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Chapter 15 - Capítulo 15: O Olhar de Mori Ougai

O ataque ao depósito das Garras de Fogo reverberou como um trovão em Yokohama. Não apenas enfraqueceu uma das facções mais brutais da cidade, como também chamou a atenção de uma força ainda mais perigosa: a máfia do porto, uma organização que governava o submundo com mãos de ferro.

No centro dessa tempestade estava Mori Ougai, o calculista e carismático líder da máfia. Conhecido por sua mente afiada e métodos cruéis, Mori ouviu os relatos sobre "Os Narradores Eternos" com interesse crescente.

Sentado em seu luxuoso escritório, ele analisava um relatório detalhado entregue por um de seus subordinados.

"Um grupo de mercenários acabou com as Garras de Fogo e resgatou a refém sem sofrer perdas significativas," o subordinado informou.

Mori fechou o arquivo e sorriu levemente, os dedos tamborilando na mesa. "Narradores Eternos, hein? Um nome interessante. Parece que temos novos jogadores no nosso tabuleiro."

Elise, a pequena garota que sempre estava ao lado de Mori, balançava as pernas sentada em um sofá próximo. "Eles soam divertidos. Você vai brincar com eles, Mori?"

O sorriso dele se ampliou. "Claro, Elise. Mas antes, precisamos saber mais sobre eles. Quem são, o que querem... e até onde estão dispostos a ir."

Enquanto isso, na base dos Narradores Eternos, Kenshiro estava reunido com Hajime, Aika e Kaoru, discutindo os próximos passos. A missão no porto havia sido um sucesso, mas Kenshiro sabia que ações como aquela não passariam despercebidas por muito tempo.

"Nós fizemos barulho," disse Kenshiro, olhando para o mapa da cidade. "A máfia do porto certamente já tomou conhecimento. Precisamos estar prontos para represálias."

Kaoru, sempre pragmático, concordou. "Eles não vão ignorar uma incursão tão ousada no território deles. A questão é: eles vão nos atacar imediatamente ou tentar nos observar primeiro?"

A conversa foi interrompida por uma batida na porta. Antes que alguém pudesse reagir, um envelope foi deslizado por debaixo dela. Aika pegou o envelope com cuidado e o abriu. Dentro, havia um cartão elegante com letras douradas:

"Ao líder dos Narradores Eternos,

Gostaríamos de convidá-lo para uma conversa sobre o futuro desta cidade.

— Mori Ougai"

Hajime riu sem humor. "Bem, isso foi rápido."

Kenshiro pegou o cartão, examinando-o atentamente. "Não é apenas um convite. É um aviso. Ele quer mostrar que sabe onde estamos e que pode nos alcançar a qualquer momento."

Aika cruzou os braços, desconfiada. "E você vai aceitar? Isso parece uma armadilha."

"Claro que é," respondeu Kenshiro, um sorriso tranquilo se formando em seu rosto. "Mas recusar seria pior. Ele quer avaliar quem somos. E nós também precisamos saber mais sobre ele."

Na noite seguinte, Kenshiro foi ao local marcado no cartão – um restaurante luxuoso à beira-mar. Ele foi sozinho, como solicitado, mas manteve seus sentidos alertas. Ao entrar no restaurante, percebeu que ele estava vazio, exceto por Mori e Elise, que estavam sentados em uma mesa próxima à janela.

"Bem-vindo, Kenshiro," disse Mori, erguendo uma taça de vinho. "Sente-se. Espero que não se importe, mas reservei o restaurante inteiro para nossa conversa. Privacidade é essencial para assuntos delicados."

Kenshiro sentou-se calmamente, observando Mori com curiosidade. "Você parece saber muito sobre mim, Mori. E eu mal sei quem você é."

Mori sorriu, recostando-se na cadeira. "Oh, você sabe quem eu sou. Talvez não os detalhes, mas conhece minha reputação. Sou um homem de negócios, assim como você parece ser. E negócios, Kenshiro, dependem de equilíbrio. Seu ataque ao depósito das Garras de Fogo... desestabilizou esse equilíbrio."

"Então você está aqui para me ameaçar?" Kenshiro perguntou, mantendo a voz tranquila.

"De forma alguma," Mori respondeu, com um sorriso educado. "Estou aqui para entender você. Suas motivações, seus objetivos. Quero saber se você é uma ameaça... ou uma oportunidade."

A conversa entre Kenshiro e Mori transformou-se em um jogo de palavras e insinuações, cada um testando os limites do outro. Kenshiro percebeu que Mori era muito mais do que um líder criminoso. Ele era um estrategista brilhante, capaz de prever movimentos antes mesmo de serem feitos.

"Você tem um poder único," disse Mori, inclinando-se ligeiramente para frente. "Reescrever histórias, moldar o destino... É fascinante. Com habilidades assim, você poderia conquistar muito mais do que pequenos trabalhos."

Kenshiro manteve-se firme. "E você quer me recrutar? Trabalhar para a máfia do porto não está nos meus planos."

Mori riu suavemente. "Recrutar você seria... ambicioso demais. Mas talvez possamos nos beneficiar mutuamente. Você tem sua visão para esta cidade, e eu tenho a minha. Se conseguirmos alinhar nossos interesses, quem sabe o que poderíamos alcançar juntos?"

Kenshiro ponderou as palavras de Mori. Ele sabia que aceitar uma aliança com a máfia seria um caminho perigoso, mas recusá-lo abertamente também poderia ser desastroso.

"Eu vou considerar sua oferta," disse Kenshiro, levantando-se. "Mas preciso de tempo para decidir."

Mori sorriu novamente, satisfeito. "Claro, tome o tempo que precisar. Mas cuidado, Kenshiro. A cidade é um tabuleiro de xadrez, e cada movimento conta. Não demore demais para fazer o seu."

Quando Kenshiro retornou à base, encontrou o grupo esperando ansiosamente por ele.

"Então?" perguntou Hajime. "O que ele queria?"

"Ele quer... equilíbrio," respondeu Kenshiro. "Mas o que ele realmente quer é controle. Nós precisamos ser cuidadosos. Mori Ougai é mais perigoso do que qualquer um que enfrentamos até agora."

"Qual é o plano?" perguntou Aika.

Kenshiro olhou para o grupo, seus olhos brilhando com determinação. "Vamos construir nossa força, recrutar mais aliados e realizar missões maiores. Mori quer entender quem somos? Então vamos mostrar a ele. Mas no nosso tempo e nos nossos termos."