudo.

— Estava ao seu aguardo Raynard... — disse o aspecto da paz sentando com uma expressão tranquila.

— Então... Você já sabe o que eu quero? — perguntei parado a 10 metros dele.

— Claro... Eu sei de tudo envolvendo você, daqui eu posso escutar tudo e todos — ele estava gesticulando com as mãos erguidas.

— Você sabe como eu posso dominar seus poderes Paz? — me aproximei dele e parei em sua frente de pé.

— Sim, eu sei, mas você realmente está preparado Raynard? — ele se levantou pondo as mãos nos joelhos como se tivesse dificuldades.

— Como assim? Eu não vou precisar te enfrentar ou algo do tipo? — estávamos de pé um de frente para o outro.

— Me enfrentar? Não... Eu jamais lutaria com você Raynard, eu não sou a favor de lutas — explicou enquanto ele olhava diretamente para os meus olhos.

— Então me diga, o que tenho que fazer? — expressei como se estivesse convicto e continuei o encarando.

— Você vê este mundo Raynard? Sabe por que ele é tão vazio? — ele se virou e disse enquanto olhava para o nada.

— Não... Eu achei que você o fez assim...

— Este mundo foi você quem construiu ele, mas aqui é tão vazio, aqui não chove, não aquece e nem esfria, aqui dentro eu não sinto nada.

Enquanto ele dizia isso, ele segurou em minha mão, assim eu poderia sentir o que ele sentia, e eu sentia uma imensa solidão, um imenso vazio sem fim, eu jamais que conseguiria viver com um sentimento desses... Era tão vazio... Que parecia que alguém havia aberto meu peito com as próprias mãos, era muito doloroso... Me fazia querer chorar, gritar, mas dentro disso tudo, ainda havia paz e tranquilidade.

— Entende agora Raynard? Como eu me sinto o tempo todo... Sem você aqui é muito solitário, mesmo dentro de você, ainda não somos um só.

— Paz... Eu não sabia que você se sentia assim... — lágrimas escorriam de meu rosto enquanto dizia essas palavras.

— Não se culpe, você ainda não estava preparado...

— Preparado para o que?

— Para virarmos um só ser.

— O que eu tenho que fazer?

— Agora você precisará tomar cuidado, sente-se — ele se sentou em minha frente — Feche seus olhos e segura em minha mão — disse em seguida.

Assim que segurei em suas mãos, eu apareci em um lugar totalmente diferente, parecia com o mundo lá fora, mas diferente.

— Raynard, para você poder me dominar, primeiro você precisará dominar todos os seus sentimentos — escutei a voz de meu aspecto em minha cabeça.

— Como assim? Dominar meus sentimentos?

— Sim, olhe a sua frente, vê aquela garotinha, tente vê-la morrer em sua frente, controle seus impulsos e não a salve.

— Você está louco?! Não posso deixar aquela garota morrer! — gritei enquanto trolls partiam para cima dela.

Resolvi ir para cima deles protegendo-a, matei todos eles, já que não eram grande coisa foi fácil, mas ao salva-la, voltei para a posição que estava e os trolls novamente foram ataca-la.

— Raynard, enquanto você não resistir a este seu impulso, você vai voltar e voltar e cada vez que você volta mais uma parte sua será dominada por mim, agora mesmo eu tomei a sua tristeza.

— Não tem como eu deixá-la morrer em minha frente sem eu poder fazer nada, isso é injusto! — eu estava eufórico.

— É injusto, eu sei, mas daqui pra frente voc�� verá muitas cenas assim, e muitas delas você não poderá salvar todo mundo.

E novamente os troll foram para cima dela, e eu não consegui resistir e acabei os matando, eu tentei e tentei, repeti inúmeras vezes, o aspecto estava tomando cada parte de mim, minha força, minha vontade, minha raiva, minha convicção, todos foram tomados por ele.

— Por que... Por que tem que ser assim? — perguntei sem vontade para lutar, já não conseguia mais seguir em frente.

— Raynard, por isso eu disse que você teria que estar preparado para nós tornamos um, se isso acontecer, você mudará completamente.

— Eu, já não tenho mais forças para seguir em frente — falei sem motivação, eu estava parecendo uma casca vazia.

Mas por mais vazio que eu estivesse, meu instinto para poder salva-la ainda estava de pé, mesmo tendo visto aquela cena inúmeras vezes, eu ainda queria salva-la.

— Deste jeito você vai acabar virando uma casca vazia, assim eu poderei ascender em você, mesmo eu fazendo parte de você, eu também quero muito me libertar Raynard.

— Você acha que eu vou deixar? Nunca!

Gritei enquanto partia para cima dos trolls novamente para salvar a pequena garota. E isso se repetia inúmeras vezes, até meus olhos ficarem vazios, parecia que eu ia quebrar a qualquer instante, quem estava sentindo um imenso vazio agora era eu, até parecia que estávamos trocando de lugar. Então quando tudo se reiniciou eu me senti em um mundo escuro, dentro de uma bolha, não escutava nada, não conseguia ver nada, fiquei por um bom tempo lá, imóvel.

