Minha mãe se encontra na minha frente com seus cabelos loiros presos em um rabo-de-cavalo enquanto que esses olhos se encontram em mim ali na cama encolhida como uma bola.
—Dalila, eu já te disse deixa a dor sair, quanto mais você a conte-la mais ela vai lhe machucar! —Ela me diz com um pequeno sorriso nos lábios enquanto desliza os dedos da mão contra meus cabelos.
Ela tira uma pequena mecha molhada do meu rosto. Desliza os dedos pelos fios como uma pequena pena.
—Eu também neguei a dor nas primeiras vezes, quando mais eu a negasse mais ela se tornava forte, parecia tomar todo o meu corpo e eu apenas podia fazer era ficar ali parada esperando o sol raiar ou desmaiar de dor —Ela me diz com um pequeno sorriso nos lábios.
Seus lábios estavam trêmulos e eu conseguia ver que a qualquer momento ela se derramaria em lagrimas ali na minha frente. Mais eu conhecia muito bem minha mãe e sabia que ela tentaria não deixar com que nenhuma lagrima deslizar por seu rosto.
—Você tem que deixar com que a dor saia Dalila, não tem muito tempo para você fazer ele te amar! —Ela me diz enquanto desliza a palma da mão contra minha face.
Olho para ela e tento conter o gemido de dor que desliza por minha coluna.
Fechos olhos e respiro fundo deixando com que a dor me receba de braços abertos.
—Isso querida, é o melhor a se fazer agora! —Minha mãe me diz enquanto desliza a mão pelas minhas penas me deixando claro que agora eu era um pequeno pássaro azul —Você tem que ir na casa dele e descobrir o que ele acha de você, não se esqueça tem apenas mais duas semanas para fazê-lo te amar.
Pio em concordância enquanto abro meus olhos e dou de cara com os olhos azuis de minha mãe me sorrindo. Ela me olha e depois me pega em suas mãos enquanto caminha até a janela aberta. Posso ver o céu negro coberto por pequenas estrelas que me lembravam e muito pequenos diamantes em um tecido de veludo negro.
—Bem você já sabe o que tem que fazer! —Ela me diz enquanto abre as mãos e eu deslizo por ela em direção ao céu negro pintando de pequenas nuvens azuis. Sinto o vento em minhas assas. A adrenalina a deslizar por minhas veias.
Inclino para o lado fazendo com que meu corpo vá para a direita em direção a casa branca. A janela entreaberta do quarto de Asula. Meus olhos captam Asula sentado perto da janela com um pequeno porta retrato em mãos.
—Então você voltou? —Ele me pergunta enquanto eu pouso no parapeito da janela. Seus olhos castanhos se encontravam tão tristes que me fizeram piar.
Ele me olha e dá um pequeno sorriso triste para mim. Era como se ele tivesse tentando me mostrar que eu não precisava me preocupar com ele. Olho para ele e caminho com minhas pequenas patas de pássaro até ele. Pico sua manga e começo a fazer uma escalada por aquela manga macia.
—Você é muito esperto! —Ele me diz enquanto desliza a ponta do dedo contra minha cabeça. Apenas dou um pequeno pio de satisfação enquanto inclino minha cabeça contra a curva do pescoço dele e ali começou a fazer pequenos carinhos com minha cabeça contra sua pele.
Continuo com minha cabeça contra seu pescoço fazendo carinho enquanto ele desliza os dedos no vidro do porta retrato. Inclino a cabeça para frente para poder ver a fotografia que se encontrava nas mãos dele. Há um moço loiro sorrindo ao lado dele. Seus braços se encontram e seu sorriso é o mais lindo que eu já tinha visto na vida.
Pio como se estivesse perguntando algo, ele apenas desliza a ponta do dedo contra minha cabeça e dá uma pequena risada quando eu tento morder seu dedo.
