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Chapter 6 - Capítulo 6 – Marcas na Pele, Marcas na Alma

Paul

Paul sentiu quando ela entrou na festa.

Não viu. Sentiu.

Era como um chamado, um instinto que o puxava para um ponto exato do ambiente, fazendo sua respiração pesar e seus músculos ficarem tensos. Ele tentou ignorar. Tentou dizer a si mesmo que era apenas mais uma humana qualquer. Mas quando seu olhar finalmente encontrou o dela, Paul soube.

Soube que não conseguiria esquecê-la.

Soube que, a partir daquele momento, sua vida nunca mais seria a mesma.

Ela o marcou. E ele nem sabia por quê.

Desde então, o cheiro dela estava impregnado em seus sentidos, quente e doce, com algo que o deixava inquieto. Sua pele coçava, como se precisasse tocá-la. Seus ouvidos captavam cada risada, cada palavra dita por ela, não importava o quanto tentasse se concentrar em outra coisa.

Ele estava ficando louco.

O pior de tudo era que Denise nem fazia ideia.

Enquanto ele se perdia em pensamentos proibidos, ela apenas vivia sua nova experiência na faculdade, sem imaginar que tinha despertado algo em alguém que não deveria ser despertado.

Então Paul fez a única coisa sensata: fugiu.

Saiu da festa sem olhar para trás, precisando de ar, precisando de distância.

Se ficasse mais um segundo ali, acabaria fazendo algo que não poderia desfazer.

Mas Denise o seguiu.

E quando ele se virou e a viu ali, no fim do corredor escuro, os cachos dela caindo sobre os ombros, os olhos cor de mel brilhando na penumbra…

Paul soube que estava perdido.

Ele tentou afastá-la, tentou dizer que ela não deveria estar ali. Mas quando Denise insistiu, quando desafiou ele a explicar, tudo ruiu dentro dele.

E então, ele a beijou.

No instante em que seus lábios tocaram os dela, Paul sentiu como se tivesse sido atingido por um raio.

Seu corpo inteiro pegou fogo, cada célula vibrando com algo selvagem, primitivo, algo que ele não entendia, mas que o dominava por completo.

Denise era macia. Quente.

O gosto dela era doce e proibido ao mesmo tempo, e Paul sabia que deveria parar.

Mas não conseguia.

Ele a puxou mais para perto, querendo senti-la, querendo gravar aquele momento em sua pele. A forma como ela tremia em seus braços, como seus dedos se agarravam aos ombros dele, como um pequeno gemido escapou de sua garganta…

Paul quase perdeu o controle.

Ele deslizou as mãos pela cintura dela, sentindo cada curva, cada pequeno detalhe do seu corpo. E quando Denise correspondeu ao beijo, se entregando a ele, foi como se algo dentro dele tivesse se quebrado de vez.

Ela é minha.

A frase surgiu em sua mente sem permissão. Errada. Proibida.

Denise não poderia ser sua.

Ele não poderia tocá-la.

Não poderia desejá-la.

Mas ali, naquela escuridão, na quietude do momento roubado entre eles, tudo parecia certo.

E talvez fosse por isso que Paul sentiu um pânico súbito crescer dentro de si.

Ele se afastou de repente, como se tivesse sido queimado.

Denise o olhou, os lábios entreabertos, os olhos brilhando com desejo e confusão.

E Paul soube que tinha cometido um erro.

Porque agora, ele nunca mais conseguiria esquecê-la. Mesmo sem conhece-la.

Ela o confrontou. Exigiu explicações. Mas o que ele poderia dizer? Que ele não podia tocá-la porque sua raça tinha regras contra humanos? Que aquele desejo avassalador dentro dele era algo mais profundo, mais instintivo do que qualquer coisa que ele já sentiu?

Então ele mentiu.

Chamou de erro.

Mas no momento em que viu a dor e a indignação nos olhos dela, soube que isso doía mais do que qualquer punição da tribo.

Quando Denise se virou e o deixou ali, sozinho, o silêncio caiu sobre Paul como um peso esmagador.

Ele passou a mão pelo rosto, respirando fundo. Precisava se recompor.

Mas como faria isso, se a marca dela já estava nele?

Se Denise era sua, mesmo sem saber?

Paul sabia o que precisava fazer.

Precisava esquecê-la. Enterrar aquele desejo, apagar a sensação dos lábios dela nos seus.

Mas ao fechar os olhos, tudo o que sentiu foi o calor do beijo.

E, pela primeira vez na vida, Paul não sabia se conseguiria lutar contra algo.

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