Chereads / Predestinação - A garota e o lobo / Chapter 2 - Capítulo 2 - Presságios

Chapter 2 - Capítulo 2 - Presságios

Denise

O quarto ainda estava uma bagunça.

Denise jogou a última mala no canto e se jogou na cama, soltando um suspiro cansado. O dormitório era simples, com paredes brancas e móveis de madeira clara. Não era grande coisa, mas era seu. Pela primeira vez, ela estava longe de casa, sem ninguém para dizer o que fazer ou como fazer.

Ela deveria estar animada. Mas, em vez disso, sentia um peso estranho no peito.

O dia tinha sido intenso, e Bianca realmente não tinha aceitado um "não" como resposta para a festa daquela noite. Denise ainda estava indecisa. Uma parte dela queria ficar ali, organizar suas coisas, ligar para a mãe e dizer que estava tudo bem. Outra parte... bem, queria esquecer a sensação de estar completamente sozinha.

Talvez uma festa ajudasse.

Ela se levantou e foi até a janela. O campus estava vivo, com grupos de estudantes espalhados pelos gramados, alguns rindo alto, outros apenas conversando sob a luz dos postes. Era um novo mundo, e ela precisava se encaixar nele de alguma forma.

Pegando o celular, abriu a conversa com Bianca.

Denise: Tá bom, eu vou.

A resposta veio segundos depois.

Bianca: Boa escolha, caloura. Te pego às 22h.

Ela sorriu de leve e se jogou de novo na cama, encarando o teto.

Algo dentro dela dizia que aquela noite mudaria tudo.

Paul

Paul corria.

Os músculos se contraíam e se expandiam a cada passo enquanto ele se movia pela floresta escura, o farfalhar das folhas sendo o único som ao seu redor. Ele precisava liberar a tensão.

Desde a conversa com seu pai, seu peito parecia carregado, como se estivesse preso em uma corrente invisível. Sempre foi assim. Regras, ordens, limites. Os Fioravante existiam nas sombras, e qualquer um que se afastasse demais do que era permitido trazia riscos para toda a tribo.

Ele sabia disso. Aceitava isso.

Mas não significava que gostava.

Parando ao lado de um riacho, Paul se abaixou e mergulhou as mãos na água fria, sentindo o choque percorrer seus dedos. Seu reflexo tremulava na superfície, os olhos dourados brilhando na escuridão.

Fechou os olhos e respirou fundo.

Foi quando sentiu.

Um arrepio estranho percorreu sua espinha, como se algo invisível tivesse tocado sua pele. Um cheiro doce, desconhecido, invadiu seus sentidos.

Seu corpo ficou tenso.

O que era aquilo?

Ele abriu os olhos, os instintos em alerta. O cheiro vinha de longe, muito além da floresta, além das fronteiras do vilarejo. Era sutil, mas inconfundível.

E, por algum motivo, tudo dentro dele reagiu àquele aroma.

Seu coração acelerou. Ele não sabia de quem era aquele cheiro ou por que estava afetando tanto seu corpo, mas sabia uma coisa.

Ele precisava descobrir.

E isso o levaria direto para ela.