Chapter 7 - 7º Parte

Eu fiquei com Asula até quando eu pude. Velei seu sono e fiquei a olhar seu rosto sereno enquanto seu peito subia e descia me fazendo lembra dos gominhos e o trajeto das pequenas trilhas de água, balancei a cabeça de um lado para o outro enquanto o olhava, queria gravar seu rosto sereno e calmo na minha mente. Ele suspira fundo e se vira me deixando a ver suas costas largas e musculosas cobertas por uma enorme tatuagem de asas, mas elas estavam desenhadas na forma tribal.

Olhar para aquela tatuagem ali e não poder tocar me parecia uma tortura, oh, eu o estava amando mesmo!

Com esses pensamentos em mente olhei para a janela aberta e sem pensar lacei voo em direção a minha casa, a única coisa que eu queria fazer naquele momento era pensar. Pensar no que fazer se caso ele me renegue e eu me torne um pássaro para a vida toda. No que fazer para conseguir um lugar no coração dele sem ter que usar as famosas armas femininas. Eu não queria que ele me olhasse como uma menina, mais sim como alguém que estaria ali para ele.

Alguém que poderia ver suas lagrimas e as secar. Eu queria ser mais do que namorada, eu queria ser alguém que ele contaria seus segredos e nos momentos em que desabaria ele saberia que eu estaria ali. Mais eu sabia que mesmo ele sendo meu amor verdadeiro, ainda havia uma longa caminhada até que eu fosse capaz de ser alguém que poderia lhe oferecer o ombro no qual ele deixaria com que suas lagrimas caíssem.

Assim que chego em casa a primeira coisa que faço é pousar em cima da minha cama e ficar ali olhando para o nada, eu não conseguia dormir.

Precisava encontrar uma forma de me aproximar dele na minha forma humana e ter uma conversa com ele sem ter eu batendo numa porta de vidro ou conseguir falar algo que preste, mais eu não sabia o que fazer.

Era tudo tão confuso, tão novo e tão misterioso que me dava medo.

Asula era um mistério delicioso para se desvendar, eu queria desvendar cada segredo dele, mas quando mais eu dava um passo na sua direção era como dar um pequeno passo para trás. Ele tinha medo de mim.

O porque eu não sei.

Eu só queria desvendar todos os segredos que ele tinha a esconder dentro de si mesmo, perdida em pensamentos e estratégicas para conseguir fazer com que ele me amasse, acabei nem vendo o sol nascer.

Eu estava perdida em meus próprios pensamentos, levada para um mundo onde ele vinha correndo atrás de mim ao som da música Teri Meri Prem Kahani, enquanto eu dançava ao som do vento...O que eu to pensando?

Penso enquanto arregalo os olhos e fico a olhar para frente com a boca aberta, não vejo nada na minha frente mais tudo que eu queria naquele momento era ser um nada para poder me esconder porque eu estava pensando nele enquanto que em meus pensamentos a música Teri Meri Prem Kahani toca?

É sério isso? Eu to tão apaixonada por ele assim?

-Dalila, criatura porque você está parada aí sentada com a boca aberta? —Ouço a voz de minha mãe me chamando mais ainda me encontro parada sentada olhando para o nada.

Era tão sério assim? Eu estava mesmo me apaixonando por ele?

-Dalila, você está me assustando! —Minha mãe me fala, sua voz desliza na minha direção mais nada posso fazer além de olhar para o nada. —Querido, Dalila enlouqueceu, chama o hospício! —Ouço minha mãe gritar me fazendo acordar num pulo.

—Eu não to louca, quer dizer, eu acho! —Digo enquanto olho para ela que apenas ergue uma sobrancelha muito bem-feita.

—Dalila, é sério, as vezes acho que deixaram você cair na maternidade! —Minha mãe me diz enquanto me olha com seus olhos de empresaria.

—Então você que deve ter me deixando cair! —Digo a fazendo me olhar com seus olhos azuis me atravessando.

Oh, olhar ciclope.

—Dalila... —Minha mãe sussurra. Seu sussurro mais parece um rosnado de um cão pronto para atacar seu adversário.

—Mãe eu não estou louca, se ouvir a música Teri Meri Prem Kahani quer dizer que estou louca enquanto penso no Asula pode me mandar internar. — Falo enquanto me levanto e paro na frente dela com os olhos arregalados. Minha mãe me olha com as sobrancelhas erguidas e um sorrisinho de canto — Mãe a senhora me ouviu, eu falei que pensava nele enquanto a música Teri Meri Prem Kahani tona na minha mente, mãe eu estou muito assustada!

Digo enquanto a pego pelos ombros a fazendo sorrir ainda mais para mim, seus olhos brilham como duas joias preciosas e não como os olhos do ciclope pronto para me atirar um lindo raio na cara.

—Falando no Asula, ele está lá em baixo lhe esperando! —Ela me diz com um sorriso enquanto bate as mãos uma na outra me fazendo piscar uma. Duas. Três vezes enquanto eu me sinto fraca a ponto de não sentir minhas pernas. —Tu não és minha filha, não pode ser, está assim por causa de macho?

Ela me pergunta rosnando como um cão e olha que to quase para perguntar se ela tomou as vacinas contra raiva, porque eu sei que ela está tentada a pular em mim enquanto me mata.

—Mãe a senhora se ouviu, a senhora já passou por isso! —Digo enquanto que com a dignidade que eu tinha me coloco em pé sentindo meus sentidos ainda meios fracos, mais eu não ia deixar com que vissem como ele me afetava.

—Ora essa minha filha, teu pai sofreu nas minhas mãos! —Minha mãe me diz com um brilho nos olhos enquanto dava uma risada digna de vilã de desenho da Disney.

