Arwen regressou a casa sob o peso das decisões tomadas no Conselho. O ar da noite parecia carregado, como se o próprio mundo sentisse a gravidade daquele momento. Quando atravessou a porta, encontrou Lya e Eren na sala, os olhos deles cheios de expectativa e inquietação.
— Então? — perguntou Eren, inclinando-se ligeiramente para a frente, como se já soubesse que a resposta que viria mudaria tudo.
Arwen soltou um suspiro, retirando a capa e pousando-a sobre uma cadeira antes de responder.
— O Conselho decidiu convidá-los para virem até nós — disse, a voz sem hesitação, mas carregada de significado.
O silêncio que se seguiu foi denso. Lya sentiu o peito apertar, os dedos crispando sobre o tecido da sua saia, enquanto Eren desviava o olhar, a mandíbula cerrada, como se já estivesse a prever as batalhas que viriam. Lya trocou um olhar rápido com Eren antes de falar.
— Os metamorfos? Como? Eles são seres sanguinários!
— E nós não? — Eren, abre os olhos. Numa guerra, não há bem ou mal absolutos, e muito menos vencedores verdadeiros. — admitiu Arwen. — Se aceitarem o convite, teremos um encontro que pode mudar o rumo desta guerra. Ou piorá-lo. Sim estamos a alguns anos sem confronto em batalha, mas a qualquer movimento isso pode mudar.
Eren cruzou os braços, a mandíbula cerrada em pensamento.
— Há membros do Conselho que nunca aceitarão qualquer diálogo com eles. Isto pode ser uma armadilha.
Arwen assentiu lentamente.
— Pode. Mas também pode ser a nossa melhor oportunidade para entender o que realmente se passa. Eles enviaram uma mensagem clara quando decidiram marcar os céus com a sua presença. Não foi apenas uma provocação, foi um aviso. Algo maior está por trás disto, e precisamos de estar preparados. A maneira como marcaram os céus não foi aleatória—foi um símbolo, um aviso velado. O que quer que estejam a anunciar, sabem mais do que dizem, e talvez estejam a testar-nos para ver como reagimos.
Lya sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha. Desde o primeiro momento que chegou a este mundo, tudo parecia encaminhá-la para um destino que ainda não compreendia. Agora, mais do que nunca, sentia que estava no centro de algo que não podia controlar. O peso da incerteza apertava-lhe o peito, um frio percorria-lhe a espinha, como se fios invisíveis a prendessem a um destino que ainda não compreendia. O ar parecia mais denso, cada respiração carregada com a sensação inquietante de que algo maior se movia nas sombras, aguardando o momento certo para se revelar.
— E nós? O que devemos fazer? — perguntou, a voz mais baixa, mas firme.
Arwen olhou para os dois com seriedade.
— Precisamos estar prontos. O Conselho pode ter tomado essa decisão, mas isso não significa que a cidade inteira a aceite. O encontro será um teste para todos, e não podemos ser apanhados desprevenidos.
Eren suspirou e passou a mão pelos cabelos escuros.
— Então é melhor começarmos a preparar-nos. Porque se os metamorfos vierem, não virão sozinhos. E nada garante que esse encontro termine sem sangue.
Arwen levantou-se, olhando Lya com um sorriso de cumplicidade. — Descansa, minha querida. Dormirás bem esta noite. Amanhã, será um novo dia.
Com um último olhar, Arwen se retirou da sala, e Eren, após um breve instante, seguiu-a até a porta. Lya, agora com os olhos pesados e a mente mais tranquila, dirigiu se ao seu quarto, acomodou se na cama e logo estava num sono pesado.
Sonho de Lya: Lya estava em um campo silencioso, onde flores estranhas se curvavam suavemente sob o vento, liberando um perfume que a fazia sentir-se tonta. Ela não sabia como havia chegado ali, mas algo na paisagem lhe era familiar, como se tivesse estado naquele lugar em outro tempo, outra vida. O céu estava em tons de dourado, mas não era o ouro do sol — era mais profundo, mais íntimo.
De repente, ele apareceu. Silencioso, quase como se fosse parte do próprio ar. Lya sentiu um calor imediato, como se o seu corpo soubesse dele antes da sua mente. Ele tinha os olhos dourados, intensos, queimando com um desejo inconfundível. Ela tentou desviar o olhar, mas a atração era irresistível.
Sem dizer uma palavra, ele caminhou até ela, seus movimentos graciosos e predatórios, como uma pantera na selva. Lya sentiu seu coração disparar, mas seu corpo não recuou. Ela estava ciente de que havia algo de perigoso e sedutor em cada passo que ele dava em sua direção. Ele chegou perto o suficiente para que pudesse sentir a temperatura de seu corpo, a energia pulsando entre eles.
Com um sorriso, ele a tocou, seus dedos deslizando pela pele dela, fazendo-a estremecer. A sensação foi como um choque elétrico, mas tão quente que ela não soube distinguir onde terminava seu corpo e onde começava o dele. Ele não falou, mas o toque de suas mãos, cada pressão, cada movimento, parecia falar mais do que palavras poderiam expressar.
Ela sentiu os dedos dele se movendo mais abaixo, e, antes que pudesse reagir, seus lábios estavam nos dela. O beijo foi profundo, urgente, como se ele quisesse marcar sua pele com a própria essência dele. Lya tentou afastar-se, mas ele a segurou firme, as mãos agora explorando seu corpo com uma precisão que a fazia se sentir vulnerável e ao mesmo tempo em êxtase.
Seu corpo respondeu a ele sem que ela pudesse controlar. Os toques se tornaram mais rápidos, mais intensos, e Lya sentiu uma onda de desejo tomar conta de si, uma necessidade que não sabia de onde vinha, mas que era impossível de ignorar. Ele murmurou algo em uma língua que ela não compreendia, mas que, de alguma forma, tocava seu âmago.
Quando ele a puxou para mais perto, os corpos quase se fundindo, a sensação de conexão foi avassaladora. Lya sabia que ele era algo mais do que humano, mais do que ela poderia compreender. A tensão entre eles cresceu até que ela sentiu que não poderia mais suportar, que algo dentro dela estava prestes a se quebrar.
Mas, antes que pudesse atingir o clímax daquele encontro, o sonho desmoronou, como areia escorrendo pelos dedos. Lya acordou com o coração batendo forte, a respiração rápida e a pele quente. Ela estava sozinha, mas a sensação do toque dele ainda queimava, e um pensamento a assolava: quem era ele?
O rosto e os olhos dourados permaneciam nítidos em sua mente, mas tudo o que ela sabia era que ele era real, e ela o desejava de uma forma que não conseguia entender.