Chapter 7 - Ele Era Tão Bonito

À medida que o rei concluía seu anúncio, uma onda de aplausos varreu o grande salão. A grandiosidade do momento parecia encher a todos de emoção — todos, exceto Aria.

Ela estava em silêncio, em um canto do salão, com as mãos dobradas firmemente à sua frente para acalmar seus dedos trêmulos. A conversa sobre Kalden Veyl, o convidado misterioso, e o retorno de seu irmão adotivo mais velho havia aceso uma inquietação nela que ela não conseguia exatamente dissipar.

Ela se virou e saiu furtivamente do salão antes que alguém notasse sua partida. Seus passos ecoavam fracamente pelo corredor vazio, e quanto mais ela caminhava, mais pesado seu coração se sentia.

Todos os sussurros e conversas ao seu redor no salão, os elogios aos seus irmãos, a empolgação para as cerimônias vindouras, eram lembretes pungentes de sua própria invisibilidade.

Ninguém nunca me celebraria assim, ela pensou amargamente. Ela apressou o passo, querendo nada mais do que se refugiar na quietude solitária de seu quarto. Mas quando ela contornou a esquina, quase colidiu com uma das empregadas carregando uma bandeja de vinho.

"Ah, desculpe," Aria disse automaticamente, se desviando.

A empregada, no entanto, zombou. "Você deveria prestar atenção por onde anda, Senhorita Aria. Ou devo dizer empregada Aria? Sua desajeitice não conhece limites, não é?"

A mandíbula de Aria se apertou. Ela queria replicar, mas anos sendo rebaixada a ensinaram a escolher suas batalhas. "Serei mais cuidadosa na próxima vez," ela disse calmamente, passando pela empregada.

A voz da empregada a seguiu pelo corredor. "Cuidadosa? Que piada. Se ao menos você tivesse nascido com um pingo de graça, talvez você não fosse uma desonra para a família real."

Os passos de Aria vacilaram, as palavras atingindo um nervo exposto. Desonra. O insulto permanecia no ar, pesado mais do que ela gostaria de admitir. Sua garganta apertou, mas ela se recusou a deixar a empregada ver seu choro.

Ela se forçou a continuar caminhando, com a cabeça erguida, mas ao chegar ao seu quarto, o peso do dia havia se tornado insuportável. Fechando a porta atrás de si, ela se recostou nela e expirou tremulamente. Por que sempre é assim? ela se perguntou. Não importava o quanto ela tentasse, ela sempre seria o saco de pancadas da família.

A atmosfera sufocante do seu quarto apenas amplificou sua tristeza. Desesperada por ar, por algum tipo de consolo, decidiu ir ao jardim. A brisa fresca da noite talvez ajudasse a acalmar seu coração perturbado. Ela saiu de seu quarto, seus passos silenciosos no piso de mármore, e fez seu caminho em direção ao jardim.

A lua estava alta no céu, sua luz prateada derramando-se sobre o terreno do castelo. O jardim estava sereno, o suave farfalhar das folhas e o fraco canto dos grilos criando uma sinfonia pacífica. Aria respirou fundo, o ar fresco da noite acalmando seus nervos desgastados.

Ela caminhou em direção ao banco de pedra perto da fonte, mas quando se aproximou, congelou. Uma figura estava lá, meio envolvida pelas sombras.

Era um homem.

O coração de Aria pulou para a garganta. O homem era alto, seus ombros largos cobertos por um longo casaco preto que balançava ligeiramente com a brisa. A fraca luz da lua iluminava suas feições, e Aria se viu momentaneamente sem fôlego. Seu maxilar talhado, maçãs do rosto altas e olhos vermelhos penetrantes o faziam parecer quase digno de um deus.

Seu cabelo vermelho na altura da cintura esvoaçava ao vento, e sua expressão era fria, como se fosse esculpido em pedra.

Quem era ele? ela pensou, pânico borbulhando em seu peito. Um ladrão? Um assassino?

Fortalecendo-se, ela deu um passo à frente. "Quem é você?" ela exigiu, sua voz mais firme do que se sentia. "O que está fazendo aqui? Esta é propriedade privada!"

