Aquele dia foi divertido. Foi magico, mais a mágica tem que acabar em certos momentos e nesse exato momento estou em meu quarto pronta para me tornar um pequeno pássaro azul que atravessará o céu em direção a casa de Asula.
Minha mãe está ali do meu lado com um pequeno sorriso nos lábios como estivesse feliz pelo pequeno passo que dei em direção a Asula.
—Vejo que quem deu o primeiro passo foi o Asula. —Minha mãe me diz sarcástica como se estivesse se divertindo com tudo aquilo.
—Mais eu quem o molhou! —Digo enquanto cruzo os braços e olho para ela que apenas dá uma pequena risada.
—Então está, vocês dois conseguiram dar um passo agora é agora é a hora em que você usa isso a seu favor! —Minha mãe me diz com um pequeno sorriso em seus lábios me fazendo sorrir também. — Dalila no seu aniversário eu quero muito que você esteja preparada para tudo, não se preocupe com os convidados apenas em como conseguir acabar com a maldição. Eu sei que você e Asula podem ficar juntos.
—Eu sei mãe, sei que a partir do momento em que Asula me aceitar eu terei que enfrentar algo mais difícil que a maldição, eu estarei preparada para tudo! —Digo enquanto sorrio para minha mãe me olha com um sorriso nos lábios e me toca nos cabelos.
—Vejo que você está crescendo! —Ela me diz enquanto sinto a dor da transformação atravessar meu corpo me fazer ter que curvar para frente e deixar com que minha cabeça fique em seu colo. —Vejo que você está crescendo tão rápido minha pequena beija-flor, você não precisa mais das minhas asas para lhe proteger agora você pode voar com suas próprias asas. —Ela me diz enquanto me coloca em suas mãos e caminha em direção a janela aberta me deixando voar céu a dentro.
Minha mãe estava certa, estava na hora de eu voar com minhas próprias asas. Estava na hora eu decidir meu próprio destino e se tudo der certo Asula se encontra em meu futuro.
Os dias passaram rapidamente enquanto eu me deixava levar por noites em forma de pássaros passadas com Asula em seu quarto assistindo a filmes e o vendo trabalhar e em dias onde todos nós nos reuníamos para escolher o que seria usado no meu aniversário, sentávamos a mesa um do lado do outro, mais não nos falávamos como no dia do jardim.
Parecia que tinha uma barreira entre nós nos impedido de conversar, mais quando eu estava na minha forma de pássaro Asula parecia se abrir como não se abria para ninguém.
—Porque ele conversa com um pássaro e não comigo? —Pergunto para o espelho que se encontra na minha frente fazendo com que a maquiadora me olhe em dúvida se devia me responder ou apenas era algo falado da boca para fora.
—Pelo amor de Deus Dalila, ainda está se fazendo essa pergunta? —Minha mãe pergunta enquanto o cabeleireiro arruma seus cabelos loiros em pequenos cachos ao redor do seu pescoço.
—Mãe, eu ainda não sei a resposta para essa pergunta tola! —Digo olhando para ela pelo espelho enquanto a maquiadora desliza o pincel de pó em meu rosto.
—Ora essa Dalila, essa pergunta é uma pergunta tola com uma resposta mais tola ainda! —Minha mãe me diz enquanto minha tia apenas confirma o que minha mãe tinha acabado de dizer.
—Dalila, olha sei que você há dias fica se fazendo a mesma pergunta mais você só vai saber a resposta na hora certa então fica quieta aí e deixe o destino agir! —Minha tia diz fazendo com que eu e minha mãe a olhemos assustando os maquiadores e cabeleireiro que ali se encontravam. —O que foi?
—Tia, a senhora acabou de se ouvir? —Pergunto enquanto a maquiadora me faz volta a encostar a cabeça contra o encosto da cadeira.
—Pelo amor de Deus, gente eu só disse algo óbvio demais! — Ela diz de olhos fechados enquanto o maquiador desliza o pincel de sombra em suas palpitas.
—Você daria uma ótima autora de livros de autoajuda! —Minha mãe diz enquanto dá uma pequena risada fazendo com que minha tia pegue o pincel de sombras da mão do maquiador e atira na minha mãe que desvia dele.
—Cala-se Cassandra! —Minha tia diz com um pequeno rosnado e logo depois dá uma pequena risada fazendo com que o maquiador pegue outro pincel de sombras enquanto somos maquiadas ao som de Nagin.
—Mais sério o que ele ver naquele pássaro? —Pergunto fazendo com que minha mãe e minha tia se ergam afastando os maquiadores e cabeleireiros.
