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Chapter 16 - Capítulo 16: O Fio da Meia-Noite

A cidade de Yokohama nunca dormia. As luzes neon iluminavam a noite como se cada esquina fosse uma promessa de mistério, um convite àqueles dispostos a se perderem nas sombras. Para alguns, a noite era uma capa de proteção, para outros, uma oportunidade de mostrar ao mundo quem realmente eram.

E para Kenshiro, a noite era um campo aberto. Um palco. Onde ele, com suas habilidades únicas, reescrevia histórias. Onde ele, com os Narradores Eternos ao seu lado, preparava o próximo capítulo.

Ele sabia que o encontro com Mori Ougai havia sido mais do que uma simples conversa. Mori, com seu sorriso calculado e olhos frios, havia oferecido algo que Kenshiro não poderia ignorar. Não um acordo, mas uma oportunidade. E como todo bom estrategista, Kenshiro sabia que, para avançar, precisava entender não apenas seu inimigo, mas as regras do jogo.

Na base dos Narradores Eternos, o ambiente era tenso. O som das teclas sendo pressionadas no computador ecoava pelas paredes. Kaoru, sempre meticuloso, estava analisando os relatórios sobre as atividades da máfia do porto. Aika, inquieta, caminhava de um lado para o outro, seus passos suaves mas apressados, enquanto Hajime mantinha-se em silêncio, observando Kenshiro.

"Ele está te provocando, não está?", perguntou Hajime, a voz grave, cortando o silêncio.

Kenshiro olhou para ele, os olhos fixos, calculando. "Ele não está apenas provocando. Mori Ougai está tentando me testar. Quer ver até onde vou para conseguir o que quero. E está testando nossa paciência."

"Você realmente acha que podemos controlar essa situação?", perguntou Aika, parando diante de Kenshiro. "Mori não é qualquer mafioso. Ele joga com o destino, manipula as peças ao seu redor com uma precisão assustadora."

Kenshiro sorriu levemente, seu olhar profundo e pensativo. "Eu nunca joguei para perder. Mori Ougai quer saber quem somos? Então vamos mostrar a ele."

Naquela noite, Kenshiro tomou uma decisão. Ele não poderia mais esperar. O tempo que ele passava se adaptando ao cenário era precioso demais. Ele sabia que o ataque ao depósito das Garras de Fogo havia sido apenas o começo. Mori Ougai não ficaria parado, assistindo. Mas o que ele faria, se a provocação fosse respondida à altura?

Kenshiro preparou-se para sair, mas antes, olhou mais uma vez para os outros membros de sua equipe.

"Hajime, Kaoru, Aika... o que está em jogo agora não é apenas nossa sobrevivência. Mori Ougai não é um homem simples. Ele está jogando um jogo maior. E eu preciso estar à frente dele."

"Temos o controle, então?", perguntou Aika, desconfiada.

"Sim. Controlamos o tempo", respondeu Kenshiro, seus olhos se estreitando. "E agora, vamos garantir que ele saiba disso."

A noite já caía pesadamente sobre Yokohama quando Kenshiro se dirigiu para o coração do distrito portuário. As ruas estavam desertas, com exceção de alguns poucos transeuntes solitários, provavelmente ligados a algum dos pequenos negócios locais. A brisa salgada do mar cortava o ar, mas Kenshiro estava acostumado com a sensação, pois aquela era a sua cidade agora. Ele sabia que, mais cedo ou mais tarde, teria que enfrentá-la de frente.

Mas, naquele momento, ele estava ciente de que Mori Ougai o estava observando, assim como todos os outros que estavam atentos ao crescente poder dos Narradores Eternos. Ele se dirigiu até o armazém abandonado, um lugar que não era mais apenas um depósito de mercadorias ilícitas, mas um símbolo de poder no submundo de Yokohama.

Ao chegar, a primeira coisa que notou foi a calma estranha. Não havia nenhum sinal óbvio de atividade, mas seu instinto lhe dizia que algo estava prestes a acontecer. Ele não estava sozinho. Não por um segundo.

Com a habilidade que o caracterizava, Kenshiro criou uma distorção no tempo ao seu redor, desacelerando os movimentos da cidade e passando desapercebido pelos sentinelas posicionados ao redor. Sua aura de poder estava em silêncio, mas firme. Como um predador, ele se movia nas sombras, sem ser detectado.

Quando finalmente entrou no armazém, foi recebido por uma visão peculiar. A sala estava iluminada apenas por uma lâmpada pendurada no teto, e na sua frente, estava uma mesa redonda, com dois homens sentados, ambos com expressões de expectativa. Um deles era Iori, um dos homens mais confiáveis de Mori Ougai, o segundo em comando na máfia do porto. O outro era Shinji, um nome ainda desconhecido, mas com uma presença palpável, que claramente estava ali para garantir que Kenshiro não escapasse.

"Isto é um erro", disse Iori, suas palavras carregadas de tensão. "Mori não gosta de ser desafiado."

Kenshiro olhou para os dois com um sorriso frio. "Desafio? Não, Iori. Eu só estou começando."

Com um movimento rápido, ele invocou sua habilidade, e a sala ao seu redor parecia congelar no tempo. Os dois homens estavam imobilizados, e a cena se transformava em uma pintura distorcida. Kenshiro avançou em direção a Iori, observando seus olhos, que agora estavam cheios de medo.

"Você sabia que Mori Ougai me observava, Iori. Você sabia que ele não podia deixar o que fizemos no porto sem resposta. Então me diga: o que ele realmente quer de mim?"

O medo nos olhos de Iori se aprofundou. "Ele quer... que você se junte a ele. Quer controlar você. Mas você não entende o poder dele, Kenshiro. Ele não vai deixar você escapar. Ele sempre vence."

Kenshiro se inclinou para frente, seu rosto a poucos centímetros do de Iori. "Talvez ele vença, talvez não. Mas uma coisa é certa: eu não sou um peão no jogo de ninguém."

Com um movimento suave, o tempo ao seu redor foi restaurado, e Iori e Shinji caíram, completamente atordoados. Kenshiro olhou para eles por um momento, a tensão no ar palpável. Ele sabia que essa batalha não seria fácil, mas também sabia que Mori Ougai estava agora no radar dos Narradores Eternos, e isso mudaria tudo.

No momento em que Kenshiro deixou o armazém, ele sentiu o peso de sua decisão. Ele havia mostrado o poder dos Narradores Eternos, mas sabia que Mori Ougai não ficaria parado. A guerra estava prestes a começar, e ele teria que jogar com precisão. O tabuleiro estava montado, e ele não podia se dar ao luxo de perder.

De volta à base, Kaoru já estava analisando as reações da máfia do porto, e Aika estava pronta para discutir o próximo passo. Mas Kenshiro sabia que o mais difícil estava por vir. Mori Ougai não deixaria que sua provocação passasse impune. E logo, muito em breve, ele enfrentaria o verdadeiro desafio.

"Preparem-se", disse Kenshiro, com a voz firme. "A guerra começou. E agora, é hora de escrevermos nossa própria história."