—Ei, sabia tem gente aqui! —Minha mãe fala enquanto arrasta a cadeira do meu lado, mas eu ainda tinha meus olhos grudados no Asula que estava parado do meu lado desviando de meus olhos como o Diabo foge da cruz —Dalila, para de olhar assim, caramba! —Minha mãe me diz enquanto me dá um pequeno chute contra a canela.
Apenas gemo e esfrego uma perna na outra porque a criatura chutou forte e tenho certeza que vai ficar vermelho e depois roxo.
—Que violência é essa, eu sou sua filha, caramba! —Digo enquanto afasto a cadeira um pouco para poder esfregar o local onde ela me chutou e eu posso ver o pé dela pronto para me dar um novo chute. —Nem ouse!
Ela me olha com seus olhos de cão do inferno, posso ver o próprio diabo reencarnado na minha mãe quando ela me olha assim. Engulo em seco enquanto penso no que falar para ela não me atirar na piscina e fazer de conta de que nada aconteceu.
—Errr...Mãe, —Digo mais engulo minhas palavras seguintes porque a um cão com olhar feroz me olhando pronto para se atirar em mim com seus dentes afiados e com suas garras prontas para arranhar meu pescoço.
Respiro fundo e fecho os olhos enquanto rezo para todos os deuses existentes e os que eu acabei de inventar, espero suas mãos virem para cima de mim, mais tudo que recebo é o nada.
Minha mãe não veio para cima de mim, respiro mais fundo ainda e abro apenas um olho e olho para ela. Ela se encontra a sorrir como uma doce mulher para o jovem homem de nome estranho parado do meu lado. Posso ver que seu sorriso está escondendo à vontade se atirar em cima de mim.
—Asula sente-se e tome café conosco! —Minha mãe fala sorrindo e pega uma xícara de café fumegante e a leva aos lábios pintados de vermelho.
Ela me olha com seus olhos azuis e eu consigo captar a mensagem.
Chame-o para tomar café, você tem pouco tempo para fazer ele se apaixonar por você!
Penso se tudo isso vale apena. Se fazer Asula me amar vale os momentos em que eu me perco em meus pensamentos imaginando como seria nossa vida a dois caso eu consiga conquista-lo.
—Você está lendo O Terceiro Travesseiro? —Asula pergunta enquanto pega o livro que se encontra do meu lado, olho para seu braço musculoso coberto, impedido com que aquelas lindas tatuagens estivessem à vista.
-Oi? —Pergunto como uma idiota, porque nesse exato momento eu sou mesmo.
Eu to pensando em seus braços musculosos ao meu redor, enquanto toco suas tatuagens trilhando os riscos dos desenhos, imaginando e criando uma nova imagem em cima das que se encontram em seu braço.
—O livro! —Ele me diz enquanto ergue o livro e me mostra a capa.
Seus olhos castanhos se encontram em mim, me observam e me fascinam. Posso ver que ele espera uma resposta, mas o que falar?
—Ainda não, recebi de presente ontem! —Digo enquanto levo o copo de suco de uva aos lábios e tomo um gole.
Eu estava a pensar em eu, você e o moço loiro, um cachorro chamado fred e dois filhos de Francisco numa casa...Oi? Está vendo Asula, o que você faz comigo? Tá me fazendo ficar confusa sobre o que eu to falando.
Pisco porque meus pensamentos então meio que perdidos entre o filme Dois Filhos de Francisco e um pássaro em uma gaiola.
—Presente? —Ele pergunta enquanto coloca o livro do meu lado e puxa a cadeira.
Moço não faz isso, eu sou cardíaca!
Penso enquanto o vejo pegar o bule de café e eu posso ver seus músculos se tencionando, posso imaginar as linhas das tatuagens em seu branco deslizando por sua pele, cobrindo cada pedaço.
—Para de olhar desse jeito, está parecendo um cão olhando seu dono comer! —Minha mãe me sussurra enquanto leva a xicara de café aos lábios outra vez.
—Mãe, por favor, fica quieta que não está ajudado! —Digo e posso sentir um pequeno chute contra minha canela.
Caramba meu, olha a violência!
Olho para minha mãe com a sobrancelha erguida e ela apenas me encarra com um pequeno sorriso de sarcasmo escondido pela xicara de porcelana me fazendo querer vira-la na cara dela.
Daqui a pouco eu canto Sua Cara para ela.
Minha mãe apenas fica ali parada me olhando e eu a olho deixando Asula num vácuo bem lindo. Sim, eu e minha mãe deixando o Asula ali só olhando calado nossa troca de olhares que se pudéssemos teríamos atirado raios uma na outra com nosso olhar.
Ela me olha e sorri. Coloca a xicara em cima da mesa e inclina a cabeça na minha direção, seu sorriso deixa tudo claro.
—Asula, você por acaso tem algum compromisso no dia de Natal? —Minha mãe pergunta com um pequeno sorriso nos lábios enquanto eu me encontro com os olhos arregalados parecendo um peixe balão.
—Que eu saiba não, mais me desculpe a pergunta, mais porque a senhora gostaria de saber? —Ele pergunta. Sua voz fria e fascinante me leva ao delírio mais eu me manteio como uma pessoa que nada sabe.
