Minha mãe apenas olhar para minha tia com seu olhar frio a fazendo engolir em seco enquanto dá um pequeno sorriso de lado para a minha mãe. Quando consigo me firmar nas minhas próprias pernas minha mãe já se encontra do meu lado com seus cabelos loiros jogados de lado.
—Vejo que já chegaram! —Minha mãe diz enquanto bate uma mão na outra.
Posso ver que ela se encontra feliz por ter aqueles três homens ali na nossa sala e não furiosa pronta para matar alguém a qualquer momento. Acho que perdi alguma coisa enquanto eu estava tentando não cair na frente do Asula.
—Mãe a senhora pode vir aqui um momento? —Pergunto enquanto a puxo para um cantinho fazendo com que todos que se encontram na nossa sala se voltem para nós me fazendo ficar mais vermelha que as bolas da arvore de Natal.
—Fala Dalila! —Minha mãe sussurra e depois me olha como se falasse: Porque to sussurrando?
—Que porra está acontecendo aqui? —Pergunto enquanto olho por cima da cabeça dela para Asula que apenas se encontra a nós observar com seus olhos castanhos.
—Olha o palavreado! —Ela me diz enquanto dá um pequeno tapa no meu braço me fazendo ter que levar a mão até o local avermelhado.
—Aprendi com a senhora! —Digo sarcástica a fazendo me olhar furiosa.
—Não conte para o seu pai que ele vai ficar me enchendo o saco depois!
—Pode deixar, mais o que está acontecendo aqui? —Pergunto enquanto com o queixo aponto para os três homens que se encontravam a conversar com minha tia que apenas olha para Asula com os olhos brilhando.
—Ora essa, eu decidi que seria mais fácil colocar vocês dois no mesmo lugar do que eu ter que esperar você fazer algo, porque se depender de você as coisas vão ficar na estaca zero. —Minha mãe me diz com seu costumeiro sarcasmo que se pudesse seria o veneno mais vendido no mercado negro (?).
—Mãe a senhora é louca! —Digo enquanto olho para Asula que se encontra numa conversa super animada com meu pai.
—Ora essa Dalila, sou esperta e tenho recursos, posso fazer o que quiser com meu dinheiro inclusive aceitar conviver em harmonia com o ex do meu marido.
—A senhora deu algum dinheiro para ele? —Pergunto enquanto cruzo os braços embaixo dos seios.
—Apenas disse que se caso nos filhos se casassem eu não tentaria mata-lo pelo fato de que ele estar tentando colocar as garras no meu marido! —Minha mãe diz enquanto enrola uma mecha de seu cabelo loiro no dedo e me olha. —Dalila pelo amor de Deus, você acha que eu vou gastar meu dinheiro com aquele ser sendo que eu poderia empurra-lo na piscina e afoga-lo? Tivemos uma conversa e nada mais.
Olho para minha mãe sem acreditar no que estava me dizendo. Ela me olha e com seus olhos azuis me fazer engolir em seco com medo da resposta para a pergunta que eu quero tanto fazer.
—Dalila! —Ouço a voz de minha tia me chamando.
Olho para minha mãe que me olha e depois aponta com o queixo para onde minha tia se encontrava.
—Vai lá e não perca essa oportunidade que ela não cai duas vezes no mesmo lugar, ou seja, eu não vou fazer um plano B. —Ela me diz com seu sorrisinho nos lábios.
Posso ver que se caso eu não consiga algo hoje, minha mãe vai conseguir.
—Dalila ainda temos que conversar sobre as músicas! —Minha tia fala enquanto pega o celular e já vai indo no youtube atrás de algo que ela goste.
Espero que não seja músicas de sofrencia, porque se for eu faço ela engolir esse celular de última geração.
—Mas tia eu já escolhi as músicas! —Digo enquanto pego meu celular e entrego para ela que vai abrindo a minha pasta de músicas atrás de alguma que ela goste.
—Mais você tem um gosto muito duvidoso! —Ela diz enquanto pega o celular dela e coloca no youtube outra vez.
—Claro disse a mulher que gosta do Safadão! —Digo num pequeno sussurro que foi ouvido pelos quatro homens que se encontram ali e começam a dar pequenas risadas baixas para não serem ouvidos pela minha tia.
