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Chapter 5 - A jornada- parte 2

A luz flutuava à frente, iluminando um caminho que serpenteava por entre árvores e arbustos de cores deslumbrantes. Zarck podia sentir a energia do lugar, uma vibração que parecia pulsar em harmonia com sua própria respiração. A sensação de estar em um lugar especial era palpável, mas também carregada de um peso que ele ainda não conseguia compreender totalmente.

— "Estamos próximos da Cidadela do Destino," disse a luz, sua voz ecoando suavemente através da floresta. — "Lá, você encontrará respostas sobre o seu papel e sobre como pode ajudar a salvar nosso reino."

A medida que avançavam, Zarck começou a notar mudanças sutis no ambiente. As árvores pareciam ficar mais altas e as sombras mais profundas. Um mistério pairava no ar, misturando-se com uma crescente sensação de inquietação. A beleza do reino era inegável, mas havia algo de sinistro que se escondia por trás do esplendor.

Após um tempo, a luz parou diante de uma grande construção coberta por musgos e lianas, com torres escuras que se erguiam em meio às árvores. Era a Cidadela do Destino, um lugar imponente que parecia ter sido abandonado há muito tempo. O vento sussurrava entre as pedras desgastadas, e uma aura de antiguidade e sabedoria envolvia o local.

— "Este é o coração de Bilmonker," explicou a luz. — "Aqui reside o Conselho dos Anciãos. Eles são os guardiões do conhecimento e do passado do reino.

Zarck, apesar de sua determinação, sentia um frio na espinha ao se aproximar da entrada da Cidadela. O local parecia carregado de histórias não contadas e segredos há muito esquecidos. Ele respirou fundo, tentando se concentrar e afastar o medo que ameaçava tomar conta de si.

A luz flutuante guiou Zarck até uma enorme porta de madeira ornamentada com símbolos nunca vistos antes. Quando ele tocou a porta, um brilho suave emanou das runas, e ela se abriu com um rangido profundo. O interior da Cidadela era vasto e escuro, iluminado apenas por tochas que lançavam sombras dançantes nas paredes.

— Zarck, nossa jornada juntos termina aqui. A partir deste ponto, você deve seguir sozinho. Somente eles podem explicar a profecia em detalhes e mostrar o caminho que você deve seguir."

A partir do momento em que a luz se despediu, suas cores vibrantes e pulsantes começaram a se suavizar, tornando-se tons mais pálidos e delicados. O azul-celeste desvanecia-se em um quase imperceptível véu de névoa, enquanto o verde esmeralda se dissipava como o orvalho da manhã. O roxo e o dourado, que antes cintilavam com intensidade, agora se misturavam ao ar.

À medida que Zarck entrava, algumas criaturas mágicas se moviam em silêncio pelo salão principal. Seus olhos eram os únicos visíveis, brilhando com uma sabedoria antiga e uma intensidade penetrante. Cada passo de Zarck parecia ecoar pela sala, quebrando o silêncio reverente que envolvia o local.

— "Saudações, herdeiro de Bilmonker," disse uma voz reverente, emanando de uma das figuras. — "Nós esperávamos por você. A profecia foi clara sobre sua chegada, e a hora de nosso destino se aproxima."

Uma sensação inquietante começou a crescer em seu peito. O ar ao seu redor ficou mais denso, e um som distante começou a emergir da escuridão. O som de um relógio, seu tique-taque ressoando como um eco sinistro, preencheu a atmosfera. Cada tique parecia trazer consigo uma pressão invisível, um lembrete cruel de que o tempo estava se esgotando.

O tique-taque do relógio aumentou, tornando-se mais urgente, mais intenso. Zarck parou, os olhos arregalados enquanto olhava ao redor, procurando pela origem do som.

Então, uma voz emergiu da escuridão, profunda e sombria, mas ao mesmo tempo carregada de uma tristeza que parecia cortar o próprio coração.

— O tempo... está se esgotando, Zarck... — a voz sussurrou, cada palavra carregada de um peso terrível. — Você deve retornar... amanhã... o destino de Bilmonker... depende de você...

A voz começou a desvanecer, tornando-se cada vez mais distante, como se estivesse sendo puxada para longe, para um lugar onde Zarck não poderia alcançá-la.

— Não nos deixe... — implorou a voz, quase inaudível. — Precisamos de você...

O som do relógio alcançou seu ápice, cada tique ecoando como uma batida final. Zarck sentiu uma força invisível o puxando para trás, o mundo ao seu redor começou a girar, as luzes e as sombras se misturando em um redemoinho caótico. Ele tentou resistir, mas a força era irresistível, arrastando-o de volta para a realidade.

Com um último suspiro de luz, o mundo de Bilmonker desapareceu, deixando apenas o som distante de um relógio que continuava a ecoar em seus ouvidos. Ao abrir os olhos, percebeu que estava de volta ao sótão.