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Chapter 17 - Capítulo 17: A Retaliação da Illuminati

A noite caía sobre o Vaticano como um véu negro, engolindo os contornos das catedrais e torres sagradas que haviam sido o coração da ordem dos exorcistas por séculos. Sob o manto de estrelas pálidas, um vento gelado soprava entre os corredores de pedra e os jardins do complexo, trazendo consigo uma sensação inquietante. Algo estava errado. Algo estava vindo.

Na sala de reuniões dos altos exorcistas, os Grigori e o conselheiro Mephisto Pheles debatiam em tons baixos, suas expressões carregadas de preocupação. Relatórios recentes haviam chegado de diferentes partes da Europa: ataques coordenados, destruição de pequenas bases da Igreja, desaparecimentos de exorcistas veteranos. Tudo apontava para um único culpado — a Illuminati.

— Eles estão reagindo, — declarou Sir Aldric, sua voz carregada de gravidade enquanto lançava o pergaminho sobre a mesa. — A derrota em Praga foi um golpe, mas eles não estão recuando. Estão contra-atacando, e desta vez, estão mirando em nós diretamente.

— Precisamos agir antes que eles ganhem mais terreno, — argumentou Lady Celeste, cruzando os braços. — Não podemos deixar que eles ataquem nossos territórios sagrados.

O Grigori, com sua capa tapando uma parte do rosto e iluminando a outra metade à luz das velas, ergueu uma mão para silenciá-los. — E quanto a Keyon? — Sua pergunta pairou no ar, densa e pesada. — Ele está mais vulnerável do que nunca. E se eles decidirem mirar nele?

A sala ficou em silêncio. Todos sabiam que Keyon, com sua herança demoníaca ainda descontrolada, era um alvo óbvio para os inimigos. Ele era uma ameaça potencial não apenas para a Illuminati, mas também para o Vaticano, um homem no limiar entre a salvação e a perdição. Se a Illuminati o capturasse, as consequências seriam catastróficas.

— Ele não será interrompido, — declarou um dos Grigori, com firmeza. — O treinamento de Keyon é mais importante do que qualquer batalha externa no momento. Se ele não conseguir controlar seus poderes, não haverá futuro para nenhum de nós.

Os outros hesitaram, mas finalmente concordaram. Keyon deveria continuar isolado, mesmo com o mundo ao redor desmoronando.

Longe dali, nas montanhas geladas que cercavam o Vaticano, Keyon continuava seu treinamento. Ele estava sentado em meditação no centro da capela, o círculo de selamento brilhando fracamente ao seu redor. O ar ao seu redor estava pesado, como se a própria terra estivesse em sintonia com sua luta interna. Ele respirava profundamente, tentando encontrar um equilíbrio entre as duas metades de sua alma: a parte humana, que buscava redenção, e a parte demoníaca, que ansiava por liberdade.

Mas naquela noite, algo estava diferente. Ele podia sentir uma tensão no ar, uma energia sombria que parecia se infiltrar em seus pensamentos, como uma onda fria. Ele abriu os olhos, seu olhar imediatamente indo para a espada ao seu lado. As runas gravadas nela brilhavam levemente, como se respondessem ao perigo que se aproximava.

"Algo está errado", ele pensou, levantando-se e pegando a arma.

Antes que pudesse reagir, a porta da capela foi aberta com força. Sir Aldric e Lady Celeste entraram, suas expressões graves. Keyon imediatamente soube que algo sério estava acontecendo.

— A Illuminati está contra-atacando, — anunciou Sir Aldric, sua voz firme, mas carregada de urgência. — Eles destruíram uma base próxima a Viena e estão avançando rapidamente. Há rumores de que eles têm um objetivo maior desta vez.

Keyon apertou o punho ao redor do cabo de sua espada, sentindo um turbilhão de emoções. Ele queria lutar, queria ajudar. Mas antes que pudesse se oferecer, Lady Celeste ergueu a mão, como se já soubesse o que ele diria.

