Nas páginas seguintes do diário, Helena revelava mais detalhes sobre Arthur. Ele era, de fato, de uma família influente, mas preferia esconder sua origem.
"Arthur nunca gostou de falar sobre sua família. Quando pergunto, ele apenas diz que são pessoas difíceis, pessoas que não entenderiam nosso amor."
Perséfone sentiu um arrepio. Ela conhecia bem o peso das expectativas familiares, embora não tivesse enfrentado algo tão extremo. Mesmo assim, conseguia imaginar o tipo de pressão que Arthur devia carregar.
Conforme continuava a leitura, uma entrada específica chamou sua atenção:
"Hoje ele trouxe uma joia. Um colar com um pequeno pingente em forma de diamante. Disse que era um símbolo de nossa promessa – algo indestrutível, como o amor que temos. Mas havia algo em seus olhos, algo que dizia que ele estava se despedindo."
Perséfone franziu a testa. Um diamante. Algo tão forte e duradouro, mas também um símbolo de algo que poderia ser esmagado por circunstâncias. Por que Arthur teria dado aquele presente? E por que parecia tão triste ao fazê-lo?
Reconexão com o Presente
Naquela tarde, Perséfone decidiu que era hora de parar de fugir de sua própria realidade. As caixas de lembranças de Eduardo ainda estavam ali, uma presença constante e desconfortável no canto da sala.
Ela pegou a primeira caixa e começou a desfazer as malas. A cada objeto retirado – roupas, fotos, presentes de viagens – uma mistura de emoções surgia. Alguns itens a faziam sorrir, lembrando dos momentos bons, enquanto outros traziam lágrimas aos olhos, representando tudo o que havia perdido.
No fundo de uma das caixas, encontrou um álbum de fotos. Ao folheá-lo, viu imagens dela e de Eduardo em lugares que antes pareciam mágicos. Mas, olhando agora, cada sorriso parecia forçado, cada abraço superficial. Ela percebeu que já havia sinais da distância entre eles, mesmo nos momentos que pareciam felizes.
Sem hesitar, Perséfone pegou uma sacola e começou a separar tudo o que não queria mais manter. Era hora de deixar ir.