—Ainda temos que escolher a decoração, a comida...Meu Deus e só temos duas semanas! —Minha tia diz enquanto leva as mãos à cabeça como se estivesse com o pé na forca.
— Tia a comida, o vestido, as músicas, os convidados já foram escolhidos então calma, até parece que eu vou casar! — Digo, mas logo depois me arrependo porque a criatura se virou que nem a moça do exorcismo e me olhou pronta para me amaldiçoar.
—Dalila, eu já disse que vida de casada é uma merda, mais que se você se casar com alguém muito bonito a sua vida de casada será a coisa mais linda do mundo! —Minha tia me diz enquanto olha para Asula que a olha com uma sobrancelha erguida como se estivesse falando: A senhora está falando comigo?
Olho para minha tia e penso: me deixar vermelha de vergonha deve ser de família, porque minha tia e minha mãe estão conseguindo com maestria só falta a vovó para acabar com a putaria que é essa sessão de deixe a Dalila morta de vergonha.
—Carla fica quieta pelo amor de Deus! —Minha mãe diz enquanto surge do meu lado como um fantasma do além.
-Mas só estou falando a verdade! —Ela diz com um olhar daqueles de gato de botas e todos se derretem menos minha mãe que a olha com os olhos mais frios que se tem notícia fazendo minha tia engolir em seco. —Ok, to quieta.
—Então está, vamos lá... —Minha mãe diz enquanto se encaminha para o sofá com um caderno de capa de couro nas mãos.... Quando foi que ela pegou esse caderno?
—Temos a lista de convidados, a lista de comida e as músicas, mais ainda está faltando a decoração. —Minha tia diz enquanto se senta do lado da minha mãe e passa a olhar para o caderno que se encontra em suas mãos.
Olho para as duas que se encontram a conversar entre si sobre a decoração, discutindo se devem colocar rosa ou não. Se ficaria bonito orquídeas ou margaridas para decorar as mesas...Gente, é meu casamento e ninguém me avisou?
Penso enquanto me deixo cair sentada no sofá atrás de mim. Meu Deus, se é tudo isso para o meu aniversario imagina se eu casar? As duas vão fazer do meu casamento a festa do ano e eu não serei capaz de opinar em nada.
—Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? —Pergunto enquanto me levanto do sofá fazendo com que meu pai me olhe.
Minha mãe apenas ergue a cabeça e volta a olhar para a página com várias anotações que se encontra na sua frente me deixando falar sozinha.
Suspiro enquanto me atiro outra vez no sofá e olho para o alto como se ali tivesse algo que a qualquer momento fosse cair do céu na minha cabeça, o que era para acontecer porque senão eu me atiro da escada.
—Você não vai fazer nada? —Ouço uma voz masculina do meu lado.
Os pelos do meu braço se arrepiam e eu tento conter um pequeno gemido que quer deslizar dos meus lábios e se fazer presente, mais eu não estava conseguindo me manter indiferente a presença marcante de Asula do meu lado.
—Não se preocupe quando ela se cansar ela vai me procurar para saber se eu quero rosa ou cor pastel nas toalhas e rosa ou margaridas nas mesas. —Digo enquanto inclino a cabeça para trás deixando com que meus cabelos negros deslizem pelo encosto do sofá.
—Parece que sua mãe é do tipo que gosta de fazer tudo! —Posso ouvir ele me dizer com a voz baixa e rouca perto do meu ouvido.
Moço, eu sou cardíaca não faz isso!
—Ela é do tipo que pode fazer por si só a decoração da festa, mas se depender do meu pai ele contrata uma decoradora! —Digo enquanto vejo meu pai caminhar até minha mãe que para de falar com minha tia para olhar para ele.
—Achei que fosse sua mãe que fazia isso! —Ela diz e logo depois dá uma pequena risada que desliza por mim como uma caricia que eu tanto desejo.
Dou uma pequena risada porque sei que naquele momento aquela barreira que tinha entre nós desmoronou nem que fosse por um momento, olho para ele enquanto lhe presentei com um sorriso radiante.
Hoje à noite eu teria que agradecer a minha mãe por ter proporcionado esse momento onde eu e Asula pudermos conversar sem que uma barreira estivesse entre nós.
