Chereads / O Deus Esquecido / Chapter 31 - Capítulo 31 – O Chamado do Inimigo

Chapter 31 - Capítulo 31 – O Chamado do Inimigo

O silêncio que se seguiu às palavras do Patriarca Von Auster parecia pesar sobre a sala. Cael sentia sua respiração firme, mas seu coração batia forte. "Uma força que eu despertei?" As palavras do Patriarca ecoavam em sua mente, mas ele não podia perder o foco agora.

Seraphine olhou de relance para Cael, buscando uma reação. Mas ele manteve sua postura fria e calculista, analisando cada detalhe da situação. O Patriarca, por outro lado, parecia satisfeito.

— "Você parece surpreso." — O velho nobre sorriu. — "Mas não deveria estar."

Cael cruzou os braços, seu olhar afiado.

— "Se você acha que pode me jogar informações vagas e esperar que eu simplesmente reaja como deseja, está enganado." — Sua voz saiu cortante. — "Explique-se. Agora."

O Patriarca riu baixinho, como se já esperasse aquela resposta.

— "Muito bem, eu direi. Mas saiba que a verdade pode ser mais cruel do que você imagina."

Ele pegou o pergaminho que havia desenrolado antes e o virou para que Cael pudesse ver. Símbolos antigos, gravados em tinta escura, formavam um padrão complexo no papel envelhecido.

Cael reconheceu aqueles símbolos. Ele os havia visto antes mesmo de vir a este mundo.

Seraphine franziu a testa.

— "Isso… Isso é um antigo selo de contenção."

O Patriarca assentiu.

— "Este selo, há séculos, mantinha aprisionada uma entidade que não pertence a este mundo. Uma força que estava selada no Reino Arcano. E adivinhe o que aconteceu quando você pisou nestas terras pela primeira vez?"

Cael fechou os olhos por um instante. Ele já sabia a resposta antes mesmo que o Patriarca falasse.

— "O selo foi quebrado."

A atmosfera na sala ficou mais densa.

O Patriarca sorriu de forma quase cruel.

— "Exato."

Seraphine arregalou os olhos, sua respiração tornando-se mais irregular.

— "Então… O que quer dizer que há algo solto lá fora?"

O velho nobre não respondeu de imediato. Em vez disso, virou-se para uma das tochas presas na parede e observou a chama dançar por um momento.

— "Algo, ou alguém." — Ele finalmente respondeu. — "E esta entidade não veio a este mundo para apenas observar."

Cael sentiu um arrepio passar por sua espinha.

Ele não se lembrava de ter libertado nada. Mas, se fosse verdade… então havia uma presença neste mundo que ele não conseguia detectar.

E isso era preocupante.

O Patriarca voltou-se para Cael novamente, seus olhos analisando cada mínima reação.

— "Você é um enigma, jovem Cael. Você veio de onde nenhum outro ser mortal veio. Você camufla sua verdadeira natureza, e, no entanto, parece que algo de fora te reconhece."

Cael manteve seu olhar fixo no Patriarca, sua mente processando cada palavra.

Seraphine, ainda absorvendo as informações, respirou fundo antes de falar:

— "Se isso é verdade, então por que ninguém mais sentiu essa entidade? Algo tão poderoso assim deveria ter deixado rastros."

O Patriarca balançou a cabeça.

— "Porque ela está esperando. Observando."

A tensão cresceu. O fogo das tochas crepitou de forma irregular, como se o próprio ambiente estivesse reagindo às palavras do velho.

Cael finalmente quebrou o silêncio.

— "E você sabe quem ou o que exatamente foi libertado?"

O Patriarca sorriu levemente.

— "Não completamente. Mas sei de uma coisa… Ele está te procurando."

BAM!

Um estrondo soou no lado de fora do salão. O chão tremeu por um instante.

Seraphine sacou sua adaga num reflexo imediato, enquanto Cael permaneceu imóvel, sua percepção se expandindo para tentar captar qualquer presença estranha.

Passos apressados ecoaram pelos corredores do lado de fora, e, de repente, as portas do salão se abriram com brutalidade.

Um homem de armadura negra entrou, sua presença carregada de uma energia opressora. Seu rosto estava oculto sob um elmo com detalhes prateados, e sua voz soou firme e direta:

— "Cael. Você foi convocado."

A temperatura na sala caiu alguns graus.

Cael não recuou. Seu olhar se fixou no estranho guerreiro, seu corpo pronto para reagir a qualquer ataque.

— "Convocado?" — Ele repetiu com um leve toque de sarcasmo. — "E quem exatamente acha que tem autoridade para me convocar?"

O guerreiro manteve sua postura rígida.

— "Aquele que você libertou."

O silêncio foi esmagador.

Seraphine franziu o cenho, sua mão apertando com mais força o cabo de sua adaga. O Patriarca Von Auster apenas observava, como se tudo já estivesse dentro de seus cálculos.

Cael, por sua vez, sorriu levemente.

— "Interessante."

Ele deu um passo à frente, encarando o guerreiro de armadura negra.

— "E se eu recusar?"

O guerreiro não hesitou.

— "Então ele virá pessoalmente."

O ar ao redor de Cael pareceu vibrar por um momento. Uma ameaça direta.

O jogo estava ficando mais perigoso.

E agora, ele precisava decidir qual seria seu próximo movimento.