Era uma noite sem estrelas em Bilmonker, quando o rei, com passos apressados e olhar inquieto, atravessava os corredores do castelo. Em seus braços, envolto em mantos finos aparentemente o que havia acabado de encontrar ali naquele momento, estava Zarck, seu filho recém-nascido. O choro suave do bebê era abafado pelo eco das paredes frias e pelos ventos que uivavam lá fora. A escuridão parecia tomar conta do reino, espelhando a tormenta que devastava o coração do rei.A tragédia havia caído sobre Bilmonker de forma cruel e inesperada. A rainha, esposa amada do rei, havia sido assassinada na calada da noite, pouco depois de dar à luz Zarck. O reino, que antes prosperava sob a luz do amor e da união, agora estava mergulhado em caos e incerteza. O rei sabia que forças sombrias estavam em movimento, e que seu filho era o alvo de algo muito maior do que ele poderia compreender.Ele caminhou até a sala do trono, onde as tochas ardiam baixas, projetando sombras longas e distorcidas nas paredes. Sobre a mesa de mármore ao lado do trono, um pergaminho antigo estava estendido. As palavras da profecia, escritas por um oráculo há muito esquecido, pareciam brilhar com uma luz própria enquanto o rei passava os olhos sobre elas mais uma vez. Elas falavam de um herdeiro que carregaria o destino de Bilmonker, mas também alertavam sobre as trevas que o perseguiriam desde o nascimento.Com um suspiro pesado, o rei tomou uma decisão que partiu seu coração. Para salvar Zarck, ele precisaria escondê-lo do mundo, mantê-lo longe das intrigas e perigos que rondavam Bilmonker. Seu único filho não podia ser criado no reino que agora ameaçava consumi-lo."Eu não posso protegê-lo aqui," murmurou o rei para si mesmo, enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto. "Mas em outro lugar, ele terá uma chance."Com cuidado, o rei envolveu Zarck mais uma vez no manto, apertando o pequeno corpo contra o peito, como se quisesse gravar em sua memória aquele último momento juntos. Ele sabia que nunca mais veria seu filho crescer, mas essa era a única maneira de garantir que Zarck teria um futuro. Ele retirou um medalhão que estava pendurado ao redor de seu pescoço. O medalhão brilhava suavemente, com uma metade detalhadamente esculpida, e a outra parte ele colocou junto ao bebe que, ele sabia, estava destinada ao seu filho.A superfície do espelho ondulou, como água tocada por uma pedra, e uma visão do mundo real surgiu diante dele. Era uma paisagem diferente, cheia de tranquilidade, onde Zarck poderia crescer em segurança, longe das ameaças de Bilmonker. Sem hesitar, o rei atravessou o espelho, levando consigo o bebê que agora dormia em seus braços.