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Portais do Crepúsculo

🇧🇷Tobira1
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Synopsis

Chapter 1 - Capítulo 1: A Abertura Dos Portais

Capítulo 1: A Abertura dos Portais

Maio de 1946. A chuva caía pesada sobre o solo encharcado de Paris, enquanto o mundo ainda tentava se recuperar das cicatrizes profundas deixadas pela Segunda Guerra Mundial. A cidade, outrora um símbolo de arte e cultura, agora parecia envolta em uma névoa constante de tristeza e devastação. Foi então que, ao som de um trovão que rasgou o céu como uma lâmina, tudo mudou.

Era quase meia-noite quando o primeiro portal apareceu.

Um turbilhão de luz e sombras abriu-se no meio de uma das avenidas centrais, girando e pulsando como se tivesse vida própria. As pessoas pararam, encarando aquele fenômeno sobrenatural, incapazes de entender o que estava acontecendo. O vento soprou com força, carregando um cheiro de enxofre e podridão, até que, como um rasgo no próprio tecido da realidade, criaturas monstruosas começaram a emergir do portal.

As primeiras delas eram bestas esqueléticas, de olhos brilhantes e corpos deformados, cobertas por uma pele escura e escamosa. Emitiam um som que misturava gritos e sussurros, algo que arrepiava até a alma. Em segundos, o caos se instalou. Os monstros atacavam sem piedade, dizimando tudo em seu caminho, derrubando prédios e espalhando o terror entre a multidão.

As forças de segurança locais tentaram reagir, mas suas armas convencionais pouco efeito tinham contra aquelas criaturas. Era como lutar contra uma força imortal e impiedosa. O pânico se espalhava por toda a cidade, e, logo, relatos de portais semelhantes surgindo ao redor do mundo inundavam as rádios. Ninguém estava preparado para o que se desenrolava.

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A alguns quilômetros de Paris, em um vilarejo afastado, um homem simples conhecido como Daniel estava sentado sozinho em sua casa de madeira, ouvindo a transmissão do rádio. Ele era um soldado reformado, um sobrevivente de guerra, marcado por cicatrizes invisíveis que carregava no espírito. Seus olhos, uma vez cheios de vida, agora refletiam a sombra daquilo que ele já havia perdido. Mas naquela noite, ele sentiu algo estranho, algo novo e profundo em seu peito.

Foi nesse momento que a dor começou.

Ela o atingiu como uma onda, intensa e pulsante, irradiando por todo o seu corpo. Ele caiu no chão, tentando respirar, enquanto sentia uma energia poderosa percorrer cada célula de seu ser. Uma luz intensa, quase ofuscante, envolveu Daniel, e, ao se erguer, ele percebeu que algo havia mudado em seu corpo. Sentia-se mais forte, mais ágil, e podia ver detalhes ao seu redor com uma clareza que jamais experimentara antes.

Daniel se levantou, ofegante, e percebeu que suas mãos emanavam um brilho dourado e pulsante. Ele não entendia o que estava acontecendo, mas instintivamente sabia que aquilo era um dom – uma habilidade sobre-humana que, de alguma forma, o ligava diretamente aos eventos que estavam acontecendo em Paris e pelo mundo.

Determinando-se a descobrir a origem desse poder e a razão por trás da sua transformação, Daniel se preparou para deixar o vilarejo. Ele não sabia o que o aguardava, mas algo em seu coração lhe dizia que ele tinha um papel a cumprir, uma missão para proteger aqueles que não podiam se defender.

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Enquanto isso, em Paris, o caos se intensificava. As criaturas continuavam a surgir dos portais, sem mostrar sinais de cansaço ou fim. Pessoas corriam em desespero, algumas tentando lutar com qualquer arma que pudessem encontrar, outras caindo de joelhos, resignadas. Mas, em meio a essa devastação, algumas pessoas começaram a despertar para suas próprias habilidades, assim como Daniel.

Cada uma dessas pessoas sentia a mesma dor inicial, seguida de um despertar quase divino. Algumas tinham a força de um gigante; outras, o poder de manipular os elementos ao seu redor. Em questão de horas, os primeiros heróis começaram a surgir – pessoas comuns, unidas apenas pelo instinto de proteger a humanidade daquilo que parecia ser o fim dos tempos.

Daniel caminhava pelas ruas de Paris, onde se uniu a esses poucos que também tinham sido tocados por essa energia misteriosa. Entre eles, encontrou um jovem de olhos intensos chamado Henri, que era capaz de manipular o fogo com as próprias mãos; uma mulher chamada Sophie, cuja voz tinha o poder de desestabilizar as criaturas; e um homem corpulento chamado Jean, cuja força superava a de qualquer mortal.

A pequena resistência que formavam era uma faísca de esperança. Unidos, eles lutavam contra os monstros, protegendo os sobreviventes e tentando, mesmo sem entender, encontrar uma maneira de fechar aqueles portais infernais.

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Mas ao longe, além das criaturas e das ruínas, alguém os observava. Nos limites do último portal aberto, uma sombra pairava, como um rei sinistro sobre seu reino obscuro. Seus olhos vermelhos brilhavam, e um sorriso frio e calculista surgiu em seu rosto. Ele sabia que, enquanto houvesse humanos despertos para esses dons, a batalha não seria fácil.

A guerra pela Terra tinha apenas começado, e o destino de todos dependia desses heróis nascentes.