— Sabe eu já amei alguém, esse alguém foi tudo na minha vida. —Ele me diz enquanto toca a face do jovem moço loiro me fazendo inclinar a cabeça para o lado e desliza-la por sua pele do pescoço — Já tive alguém que me manteve em pé quando eu queria cair mais hoje eu não tenho mais por causa de um erro do outro lado. —Ele me diz. Posso ouvir sua voz ir desaparecendo enquanto se perdia na noite a dentro.
Eu não conseguia mais ficar quieta. Ergui voou e me coloquei na sua frente. Toque seu rosto com minha cabeça a deslizando por sua pele como um pequeno carinho. E em pensamento eu dizia: Você tem mim, Asula!
Ele me olha. Seus olhos castanhos parecem me absorver como se fosse algo muito forte. Não consigo desgrudar os olhos dele. Tudo parecia tão magico ali naquele quarto.
—Dalila! —Ele sussurra meu nome enquanto me olha. Arregalo os olhos como se estivesse na sua frente. Tento entender o porquê dele ter sussurrando meu nome para um pequeno pássaro —Seu nome vai ser Dalila!
Ele me diz. E sorrir como se meu nome em sua boca fosse algo delicioso. Eu podia ver sua língua saboreando as silabas do meu nome. Conseguia ver seus lábios dizendo meu nome em câmera lenta.
Oh, droga isso está parecendo quase um dorama, só falta a falsione aparecer!
Penso enquanto voou até ele e com minha cabeça faço um pequeno carinho em seu rosto como se confirmasse que gostei do nome. Ele apenas toca minha cabeça com a ponta do dedo e volta a olhar para o porta-retrato.
Sai dessa bad, moço!
Penso enquanto deslizo minha cabeça contra sua pele o fazendo rir. Ele desliza a palma da mão contra minha cabeça e faz um pequeno carinho ali enquanto dou um pequeno piado de felicidade. Eu sabia que a qualquer momento esse momento magico acabaria e eu voltaria a ser uma humana a qual ele parecia não gostar.
—Às vezes não damos valor ao que temos, deixamos algumas coisas deslizarem por nossos dedos porque temos medo, outras vezes é porque não vemos o valor.... Mas acho que o aconteceu na verdade foi que ninguém deu valor porque não sabia o quanto era valioso aquele momento! —Ele sussurra para o porta-retrato. Eu apenas inclino a cabeça para o lado e deslizo-a no seu pescoço. Minhas penas fazem com que ele ria. Mais sua risada é cortada por um pequeno soluço contido de choro.
Não consigo ficar ali parada apenas ouvindo ele chorar, parecia que algo dentro de mim se quebrava. Como um pequeno copo de cristal jogado contra a parede. Eu sabia o que aquilo significava e era isso que me dava medo.
Asula se mostrava todo para o pequeno pássaro azul que se encontrava ali com ele, que no caso sou eu. Mas quando nos encontrávamos quando eu estou na minha forma humana era como se eu estivesse caminhando sobre uma fina camada de gelo, porque tudo que eu recebia dele era olhares atravessados e um sorriso contido como se ele não quisesse sorrir para mim.
Eu sentia como se tivesse me aproximando dele na minha forma de pássaro. Como se com esse pequeno pássaro azul ele pudesse desabafar, mais também sentia como se estivesse me distanciando dele quando eu estou na minha forma humana. Como se ele tivesse medo de me tocar.
Eita, eu to filosofando?
Meu Deus, Asula, o que você fez comigo?
Penso enquanto pulo do ombro dele e com minhas patas em cima do sofá começo a caminhar por aquele sofá fofinho que se encontrava ali.
—O que aconteceu? —Asula me pergunta com seus olhos castanhos voltados para mim. Eu conseguia ver o carinho ali mostrando.
Moço eu acho que estou me apaixonando por você!
Penso enquanto suspiro por saber que mesmo sem maldição eu poderia muito bem me apaixonar por essa face escondida de Asula.