O SUV avançava pela estrada deserta, iluminado apenas pelos faróis e pela luz pálida da lua. O silêncio dentro do veículo era denso, quebrado apenas pelo som do motor e pela respiração pesada de Maria Augusta, ainda tentando se recuperar da tensão. Vicente olhava para o horizonte, os pensamentos girando como uma tempestade.
— Precisamos de um plano sólido quando chegarmos a Nova York — disse Ernesto, quebrando o silêncio. — A Aliança da Sombra não é apenas uma organização criminosa; eles têm alcance, recursos, e estão prontos para sacrificar qualquer um para alcançar seus objetivos.
Aurora, sentada ao lado de Vicente, assentiu.
— Concordo. Mas precisamos de informações mais concretas. Rodrigo sabe muito mais do que está dizendo.
Rodrigo, no banco traseiro, sorriu de forma provocativa.
— Eu poderia contar algumas coisas... mas onde estaria a graça nisso?
Vicente virou-se para ele, os olhos cheios de raiva.
— Não estamos brincando, Rodrigo. Cada segundo que você nos faz perder é uma vida que pode ser destruída por causa da Aliança. Diga o que sabe ou juro que não vou hesitar em fazer você falar.
Rodrigo inclinou-se para frente, ainda com aquele sorriso irritante.
— Tudo bem, Vicente. Eu conto. Mas vocês não vão gostar do que vão ouvir.
Revelações Sombrias
Rodrigo começou a falar, sua voz carregada de sarcasmo, mas o conteúdo de suas palavras era sombrio.
— A Aliança da Sombra não é apenas uma rede de criminosos. Eles têm gente infiltrada em lugares que vocês nem imaginam. Governos, grandes corporações, até mesmo forças de segurança. Eles são como uma doença que se espalha silenciosamente, e quando você percebe, já é tarde demais.
Ernesto estreitou os olhos, focando-se na estrada enquanto processava a informação.
— Isso não é novidade. Mas por que você? Por que você é tão importante para eles?
Rodrigo riu, balançando a cabeça.
— Porque eu sei onde estão as peças-chave. Pessoas, documentos, dinheiro... tudo o que mantém essa máquina funcionando. E, claro, eles não querem que eu compartilhe essa informação com ninguém.
Aurora cruzou os braços, cética.
— Se sabe tanto, por que ainda está vivo? Parece que seria mais fácil para eles se livrar de você.
Rodrigo hesitou por um momento, o sorriso desaparecendo.
— Porque eu também sou parte dela. Ou, pelo menos, fui. Eles não eliminam seus próprios membros sem um bom motivo. E até agora, acho que estou sendo mais útil vivo do que morto.
Vicente apertou os punhos, contendo a frustração.
— Então nos diga: como derrubamos a Aliança?
Rodrigo encarou Vicente, o sorriso sombrio voltando aos poucos.
— Vocês não derrubam. Mas talvez, só talvez, consigam cortar algumas cabeças... se forem rápidos o suficiente.
A Chegada a Nova York
Quando o sol começou a nascer no horizonte, o SUV finalmente entrou na periferia de Nova York. A cidade parecia tão viva e caótica quanto Vicente se lembrava, mas agora carregava um peso diferente. Cada esquina, cada prédio, parecia esconder um segredo, uma ameaça potencial.
Ernesto estacionou o carro em um pequeno motel à margem da cidade, onde haviam combinado se encontrar com um contato confiável.
— Vamos descansar um pouco antes de seguir em frente — disse ele, desligando o motor. — Mas ninguém baixa a guarda. A Aliança pode estar em qualquer lugar.
Todos desceram do carro, exaustos. Maria Augusta segurava a bolsa com os documentos como se sua vida dependesse disso, e Aurora ajudou-a a entrar no quarto designado. Vicente ficou para trás com Ernesto e Rodrigo.
— O que faremos agora? — perguntou Vicente, olhando para Ernesto.
— Primeiro, precisamos verificar esses documentos — respondeu Ernesto. — Eles podem ter algo que nos ajude a localizar os líderes da Aliança ou, pelo menos, algum ponto fraco.
Rodrigo deu uma risada baixa.
— Boa sorte com isso. Vocês vão precisar.
Vicente ignorou o comentário e seguiu Ernesto até o quarto, onde Aurora já havia começado a organizar os papéis. Maria Augusta sentava-se em uma cadeira ao lado, observando tudo com uma expressão de preocupação.
Um Novo Aliado
Horas depois, uma batida na porta trouxe todos à atenção. Ernesto verificou pelo olho mágico antes de abrir a porta, revelando um homem alto, de cabelos grisalhos e expressão séria. Ele carregava uma maleta e usava um terno simples, mas impecável.
— Este é Carlos Herrera — disse Ernesto, apresentando-o ao grupo. — Um antigo aliado de Santiago Montenegro e uma das poucas pessoas em quem podemos confiar.
Carlos cumprimentou todos com um aperto de mão firme antes de se sentar à mesa.
— Ernesto me atualizou sobre a situação. Sei que a Aliança da Sombra está atrás de vocês, e sei que o tempo é curto. Mas há algo que vocês precisam entender: enfrentar a Aliança não é só uma questão de força. É preciso estratégia.
Vicente inclinou-se para frente, atento.
— Então o que fazemos?
Carlos abriu a maleta, revelando uma série de mapas, documentos e fotos.
— Primeiro, identificamos os pontos-chave. Aqui — disse ele, apontando para um mapa — é onde acredito que os líderes principais da Aliança estão se escondendo. Um armazém nos subúrbios de Nova York. Mas é fortemente protegido. Entrar lá será quase impossível.
Aurora cruzou os braços.
— Então precisamos de um plano para desviar a atenção deles.
Carlos assentiu.
— Exatamente. E é aí que Rodrigo pode ser útil.
Todos olharam para Rodrigo, que estava sentado no canto do quarto, observando a cena com uma expressão de tédio.
— Deixe-me adivinhar: querem que eu entre lá e os distraia enquanto vocês tentam invadir? — perguntou ele, sarcástico.
Carlos apenas sorriu.
— Algo assim. Mas primeiro, precisamos garantir que você não vai nos trair.
Rodrigo ergueu as mãos.
— Trair vocês? Jamais! Eu amo esse pequeno grupo de desajustados.
Preparando o Contra-ataque
O grupo passou o resto do dia elaborando o plano. Carlos forneceu detalhes sobre a estrutura do armazém, as rotas de entrada e saída, e até mesmo os horários de troca de turnos dos guardas. Aurora e Ernesto ajustaram o plano para garantir que ninguém fosse pego de surpresa.
Quando a noite caiu, o grupo estava pronto para agir. Vicente olhou para os outros, sentindo o peso da responsabilidade.
— Isso pode ser nossa única chance de mudar o jogo. Estamos juntos nisso?
Todos assentiram, incluindo Rodrigo, que pela primeira vez parecia levar a situação a sério.
Enquanto se preparavam para sair, Vicente sentiu uma mão em seu ombro. Era Aurora.
— Vamos sair dessa — disse ela, com um pequeno sorriso.
Vicente assentiu, tentando se convencer de que era verdade. O jogo estava em andamento, e agora tudo dependia deles.