À medida que a família real conduzia Kalden Veyl ao salão de celebração, os murmúrios e a excitação da multidão reunida os seguiam como uma onda. No entanto, Aria não conseguia compartilhar do entusiasmo deles. Seu estômago revirava enquanto ela permanecia na beira da cena movimentada, seus pensamentos emaranhados na memória de seu breve encontro com o homem.
Eu o chamei de ladrão... ela pensou, seu rosto aquecendo com vergonha. Um dos homens mais poderosos em existência, e eu o acusei de roubar.
A realização foi suficiente para fazê-la querer cavar um buraco e desaparecer para sempre, mas seu momento de pânico foi grosseiramente interrompido.
"Aria!"
A voz de uma colega empregada a trouxe de volta à realidade. A jovem mulher se aproximou dela com passos apressados, seu tom cortante e levemente impaciente. "Pare de ficar aí parada como uma estátua. Anda, precisamos buscar os refrescos para os convidados. Você não quer fazer Mestre Veyl ou seu precioso irmão esperar, quer?"
A ênfase naqueles títulos fez o estômago de Aria revirar novamente, desta vez com humilhação e apreensão.
Meu irmão? Seu coração afundou ainda mais.
Como eles podem esperar que eu sirva meu irmão? A própria ideia a fez querer rir amargamente. Ah, com certeza. Deixa eu me humilhar ainda mais me curvando e rastejando diante do homem que me atormentou a minha vida inteira. Bela ideia.
Mas então lhe ocorreu. Ela não estava apenas servindo seu irmão. Ela também teria que servir Kalden Veyl.
Suas mãos ficaram úmidas com a ideia. Isso destruiria qualquer fio de orgulho que ainda me resta depois de ontem. Ela já podia imaginar o sorriso no rosto dele se ele a reconhecesse. A humilhação seria insuportável.
Ela balançou a cabeça resolutamente. "Eu... Eu estarei aí em um minuto", disse ela à empregada, sua voz tremendo levemente. "Eu só preciso usar o banheiro primeiro."
A outra empregada a olhou com suspeita, mas deu de ombros. "Tudo bem. Mas não demore para sempre. Você já é inútil o suficiente."
No momento em que a empregada se afastou, Aria virou e disparou na direção oposta. Não havia maneira de ela ir ao salão de celebração. Ela tinha que encontrar algum lugar – qualquer lugar – para se esconder.
Aria perambulava pelos corredores extensos do palácio, o coração batendo forte enquanto ela se aventurava em uma área desconhecida. Quanto mais ela avançava, mais quieto ficava. Os ruídos animados da celebração desapareciam ao longe, substituídos por uma quietude arrepiante.
Deve ser uma das asas menos usadas, ela pensou, olhando ao redor nos corredores mal iluminados. Não era surpreendente – esta parte do palácio sempre teve fama de abrigar câmaras não utilizadas, principalmente para convidados importantes, para que não fossem incomodados pelas casualidades do palácio. Era exatamente o que ela precisava agora.
Sentindo um pequeno alívio, ela se permitiu diminuir o passo. Seus ombros relaxaram pela primeira vez naquele dia, e ela se encostou em uma parede próxima, recuperando o fôlego. "Finalmente", murmurou em voz baixa, fechando os olhos brevemente.
Mas, justo quando começou a pensar que estava segura, uma voz aguda ecoou pelo corredor.
"Quem está aí?"
Os olhos de Aria se abriram alarmados. Era uma empregada – uma das mais jovens pelo som de sua voz. Pânico correu pelas suas veias, e ela saiu correndo sem pensar duas vezes.
"Oh não, alguém está aqui!" ela sussurrou freneticamente para si mesma enquanto seus pés a levavam mais fundo na seção proibida.
Os passos atrás dela ficavam mais altos, e ela percebeu que estava ficando sem lugares para se esconder. Desesperada, virou uma esquina e se viu em frente a uma série de grandes portas. Uma delas estava entreaberta.
Sem hesitação, ela escorregou para dentro, fechando a porta atrás de si o mais silenciosamente possível. Sua respiração estava superficial enquanto ela pressionava a orelha contra a madeira, escutando atentamente.
Os passos da empregada começaram a diminuir.
O pulso de Aria acelerou. Ela sabia de uma coisa, de seu tempo como empregada: nenhum servo ousava entrar em uma câmara real sem permissão explícita. Se a empregada suspeitasse que ela tinha entrado ali, ela não seguiria.
De fato, os passos pararam do lado de fora da porta por um momento tenso antes de recuar. Eles ficaram cada vez mais fracos até desaparecerem completamente.
Aria soltou o ar de maneira trêmula, alívio a inundando. Ela encostou a testa contra a porta.
Isso foi por pouco.
Agora que o perigo imediato havia passado, Aria tirou um momento para olhar ao redor do quarto em que havia entrado. Suas sobrancelhas subiram surpresas.
Esta não era apenas qualquer câmara – era uma decorada com requinte. As paredes estavam adornadas com ricas tapeçarias, e o chão estava coberto por um tapete ornamentado que parecia nunca ter sido pisado. Uma grandiosa cama estava no centro, suas cortinas de veludo escuro dando-lhe uma aparência quase real.
O ar estava pesado com um leve aroma de cedro e algo mais – algo masculino e refinado.
Apesar de sua grandiosidade, o quarto tinha uma qualidade intocada, como se ninguém tivesse ficado ali por anos. Não havia pertences pessoais, nenhum sinal de uso recente.
Aria soltou um suspiro aliviado. Bom. Não parece que alguém esteve aqui recentemente.
Sentindo-se um pouco mais à vontade, ela se permitiu andar mais para dentro do quarto. Uma chaise perto da janela chamou sua atenção, suas almofadas macias parecendo convidativas de maneira impossível.
As pernas doíam pelo caos do dia, e a adrenalina da fuga começava a passar. Ela afundou na chaise, seu corpo se aconchegando no tecido felpudo.
Apenas por um momento, ela disse a si mesma. Eu descansarei um momento e então partirei.
Mas os eventos do dia cobraram seu preço. Entre o medo de ser descoberta, suas obrigações anteriores como empregada e a humilhação de servir, o esgotamento a cobriu como um cobertor quente. Suas pálpebras ficaram pesadas e, antes que percebesse, ela caiu em um sono profundo e sem sonhos.
Pode ter sido minutos ou horas depois – Aria não conseguia dizer – mas ela foi abruptamente arrancada de seu sono pelo som de vozes.
Seus olhos se abriram grogues, sua mente ainda turva. Por um momento, ela não conseguiu lembrar onde estava ou por que sentia um nó de apreensão no peito.
Mas então as vozes ficaram mais altas, acompanhadas pelo som inconfundível de passos.
Seu coração afundou.
Oh não.
Alguém estava vindo.