Uma noite fria de inverno, tão fria que parecia que o próprio ar congelava em volta de quem ousava respirar fundo. A neblina caía, cobrindo a vista com um manto branco e silencioso. A cidade de stepin estava completamente adormecida, suas ruas vazias e suas casas seladas contra o frio penetrante.
Naquela noite, sob o brilho pálido de uma lua cheia, uma figura sombria surgiu na escuridão. Envolto em uma capa preta que ondulava ao vento, ele caminhava lentamente pelas ruas desertas. Seu rosto oculto pela escuridão, mas seus olhos brilhavam com uma intensidade que parecia cortar a escuridão ao seu redor. Ele se movia com cada passo silencioso e decidido.
Nos seus braços , envolto em mantas finas, estava um bebê. O pequeno estava quieto, seus olhos fechados, sem saber que sua vida estava prestes a tomar um rumo inesperado. O homem encapuzado segurava o bebê com firmeza, mas havia algo de tenso em seus movimentos, como se ele lutasse contra uma decisão dolorosa.
Ao chegar à frente de uma casa modesta no fim de uma rua tranquila, a figura parou. A casa, como as outras, estava mergulhada no silêncio da noite, mas havia uma pequena luz acesa na janela sendo o único sinal de vida dentro dela. O homem permaneceu ali por um momento, a neblina caindo pesadamente, enquanto ele olhava para a porta fechada.
Com um movimento cuidadoso, ele se agachou e colocou o bebê suavemente na soleira da porta, Então, retirou de dentro de sua capa um objeto que brilhava levemente à luz da lua: um colar. O colar era peculiar, possuía duas faces: de um lado, um medalhão dourado ornamentado com padrões intricados, como se contasse uma história esquecida; do outro, um espelho ovalado, refletindo a lua como se fosse um portal para outro mundo.
O homem segurou o colar por um instante, seu olhar fixo no espelho. Havia algo sombrio e doloroso em seus olhos, um peso que parecia crescer a cada segundo. Ele sabia que o colar era mais do que uma simples joia—ele carregava dentro de si o destino daquele bebê, um destino que ele próprio não poderia evitar.
Finalmente, com um suspiro profundo, ele colocou o colar ao lado do bebê, com cuidado. Era como se o colar fosse uma parte dele, algo que sempre estivera destinado a estar ali. O bebê se mexeu levemente, mas não acordou, alheio ao peso de seu futuro que estava sendo colocado sobre ele.
o homem ficou de pé e olhou para o bebê uma última vez. Seus olhos, agora cheio de tristeza, pareciam refletir todo o peso da decisão que havia tomado. Com um último olhar para a porta da casa, ele se virou e desapareceu na escuridão, suas pegadas rapidamente apagadas pela a neblina que continuava a cair.
Poucos minutos depois, a porta da casa se abriu com um rangido suave. O casal de meia-idade, despertado por um ruído inexplicável, espiou para fora com um misto de curiosidade e apreensão. O que encontraram ali fez seus corações dispararem: um bebê, envolto em mantas finas deixado à sua porta como um presente dos céus, estava adormecido.
Morgan estremeceu ao ver a criança, seus olhos arregalados com uma mistura de surpresa e preocupação. Ela se abaixou cuidadosamente para pegar o bebê nos braços, seus movimentos gentis e trêmulos. O frio da noite parecia desaparecer à medida que ela sentia o calor do pequeno corpo. Elion, ao seu lado, estava igualmente chocado, sua expressão refletindo um profundo espanto e confusão.
— Olhe para isso, Elion — disse Morgan, sua voz quase um sussurro, enquanto seus dedos delicados tocaram o colar que brilhava suavemente à luz da lua. — Esse colar é tão peculiar...
Elion, ainda com a respiração suspensa, observou o colar com a mesma fascinação. O medalhão, adornado com padrões intricados, parecia pulsar com uma luz própria, como se carregasse uma energia misteriosa.
Morgan deslizou os dedos pelas bordas do medalhão e do espelho, seus olhos fixos na peça de joalheria, enquanto uma sensação de maravilha e apreensão tomava conta dela. O que poderia ter levado alguém a deixar um bebê e um colar tão peculiar na porta deles?
— Talvez haja uma razão para ele estar aqui, junto com a criança — murmurou ela, a voz cheia de um misto de espanto e determinação.
Eles não entenderam o significado do colar, mas sentiram que aquela criança estava destinada a estar com eles.o colar guardado cuidadosamente em uma caixa de madeira, onde permaneceria esquecido por muitos anos.