A noite em Karakura estava tranquila, mas o coração de Keiyon Arks, capitão da quinta divisão, estava longe de encontrar paz. Após a conversa com Urahara Kisuke, as dúvidas sobre o caminho a seguir continuavam ecoando em sua mente. O desejo de proteger e crescer era forte, mas à custa de abrir mão de sua essência como shinigami? Não, Keiyon não era esse tipo de homem.
Enquanto olhava para o céu estrelado do mundo humano, o capitão fez sua escolha final.
— Não preciso de poderes de hollow, — murmurou para si mesmo. — Minha força como shinigami é mais que suficiente. E se não for, eu encontrarei uma maneira de superar meus próprios limites.
A decisão trouxe consigo uma inesperada sensação de alívio, como se uma carga tivesse sido retirada de seus ombros. Keiyon respirou fundo, sentindo novamente a confiança em seu próprio caminho.
Ao retornar à Soul Society, Keiyon percebeu a atmosfera tensa que pairava sobre o Gotei 13. Capitães e tenentes estavam em reuniões constantes, os corredores da Sede Central estavam mais movimentados do que nunca, e o ar estava carregado de murmúrios sobre a ameaça de Aizen Sousuke e seus novos aliados em Hueco Mundo.
Keiyon caminhava com passos firmes pelos corredores de sua divisão, enquanto os membros da quinta divisão o saudavam com reverência. Ele se esforçava para demonstrar calma e controle, mas a realidade dos fatos pesava em sua mente.
Em seu escritório, sentado diante de uma pilha de relatórios, Keiyon analisava informações recém-recolhidas sobre os movimentos de Aizen. Entre os documentos havia detalhes sobre a criação dos Arrankars e os experimentos envolvendo a Hōgyoku.
— Tomar o lugar do Rei Espiritual... — ele murmurou, franzindo a testa.
As peças do quebra-cabeça começavam a se encaixar. Aizen não apenas desejava poder, mas buscava reestruturar a própria existência das dimensões. Ele queria se colocar como o centro de uma nova ordem.
Pouco tempo depois, Keiyon foi convocado a uma reunião de emergência com os capitães do Gotei 13. No Salão da Assembleia, as figuras dos líderes das divisões estavam reunidas em um círculo, cada um com expressões sérias.
Yamamoto Genryūsai, o comandante, abriu a reunião.
— Capitães, nossas investigações confirmaram que Aizen está mobilizando um exército de Arrankars em Hueco Mundo. Seu objetivo é claro: tomar o lugar do Rei Espiritual e alterar o equilíbrio das dimensões.
O silêncio que se seguiu foi pesado. Keiyon observou atentamente os outros capitães. Alguns, como Byakuya Kuchiki e Tōshirō Hitsugaya, mantinham-se serenos, enquanto outros, como Mayuri Kurotsuchi, pareciam quase animados pela perspectiva de estudar mais sobre os Arrankars.
— Precisamos agir antes que ele reúna força suficiente para lançar um ataque direto à Soul Society, — continuou Yamamoto. — Capitães, preparem suas divisões para combate.
Após a reunião, Keiyon retornou à sua divisão com a mente fervilhando. Ele sabia que o conflito contra Aizen seria o maior desafio de sua vida.
Naquela noite, enquanto todos na quinta divisão dormiam, Keiyon caminhou até a área de treinamento. A luz da lua iluminava o pátio vazio, e ele desembainhou sua Zanpakuto, Burado Tenshis.
— Preciso de mais força, — sussurrou, segurando a lâmina vermelha com firmeza.
O espírito de sua Zanpakuto manifestou-se diante dele, um anjo de sangue majestoso com asas rubras e olhos brilhantes. Sua voz era grave, mas serena.
— Você já possui o poder necessário, Keiyon. Mas força não vem apenas do treino físico. Vem da confiança em si mesmo e naqueles ao seu redor.
Keiyon fechou os olhos, meditando sobre as palavras de seu espírito. Ele sabia que Burado Tenshis estava certo. Seu poder não era algo que poderia ser obtido por atalhos, mas pelo esforço contínuo e pelo fortalecimento de seus laços com aliados e subordinados.
No dia seguinte, Keiyon dedicou-se aos seus deveres como capitão, supervisionando os treinamentos da quinta divisão. Ele também passou um tempo com seu irmão mais novo, Gerson, que agora estava na Academia de Shinigamis. Ver Gerson treinando com determinação renovou em Keiyon a sensação de propósito.
Após o treino, Aya Tsubaki, sua tenente, aproximou-se com um sorriso discreto.
— Você parece mais tranquilo hoje, capitão.
Keiyon olhou para ela, e por um momento, o peso de suas responsabilidades pareceu desaparecer.
— Só estou me preparando para o que está por vir, — respondeu, com um sorriso confiante.
Aya inclinou a cabeça, estudando-o.
— Você vai liderar esta divisão contra Aizen, não é?
Keiyon assentiu.
— Sim, e faremos isso juntos.
Embora a ameaça de Aizen fosse esmagadora, Keiyon sentia-se mais preparado do que nunca. Ele sabia que ainda havia muito a aprender e que seus limites ainda não haviam sido atingidos. Sua decisão de permanecer fiel a si mesmo como shinigami o fortalecia, e ele estava determinado a proteger Soul Society e o equilíbrio entre os mundos.