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Chapter 30 - Capítulo 30 – O Preço da Verdade

O Patriarca Von Auster estava de pé diante de Cael, seus olhos fixos e penetrantes, como se estivesse analisando cada movimento do jovem. A tensão no ar era palpável. Cael sentiu sua mana pulsando dentro de si, como se estivesse pronto para saltar, mas ele sabia que precisava manter a calma.

Seraphine, que havia permanecido em silêncio até então, observava atentamente cada movimento, ciente de que aquele momento poderia ser o divisor de águas. A sala estava silenciosa, a única luz vindo das velas tremeluzindo ao redor do salão.

O Patriarca fez um gesto como se estivesse avaliando a situação, seus dedos longos e finos tocando a mesa de pedra, um leve sorriso nascendo em seus lábios.

— "Cael, o que você está fazendo aqui? Ou melhor, quem você realmente é?" — A voz dele era calma, mas carregada de uma autoridade que quase pressionava o ambiente.

Cael não se moveu. Seus olhos estavam fixos no Patriarca, como se tentasse ver através da máscara que ele usava. Sabia que o confronto era inevitável, mas algo na forma como o Patriarca falava o incomodava.

— "Eu sou quem você vê." — Cael respondeu, tentando manter a voz firme, mas sem deixar transparecer qualquer fraqueza. A verdade, até aquele momento, parecia estar na ponta de sua língua, mas ele sabia que revelar tudo agora poderia ser mais perigoso do que qualquer outra coisa.

O Patriarca riu suavemente, um som baixo e sarcástico.

— "Você realmente acredita nisso? Que pode se esconder atrás de uma máscara de normalidade?"

A frase foi como um estalo no ar. Cael sentiu sua garganta apertar, como se as palavras que ele estava tentando evitar tivessem finalmente começado a tomar forma.

— "Eu me escondo para não perder o controle." — Ele disse, sua voz agora mais baixa, mas cheia de peso. — "Porque, se eu mostrar o que sou, não vai haver ninguém que possa me parar."

O Patriarca o observava com uma intensidade crescente. Cael sabia que ele estava tentando entender o que estava acontecendo, mas a verdade ainda estava longe de ser totalmente revelada.

— "Então você é mais do que um simples plebeu. Eu já suspeitava." — O Patriarca disse, seu tom agora mais sério. — "Você acha que pode ficar em silêncio, Cael? Que pode se esconder para sempre do que você realmente é?"

Seraphine deu um passo à frente, não podendo mais conter sua inquietação.

— "Chega de joguinhos, Patriarca. Cael não é o único que está escondendo coisas aqui. O que você sabe sobre a verdadeira ameaça? Sobre quem está por trás de toda essa manipulação?"

O Patriarca finalmente se virou para ela, seu sorriso desaparecendo, mas seus olhos ainda brilhando com um malicioso interesse.

— "Ah, Seraphine, você realmente pensa que pode escapar dessa teia de mentiras? Que pode se afastar da verdade?"

Cael olhou para Seraphine e viu a dúvida em seus olhos. Ela estava com ele, mas parecia incerta sobre o próximo passo. Ele também estava nesse estado, embora soubesse que o jogo agora era de revelações.

— "Você me chamou aqui, Patriarca. Então me diga o que sabe. O que está acontecendo?" — Cael exigiu, seu tom mais firme do que antes.

O Patriarca o encarou por alguns segundos, como se estivesse decidindo até onde iria com suas palavras. Ele parecia saber mais do que estava disposto a revelar, mas o jogo estava prestes a mudar de rumo.

— "Muito bem, Cael. Vamos cortar as preleções." — O Patriarca disse, finalmente, com uma expressão séria. — "Você quer saber sobre a verdadeira ameaça? Muito bem. Mas saiba que não há mais volta depois de ouvir o que tenho para lhe contar."

Cael ficou em silêncio, seus olhos fixos no Patriarca, enquanto Seraphine também aguardava, tensa. O que o Patriarca diria agora? O que ele sabia que Cael ainda não soubera?

O Patriarca se aproximou de uma mesa ao lado e pegou um pergaminho antigo, suas mãos tremendo levemente enquanto o desenrolava. Ele olhou para o conteúdo por alguns segundos, como se confirmasse algo que já sabia, antes de voltar sua atenção para Cael.

— "O que você está prestes a saber, Cael, não pode ser compartilhado com mais ninguém. Está além de nós, além de qualquer magia que você já tenha experimentado. Eu não sou o verdadeiro inimigo."

Cael sentiu um frio na espinha. O Patriarca estava revelando algo muito mais perigoso do que qualquer uma de suas palavras anteriores.

— "Você está falando sobre… o quê?" — Cael perguntou, a tensão fazendo sua voz ficar mais grave.

O Patriarca finalmente soltou a bomba.

— "Há uma força mais poderosa do que qualquer um de nós poderia imaginar. Uma força ancestral." Ele fez uma pausa, como se as palavras que saíam de sua boca fossem muito pesadas para serem ditas de uma vez. — "Uma força que você despertou quando entrou na nossa terra, Cael."

A sala ficou em silêncio absoluto. Cael sentiu sua respiração se interromper. Despertou?

Ele olhou para Seraphine, mas não encontrou respostas nos olhos dela. Ela estava tão surpresa quanto ele.

— "O que quer dizer com isso?" — Cael finalmente perguntou, sua voz mais baixa, mas cheia de uma nova urgência.

O Patriarca sorriu de maneira estranha, quase com satisfação.

— "Você, Cael, não é o único com segredos. E há muito mais em jogo do que a guerra que se aproxima. Você foi escolhido. E agora, há aqueles que querem usar isso contra todos nós."

Cael sentiu uma onda de nervosismo correr por seu corpo. As peças estavam se encaixando, mas a verdade parecia cada vez mais distante, mais complicada.

O jogo estava apenas começando.