Durante o baile, todos dançavam elegantemente, com passos perfeitos, dignos de uma verdadeira realeza. Os convidados eram todos nobres e da alta sociedade, e havia também famílias medianas em termos de riquezas.
Depois de duas horas de pura conversa e refeições, as músicas mais animadas começaram a tocar, despertando o desejo de muitos em desfilar com seus pares deslumbrantes. Um exemplo vivo disso era o príncipe Wylzer, com Halayna ao seu lado.
Kelvisk continuava observando o rei Tauron e sua esposa. Ele também estava conversando com outros nobres e amigos deles para conseguir informações que fossem valiosas para seu grande plano.
E Vilkus, bem… esse não perdeu tempo quando surgiu a oportunidade em suas mãos e na sua frente para aprontar mais uma, que o deixaria em uma enrascada daquelas.
— Quem é você? — pergunta uma bela jovem de cabelos brancos como a neve.
— Arielle, sou eu! O Vilkus… — diz, retirando o anel rapidamente e colocando-o de volta no mesmo instante — foi um amigo que me deu esse anel, queria muito te ver!
— Você é maluco, só pode! Se o meu pai me pegar com você novamente, nem sei o que ele faz contigo — ela fala, segurando seu rosto com as duas mãos.
— Não podia deixar esse privilégio de tê-la em minhas mãos por alguns segundos. Vem cá, me dá um beijo.
Os dois não esperavam por isso, mas estavam se aproximando dali Halayna e Wylzer para conversar em particular.
— Princesa Arielle? O que faz com esse rapaz? — Wylzer pergunta, estranhando.
— Ah, me desculpe, ele é um conhecido meu de muitos anos, só estávamos aproveitando o momento, apenas isso.
— Creio que o seu pai não pensaria dessa forma, não é mesmo? Bem, rapaz, poderia acompanhar essa jovem até o salão de baile, por favor? Preciso conversar a sós com a princesa.
— Claro, senhor.
Quando os dois se afastaram um pouco do príncipe e da princesa, Vilkus falou:
— Halayna, o que descobriu sobre ele?
— Como assim? Como sabe o meu nome? — ela questiona, sem entender.
— Ah! Sou eu, o Vilkus. O Kelvisk me deu esse anel que deixa o meu rosto diferente, tipo uma transformação, veja.
— Minha nossa, apenas magia mesmo para deixar você tão lindo assim, nem reparei que era você — ela diz, dando uma leve gargalhada — não vai me dizer que aquela era a tal princesa que você beijou e foi expulso daqui, vai?
— Sim, é ela mesma.
— Vilkus?! O que o Kelvisk vai dizer quando ele souber disso? Ele mesmo te mata, menino!
— Eu sei, mas não consegui me conter, entende? Foi mais forte do que eu. Espera, o príncipe está vindo, disfarça.
Quando o príncipe Wylzer se aproxima de Halayna, ele a beija à força, segurando forte em seu rosto, mas, no mesmo instante, ela chuta as partes íntimas dele e se solta das suas mãos.
No mesmo instante, Kelvisk chega ao local e pergunta o que houve, e Halayna, toda embravecida, o chama de louco e aproveitador, mas Kelvisk a manda ficar quieta e deixá-lo resolver.
— Desculpe os modos dela, meu senhor, ela não queria maltratá-lo dessa maneira. Perdoe-a, por favor — Kelvisk fala com uma cara séria e um semblante incomodado.
— Tudo bem, tudo bem. Vou deixá-los em paz — diz o príncipe.
— Com licença, não poderíamos resolver esse mal-entendido conversando em um jantar particular? Creio que o senhor demonstrou um interesse pessoal pela minha sobrinha e gostaria de poder conhecê-lo melhor, entende?
— Claro, seria ótimo. Estão convidados para conhecer o meu castelo. Avisarei ao meu pai da sua vinda, com licença.
— O quê?! Você pediu desculpas a ele por causa de mim?
— Se acalma! Você está muito nervosa — Kelvisk fala, segurando-a com suas mãos.
— Calma?! Calma?! Você me pede calma? Como vou ficar calma com o que acabou de acontecer? Aquele aproveitador me beijou à força e você me pede calma?!
— É verdade, Kelvisk, eu vi tudo. Ele realmente agarrou ela e segurou com muita força — Vilkus confirma, chateado.
— Você não entende, não é mesmo? Eu tenho planos aqui, tanto com o Rei Tauron quanto com a família desse príncipe. E você quase estragou tudo!
— Sério?! Você acha mesmo que eu vou me submeter a algo desse nível apenas para que os seus planos deem certo?!
— Sim! Você vai! E mais, vai obedecer sem reclamar nenhuma vez, a partir de agora — Kelvisk diz, pegando a mão dela e colocando um anel em seu dedo.
— O que está fazendo?! Tira isso de mim, eu não quero outro presente seu! Tira!
— Agora você vai me obedecer sem questionar. Terminamos por aqui. Vem, Vilkus.
