Chereads / Predestinação - A garota e o lobo / Chapter 1 - Capítulo 1 – Dois Mundos

Predestinação - A garota e o lobo

Denise2705
  • 28
    chs / week
  • --
    NOT RATINGS
  • 216
    Views
Synopsis

Chapter 1 - Capítulo 1 – Dois Mundos

Denise

O vento quente de fim de verão soprava pelo campus enquanto Denise puxava sua mala pelo chão de pedra. O sol batia forte, refletindo nos prédios antigos da universidade, e o som das conversas animadas dos estudantes ecoava ao redor. Ela respirou fundo.

Nova cidade. Nova faculdade. Nova vida.

Ela sonhou tanto com aquele momento que, agora que estava ali, tudo parecia grande demais. Desde a aprovação, sua rotina tinha sido um turbilhão de despedidas, papeladas e listas infinitas de coisas para comprar. Mas nada a preparou para a realidade de estar ali, completamente sozinha, rodeada por estranhos que já pareciam saber exatamente para onde ir.

Ela ajustou a alça da mochila no ombro e conferiu a mensagem no celular:

Bloco CPrédio das Engenharias

Olhando ao redor, tentou localizar alguma placa que indicasse onde deveria ir. Foi então que percebeu que estava parada no meio do caminho, com uma expressão provavelmente perdida.

— Caloura desorientada? — uma voz brincalhona soou atrás dela.

Ela se virou e deu de cara com uma garota de cabelo curto e um sorriso largo.

— É tão óbvio assim?

— Um pouco — a garota riu. — Mas relaxa, todo mundo já esteve no seu lugar. Sou Bianca, terceiro ano de Arquitetura.

Denise sorriu.

— Denise. Primeiro ano.

— Bem-vinda ao caos, Denise. Espero que goste de café forte, porque vai precisar.

Elas riram, e, pela primeira vez desde que chegou, Denise sentiu que talvez estivesse no lugar certo.

— Você está indo para onde? — Bianca perguntou.

— Prédio das Engenharias.

— Ah, fica lá do outro lado. Vou te mostrar o caminho.

Enquanto caminhavam pelo campus, Bianca falava sobre a universidade com um tom leve e descontraído, o que ajudava Denise a relaxar.

— Tem alguma festa hoje, se quiser já começar o semestre direito.

Denise riu.

— Eu acabei de chegar.

— Melhor ainda! O jeito mais fácil de se enturmar é numa festa.

Ela hesitou. Nunca foi muito de festas, mas talvez fosse uma boa ideia.

— Vou pensar no caso.

Bianca sorriu, como se já soubesse que a resposta final seria sim.

Paul

A floresta ao redor do vilarejo Fioravante estava silenciosa naquela manhã. O cheiro de terra molhada e folhas secas era familiar para Paul, tão natural quanto o ar que respirava. Ele caminhava entre as árvores com passos firmes, sentindo o solo macio sob os pés.

Os treinamentos haviam sido intensos. Seu pai, um dos anciãos da tribo, não aceitava falhas. Para os Fioravante, sobrevivência dependia de disciplina e segredo. Humanos não podiam saber da existência deles. Nunca.

Paul entendia isso. Cresceu ouvindo as histórias das tragédias que vieram daqueles que ousaram se aproximar demais do outro lado. Mas, ultimamente, algo dentro dele parecia inquieto. Como se estivesse esperando por algo que nem sabia definir.

— Você está distraído. — A voz de Matteo, seu primo mais velho, interrompeu seus pensamentos.

Paul parou, cerrando os punhos.

— Só estou pensando.

— Pensando demais. — Matteo cruzou os braços. — Se quer sobreviver neste mundo, precisa focar no que importa. Humanos não são problema nosso.

Paul não respondeu. Ele sempre seguiu as regras, mas, ultimamente, tudo parecia... pequeno demais. A floresta, as regras, a vida que sempre conheceu. Era como se algo estivesse chamando por ele, mesmo que não soubesse o quê.

— Meu pai quer falar com você. — Matteo disse, mudando de assunto. — Agora.

Paul assentiu e seguiu o primo até o centro do vilarejo, onde seu pai os esperava em frente à grande fogueira.

— Paul — o homem começou, sua voz firme como sempre. — Há rumores de que alguns de nós têm se aproximado demais da cidade.

Paul se manteve impassível.

— Isso é perigoso — o pai continuou. — Não podemos repetir os erros do passado. Espero que você compreenda isso.

— Eu compreendo. — A resposta veio automática, mas algo dentro de Paul se revirou.

A conversa terminou ali, mas a sensação persistiu. Como se, independente do que fizesse, o destino já estivesse escrito.

E, em breve, ele descobriria o porquê.