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Chapter 6 - O tempo

Na manhã seguinte, Zarck acordou com uma sensação de urgência pulsando em seu peito. Cada pensamento estava centrado no reino de Bilmonker e na necessidade de cumprir o seu destino. Ao descer as escadas, a luz do sol filtrava-se pelas janelas, mas a beleza do dia parecia distante e irrelevante em comparação com a importância de sua missão.

Morgan estava na cozinha, preparando o café com sua habitual dedicação. Ela chamou Zarck com um tom carinhoso:

— "Bom dia, Zarck. Eu já deixei seu prato na mesa," disse Morgan, apontando para a refeição pronta. — "Seu pai teve que sair mais cedo hoje. Ele recebeu uma chamada inesperada do trabalho e precisou ir resolver algumas questões urgentes. Infelizmente, não conseguiu ficar para o café da manhã."

Zarck, com um olhar distraído, apenas confirmou com um gesto e se sentou para o café da manhã.

O sol brilhava no céu, mas para Zarck, parecia que o tempo estava se arrastando a um ritmo interminável. A ansiedade e a inquietude cresciam a cada minuto, tornando o tic-tac do relógio quase insuportável. Cada segundo parecia uma eternidade enquanto ele aguardava ansiosamente o momento em que o relógio marcaria meia-noite.

O dia foi um turbilhão de distrações e preocupações. Mesmo com a constante preocupação, Zarck foi para a escola, tentando se manter o mais normal possível. As aulas passaram em um borrão de palavras e números, sua mente estava longe, vagando pelos mistérios que esperava resolver. Ele se esforçou para manter a aparência de normalidade, respondendo a perguntas e participando das atividades, mesmo que sua mente estivesse em outro lugar.

Quando o dia escolar finalmente chegou ao fim, Zarck mal conseguiu esperar para voltar para casa. A agitação em seu peito só aumentava à medida que ele se aproximava do final da tarde, e o relógio parecia zombar dele com cada tique. A ansiedade tornou-se quase insuportável, fazendo com que ele mal conseguisse se concentrar em qualquer coisa.

À medida que a tarde avançava para o crepúsculo, Zarck se sentiu como se estivesse preso em uma prisão temporal, cada segundo uma tortura lenta. A sensação de urgência apenas crescia, e ele mal conseguia se manter concentrado em qualquer outra coisa. Ele sabia que não podia apressar o tempo, mas a ansiedade o fazia sentir como se estivesse perdendo um precioso tempo que não podia recuperar.

Com um suspiro profundo, Zarck olhou para o relógio novamente e observou os minutos se arrastando lentamente em direção à noite, esperando com impaciência o momento em que finalmente pudesse retornar ao mundo de Bilmonker e enfrentar o destino que o aguardava.

Na hora do jantar, a casa estava envolta em uma atmosfera de tranquilidade, um contraste gritante com a agitação que pulsava dentro de Zarck. A mesa estava posta com cuidado, a comida quente e apetitosa, mas Zarck mal conseguia se concentrar nos pratos diante dele. Cada garfada parecia um esforço, e suas palavras, quando dirigidas a Morgan, eram automáticas e sem entusiasmo.

Elion chegou do trabalho, cansado mas satisfeito com a resolução dos problemas do dia. Ele entrou na sala de jantar, onde o aroma do jantar ainda pairava no ar. Com um gesto automático, lavou as mãos na pia da cozinha e, em seguida, dirigiu-se para a mesa, onde Morgan estava cuidadosamente colocando os últimos pratos.

Ao se sentar, Elion notou imediatamente que Zarck estava perdido em seus pensamentos, alheio ao que acontecia ao seu redor. O jovem estava com a cabeça abaixada, olhando fixamente para o nada, como se estivesse observando algo que ninguém mais podia ver. A inquietação era evidente em seu semblante; seus dedos tamborilavam levemente sobre a mesa, e os olhos não se moviam, fixos em um ponto invisível.