—É aniversario da Dalila e seria ótimo ter alguém da sua idade na festa, Dalila não se dá muito bem com as pessoas da idade dela! —Minha mãe diz com um pequeno sorriso nos lábios.
Posso ver as engrenagens do seu cérebro queimando para encontrar um motivo para ele vir a festa.
—É seu aniversário Dalila? —Ele me pergunta assustado como se não acreditasse.
Suspiro enquanto levo mais uma vez o copo de suco de uva aos lábios e depois com um pequeno sorriso nos lábios me viro na cadeira e olho para Asula. Olho em seus olhos castanhos, olho em sua alma.
—Sim! —Digo com um pequeno sorriso contido que faz com que ele sorri de canto.
Ele me olha com um certo fascínio e depois tudo que consigo ver a escuridão de seus olhos castanhos.
—Quantos anos? —Ele me pergunta baixinho como se fosse apenas um segredo entre nós dois.
Ele inclina cabeça na minha direção a deixando a poucos centímetros de mim, seus olhos castanhos me olhando como se estivesse olhando minha alma. Prendo a respiração e olho em seus olhos, consigo ver meu reflexo em sua retina.
— Vinte e quatro Anos! —Sussurro me inclinando na sua direção.
A algo de fascinante em segredos, algo que nenhum ser humano consegue impedir. Somos levados a tentação quando temos um segredo e a minha idade não era segredo nenhum mais ali com ele a poucos centímetros de mim, sua voz baixa, minha voz baixa. Nossos olhares conectados. Era tão fascinante quanto o fato de que as 18 horas eu me torno um pássaro.
— Vinte e quatro Anos! —Ele sussurra perto de meu rosto. —10 Anos mais nova!
—O que? —Pergunto enquanto ele se afasta de mim quebrando todo o encantamento que tinha desse tal segredo que era minha idade.
Ele me olha enquanto dá um pequeno sorriso.... Um sorriso de dentes brancos, eu consegui fazer com que ele sorrisse com todos os dentes? Por favor, soltem fogos!
—Você é 10 anos mais nova! —Ele me diz enquanto empurra a cadeira para trás e sai dali deixando para trás minha mãe com sua xicara de café e eu com meus olhos arregalados e minha boca aberta.
—34 anos? —Pergunto num sussurro.
—Bem é o que parece! —Minha mãe me diz enquanto leva a xicara aos lábios.
—Porra mãe, pare de namorar essa xicara e me confirma! —Digo indignada.
Ela me olha enquanto pousa a xicara em cima da mesa, meus olhos a segue com medo de que ela poderia me falar, mas tudo que ela faz é apenas colocar os cotovelos em cima da mesa e entrelaçar os dedos um no outro.
—O que você querer que eu fale? —Ela me pergunta olhando para frente, ela em nenhum momento me olha.
—Me diz que isso não é verdade! —Digo com as lagrimas já pinicando meus olhos.
—Dalila, Asula tem 34 anos. —Ela me diz com um pequeno suspiro e vira o rosto na minha direção —Mais isso não faz dele um homem que pode te machucar, Dalila eu sou 14 anos mais nova que seu pai e olha como vivemos. —Ela me diz com seus olhos brilhando como pequenas estrelas no céu. — Seu pai foi a melhor coisa que aconteceu para mim, eu podia negar ele umas cem vezes mais na centésima primeira vez eu sabia que mesmo eu negando meu coração já era de seu pai. Seu pai sabia as minhas manias e eu sabia as dele. Construímos nosso relacionamento aos poucos mesmo com a idade nos impossibilitando de conversar as vezes sobre algum assunto. Seu pai gosta da geração antiga de Star Wars e eu ainda nem vi os primeiros episódios. —Minha mãe me diz sorrindo e logo depois dá uma pequena risada. —Mesmo com uma alta diferença de idade, eu e seu pai conseguimos manter o nosso casamento por mais de vinte anos somente porque nos amamos, não importa a idade quando se tem amor.
Olho para ela. Pisco meus olhos e deixo com que minha boca se abra enquanto que ela apenas sorri. Sim, estou surpresa com tudo que minha mãe me disse.
—Mãe! —Sussurro enquanto tento voltar ao normal, mais ainda me encontro a piscar os olhos inúmeras vezes.
—Sim? —Ele fala enquanto ainda vira o rosto para frente e passa a observar o céu.
—A senhora já pode escrever um livro de autoajuda depois disso! —Digo com um pequeno sorriso nos lábios enquanto ela rapidamente vira o rosto para mim.
Cruzes, parece a menina do exorcismo assim.
—O que você quer dizer? —Ela me pergunta com seus olhos em fendas, posso sentir o olhar ciclope chegando.
—Cruzes, eu estava te elogiando. —Digo enquanto afasto a cadeira para trás pensando numa maneira de sair dali antes que ela decida atirar a xicara de café contra mim.
—Suma da minha frente antes que eu atire a xicara na sua cara! —Ela me diz enquanto leva a xicara aos lábios me fazendo ter que dá no pé em menos de 10 segundos para fugir da fúria de uma mulher.