— Você vai deixar esse cara tomar tudo de você? — perguntou Dormin em minha cabeça.

— Já não importa mais... Eu não tenho mais nada...

— Você é mesmo uma criança ainda... Tem pessoas lá fora te esperando.

Após ouvir isso, eu lembrei dos amigos que eu fiz. Arthuro, Sheyla, Silvia, Sig Wald, Delila, Yamazaki, Sandro, o mestre Raash e Louise... Um imenso calor acendeu em meu coração, e eu pude sentir uma grande felicidade, após pensar em meus amigos.

— Parece que funcionou... — disse Dormin.

— O que você fez?... — Perguntei confuso.

— Lembra do que eu te dei? "Charge"

— Ah... Aquilo, então era pra me fazer voltar?

— Não era bem isso... Mas parece que serviu, agora volte lá e mostre a ele que você é capaz — Dormin pela primeira vez estava motivado.

— Obrigado Dormin.

Então recobrei minha consciência e retornei ao teste.

— Parece que ele te ajudou...

— Sim...

— Quem diria... Você realmente nasceu diferente e especial.

— Que tal irmos logo com isso?

— Haha... Boa ideia — o aspecto deu uma pequena risada.

Assim que o teste resetou, os trolls novamente foram para cima dela, por um momento eu quase fui para cima deles, mas eu me segurei e fechei meus olhos e escutei seus gritos, que ficarão eternizados em minha mente, após resistir a isso, retornei para o mundo branco.

— Então você conseguiu... Meus parabéns — o aspecto tirou suas mãos das minhas e logo se levantou.

— E agora, o que eu preciso fazer? — perguntei.

— Agora? Vamos... Só... Esperar... — o aspecto estava ficando translúcido.

— Ei! O que está acontecendo com você?

— Estamos... Nos... Tornando um...

— Mas você ainda não me ensinou, como vou usar seus poderes?!

— Raynard... Vamos ser um agora... Você saberá... Só tenho um pedido, preencha este nosso mundo...

Após isso o aspecto de alguma forma desapareceu, eu pude sentir meu corpo sendo preenchido, eu pude sentir as coisas ao meu redor, minha aura estava absurda, parecia que eu poderia fazer qualquer coisa, assim que o absorvi eu soube o que fazer a seguir, imediatamente abri meus olhos no templo.

— Parece que conseguiu — disse Dormin.

— Sim...

Fiquei lá dentro por 2 anos, e eu achei que já estava na hora de eu sair de lá, eu não sei quanto tempo se passou lá fora, mas provavelmente 1 semana, então assim que sai do templo, já não havia mais Kupans, ou outros monstros, então só peguei minha espada e segui para a saída.

— Porra, você demorou mané — a espada parecia chateada.

— Sim, me desculpe.

— Nossa, eu não falei por mal.

— Eu não fui ignorante, vamos, estão nos esperando.

Alguma coisa havia mudado em mim, inconscientemente parecia que sempre fui assim, depois que nos tornamos um pareço ter tido alguma alteração em minha personalidade, talvez seja a perspectiva dele com o mundo, mas ainda resta muito de mim — "Será que todos os aspectos são assim?" — me perguntei enquanto seguia para fora do portal.

— Ei mané, eu já te contei que fui alguém incrível?

— Sim...

— Meu nome era Blart Vinx Lamber de Pelix III.

— Isso tudo? Só irei te chamar de Blart...

— Agora tanto faz...

Ao chegar no portal o atravessei, enquanto eu estava indo para o lado de fora pude sentir a aura de alguém vindo em direção ao portal, parecia ser o Kengan, parece que o Yamazaki não conseguiu derrota-lo, não faço ideia do que pôde ter acontecido, mas vou acabar com ele aqui agora.

Ilha de Torven

Bar Caneca Furada

— De quem é essa aura?! Raynard? Será que ele retornou? — perguntou Sig Wald enquanto todos estavam sentindo a aura de Raynard.

— Parece que ele retornou, e com um poder absurdo... — disse Sheyla contente.

— Estão esperando o que? Vamos ir vê-lo — Sandro saiu correndo para fora do bar para ir até o encontro com Raynard.

Topo da Montanha

— Finalmente... Te achei... Arf...arf... — Kengan estava muito ferido e esgotado, mas estava convicto de que derrotaria Raynard.

— O que você quer comigo nesta situação? Você não está em condições de lutar — perguntei indo em direção a estrada da montanha, para encontrar meus amigos.

— Onde você pensa que vai?! Você acha que pode me vencer?! — Kengan se virou e veio correndo em minha direção para me dar um golpe pelas costas.

Assim que eu virei para o Kengan, meus olhos refletiam uma luz branca, Kengan imediatamente paralisou, e logo se ajoelhou no chão com lágrimas no rosto.

— O que você fez comigo?... — Perguntou ajoelhado.

— Nada demais, eu só te dei uma chance para não morrer — expliquei enquanto seguia meu caminho.

