som do alarme era ensurdecedor, ecoando pelas paredes do depósito. Vicente sentiu seu coração acelerar, mas manteve o foco. Ele sabia que não podia perder o controle agora. Ao seu lado, Aurora se movia com precisão cirúrgica, abatendo os guardas que tentavam se aproximar. Ernesto, posicionado na entrada, mantinha a retaguarda, enquanto Ramirez e Maria Augusta lutavam para avançar pelo corredor estreito.
As paredes do depósito pareciam fechar-se ao redor deles, cada movimento ecoando como se o ambiente estivesse vivo, observando. Vicente sentiu um calafrio. Não era apenas o perigo que o incomodava, mas a certeza de que Rodrigo havia planejado tudo com antecedência.
Rodrigo, do outro lado da sala, observava a cena com um sorriso frio. Ele parecia confiante, como se soubesse algo que o grupo ainda não havia descoberto. Vicente não conseguiu desviar o olhar, sua mente oscilando entre o ódio e a determinação.
— Não deixe ele escapar! — Ernesto gritou, sua voz cortando o caos.
Vicente assentiu, sua atenção voltada totalmente para Rodrigo. Com um movimento ágil, ele se separou do grupo e começou a avançar, ignorando os disparos que ressoavam ao seu redor. Aurora tentou alcançá-lo, mas foi interrompida por dois homens que surgiram de uma sala lateral.
— Vicente, cuidado! — ela gritou, mas ele já estava decidido.
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O Encontro
Vicente alcançou Rodrigo em um escritório nos fundos do depósito. O ambiente estava pouco iluminado, com uma mesa de madeira pesada entre eles. Papéis e pastas estavam espalhados, evidenciando que aquele era o centro nervoso da operação. Rodrigo parecia calmo, quase indiferente à presença de Vicente.
— Você é mais teimoso do que eu esperava, garoto. — Rodrigo disse, cruzando os braços.
— E você é mais covarde do que eu imaginava, se escondendo enquanto seus homens morrem por você. — Vicente respondeu, com a voz carregada de desprezo.
Rodrigo riu, um som baixo e gelado.
— Você acha que entende como esse jogo funciona, mas ainda é um iniciante. Seu pai sabia jogar. Ele entendia que, para vencer, às vezes é preciso sacrificar tudo. Você está disposto a fazer o mesmo?
As palavras atingiram Vicente como um golpe. Ele sabia que Rodrigo estava tentando desestabilizá-lo, mas não podia negar que a sombra de Santiago ainda pairava sobre ele.
— Não sou meu pai, e não quero ser. Mas também não vou deixar você destruir o que resta da nossa família.
Rodrigo estreitou os olhos, o sorriso desaparecendo.
— Família? Você não sabe o que isso significa neste mundo. Família é uma fraqueza. É isso que vai te destruir.
Antes que Vicente pudesse responder, Rodrigo sacou uma arma debaixo da mesa. Vicente reagiu rapidamente, lançando-se sobre ele. A luta que se seguiu foi intensa, com os dois trocando golpes em um espaço apertado. Vicente sentiu a raiva pulsar em suas veias, mas tentou manter o controle. Ele sabia que não podia deixar Rodrigo escapar, mas também não queria se tornar um assassino.
Enquanto lutavam, Rodrigo continuava a provocá-lo:
— Você acha que está no controle? Tudo isso é um jogo, Vicente! E você está jogando com as peças erradas!
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A Decisão Final
Depois de uma luta feroz, Vicente conseguiu desarmar Rodrigo, empurrando-o contra a parede. Ele segurava a arma agora, apontada diretamente para o homem que havia causado tanto sofrimento à sua família.
— Acabe logo com isso. — Rodrigo provocou, ofegante, mas com um brilho desafiador nos olhos. — Mostre que você tem o que é necessário para sobreviver neste mundo.
Vicente hesitou. As palavras de Ernesto ecoaram em sua mente: "Não podemos voltar atrás." Mas ele também lembrou das palavras de Aurora, dizendo que sempre há uma escolha.
— Não. — Vicente disse finalmente, abaixando a arma. — Não vou me tornar como você.
Rodrigo riu novamente, mas seu sorriso foi interrompido pelo som de passos atrás de Vicente. Aurora entrou na sala, seguida por Ernesto e Maria Augusta.
— Ele está sob custódia. — Aurora declarou, sua voz firme. — Vamos entregá-lo às autoridades.
Rodrigo riu ainda mais alto.
— Vocês acham que isso vai acabar comigo? Eu sou apenas uma peça neste jogo. Existem outros.
Aurora se aproximou, olhando diretamente para Rodrigo.
— Talvez, mas você é a peça que estamos eliminando agora.
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Um Novo Começo
Com Rodrigo capturado, o grupo conseguiu reunir os documentos necessários para expor sua rede criminosa. Eles descobriram que a operação ia muito além do que imaginavam. Havia nomes, endereços, e conexões que incluíam pessoas em posições de poder. Ernesto olhou para os papéis, seu rosto sombrio.
— Isso vai chamar atenção. Mais pessoas vão querer nos silenciar.
— E é por isso que precisamos ser rápidos. — Aurora respondeu, empacotando os documentos.
Enquanto eles deixavam o depósito, o sol começava a nascer no horizonte. Aurora caminhava ao lado de Vicente, sua expressão serena, mas vigilante.
— Você fez a escolha certa. — ela disse, quebrando o silêncio.
Vicente olhou para ela, sentindo um peso sair de seus ombros.
— Espero que sim.
Ernesto se aproximou, colocando uma mão no ombro de Vicente.
— Você está aprendendo, garoto. Mas ainda temos muito trabalho pela frente.
— Para onde vamos agora? — Maria Augusta perguntou, sua voz baixa, mas firme.
— Para o próximo alvo. — Ernesto respondeu. — Não podemos parar até desmontar toda essa operação.
Vicente assentiu. Ele sabia que o caminho seria longo e perigoso, mas, com sua família e aliados ao seu lado, ele estava pronto para enfrentar o que viesse.