Nessa mesma noite, Zarck não conseguia desviar o olhar do medalhão que havia encontrado no sótão. , o espelho na face oposta do medalhão começou a brilhar com uma intensidade ofuscante.
— O que é isso? — murmurou Zarck, enquanto aproximava os olhos do brilho no espelho ovalado do medalhão. Ele forçou a visão, tentando enxergar claramente, e foi então que percebeu algo incomum. No lugar do seu reflexo, surgia um mundo que ele não reconhecia.
Assustado, Zarck soltou o colar, mas a imagem do mundo desconhecido continuava a girar em sua mente. Antes que pudesse processar o que estava acontecendo, ele ouviu a voz de sua mãe chamando do andar de baixo.
— Zarck! O jantar está pronto! Venha descer!
O susto fez com que ele vacilasse, e, tentando recuperar a compostura, Zarck guardou o medalhão em seu bolso e desceu rapidamente as escadas. Sua mente estava ainda repleta de perguntas e inquietações.
Quando chegou à cozinha, Morgan estava arrumando a mesa. Ela olhou para ele, notando a expressão perturbada no rosto do filho.
— Estava ocupado com alguma coisa? — perguntou Morgan, colocando um prato na mesa.
Zarck forçou um sorriso e tentou disfarçar a inquietação em sua voz.
— Não, só... estava novamente no sótão, olhando algumas coisas antigas. Não é nada. — Ele se sentou à mesa, tentando mudar de assunto. — Como foi seu dia?
Morgan percebeu a evasiva, mas não insistiu. Ela começou a servir o jantar, enquanto conversavam sobre assuntos triviais. Zarck tentava focar nas conversas, mas sua mente ainda estava voltando para o medalhão e o mundo que havia vislumbrado.
Depois do jantar, Zarck ajudou a limpar a mesa, mantendo a conversa leve. Quando terminou, esperou até que todos na casa estivessem tranquilos e se retirou para o seu quarto. A ansiedade o consumia, e ele sabia que precisava descobrir o que o colar realmente significava.
Decidido a entender a verdade, Zarck esperou até que o silêncio da casa fosse absoluto. Ele retornou ao sótão, pegou o colar novamente e, desta vez, não hesitou.
Quando o relógio marcou exatamente meia-noite, o espelho do medalhão começou a brilhar novamente com uma intensidade ainda maior, emitindo um clarão que ofuscava ainda mais a visão de Zarck. A luz que irradiava parecia pulsar em ondas, como se estivesse viva, e o som de um zumbido sutil e crescente preenchia o ar. Zarck sentiu uma força invisível, como um vórtice poderoso e implacável, puxando-o para dentro do reflexo. A sensação era tão intensa que parecia que a própria realidade estava se desintegrando ao seu redor.
O calor e o frio se alternavam em seu corpo, misturados com uma sensação de desorientação crescente. Ele tentou resistir, mas a força era avassaladora, e antes que pudesse reagir ou compreender o que estava acontecendo, foi completamente absorvido pelo brilho do espelho. A sensação de ser sugado era como atravessar um túnel de luz e escuridão, onde o tempo parecia se estender e encolher ao mesmo tempo.
Quando a luz finalmente se dissipou e Zarck abriu os olhos, ele se encontrou em um lugar radicalmente diferente de Stepin. Ele estava em Bilmonker, um reino mágico e encantador que parecia ter saído de um sonho. À sua frente, uma vasta floresta se estendia até onde seus olhos podiam ver, suas árvores imensas e majestosas pareciam quase tocar o céu. O ambiente estava banhado em uma luz suave e iridescente, e criaturas fantásticas e curiosas observavam-no com olhares fascinados e atentos.