—Cala a boca, Dalila! —As duas dizem ao mesmo tempo enquanto eu apenas fico a pensar no porque dele conversar tanto com um pequeno pássaro azul que entrara em seu quarto sem ser convidado.
— Mas .... —Começo a falar mais minha mãe e minha tia rapidamente me calam com seus olhos azuis que me fuzilam.
—Se você não ficar quieta juro que te atiro da janela nesse exato momento! —Minha mãe diz com um pequeno sorriso nos lábios enquanto minha tia tenta esconder a risada pelo simples fato de que os maquiadores e cabelereiros estão ali com os olhos arregalados.
—É meu aniversário, mãe! —Digo enquanto a olho em seus olhos azuis que sorriam para mim.
—To nem ai! —Ela diz enquanto olha as próprias unhas muito bem fazendo com que todos nós riamos.
Faltava pouco para os convidados chegarem e eu ainda nem estava totalmente pronta.
Maquiagem. Ok. Cabelo. Ok. Vestido...Bem esse ainda não se encontrava em meu corpo porque nesse exato momento estou andando de um lado para o outro somente de roupas de baixo com a cabeça parecendo um ninho de vespas com tantos pensamentos.
Mas eu não consigo parar de pensar, a sempre algo para pensar.
Será que Asula vai me aceitar?
Será que vou ser um pássaro para sempre? E em todos esses pensamentos começavam com o famoso e temido Será que estava me fazendo ficar agoniada e com medo do que eu ia encontrar depois.
Suspiro enquanto olho para o vestido estendido em minha cama, olho para ele fascinada e feliz por saber que aquela cor tinha um valor sentimental para mim assim como para Asula.
Bem, eu tinha que parar de pensar nele senão eu vou ter um treco.
Olho para o espelho e vejo a minha maquiagem impecável e meus cabelos lindos e brilhantes então porque sinto como se a qualquer momento fosse desabar?
—Então...Você ainda não está pronta Dalila? —Minha mãe me pergunta da porta de meu quarto, ela me olha dos pés à cabeça como se estive procurando algo. —Porque você ainda não está pronta?
—Mãe... —Digo tentando conter as lagrimas que insistiam em cair de meus olhos.
—Pelo amor de Deus Dalila não vai chorar agora, olha que gastei uma fortuna nessas maquiagem! —Minha mãe diz enquanto entra no quarto e para na minha frente.
Ela me olha e eu a olho de volta.
—Eu estou com medo! —Digo enquanto deixo com que ela me abrace e em seus braços encontro o carinho que eu tanto quero.
—Dalila, hoje é um dia muito importante para você. É um marco em sua vida e uma nova passagem, então engula o choro e vista esse lindo vestido e desça a um convidado muito importante lhe esperando! —Minha mãe me diz enquanto toca minha face e logo depois me entrega o vestido.
—Mais... —Começo a falar mas ela coloca a ponta do dedo em meus lábios me impedido de falar.
—Hoje não é dia de choro, apenas de alegria então vista esse lindo vestido e desça! —Ela me diz enquanto se vira e sai do quarto me deixando sozinha para pensar se vale apena vestir esse lindo vestido azul para em logo em seguida me tornar um pássaro azul.
Suspiro enquanto olho para as escadas decoradas com pequenos girassóis, respiro fundo tentando conseguir a coragem que numa hora dessas é necessário e desço as escadas degrau por degrau enquanto o silencio se torna meu acompanhante naquele momento.
Jesus, é meu aniversário e eu a qualquer momento vou ter que aceitar os parabéns.
—Dalila, ainda bem que desceu. Achei que teria que ir lhe pegar pelos cabelos! –Ouço minha mãe falar enquanto a olho.
Ela está linda no vestido vermelho longo que lhe caia como uma luva, sua maquiagem delicada destacava seus olhos azuis e o batom vermelho fazia com que seus lábios se tornassem mais fascinantes do que antes já que meu pai não para de olhar para os lábios de minha mãe.
—Se o senhor quer beijar minha mãe a beije logo! —Digo com um pequeno sorriso nos lábios os fazendo me olhar como se estivesse tentando esconder a vergonha que sentiam pelo simples fato de eu ter falado o que eles tanto queriam.
—Dalila! —Os dois dizem juntos como se estivesse me reprimindo.
—O que eu só disse a verdade! —Digo enquanto dou uma pequena risada e olho para frente.
