Keiyon despertava cedo todas as manhãs, antes mesmo que o sol iluminasse os céus de Seireitei. Suas responsabilidades como capitão da quinta divisão eram intensas e exigiam uma disciplina que ele havia dominado ao longo dos anos. Entre liderar missões, treinar subordinados e lidar com a burocracia do Gotei 13, Keiyon ainda encontrava tempo para ajudar seu irmão, Gerson, que estava cada vez mais determinado a se tornar um grande shinigami.
Naquela manhã, Keiyon estava no campo de treino da academia, observando Gerson praticar sua técnica de Zanjutsu. O jovem era talentoso, mas sua postura ainda apresentava falhas que Keiyon não podia ignorar.
— Gerson, endireite os ombros e mantenha o foco na lâmina do adversário, não nos movimentos dele. Leia a intenção, não o gesto, — Keiyon orientou, sua voz firme, mas encorajadora.
Gerson parou, respirou fundo e ajustou sua postura. Em um movimento rápido, desferiu um golpe que acertou o alvo perfeitamente. Ele virou-se para Keiyon, sorrindo.
— Consegui!
Keiyon retribuiu o sorriso com um leve aceno de cabeça.
— Bom trabalho. Mas lembre-se, consistência é a chave. Não adianta acertar uma vez e errar dez.
Os dois continuaram o treino até o final da manhã, quando Keiyon foi chamado de volta para suas obrigações como capitão.
Na quinta divisão, Keiyon revisava relatórios e planejava missões, mas sempre encontrava tempo para treinar com seus subordinados. Ele fazia questão de demonstrar que, apesar de ser capitão, estava sempre disponível para orientar e lutar ao lado deles.
Em um desses treinos, Aya Tsubaki apareceu. Como oficial da terceira divisão, ela não tinha muitos motivos para visitar a quinta divisão, mas sua relação com Keiyon havia se tornado algo especial.
— Capitão Arks, será que posso observar o treino? — Aya perguntou, seu sorriso travesso indicando que sua intenção ia além disso.
Keiyon riu levemente.
— Se você pretende apenas observar, sugiro que não fique muito perto. Meus subordinados podem ficar nervosos com sua presença.
Aya arqueou uma sobrancelha.
— Nervosos? Ou você está apenas tentando me distrair para não perceber suas falhas?
A provocação de Aya era algo que Keiyon secretamente apreciava. Ele sempre fora sério e focado, mas Aya trazia uma leveza à sua vida que ele nunca havia experimentado antes.
Após o treino, Keiyon convidou Aya para um passeio por um dos jardins de Seireitei. Era raro ele ter tempo para momentos assim, mas algo em Aya fazia com que ele quisesse criar esses espaços.
— Então, você está oficialmente promovendo Gerson como seu sucessor? — Aya brincou, referindo-se ao empenho de Keiyon em ajudar o irmão.
Keiyon sorriu.
— Ele tem potencial, mas ainda tem muito o que aprender. Além disso, não quero que ele viva na minha sombra. Quero que ele encontre o próprio caminho.
Aya assentiu, admirando a determinação de Keiyon. Após alguns momentos de silêncio, ela mudou de assunto.
— Keiyon, você nunca me contou o que realmente pensa sobre... nós.
Keiyon parou, voltando seu olhar sério para ela.
— Aya, eu penso muito sobre isso. Mais do que você imagina. Não sou alguém que se abre facilmente, mas desde que você voltou à minha vida, sinto algo diferente. Você me faz querer ser mais do que um capitão, mais do que um soldado.
Aya corou levemente, mas não desviou o olhar.
— Então, está decidido?
Keiyon deu um passo à frente, pegando a mão dela.
— Está decidido. Se você estiver disposta a lidar com a rotina de um capitão ocupado, quero que esteja ao meu lado.
Ela sorriu, apertando a mão dele.
— Eu já lido com isso. Acho que posso me acostumar.
Mesmo com o romance florescendo, Keiyon não negligenciava seus treinos. Ele sabia que ainda não havia atingido todo o potencial de sua Zanpakuto, Burado Tenshis. No silêncio do seu quarto, ele frequentemente entrava em meditação profunda, tentando compreender melhor os segredos de sua lâmina.
Em uma noite, ele finalmente ouviu a voz de Burado Tenshis em sua mente.
— Keiyon, seu coração está mais forte, mas ainda falta algo. Você precisa compreender o verdadeiro sacrifício para acessar o ápice do meu poder.
Keiyon abriu os olhos, sua determinação renovada. Ele sabia que o caminho para dominar o Bankai seria árduo, mas estava disposto a pagar o preço necessário.
Mesmo com tantas responsabilidades, Keiyon fazia questão de manter contato com seus amigos da academia. Ele frequentemente se encontrava com Aya, Hiroki e outros colegas para relembrar os velhos tempos. Esses momentos eram preciosos para ele, um lembrete de quem ele era antes de se tornar capitão.
Em um desses encontros, Hiroki brincou:
— Quem diria, Keiyon Arks, o garoto rebelde da academia, agora é um capitão e... bem, pelo visto, está muito bem acompanhado.
Aya riu, enquanto Keiyon balançava a cabeça com um sorriso.
— Talvez eu tenha amadurecido um pouco, mas nunca vou esquecer de onde vim.
Entre treinos, trabalho e momentos com Aya e Gerson, Keiyon sentia que sua vida estava se ajustando. Mas no fundo, ele sabia que tempos difíceis estavam por vir. As ameaças ao equilíbrio de Seireitei eram constantes, e ele precisava estar pronto para proteger aqueles que amava.
Enquanto olhava para o horizonte de Seireitei, com Aya ao seu lado e sua divisão sob seu comando, Keiyon sentia uma chama de propósito queimar mais forte do que nunca. Ele estava pronto para enfrentar o que viesse, com sua espada em mãos e seu coração firme.