Asula a partir de agora se tornou algo tão fascinante que eu não conseguia parar de sorrir. Ele gostava de futebol mais também gostava de basquete e tinha como mascote favorito o Berny, um dos quais eu também gostava. Ele assistia filmes de romance mais também assistia filmes asiáticos, o que ele estava gostando no momento era The Tower, eu gostei desse filme quando vi a um tempo, mais o meu favorito é Train To Busan. Ele gostava de rock, um estilo de música que tínhamos em comum. Ele começou a assistir animes e até o momento já assistiu Naruto, eu gostava mais do The Name, mais deixei quieto porque eu tinha parado de assistir Naruto a um tempo já.
Ou seja, tínhamos muita coisa em comum assim como tínhamos muitas coisas que não eram comuns um para o outro. Eu gostava de ficar em casa assistindo um filme, Asula gostava de se encontrar com os amigos. Ele gostava de falar sobre política, eu evitava esse tipo de assunto porque ele poderia acabar com parcerias duradouras de meus pais. Eu gostava de girassóis, ele gostava de rosas. Eu gostava de cachorro e ele gostava de gato. Mais eram pequenas coisas que poderiam passar despercebidas por nós.
—Dalila o que foi? —Minha mãe me pergunta com um pequeno sorriso nos lábios enquanto leva o copo de cristal aos lábios.
—Apenas pensando na vida! —Digo enquanto olho para as altas janelas que deixavam com que eu pudesse ver o sol desaparecendo.
—Está na hora! —Minha mãe me diz enquanto afasto a cadeira e começo a subir as escadas em direção ao meu quarto.
Suspiro enquanto entro em meu quarto e olho para a janela sabendo que a qualquer momento estarei voando por ela em direção a casa de Asula.
—Filha, você sabe que a certas coisas que não podem ser evitadas e Asula na sua vida não pode ser evitado! —Minha mãe me diz enquanto se senta em minha cama e eu fico ali parada no meio do quarto sentindo a dor deslizando por meus membros. —A certas pessoas que passarão em nossas vidas para ficar e nos marcar, Asula está conseguindo fazer algo com você, está te moldando para a vida. Consigo ver a guerra que se encontra dentro de vocês dois, as lutas internas que os impedem de dar um passo à frente. Asula assim como você ainda tem muita coisa para aprender, de um passo de cada vez, deixe com que destino aja do jeito que é para ser. O que será. —Ela me diz enquanto sinto a dor deslizando e querendo se libertar.
A um pequeno pássaro azul querendo se libertar e voar céu a dentro em direção a casa de um jovem de nome estranho. Solto um pequeno gemido enquanto abraço meus braços, olho para minha que apenas sorri para mim enquanto que com os lábios silenciosos consigo ler: Deixe com que ele se liberte.
—Se você for falar que eu daria uma ótima autora de livros de autoajuda juro que atiro você na forma de um pássaro janela a fora! —Minha mãe me diz, arregalo os olhos enquanto sinto tudo ao meu redor ir se tornando a cada momento maior e maior até que eu consigo apenas ver as pernas de minha mãe na minha frente.
Olho para minha e solto um pequeno pio como se estivesse falando que Sim, ela daria uma ótima autora de livros de autoajuda e vejo seus olhos em pequenas fendas me olhando como se estivesse pensando se vale a pena me atirar da janela ou se é melhor me jogar dentro da banheira.
Bem, eu só sei que ouvi os gritos de minha mãe pela janela, era algo do tipo Quando você voltar se prepare que a piscina será sua cama e uma mistura de xingamentos que deixariam meu pai assustado e pronto para olhar duramente para minha mãe.
Enquanto eu voava pelo céu azul com pequenas estrelas pensava em como seria a partir de agora, eu ainda tinha duas semanas mais depois dessas duas semanas as coisas poderiam se tornar catastróficas.
Asula poderia me negar na frente de todos e eu me transformar em um lindo pássaro azul ou ele poderia me aceitar e eu ser uma humana sem ter a maldição do pássaro em cima de mim. Bem, seria o que Deus quisesse ou como minha mãe me disse será o que tem que ser. Mantenho minha cabeça erguida a procura da janela do quarto do moço de nome estranho, me mantei com a mente voltada para ele e no que eu poderia descobrir essa noite.