—Até dá para fazer uma ponta nos desenhos da Disney depois dessa risada, já tentou? —Digo sarcástica com um sorriso nos lábios que tremiam levemente.

Ela me olha e já sinto meu último sopro de vida deslizando pelos meus lábios.

—Toma! —Ela me diz enquanto me atira um livro.

Olho para ele e fico a tentar entender a capa, a dois travesseiros brancos e não muito longe um travesseiro rosa, estava escrito O Terceiro Travesseiro, olho para o título e depois para minha mãe.

—Porque você me deu isso? —Pergunto enquanto fico olhando para a capa do livro, lembro de ter já ouvindo falar desse livro só que não me lembrava aonde.

—Pelo amor de Deus, tente usar o que estou lhe dando a seu favor, esse livro é um dos marcos da literatura LGBT, use isso a seu favor! —Ela me diz enquanto sai pela porta de meu quarto, mas para e me olha por cima do ombro—Esteja lá em baixo dentro de 15 minutos e leve o livro com você!

Suspirei enquanto colocava o livro em cima da cama e caminhava até meu armário para pegar um vestido. Abri o armário mais nenhum vestido parecia me chamar, mais um lindo macacão florido parecia lhe atrair, o peguei e pensando no que faria sorri, porque eu ainda tinha esperanças e por isso eu estava com medo e bem ferrada.

Depois de me olhar no espelho decidi descer, peguei o livro e fui descendo a escada com corrimão dourado que minha mãe tinha mandado pintar a duas semanas, assim que coloquei meus pés no chão uma mulher já de idade avançada apareceu na minha frente.

-Senhorita! —Ela me diz enquanto sorri para mim, seus olhos castanhos sempre tão bondosos me olhavam como sempre olhavam...Um olhar de avó.

—Bianca, cadê minha mãe e o convidado? — Pergunto enquanto deslizo meus olhos pelo ambiente em busca de uma única pessoa...Asula.

Para, Dalila você tem que parar.

— Sua mãe pediu para avisa-la de que eles estariam em reunião por isso a senhorita poderia tomar o café da manhã enquanto espera! —Ela me diz enquanto aponta para uma porta de vidro que dava para o jardim florido que tínhamos.

—Está de brincadeira com minha cara! —Sussurro mais para mim mesma enquanto que Bianca me guia até o jardim. Minha mãe só podia estar de sacanagem com minha cara, ela só podia estar brincando comigo. Suspiro enquanto penso que ela deve estar rindo da minha cara nesse exato momento pelo simples fato de que toda vez que eu via uma porta de vidro me lembrava do vexame que passei na frente de Asula e de seus pais.

Eu sabia que minha mãe estava me sacaniando assim que atravessei aquelas portas de vidro, sim ela estava rindo da minha desgraça e eu estava tentada a rir de alguma desgraça dela, mais a conhecendo bem ela não tinha nada a qual pudesse se envergonhar.

Suspiro enquanto me sento na cadeira de ferro e começo a comer enquanto deixo o livro do meu lado, olho de canto para ele tentada a lê-lo mas respiro fundo e apenas o pego para ler a sinopse, isso.

Vou ler a sinopse e mais nada

Começo a ler a sinopse, mais não consigo ver nada a ver comigo e com Asula tinha a parte de um terceiro travesseiro.... Mais porque to sentindo que isso foi tipo uma indireta para mim?

Mãe, cadê você para me explicar o que você querer dizer com esse livro.

Suspiro enquanto deixo o livro do lado e pego um copo com suco de uva.

—Então você estava aqui? —Uma voz masculina me diz do meu lado.

Levo um pequeno susto fazendo com que o copo se incline para frente e deixe com que algumas pequenas gotículas de suco de uva caiam no meu macacão....Oh, era meu macacão novo!

—Olha o que você fez! —Digo enquanto pego um lenço de papel e deslizo pelo tecido florido do meu macacão.

Eu apenas tinha meus olhos centrados no tecido florido do meu macacão deixando a pessoa ali do meu lado parada me olhando com seus olhos castanhos...Opa, espera!

Engulo em seco enquanto penso comigo mesma se eu não estou sentindo coisas, mais sinto como se meu coração fosse sair pela boca, minhas mãos estão levemente tremendo e estou sentindo uma vontade louca de chorar e me jogar nessa pessoa.

Eu devo estar de tpm, só pode...

—Dalila, não é assim que se fala com uma visita! —Ouço a voz de minha mãe me falar. —Desculpe-me Asula, Dalila sempre acorda com o pé esquerdo, parece que hoje foi pior! —Ela diz com um sorriso nos lábios como se estivesse tentando se explicar com alguém sobre algo.

Engulo em seco porque tudo que senti foi por causa desse homem que se encontra parado do meu lado, sua sombra me cobre por inteiro fazendo com que me sinta bem e protegida. Pisco os olhos e depois suspiro enquanto ergo minha cabeça, olho para os olhos de Asula que me encarravam.

Ficamos ali parados olhando um para o outro como dois idiotas, mais eu não conseguia parar de olhar para Asula, seus olhos castanhos me puxavam como pequenas correntes a deslizarem pelo ambiente. Eu conseguia ver o brilho de divertimento no fundo dos olhos de Asula. E também o pequeno sorriso de canto que deslizava por seus lábios.

Se ele começar a sorrir assim eu vou começar a querer ter esse sorriso somente para mim.

Ouço alguém tossir como se estivesse falando Eu estou aqui, pisco uma.

Duas.

Três vezes perdida naquele sorriso de dentes brancos que me faziam querer saltar em cima dele, alguém por favor, me dê um tapa, porque isso não é normal.