Morgan, percebendo o desconforto de Zarck, tentou puxar uma conversa para aliviar o clima.

— "Como foi seu dia na escola, querido?" perguntou ela, tentando animar a atmosfera. Elion, ao observar a cena, compreendeu que o jovem estava profundamente perturbado com algo. Ele respirou fundo, reconhecendo a necessidade de uma intervenção gentil.

— "Zarck!" Elion chamou, com um tom de voz que combinava a leveza da preocupação com a firmeza da autoridade. — "A sua mãe está falando com você."

Zarck, ainda imerso em seus pensamentos, não percebeu que seu pai havia chegado. Quando finalmente voltou sua atenção para a mesa, viu Elion já sentado.

Zarck forçou um sorriso, mas sua mente estava longe.

— "Foi... normal," respondeu ele, distraído. — "Nada de novo."

— Oh, pai! — exclamou Zarck, — Desculpe, não percebi que você já estava aqui. Como foi o seu dia no trabalho?

Morgan franziu a testa, a preocupação evidente em seu olhar. Ela sabia que Zarck estava passando por algo importante e provavelmente lidando com questões profundas relacionadas ao seu passado. Embora desejasse insistir para entender o que estava acontecendo, ela respeitava o espaço dele, mesmo que isso a deixasse inquieta. Ela sabia que a preocupação com o bem-estar de Zarck não poderia forçá-lo a se abrir antes que estivesse pronto.

Elion sorriu para o filho, um sorriso que carregava um misto de carinho e um leve cansaço.

— Foi um dia bastante agitado — respondeu Elion, tentando manter a conversa leve e relaxada. — Tivemos algumas reuniões importantes e vários desafios inesperados, mas consegui resolver tudo a tempo.

A hora começou a se aproximar, e Zarck sentia a urgência crescer. Cada mordida parecia ser um obstáculo em seu caminho, e a comida deslizava pela garganta sem que ele realmente a saboreasse. A única coisa que ocupava sua mente era o momento em que ele poderia retornar ao sótão e seguir para Bilmonker novamente.

Após o jantar, Zarck se levantou rapidamente, murmurando uma desculpa apressada e se dirigindo para o sótão. Ele estava impaciente, mal conseguindo se conter. Fechou a porta atrás de si e foi direto para o canto onde guardava o medalhão. Seu coração batia acelerado, e a ansiedade fazia com que ele andasse de um lado para o outro, os passos rápidos ecoando na sala vazia.

Zarck pegou o medalhão e o examinou com mais atenção. As marcas e runas antigas pareciam agora mais significativas do que nunca. Ele estava tão absorvido em seus pensamentos que mal percebeu o tempo passar. Sua mente estava um turbilhão de pensamentos e preocupações, e a espera para que o relógio marcasse meia-noite parecia interminável.

Quando o relógio finalmente soou, anunciando a chegada da meia-noite, Zarck sentiu uma onda de alívio e excitação. O colar começou a brilhar, e ele se preparou para a sensação familiar de ser sugado para o reino de Bilmonker.

O mundo ao seu redor se distorceu, e em um instante, ele foi transportado de volta para o reino mágico. Assim que seus pés tocaram o solo, ele sentiu a diferença imediata na energia do lugar. O dia em Bilmonker estava envolto em um manto de mistério, e o caminho de pétalas luminosas se estendia diante dele, brilhando suavemente sob seus pés.

Lembrando-se do caminho que a luz mágica havia mostrado anteriormente, Zarck começou a correr pelo caminho iluminado. As pétalas flutuavam ao redor, suas cores suaves e cintilantes criando um caminho radiante que o guiava com clareza. O castelo dos Anciãos estava em sua mente, e a sensação de urgência o impulsionava a avançar rapidamente.

O castelo dos Anciãos se erguia à distância, suas torres sombrias e majestosas visíveis através das árvores. Zarck corria com determinação, sua respiração ofegante e seu coração batendo forte. Cada passo parecia mais próximo de revelar os segredos e as respostas que ele buscava desesperadamente.