Assim que eu olho para frente vejo Asula parado a poucos metros de mim, seus olhos me observam e me devoram. Eu apenas fico ali parada o olhando como se ele fosse algo que eu tanto desejo porque naquele momento Asula para mim era algo tão saboroso quanto um chocolate com menta.
Sua camisa negra se colava em seu peitoral e suas tatuagens ficavam em evidencias como se ele não estivesse com medo de alguém as ver, porque naquele momento aquelas tatuagens eram como um farol em meio a todas aquelas pessoas ali paradas. Sua calça djean apertada lhe dava o ar de alguém mais novo e eu acabei de lembrar.
Ele tem 34 anos e eu 24 anos completados nesse estante, mas nada disso importa. Porque eu sabia que Asula era alguém que eu poderia conversar sem medo de que talvez não sejamos compatíveis. Eu sabia que existia algumas coisas que poderiam nos impedir de conversar mais naquele momento nada disso importava.
—Vai lá! —Minha mãe me diz enquanto aponta com o queixo para Asula que apenas me olhava como se estivesse fascinado.
—Mas eu sou a aniversariante então ele quem tem que vir até aqui! —Digo enquanto cruzo os braços embaixo dos seios e olho para Asula com uma sobrancelha erguida como se o desafiasse a vir na minha direção.
—Ela é sua filha mesmo! —Meu pai diz com uma pequena risada.
—Claro eu a fiz com o dedo —Minha mãe diz enquanto eu não consigo conter a risada que escapa de meus lábios fazendo com que meus pais me olhem.
Não consigo parar de rir naquele momento, eu não sabia se estava rindo de nervoso ou porque tinha sido engraçado aquele momento.
—Ele está vindo! —Minha mãe diz enquanto empurra meu pai para longe deixando o caminho aberto para que Asula pudesse me ver por inteira.
Ele caminha em minha direção com passadas lentas e pesadas como se estivesse numa passarela e eu apenas o olho como se estivesse apreciando uma obra de artes, a um silencio ao nosso redor me fazendo olhar ao redor e encontrar rostos sorridentes como se soubessem de algo que eu não sabia.
—Dalila? —Ouço a voz de Asula me chamar e rapidamente me viro para ele e o olho em seus olhos castanhos e não consigo deixar de olhar.
Ele me olha e então sorri para mim.
Não é aquele sorriso de canto, é um lindo sorriso de dentes brancos e de lábios grossos. Eu apenas fico ali parada o olhando, ele ergue a mão e ela se encontra em nós. Eu não sei o que fazer, eu não sei o que pensar apenas ergo a minha mão e a coloco em cima da dele, ele então me puxa para si fazendo com que eu fiquei com o queixo em seu peitoral e com os olhos voltados para seu rosto que se encontrava com um lindo sorriso.
—O que? —Pergunto enquanto coloco minhas mãos entre nossos corpos o afastando um pouco de mim enquanto eu ainda o olha em seus olhos que brilhavam muito naquele momento.
—Luzes de Natal! —Ele me diz enquanto ouço risadas de crianças e vejo algumas ao nosso redor com um fio de luzes coloridas de natal, eles enroscam elas ao nosso redor me fazendo ter que dar um passo à frente quase me colando a Asula que apenas deixa um vão entre nós.
As luzes de natal se destacam entre nós, vejo quando uma das crianças joga o fio de luzes coloridas em cima de nós fazendo com que nossas cabeças se encontrem com luzes coloridas enquanto ele apenas sorri para mim e em seu rosto eu posso ver inúmeras luzes coloridas.
—Luzes de Natal? —Pergunto enquanto olho para o fio de luzes de Natal que se encontram ao nosso redor nos juntando e nos fazendo ficar tão grudados que posso sentir sua respiração e seus batimentos cardíacos.
—Sim, você gosta de luzes de natal! —Ele me diz.
Rapidamente o olho em seus olhos e posso ver um brilho que antes não se encontra ali.
—Você gosta de doramas, de girassóis e de ficar em casa assistindo filmes! —Ele me diz. Eu apenas o olho em seus olhos e dou um pequeno sorriso. —Você gosta de artesanato, se pudesse teria feito a faculdade de Artes mais quis ser o orgulho dos pais e fez o curso de turismo para poder herdar o hotel depois, você odeia quando alguém lhe atrapalhe enquanto está lendo! —Ele me fala e sorri para mim, as luzes de natal se apagam e tudo a nosso redor fica numa escuridão sem tamanho.
—Mais porque você está me dizendo isso? —Pergunto enquanto o sinto deslizando a mão pela minha cintura e ali a deixando.
Engulo em seco enquanto ele fica num silencio.