— Não. Você não pode sair daqui, Keyon, — disse ela, com firmeza. — Seu treinamento é prioridade. Se você perder o controle novamente, não seremos capazes de salvá-lo.

Keyon queria protestar, mas as palavras dela pesavam em sua mente. Ele sabia que ela estava certa. Ainda assim, a sensação de impotência era insuportável.

— E o que eu devo fazer? Ficar aqui enquanto outros lutam e morrem? — perguntou ele, sua voz carregada de frustração.

— Sim, — respondeu Aldric, sem rodeios. — Porque o que você está enfrentando agora é mais importante do que qualquer batalha. Se você não dominar essa escuridão, será pior do que qualquer exército da Illuminati.

Keyon ficou em silêncio, mas seus olhos mostravam claramente sua luta interna. Finalmente, ele assentiu, voltando ao centro do círculo de selamento. Ele sabia que eles estavam certos, mas isso não tornava a decisão menos dolorosa.

Enquanto Keyon permanecia em isolamento, o Vaticano enfrentava a fúria da Illuminati. Em diferentes regiões da Europa, batalhas estouravam. Os inimigos atacavam com precisão cirúrgica, como se soubessem exatamente onde os exorcistas estariam. Seus soldados eram uma mistura de humanos corrompidos e demônios invocados, cada um mais perigoso do que o outro.

A batalha mais intensa ocorreu nos arredores do Vaticano. A Illuminati lançou uma ofensiva ousada, aproximando-se perigosamente do território sagrado. Os exorcistas lutaram bravamente, mas estavam claramente em desvantagem. Os inimigos pareciam estar mais organizados, mais preparados.

No meio da batalha, Ayla, Kieran, Mira e Lucas se destacavam. Eles haviam sido enviados para proteger um dos portões principais, enfrentando uma horda de demônios que avançava sem descanso. Ayla, com sua habilidade de invocação, chamava criaturas celestiais para ajudá-los. Kieran usava sua precisão letal para derrubar inimigos à distância, enquanto Mira e Lucas combatiam de perto, suas espadas sagradas cortando através das forças inimigas.

— Eles não param de vir! — gritou Mira, enquanto bloqueava o golpe de um demônio massivo.

— Segurem a linha! Não podemos deixar que eles passem! — respondeu Ayla, sua voz firme apesar da situação desesperadora.

Enquanto isso, no centro do campo de batalha, um líder da Illuminati se destacava. Ele era um homem alto, com olhos brilhando de energia demoníaca e um sorriso cruel nos lábios. Ele empunhava uma lança negra que parecia pulsar com uma energia sombria, derrubando exorcistas com golpes rápidos e precisos.

— O Vaticano está caindo! — gritou ele, sua voz ecoando pelo campo. — Vocês não podem nos deter!

Na capela, Keyon podia sentir tudo. Apesar de estar isolado, ele sentia a energia da batalha como uma pressão constante em sua mente. Ele sabia que seus amigos estavam lutando, talvez morrendo, enquanto ele estava preso ali. Mas ele também sabia que não podia falhar. Ele precisava se tornar mais forte.

Ele fechou os olhos, mergulhando novamente em sua meditação. Desta vez, ele não lutou contra a escuridão. Ele a aceitou, deixando-a se manifestar dentro de sua mente. Ele podia ver sua própria figura, metade humana, metade demoníaca, refletida em um espelho quebrado.

— Você não precisa me temer, — disse a voz da escuridão. — Eu sou você. Sempre fui. Apenas me aceite, e seremos imparáveis.

Keyon respirou fundo. Ele sabia que o equilíbrio era a chave. Ele não podia permitir que a escuridão o dominasse, mas também não podia continuar a rejeitá-la. Ele precisava encontrar um meio-termo, um ponto em que pudesse usar esse poder sem se perder.

Lentamente, ele abriu os olhos. As runas na espada brilhavam fracamente, mas desta vez, ele não sentiu o peso delas. Ele sentiu apenas determinação.

"Eu não vou falhar", ele pensou. "Nem com eles, nem comigo mesmo."