A noite parecia ter estagnado, como se o mundo ao redor estivesse aguardando o próximo movimento. O galpão estava em silêncio absoluto, exceto pelos sons ocasionais dos passos e das respirações controladas. A decisão de deixar Rodrigo vivo pairava sobre todos, uma escolha que dividia o grupo. Para Vicente, no entanto, era mais do que uma questão de misericórdia ou estratégia: era uma questão de humanidade.
O plano havia sido traçado, mas o que eles não sabiam era que a luta deles estava apenas começando. Os inimigos de Rodrigo, os aliados e todos aqueles que estavam ligados a esse mundo sombrio estavam agora alertas. A caça estava em andamento, e as sombras de um futuro incerto os cercavam.
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Uma Breve Pausa
Aurora foi a primeira a se mover ao amanhecer. Sua habilidade em manter a calma sob pressão era algo que Vicente havia aprendido a admirar, e agora, mais do que nunca, ele sabia que precisaria dessa tranquilidade para os desafios que viriam.
Ernesto estava sentado em um canto, seu olhar perdido no horizonte, pensativo, como se pesasse cada possibilidade que se desenrolava diante dele. Vicente sabia que ele estava calculando os riscos, revisando o plano e procurando uma brecha onde pudessem atacar de forma decisiva. Ramirez, ainda se recuperando, se mostrava mais arredio do que o habitual, a dor em seu corpo transparecendo em seu comportamento.
— O que você está pensando? — Vicente perguntou a Ernesto, interrompendo seus pensamentos.
Ernesto olhou para ele, seus olhos carregados de cansaço, mas também de uma determinação implacável.
— Eu estava tentando entender o que nos levou até aqui. — Ele se levantou lentamente, sua voz grave. — Esse jogo não começou hoje, nem ontem. Mas agora, estamos jogando pelo todo. Não podemos voltar atrás, Vicente. E precisamos estar prontos para o que virá.
Vicente assentiu. Ele sabia que o caminho à frente não seria fácil. A vingança e o poder estavam entrelaçados, e ele não sabia em quem poderia confiar além de sua própria mãe e os poucos aliados que havia feito até então.
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A Decisão de Seguir em Frente
O grupo se reuniu ao redor da mesa onde Ernesto havia traçado o plano. Aurora estava mais séria do que nunca, seus olhos observando cada movimento dos outros como se estivesse testando suas intenções.
— A primeira coisa que temos que fazer é desestabilizar Rodrigo onde ele é mais vulnerável: no controle financeiro. — Aurora começou, apontando para o mapa com firmeza. — Ele tem uma rede de contatos, mas se cortarmos o acesso ao dinheiro, ele perderá o poder que tanto valoriza.
— E como vamos fazer isso? — perguntou Maria Augusta, sua voz clara, mas com uma pontada de preocupação.
Aurora olhou para ela, vendo a mãe de Vicente com uma firmeza silenciosa que parecia inspirar respeito.
— Vamos atacar um dos depósitos onde ele lava o dinheiro. Se conseguirmos interceptar esse fluxo, teremos a oportunidade de cortar a rede de apoio dele.
Ramirez, que estava em silêncio até aquele momento, se levantou com um movimento brusco, os olhos ardendo de desconfiança.
— Isso pode funcionar, mas também pode nos colocar diretamente na linha de fogo. E se tivermos que lidar com o resto da rede de Rodrigo? Não será só esse depósito que precisaremos destruir.
— Então, que seja. — Vicente disse, interrompendo-o com uma voz firme, mas calma. — Vamos nos mover antes que ele tenha tempo de reagir. Não podemos dar a ele a chance de se reorganizar.
Aurora olhou para Vicente, seus olhos mostrando uma mistura de aprovação e preocupação.
— Está decidido, então. Precisamos ser rápidos e silenciosos. Não podemos chamar atenção, ou o que restar de Rodrigo nos caçará com ainda mais força.
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Rumo ao Inimigo
O grupo partiu sem perder tempo. A manhã estava começando a se alongar, mas o céu ainda estava tingido de um cinza sombrio, como se refletisse a gravidade da missão. A caminhada até o próximo objetivo foi rápida, mas a tensão crescia com cada passo dado em direção ao desconhecido.
Ernesto, com sua experiência, guiava o grupo por caminhos ocultos, evitando as grandes estradas e áreas vigiadas. Aurora, sempre alerta, liderava a frente, seu olhar atento a qualquer movimento. Maria Augusta e Vicente seguiam de perto, com a respiração suave, mas acelerada. Ramirez, embora ferido, não queria ficar para trás e insistia em se manter ao lado de Vicente.
Após horas de caminhada, eles finalmente chegaram ao local indicado. Era uma construção isolada, em uma área aparentemente desabitada. O que parecia ser um depósito abandonado de materiais de construção estava, na verdade, sendo utilizado por Rodrigo para esconder suas transações ilegais. A segurança era mais forte do que imaginavam.
— Quatro guardas na entrada principal. Mais dois em pontos estratégicos ao redor. — Aurora disse, observando de longe. — A movimentação está mais densa do que eu pensei. Precisamos agir rápido.
Ernesto estudou a área, analisando cada possível ponto de entrada. Vicente estava nervoso, sentindo o peso do que estava prestes a fazer, mas não havia mais tempo para hesitar. Eles tinham que agir.
— Vamos dividir em dois grupos, — disse Ernesto. — Aurora e Vicente, vocês entrarão pela lateral. Ramirez, você e Maria Augusta vão pela parte de trás. Eu ficarei responsável pela entrada principal, distraindo-os.
O plano estava traçado, e o momento de ação finalmente havia chegado.
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O Confronto
O som dos passos abafados pela terra e pela vegetação fechava o cerco. Aurora, ao lado de Vicente, movia-se como uma sombra, sua silhueta quase imperceptível nas sombras. Eles alcançaram a lateral do prédio sem serem detectados. Ramirez e Maria Augusta, mais atrás, seguiram em silêncio, enquanto Ernesto se aproximava da entrada principal, pronto para causar a distração necessária.
A tensão aumentava. Cada respiração parecia ser amplificada pela quietude ao redor. Vicente sentiu a adrenalina invadir seu corpo enquanto se preparava para o próximo movimento. Ele sabia que a única maneira de sair disso vivo era agir com precisão e sem hesitações.
De repente, um grito cortou a noite. A operação estava em andamento.
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Conclusão de um Ciclo
O ataque foi preciso, mas não sem seus custos. Os guardas caíram silenciosamente, e a entrada foi tomada sem grandes dificuldades. O depósito estava repleto de documentos e registros que poderiam derrubar toda a rede de Rodrigo. Mas, quando o grupo entrou no prédio, algo inesperado aconteceu: um alarme soou, e mais homens surgiram do nada, como se tivessem antecipado o ataque.
O confronto que se seguiu foi caótico. Cada movimento, cada disparo, era um risco calculado. Mas, no meio da batalha, Vicente viu uma sombra familiar: Rodrigo. O líder estava ali, no meio da confusão, observando tudo de longe.
O destino de todos ainda estava por ser decidido.