O vento cortante soprava no alto da torre mais afastada da academia. De lá, Cael observava o horizonte, onde as fronteiras entre os grandes reinos começavam a se agitar.
Seraphine, de braços cruzados, encostava-se na mureta de pedra ao lado dele.
— "Então, como exatamente você pretende 'lembrá-los' de quem você é?"
Cael sorriu de canto.
— "Primeiro, preciso de um mensageiro."
Ela arqueou uma sobrancelha.
— "E quem exatamente vai carregar sua mensagem?"
Cael virou-se.
— "Alguém que nenhum deles ousaria ignorar."
O Chamado do Guardião
No dia seguinte, a academia estava em seu ritmo normal, com estudantes e professores se movendo pelos corredores e pátios.
Até que tudo mudou.
Uma força esmagadora desceu sobre o campus.
BOOM!
O ar tremeu, e uma figura imponente surgiu do nada no céu, envolta por um manto negro e uma armadura dourada reluzente.
Os estudantes olharam para cima, atônitos.
— "E-esse é…!"
— "Não pode ser…!"
Os sinos da academia dobraram em alerta, e até os professores mais experientes saíram de suas salas, reconhecendo a figura de imediato.
Um Guardião de Deus.
Sir Azrael, o Guardião do Julgamento.
Ele pairava no ar, sua presença avassaladora fazendo até os pássaros fugirem em desespero.
E então, sua voz ressoou, carregada de poder.
— "Cael!"
O nome ecoou por toda a academia.
Os estudantes ficaram em choque.
— "O quê?! Ele está chamando o Cael?"
— "Isso é impossível…! Por que um Guardião Mundial está chamando um plebeu?!"
A confusão tomou conta da multidão.
Dentro do edifício principal, os professores correram para a janela, perplexos.
— "Quem é esse estudante?!"
— "Por que um Guardião Mundial está convocando ele publicamente?!"
Enquanto isso, Cael já caminhava calmamente até o pátio.
Seraphine o seguiu, um sorriso divertido no rosto.
— "Você realmente não perde tempo, não é?"
Ele deu de ombros.
— "Eles queriam um aviso. Então aqui está."
Quando ele chegou ao centro do pátio, todos os olhares estavam nele.
O plebeu desprezado estava sendo chamado por um Guardião de Deus.
A balança do mundo havia acabado de inclinar.
Cael ergueu o olhar e sorriu.
— "Sir Azrael. Você veio rápido."
O Guardião flutuou até o solo, e todos puderam ver melhor sua expressão respeitosa ao se ajoelhar.
"É uma honra responder ao seu chamado, Vossa Majestade."
Silêncio absoluto.
Ninguém sequer respirou.
— "V-vossa Majestade…?"
— "O Guardião de Deus… Ele se ajoelhou…?!"
As mentes dos estudantes e professores explodiram em incredulidade.
O plebeu… o garoto desprezado…
Era tratado com reverência pelo guerreiro mais poderoso do mundo.
Cael suspirou levemente e deu um passo à frente.
— "Levante-se, Azrael."
O Guardião obedeceu de imediato.
— "Os soberanos do mundo estão tramando algo."
Azrael assentiu.
— "Sim. As nações estão à beira da guerra. O Salão dos Soberanos já está reunido."
Cael passou a mão pelos cabelos, pensativo.
— "Então está na hora de fazermos uma visita."
Azrael sorriu levemente.
— "Como desejar."
A multidão assistia em completo estado de choque.
Aquele garoto não era um plebeu qualquer.
Ele não era um mero estudante.
Ele era alguém que comandava os Guardiões Mundiais.
E isso só poderia significar uma coisa.
O Monarca Desconhecido havia se revelado.
E o mundo nunca mais seria o mesmo.