— Você acha que pode mandar em mim?! Quer saber a verdade nua e crua? Eu só estou aqui porque sou obrigada! Em nenhum momento desejei viajar ao lado de vocês dois! Muito menos ajudá-lo em seus planos maléficos! E mais! Eu te odeio com todas as minhas forças! Você não presta! E sabe como provo isso? Você tem a lâmina de Coldbreath! Eu sei várias histórias sobre essa espada, as quantas atrocidades que os portadores dela fizeram em vida, quando estiveram na sua posse. Você não será diferente! — Kelvisk apenas fica surpreso com as suas palavras, ficando em silêncio. Ele deixa os dois sozinhos.
— Halayna? — Vilkus a chama.
— Me deixe! Por favor.
— Olha, eu te entendo. Confesso que também não confio no Kelvisk totalmente. Apenas estou ajudando-o por ele ter salvo a minha vida, mas isso não seria motivo suficiente para eu segui-lo. Estou fazendo isso por algo maior. Como você disse, ele tem a lâmina de Coldbreath, e também já ouvi histórias sobre essa espada. Por isso, quando ele me salvou, me veio em mente a oportunidade de poder estar ao lado dele. Só assim eu poderia impedi-lo de fazer alguma atrocidade, entende?
— Isso é sério? — ela pergunta, enxugando as lágrimas.
— Sim, muito sério. Eu não conheço o Kelvisk, não sei de onde ele veio, muito menos seus motivos para fazer o que faz, mas estou disposto a impedir qualquer um que tentar destruir o mundo. E você sabe, não é? O que aquela espada pode fazer…
Kelvisk conseguiu uma parte do que ele queria: um convite direto do filho do imperador para um jantar especial em sua casa. Uma oportunidade que ele aproveitará muito para colocar outros planos em ação. E, para facilitar ainda mais, ele conseguiu conversar com os dois príncipes elfos, depois de uma longa espera por eles.
Ele lhes disse que estava precisando trabalhar na área de conselheiro, pois o seu reinado o estava deixando louco com tanta administração. Então, queria um cargo onde pudesse relaxar mais a mente e poder trabalhar mais tranquilo. Mas os príncipes pediram algo em troca do favor dele, e Kelvisk não pensou nenhum segundo em dizer que doaria metade das riquezas do seu reino para fazer parte da sociedade real.
Os dois concordaram, sorridentes e felizes pelo acordo, e falariam com o seu pai em breve sobre o assunto. Deixando-os em paz, ele foi à procura de Vilkus e de Halayna para poderem ir embora dali, pois já tinham chamado atenção demais.
— Halayna? Vamos.
— Estou indo. Desculpe pelo meu estresse naquela hora. Vou ajudá-lo em seu plano, não se preocupe — ela diz, indo em direção à saída.
— O que você falou para ela, Vilkus?
— Nada demais, só disse que você a tornaria a feiticeira mais poderosa que poderia existir em toda a face de Lunizs. Pode me agradecer depois, meu amigo. Vamos?
— O quê?! — Kelvisk questiona, bastante surpreso.
Depois que deixaram o palácio real, seguiram em direção leste para o mar, onde poderiam viajar para as terras dos grandes impérios. Seria uma longa viagem até lá, e muitas coisas poderiam acontecer.
Halayna veio o caminho inteiro calada, sem falar nada, apenas pensativa em tudo que ouviu da boca de Vilkus sobre a sua missão importante. Ela queria entender melhor os planos de Kelvisk e compreender os seus reais motivos para fazer o que faz. Seus modos eram simples, mas havia algo sombrio emanando dele. Quando falava, parecia que um poder saía de seus lábios. Além de que sabia sobre coisas demais a respeito dos eventos que ocorreram enquanto estiveram juntos.
E quando ela sempre perguntava algo pessoal, ele recuava e ficava calado. O seu semblante sempre mudava quando ouvia coisas sobre a espada ou os objetos que tinha, como os criou ou como os conseguiu. Tudo isso se passava na cabeça de Halayna e lhe incomodava demais ficar sem resposta alguma.
Teve uma vez que ela decidiu vasculhar na bolsa pessoal dele, e quando abriu e mexeu nas coisas, viu uma caixa preta que brilhava de várias cores, mas não conseguiu identificar o que era. Quando tentou abri-la, Kelvisk a pegou no flagra e lhe deu broncas.
Depois dessa tentativa, ele passou a desconfiar mais dela e ficou mais atento em relação a ela, observando seus passos. Cada movimento que ela fazia, ele estava de olho, fixando suas preocupações nela. Pelo menos ela conseguiu chamar a sua atenção, mas não era o tipo de atenção que ela queria realmente. No fundo, o que ela mais queria era algo que desejava desde que era pequena, de tão precioso que jamais poderia encontrar em nenhum lugar naquela era de maldade, muito menos alguém poderia concedê-la. Mas continuaria insistindo até conseguir o que almejava tanto. No final, ela sempre conseguia o que queria.