O visor diante de Kai piscava suavemente com uma luz azul. Ele respirou fundo, ajustando o equipamento de realidade virtual em sua cabeça. O design simples, porém futurista, parecia feito sob medida para imergir qualquer um em outra realidade. As palavras "Iniciar Jogo" flutuavam no centro da interface.
Ele hesitou por um momento. Era sua primeira vez em um jogo como aquele, e mesmo após o entusiasmo de sua irmã Nina, que não parava de falar sobre como Interverse mudaria tudo, ele ainda não tinha certeza se aquilo era para ele. Mas não dava para voltar atrás agora. Com um suspiro, ele pressionou o botão virtual.
Um turbilhão de luzes tomou conta de sua visão. Por alguns segundos, Kai sentiu como se estivesse caindo, o som ao seu redor crescendo até explodir em silêncio absoluto. Quando finalmente abriu os olhos, estava em um vasto campo verdejante. Árvores balançavam suavemente ao vento, montanhas erguiam-se ao longe, e uma cidade flutuante brilhava no horizonte.
— Isso é… inacreditável. — murmurou, sentindo o calor do sol em sua pele e o cheiro de grama fresca.
Antes que pudesse explorar, uma voz ecoou ao seu redor.
— Seja bem-vindo ao Interverse, jogador. Configure sua aparência inicial.
Uma interface surgiu, permitindo que Kai personalizasse seu avatar. Ele escolheu um design simples: cabelos curtos, roupas básicas e uma espada curta pendurada nas costas. Assim que confirmou, sentiu o peso da arma em sua cintura. Tudo parecia incrivelmente real.
De repente, uma sombra chamou sua atenção. Virando-se, ele viu algo no horizonte. Não parecia um jogador ou um NPC. A figura estava imóvel, mas havia algo profundamente perturbador nela. Os olhos brilhavam com uma luz azul vazia, e uma presença estranha emanava de seu corpo.
Kai tentou se aproximar, mas antes que pudesse dar o primeiro passo, uma mensagem surgiu em sua visão:
"Você não deveria estar aqui."
O coração dele disparou. Antes que pudesse reagir, o céu acima começou a rachar, como vidro sob pressão. A figura desapareceu, e uma luz intensa explodiu à sua volta, consumindo tudo.
Quando a luz se dissipou, Kai estava em outro lugar. Não havia mais campos ou cidades flutuantes, apenas um deserto vazio e silencioso. No horizonte, ele viu algo emergir do chão — uma criatura composta de formas instáveis, oscilando entre o físico e o digital.
Uma voz familiar ecoou em sua mente, mas não parecia humana.
— Bem-vindo à sua primeira missão, Kai. O destino de todos os mundos está em suas mãos.