Assim que consigo ver a janela do quarto de Asula deslizo pelo vento em direção as cortinas brancas que deslizam no ar e atravesso a janela, sinto meu corpo deslizando no ar em direção a mesa de mármore que se tem naquele quarto onde uma vez Asula me deixou sentada enquanto ele se vestia.
Olho ao redor e não o encontro. Tudo está tão claro e grande que me parece assustador, mais ali no quarto de Asula e com o cheiro de seu perfume eu me sinto bem e protegida.
—Oh, vejo que você voltou! —Ele me diz surgindo pela porta do banheiro com uma toalha em mãos enquanto que a outra mantinha suas partes tampadas.
Moço estamos revivendo o que aconteceu da outra vez? Penso enquanto arregalo os olhos e vejo as gotinhas de agua deslizando pelos gominhos do peitoral dele, vejo sua mão esquerda com a toalha deslizando em seus fios cor de areia.
Gente, está ficando quente aqui ou é minha imaginação?
Depois de ter terminado de secar os cabelos ele joga a cabeça de um lado para o outro como um daqueles modelos de propaganda de marcas de perfumes. Fico ali parada olhando para ele enquanto sinto meu corpo deslizando para trás e eu fico parecendo um daqueles pássaros estirados no meio da estrada.
Posso ouvir sua risada enquanto ele caminha em minha direção. Sem camisa. Com a toalha na cintura. Eu to sentindo que algo vai acontecer.
Ele então fica parado na minha frente e com seus olhos me observam, me fritam, me fascinam e eu to filosofando demais para o meu gosto.
Está vendo Asula, tu está me deixando confusa.
—Você está bem, Dalila? —Ele me pergunta enquanto se agacha na minha frente fazendo com que seus olhos fiquem na mesma altura que meu pequeno corpo de pássaro.
Eu penso em responder mais aí me lembro que no momento eu sou um pequeno pássaro azul que não seria capaz de falar nem mesmo sem maldição. Olho para ele enquanto me coloco em pé e balanço a cabeça como se estivesse confirmando que estou bem.
-Que bom que está bem! —Ele me diz enquanto toca minha cabeça com a palma da mão quente, solto um pequeno pio e logo depois tento morder o dedo dele porque ele estragou meu penteado.
Ouço sua voz e o olho, bem não sei se eu vou me arrepender depois ou se vou ficar feliz, mais ele tirou a toalha bem na minha frente e eu to vendo um bumbum bem bonito e que tá me dando vontade de tocar.
Fico ali parada o olhando com meus olhos de pássaro enquanto ele apenas fica ali na minha frente com sua bunda virada na minha direção.
Moço eu sou inocente não é uma boa ideia ficar vendo as bundas dos outros.
Ele pega uma camisa negra e a virar na minha direção como se esperasse que eu dissesse o que acho apenas balanço a cabeça em concordância porque eu gostei da camisa, tem a imagem da Estrela da Morte.
—Então vai ser essa camisa! —Ele diz enquanto a coloca e depois pega uma cueca e uma calça djeans.
Posso lhes dizer que nas horas seguintes ficamos sentados no sofá-cama dele assistindo Naruto tentando trazer Sasuke de volta pela vigésima vez?
— Humm...Vamos ver algo novo! —Ele diz enquanto coloca o dvd de Train To Busan e eu me sinto muito feliz. —Dalila tinha comentado que gosta desse filme e eu quero entender o porquê! —Ele diz como se estivesse tentando convencer a si mesmo de algo.
Olho para ele e fico tentada a pular nele enquanto o beijo. Será que minha mãe estava certa esse tempo todo? Será que de uma forma ou de outra Asula pensava em mim e não conseguia se dar conta disso? Será que de alguma forma eu e ele estávamos ligados por algo maior que uma maldição?
Gente, vamos tirar print porque hoje eu to filosofando como nunca fiz antes na vida.
—Olha eu não consigo entender o porquê da Dalila ter gostando tanto desse filme —Ele diz enquanto olha para a tela da tv com os olhos presos em cada movimento dos personagens lhe fosse fascinante.
Fico ali do lado dele olhando a tela de tv, sabendo que a qualquer momento depois dessa calmaria veria a tempestade e eu esperava que na nossa vida a tempestade já tivesse passado.