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Chapter 27 - Capítulo 27 – O Jogo das Sombras

O dia amanheceu com uma atmosfera diferente na Academia de Magia de Eldoria. Nos corredores, os alunos falavam em sussurros, trocando olhares desconfiados. Desde a luta de Cael contra o Cavaleiro do Eclipse, as conversas sobre ele se intensificaram.

Antes, ele era apenas um plebeu que ninguém considerava. Agora, havia algo diferente na forma como o encaravam. Não era apenas desprezo. Era cautela.

No refeitório, alguns grupos murmuravam enquanto Cael passava.

— "Você viu a luta dele? Ele conseguiu enfrentar um Cavaleiro do Eclipse!"

— "Mas como? Ele nem sequer tem linhagem nobre!"

— "Algo está estranho nisso tudo…"

Cael ignorou os cochichos e se sentou à mesa como se nada estivesse acontecendo. Ele pegou um pão e um pouco de sopa, começando a comer tranquilamente. No entanto, ele sentia os olhares sobre si.

"Então finalmente começaram a agir?"

Ele já sabia que seria questão de tempo até alguém tentar investigá-lo mais a fundo. Mas o que o intrigava era quem estaria por trás disso.

E naquela noite, ele decidiu tirar a prova.

Movimentos na Escuridão

A noite caiu, e a academia ficou em silêncio.

Cael deixou seu dormitório e caminhou pelos corredores vazios. O som de seus passos ecoava levemente contra as paredes de pedra. A lua cheia iluminava o pátio, lançando sombras longas que se estendiam como espectros pelo chão.

Ele sentiu a presença novamente.

Dessa vez, porém, não era apenas um espião.

Cael continuou andando, fingindo não perceber nada, mas sua mente já estava analisando a situação. Haviam pelo menos três presenças diferentes, todas tentando se ocultar na escuridão.

"Amadores."

Ao virar a esquina de um corredor, ele desapareceu.

Os espiões hesitaram ao perceber que haviam perdido seu alvo.

— "Onde ele foi?" — um deles sussurrou.

— "Ele não pode ter sumido assim! Continue procurando!"

Um deles deu um passo à frente… e sentiu algo estranho.

O ar ao seu redor ficou pesado.

Antes que pudesse reagir, Cael apareceu atrás dele.

O espião mal teve tempo de abrir a boca antes de sentir uma mão apertando sua nuca.

— "Boa tentativa."

Com um único movimento, Cael o prensou contra a parede. Os outros dois tentaram reagir, mas então sentiram uma pressão esmagadora descendo sobre eles.

Seus joelhos cederam instantaneamente.

O corpo dos três começou a suar frio.

A mana ao redor deles… simplesmente parou de fluir.

Era como se o próprio ar tivesse sido drenado de magia.

O primeiro espião, ainda com o rosto contra a parede, tentou resistir.

— "Q-quem… é você?"

Cael suspirou.

— "Eu é que deveria perguntar isso."

Ele o virou bruscamente, segurando-o pelo colarinho.

Ao puxar o capuz do homem, suas suspeitas se confirmaram.

Um brasão dourado bordado no uniforme negro.

"Família Von Auster… então finalmente resolveram se mexer."

Cael analisou o homem à sua frente. Ele não era um simples espião de baixo escalão. O controle de mana dele era avançado, o que indicava que fazia parte da elite da família.

Mas isso não importava.

— "Vou perguntar só uma vez." — Cael apertou um pouco mais o colarinho do homem. — "Por que estão me vigiando?"

O espião hesitou.

Então, um brilho sutil apareceu no fundo de seus olhos.

Cael percebeu um feitiço ativado.

— "Tsk."

Antes que pudesse agir, o corpo do homem se contorceu e tremeu violentamente.

Mana negra começou a emergir de seu corpo, queimando sua pele.

Os outros dois espiões arregalaram os olhos.

— "Não! O protocolo de queima—"

Era tarde demais.

A pele do homem começou a se dissolver lentamente, como se estivesse sendo consumida por dentro.

Ele arregalou a boca, tentando gritar, mas sua voz não saiu.

Em menos de cinco segundos, o corpo dele virou poeira.

O silêncio preencheu o corredor.

Os outros dois espiões estavam paralisados, horrorizados.

Cael os encarou, sua expressão ainda neutra.

Mas seus olhos brilhavam friamente.

— "Interessante…"

Ele cruzou os braços.

— "Então vocês estão dispostos a sacrificar seus próprios homens para esconder a verdade?"

Um dos espiões tentou rastejar para trás.

— "N-nós não sabíamos que ele faria isso…!"

— "A culpa não é nossa! Nós apenas seguimos ordens!"

Cael suspirou e olhou para eles com tédio.

— "Vocês são inúteis."

Com um simples movimento da mão, ele desativou a pressão mágica.

Os dois espiões caíram no chão, respirando pesadamente.

— "Voltem e avisem seus superiores."

Eles o encararam, ainda tremendo.

— "Diga a eles…" — Cael virou-se e começou a caminhar pelo corredor escuro — "… que se querem brincar comigo, que tragam suas melhores cartas."

E então, ele desapareceu.

Os dois espiões ficaram ali, sem conseguir dizer nada.

O medo que sentiram era algo que nunca haviam experimentado antes.

Afinal, eles estavam diante de alguém que não era normal.

E agora… a Família Von Auster também sabia disso.