— Você está achando que eu sou fraco?! — gritou correndo em minha direção novamente.

— Eu queria muito poder evitar isso agora, mas pelo visto, você não entende — disse enquanto ele vinha em minha direção.

Kengan fez uma lâmina de sangue em seu braço, assim que ele tentou me cortar, parei sua lâmina com minhas mãos, com um pouco de força a quebrei como um galho, em seguida dei o golpe para finalizá-lo, o matei com um soco perfurando seu peito, e o joguei no chão, imediatamente seus olhos ficaram vazios, constando que ele estava morto.

— Eu avisei, ainda havia lhe dado uma chance para viver... — disse para o corpo do Kengan no chão.

Em seguida limpei minhas mãos com o seu sangue.

— Raynard! — Sig Wald havia chegado até mim, imediatamente ele olhou para o corpo do Kengan no chão.

— Raynard, você está bem? Esse filho da puta ainda estava vivo — perguntou Sandro preocupado.

— Sim, não esquenta, eu acabei com ele.

— Irmão!! — Silvia veio correndo para me dar um abraço.

— Senti sua falta também, parece que você ficou forte também.

— Sim! Agora eu vou poder te proteger também — Silvia estava esfregando seu rosto em meu peito.

Neste momento olhei para todos os meus amigos que estavam ao meu redor, eu pude sentir aquela recepção calorosa, eu pensava o que seria de mim até agora sem eles, graças a eles pude chegar até aqui e me tornar forte o bastante para seguir em frente.

— Raynard... Parece que você conseguiu, agora você está muito mais poderoso — Delila estava com um grande sorriso no rosto.

Ao olhar para Delila, consegui perceber algo estranho nela, mas não queria estragar o calor do momento, então não falei nada sobre.

Markind

Rin deJanari

— "Parece que ele retornou... Isso está ficando interessante" — pensou o imperador Shamar estava sentado em seu trono.

— Tem algo lhe incomodando senhor?

— Não... Apenas uma barata que acabou de ressurgir.

— Entendo.

Em algum lugar do mundo

— Parece que ele voltou, e muito mais forte... Talvez esteja na hora de ir ao seu encontro — disse o homem alto musculoso.

— Quem pai? — perguntou Roth caminhando com seu pai e sua irmã.

— Quem voltou pai? — perguntou Koli enquanto andava com os dois.

— Uma pessoa muito interessante...

— Eu quero conhecê-lo! — as duas disseram a mesma coisa ao mesmo tempo.

— É nós vamos! — gritou ele enquanto ria alto.

Ilha de Torven

Bar Caneca Furada

Fomos beber em minha comemoração. Eu enterrei o corpo do Kengan por respeito, aprendi isso com certo alguém, o bar estava barulhento como sempre, parecia que Sandro e Yamazaki pararam com as discussões e fizeram as pazes, estava tudo perfeito, mas neste momento vi alguém entrando desesperado dentro do bar, uma fera parecida com um lobo, ele estava muito machucado, eu pude sentir como ele se sentia, ele estava angustiado, e triste, me perguntava o que lhe aconteceu. Ao abrir as portas ele roubou toda a atenção e logo foi se sentar em uma mesa para beber.

Assim que ele se sentou, senti uma enorme aura vindo para o bar, eu não fazia ideia de quem era, mas ele estava lá fora.

— Ei! Aspecto da Paz! Apareça! — gritou o jovem sem camisa de cabelos vermelhos longos e com sua espada enfaixada.

— Merda, quem será agora? — perguntei.

— Raynard... Eu sei quem é ele... É o aspecto da fúria — explicou Sig Wald que parecia temer o garoto que estava lá fora.

— O que será que ele quer? Eu vou lá fora.

— Espera! "Merda o que será que este cara quer aqui" deixe que eu vou.

Assim que Sig Wald saiu lá pra fora, ele voou pelas portas a dentro imediatamente.

— Você está bem? — perguntei.

— Não se preocupe — disse ele enquanto se levantava das mesas quebradas.

Assim que ele se levantou fui andando até lá fora, ao ver o garoto pude perceber que ele certamente era um aspecto, sua aura diferente era muito agressiva e forte.

— Eae, soube que você é o aspecto da paz, qual é o seu nome? — se apresentou o garoto de aparência escandalosa.

— Sim eu sou. Raynard e o seu? — ao falar que eu era o aspecto eu notei seu leve riso.

— Muito prazer, eu me chamo Gergen, só Gergen. Vamos lutar? — se apresentou enquanto se aquecia.

— Não, eu dispenso.

Notei sua impaciência para lutar comigo, então queria provoca-lo, mas sinceramente eu não queria lutar naquele momento, porém não foi como eu esperava, ele veio para cima de mim carregando uma força enorme, ele tentou me acertar mas defendi seu soco com minhas mãos, o choque foi tão forte que o chão atrás de mim se partiu.

— Nossa... Você é forte mesmo, que ótimo, assim não vou me segurar — ele estava estralando seus dedos.

— Merda... — disse enquanto coçava minha cabeça.