O céu começava a clarear quando Cael e Seraphine retornaram à academia. O confronto havia terminado, mas Cael sabia que aquela não seria a última vez que encontraria a entidade de olhos vermelhos.
Seraphine caminhava ao seu lado, observando-o em silêncio. O jeito casual de Cael mascarava um detalhe que ela percebeu imediatamente:
Ele estava mais sério do que o normal.
— "Aquele ser..." — Ela começou, quebrando o silêncio. — "Você acha que ele vai voltar?"
Cael olhou para o horizonte.
— "Sem dúvida."
— "E então? Vamos simplesmente esperar?"
Ele sorriu de canto.
— "Eu não preciso esperar. Ele já está em movimento."
Seraphine estreitou os olhos.
— "Você sabe para onde ele foi?"
— "Não apenas isso." — Cael parou, seus olhos brilhando com um tom dourado intenso. — "Eu sei o que ele quer."
A expressão de Seraphine se tornou séria.
— "Explique."
Cael suspirou, cruzando os braços.
— "Ele não veio aqui por acaso. Não foi só um 'teste'."
— "Então o que era?"
Cael ficou em silêncio por um momento antes de responder.
— "Ele queria me avaliar antes do que está por vir."
Seraphine ficou rígida.
— "Algo está para acontecer, não está?"
Cael assentiu.
— "Sim. E não apenas conosco."
O Salão dos Soberanos
Longe da academia, em uma imponente fortaleza de mármore e aço, os líderes das maiores nações do mundo se reuniam.
A Guerra estava iminente.
O Império de Arkanis, o Reino Celestiano, a Confederação de Nortgarde e até mesmo os misteriosos líderes de Vallakar estavam presentes.
Sentados em torno de uma longa mesa adornada com insígnias reais, os soberanos discutiam em tons tensos.
— "Não podemos ignorar isso!" — O rei de Celestiano bateu na mesa. — "A movimentação militar em nossas fronteiras está aumentando!"
— "Exato." — O duque de Nortgarde cruzou os braços. — "Se não tomarmos uma posição agora, seremos esmagados."
O representante de Vallakar, um homem envolto em um manto negro, sorriu de maneira enigmática.
— "E por que tanta pressa? Talvez devêssemos esperar e ver como o vento sopra."
O Imperador de Arkanis, um homem de cabelos prateados e olhos afiados como lâminas, olhou para todos.
— "A única coisa que sei é que existe uma peça que ainda não entrou no jogo."
Os soberanos ficaram em silêncio por um momento.
— "Você fala de… Ele?" — Perguntou o rei de Celestiano.
O Imperador sorriu levemente.
— "Sim."
Os olhos de todos ficaram sombrios.
A verdade era que, apesar de todo o poder que detinham, havia um reino que nem mesmo os maiores impérios ousavam desafiar.
O Reino de Avalon.
Um reino misterioso, cercado por uma magia impenetrável. Um lugar onde habitavam os Guardião de Deus, os cavaleiros mundiais que sozinhos poderiam virar o rumo de qualquer guerra.
E acima de todos eles…
O Monarca Desconhecido.
Ninguém sabia sua verdadeira identidade. Ninguém nunca havia visto seu rosto. Mas seu poder era incontestável.
Se Avalon entrasse na guerra, tudo mudaria.
O representante de Vallakar riu levemente.
— "Então, a questão real é… O que ele vai fazer?"
O silêncio tomou conta do salão.
Ninguém sabia a resposta.
E, no fundo, todos temiam descobrir.
De Volta à Academia
Cael abriu os olhos.
Ele havia sentido.
Os soberanos estavam se movendo.
A guerra era apenas uma questão de tempo.
E o mais irônico?
Eles não sabiam que o Monarca Desconhecido estava bem aqui.
Disfarçado como um simples estudante.
Cael sorriu.
— "Acho que está na hora de fazer algumas visitas."
Seraphine o olhou, intrigada.
— "Você vai sair?"
Ele acenou com a cabeça.
— "Preciso lembrar a esses soberanos que não sou apenas uma lenda."
Ele olhou para o céu.
— "Sou uma realidade."