O homem virou-se para enfrentá-la completamente, seus olhos vermelhos cravados nos dela. Por um momento, ele não disse nada, apenas a observando com uma calma indiferença que a fez sentir arrepios.

"Você é surdo?" ela disparou, dando um passo para mais perto. "Eu perguntei quem é você!" Ela não sabia de onde vinha essa confiança recém-descoberta, mas nesse momento não se importava.

Um leve sorriso puxou o canto de seus lábios. "E quem é você para me questionar?" ele perguntou, sua voz baixa e suave, ainda que friamente distante.

O temperamento de Aria inflamou. "Quem sou eu? Sou a quem pegou você rondando onde não deveria! Agora responda a pergunta antes que eu chame os guardas."

O homem riu baixinho, o som tanto divertido quanto condescendente. "Chamar os guardas?" Ele deu um passo deliberado em direção a ela, o movimento despretensioso, mas autoritário. "Tem certeza de que isso é prudente, senhorita?"

O tom dele enviou um calafrio pela espinha dela, mas ela se forçou a manter a posição. "Você está me ameaçando?" ela perguntou, sua voz subindo ligeiramente.

"Ameaças?" ele disse com uma leve inclinação da cabeça. "Eu não preciso recorrer a tais coisas. Você deveria pensar cuidadosamente antes de acusar alguém que não pode se dar ao luxo de ofender."

O peso de suas palavras afundou em seu peito como uma pedra. Ela vacilou por um momento, percebendo que este homem poderia não ser um invasor comum. Mas o seu pingo de orgulho não a deixou recuar.

"Alguém que não posso me dar ao luxo de ofender?" ela repetiu zombeteira, mesmo sentindo a aceleração de seu pulso. "Então talvez devesse explicar por que está invadindo antes que eu assuma o pior."

O sorriso do homem se alargou, enquanto ele se aproximava fazendo Aria recuar continuamente, mas antes que ele pudesse responder, Aria tropeçou para trás, seu salto enroscando na borda da fonte. Ela soltou um pequeno grito, se preparando para a queda, mas ela nunca veio.

Uma mão forte segurou seu pulso, puxando-a para cima com inesperada facilidade. Por um breve momento, eles estiveram próximos — demasiadamente próximos. Seu hálito frio roçou sua pele, e ela estava intensamente ciente de seu olhar penetrante, o leve aroma de algo escuro e intoxicante ao redor dele.

"Você é mais estúpida do que eu esperava," ele murmurou, em uma voz aveludada, seu tom neutro, mas suas palavras cortantes. "Todos os pirralhos reais são assim tão desajeitados?"

Aria puxou seu braço livre, suas bochechas ardendo de humilhação e raiva. "Você—!"

"Cuidado," ele disse suavemente, interrompendo-a. "Seria uma pena se você caísse de novo."

Sua raiva se inflamou, mas antes que ela pudesse retrucar, ele deu um passo para trás e levantou uma mão. Um leve brilho de luz o envolveu, e seus olhos se arregalaram enquanto sua forma começava a se dissolver no ar como névoa.

E então ele se foi.

Aria encarou o espaço vazio onde ele estivera, seu coração acelerado. Sua mente lutava para processar o que acabara de acontecer. Ele usou mágica. Magia de alto nível. Ele desapareceu!!!

Seus joelhos se sentiram fracos, e ela se sentou no banco de pedra, seus pensamentos girando. Quem era ele? E como alguém tão poderoso poderia estar aqui, sem ser notado? E além do mais o que ele estava fazendo aqui!?

Suas bochechas coraram quando outro pensamento cruzou sua mente: Ele é… o homem mais bonito que já vi. Dez vezes mais marcante que Eric, a quem ela já havia considerado o ápice da beleza.

Ela balançou a cabeça vigorosamente. "O que estou pensando?" ela murmurou. "Sonhando com algum... ladrão — ou seja lá o que for. Ridículo."

Com um suspiro profundo, ela se recostou no banco. Apesar do caos do encontro, ela percebeu que seu coração estava mais leve. A tristeza que pesava sobre ela mais cedo de alguma forma havia desaparecido, substituída por um estranho senso de calma. Sem ela ao menos saber

O jardim pareceu mais silencioso agora, o ar da noite mais fresco. Recolhendo-se, Aria se levantou e fez seu caminho de volta ao quarto.