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Chapter 14 - Capítulo 14: Ecos na Floresta

As três semanas que Keyon passou desaparecido foram um tormento para seus amigos. Ayla, Kieran, Mira e Lucas não apenas temiam pelo pior, mas também sentiam o vazio deixado pela ausência dele. No Vaticano, a notícia da missão "simples" que havia se complicado rapidamente se espalhou, deixando Arthur Auguste visivelmente preocupado. Apesar das ordens para esperar, o grupo decidiu agir por conta própria, partindo para a Rússia na tentativa de encontrar Keyon.

Quando o grupo chegou à vila de Primorye, as condições climáticas eram severas. O frio gélido parecia perfurar suas armaduras, mas eles estavam determinados. Ayla, como sempre, manteve a liderança natural, sua postura firme contrastando com a preocupação que sentia por dentro.

— Temos que ser rápidos. Keyon pode estar em perigo, — disse ela, olhando para o horizonte coberto de neve.

— Ele pode cuidar de si mesmo, mas algo nessa história não me cheira bem, — murmurou Kieran, enquanto Nyx, seu corvo negro, voava ao redor, procurando por sinais.

A equipe começou a investigar a área ao redor da vila, interrogando os moradores. Contudo, a maioria das respostas era vaga ou cheia de superstição.

— Eles falam sobre um "demônio da água" que domina o rio, — explicou Mira, observando uma série de marcas no chão congelado. — Isso pode ter algo a ver com o desaparecimento de Keyon.

Lucas analisava o terreno com seu equipamento especial, buscando sinais de magia residual.

— Há traços de uma batalha aqui, — disse ele, apontando para uma área próxima ao rio. — Parece que ele enfrentou algo poderoso.

Kieran, enquanto isso, confiava em Nyx. O corvo parecia agitado, voando em círculos em torno de uma trilha que levava floresta adentro.

— Ele encontrou alguma coisa, — disse Kieran, com um tom sério. — Sigam-me.

A trilha os levou a uma clareira devastada. Árvores estavam caídas, rochas estavam partidas, e o rio parecia ter mudado de curso. Lucas se ajoelhou no chão, tocando a terra.

— Isto foi magia da terra, e não qualquer magia. É como se... estivesse viva, respondendo ao chamado de alguém, — ele disse, levantando o olhar para Ayla.

Ayla franziu a testa. Ela sabia que Keyon estava desenvolvendo sua afinidade com o elemento terra, mas a magnitude do que havia acontecido ali a preocupava.

— Isso é... dele. Só pode ser, — murmurou ela, antes de olhar para Kieran. — Podemos rastreá-lo?

— Com Nyx, sim, mas vai levar um tempo. Se ele está vivo, encontraremos.

Enquanto seus amigos o procuravam, Keyon estava sentado em uma colina isolada, próxima à cabana onde havia sido acolhido. Ele passava horas em meditação, tentando processar o que havia acontecido durante sua batalha com o demônio da água. O despertar de sua herança demoníaca havia sido avassalador, e ele lutava para manter sua humanidade enquanto sentia um novo poder emergindo.

A energia da terra fluía por ele de forma mais natural agora. Ele conseguia moldar o terreno ao seu redor sem esforço, criar formas e estruturas que antes exigiam concentração intensa. Contudo, havia algo diferente: um calor sombrio que acompanhava cada movimento, como uma sombra silenciosa crescendo dentro dele.

"É como se eu não fosse mais o mesmo," pensou Keyon, observando uma pedra flutuar em sua mão antes de desintegrá-la em pó.

Ele respirava fundo, tentando afastar os pensamentos sombrios. Contudo, flashes do que o demônio da água havia dito continuavam a atormentá-lo.

— Meu pai... Quem ele realmente é? E o que isso significa para mim? — murmurou, sua voz ecoando pela colina.

Nyx, o corvo de Kieran, finalmente encontrou Keyon. Ele pousou em um galho próximo, soltando um grasnado que ecoou pelo silêncio. Keyon abriu os olhos lentamente, reconhecendo o pássaro de imediato.

— Nyx, — ele disse com um pequeno sorriso, estendendo a mão para o corvo, que voou até seu ombro.

Poucos minutos depois, o restante do grupo apareceu. Ayla foi a primeira a avistá-lo, parada no topo da colina.

— Keyon! — ela chamou, correndo até ele.

Keyon se levantou, seus olhos encontrando os dela. Ele sorriu de forma hesitante, mas havia algo diferente nele. Uma sombra de cansaço e peso que Ayla nunca tinha visto antes.

— Estou bem, Ayla, — disse ele, antes que ela pudesse perguntar. — Apenas precisava de um tempo para... me recuperar.

Kieran e Lucas chegaram logo atrás, enquanto Mira permanecia um pouco distante, observando a interação.

— Você nos deu um susto, chefe, — disse Kieran, tentando aliviar a tensão. — O que aconteceu com você?

Keyon hesitou, olhando para o chão antes de responder.

— Eu lutei contra algo... ou alguém. Um demônio poderoso, com controle sobre a água. Ele sabia coisas sobre mim, sobre minha linhagem, e... — Ele parou, respirando fundo. — Eu perdi o controle.

Ayla colocou uma mão no ombro dele.

— Você não precisa carregar isso sozinho, Keyon. Estamos aqui para você.

Lucas examinou Keyon com um olhar curioso.

— Seu poder parece... diferente. Mais forte, mas... instável.

Keyon assentiu.

— Minha conexão com o elemento terra cresceu. É mais fácil agora, mais natural, mas também... sinto algo sombrio dentro de mim. Como se uma parte de mim estivesse... mudando.

O grupo trocou olhares preocupados. Ayla finalmente quebrou o silêncio.

— Vamos voltar para o Vaticano. Precisamos descobrir mais sobre o que está acontecendo com você. E juntos, vamos enfrentar isso.

Keyon assentiu, mas uma dúvida permanecia em sua mente. Ele sabia que essa mudança era apenas o começo e que o caminho à frente seria mais perigoso do que jamais havia imaginado.